Tandem Felix escrita por Paula Freitas


Capítulo 1
Ingruentis


Notas iniciais do capítulo

Félix e Niko vivem um pequeno drama pessoal...
Rotina, filho adolescente, trabalho... Vários fatores podem interferir na vida de um casal...
É então que compreensão se faz mais que apenas uma palavra...



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... ...

– Mas... O que é isso?! – Exclamou Niko surpreso ao chegar em casa e se deparar com uma mesa muito bem posta no jardim, pronta para um jantar à luz de velas.

– Gostou? – Perguntou Félix chegando atrás dele. – Preparei o jantar pra você!

Niko riu. – Você preparou o jantar?! Sozinho?

– Claro... Quê?! Tá duvidando?! – Félix pegou em seus ombros e falou sensualmente em seu ouvido: - Pois, prepare-se para provar um manjar dos deuses e... Uma sobremesa muito melhor!

Com um beijinho em seu pescoço, Félix pegou a chave do carro de suas mãos e foi para dentro de casa.

– Pode se sentar que eu já volto!

Niko sentou e logo Félix voltou com o jantar para servi-lo. Serviu aos dois e sentou também.

– Bom apetite! Espero que aprecie meus dotes culinários!

Niko sorriu, olhou para a comida achando estranho que Félix tivesse mesmo feito aquilo tudo sozinho.

– O cheiro está bom... Vamos ver o sabor...

– Você vai gostar, carneirinho! – Félix tinha um sorriso um tanto malicioso.

Niko provou um pouco ainda hesitante. Da última vez que Félix tentou preparar o jantar para a família eles acabaram tendo que pedir uma pizza. Mas, após mastigar a primeira colherada...

– Hum... Félix... Que delícia!

– Eu sei...

– Tô falando do jantar!

– Eu sei!

– Mas, você também é uma delícia!

– Eu sei!

Niko riu. – Bobo... Para de falar só eu sei! Vem cá... Que receita é essa, hein?!

– Andei pesquisando, aprendendo umas coisinhas...

– Mas, foi você mesmo que fez isso, Félix?!

– Já disse que sim, carneirinho! Ora... Depois diz que eu que sou desconfiado!

– Não, não estou desconfiando de você, amor, só fiquei surpreso por você mesmo ter feito esse prato... Aliás, exótico... O que é?

– Afrodisíaco! – Respondeu Félix com um sorriso e o tom de voz completamente malicioso.

– Ah... Então é isso... Entendi!

Félix apoiou o queixo nas mãos com os dedos entrelaçados. – Entendeu o quê?! Não posso te fazer um agrado?! Você anda meio estressadinho desde que inauguramos o nosso quarto restaurante, então, resolvi aprender uma receita especial! Vai, come... Come que depois tem a sobremesa! – Piscou ajeitando a sobrancelha.

... ...

No carro, os dois discutiam.

– Eu te fiz aquele jantar especial afrodisíaco já faz uma semana e depois disso... Nada! Nunca mais! Será que eu fiz rascunhos nas tábuas dos dez mandamentos pra ser tratado assim?!

– Tratado assim como, Félix?! Do que exatamente você tá reclamando dessa vez?!

– Como de quê?! Você só me despreza agora...

– Eu te desprezo?! Amor, que história é essa?!

– Você não comparece mais! Pronto, falei!

– Eu?! Ai... Félix! Você sabe muito bem que o restaurante está me deixando muito cansado! Ele fica mais distante, eu estou sem assistente, não tem outro sushiman, eu tenho que me virar pra fazer tudo sozinho... Tem horas que eu estou fazendo até três pratos de uma só vez!

– E que culpa eu tenho?!

– Ai, Félix... Você podia ser um pouquinho mais compreensivo né?!

Félix deu um longo suspiro. – Ah... Que seja! Eu te compreendo...

– Além do mais, eu vou continuar nessa correria até não ter um bom assistente!

– Nem fale... Daqui a pouco eu também vou precisar de assistente para gerenciar as finanças...

– Puxa! Se você já era encanado com dois restaurantes... Eu pensei que você fosse ficar pior ainda com quatro!

– Também não sou tão nervosinho assim, carneirinho, pelas contas do rosário, até parece que não administrei super bem cada peixe, cada sushi, cada rolinho primavera que você vendeu até hoje!

Niko sorriu. – Você fez tudo muito bem! E, meu amor, se você me quer de volta com toda disposição é melhor ver como vamos arrumar um assistente, e rápido!

Félix havia acabado de estacionar o carro para Niko descer no restaurante. Passou as mãos no rosto, preocupado.

– Também não podemos contratar qualquer um assim de repente... O que nós fazemos, então, um concurso?! Anúncio no jornal?! Entrevista?!

– Não sei... Meus outros assistentes apareceram meio que por acaso né?! Aliás, o Edgar disse que está vendo alguém por lá também que tem vontade de vir pra cá pra trabalhar, mas ele ainda não tem certeza, vai me ligar quando tiver mais informações...

– Ok! E enquanto isso?

– Ah... Talvez, a ideia da entrevista seja uma boa! Por que não?!

– E que dia entrevistaríamos candidatos a seu assistente, se você está todo dia aqui, carneirinho?!

– É mesmo... Poderia ser aqui! Depois do expediente... O que você acha?

– Acho que seria mais uma desculpa pra você chegar morto de cansado!

– Ah Félix...

– É a verdade, Niko! Você anda tão apagado ultimamente que quando eu venho com o fogo o seu já virou fumaça!

– Ai Félix, com você não dá pra conversar direito, às vezes! Vou trabalhar que é o melhor que eu faço... – Disse aborrecido abrindo a porta do carro.

– Vai... Ultimamente é mesmo o melhor que você faz!

– Seu grosso! Chato! – Bateu a porta do carro e saiu.

Félix ficou o observando entrar no restaurante e saiu de lá dirigindo e reclamando.

– Ele me tira do sério! Será... Será que não entende que eu tô sentindo falta?! Pior que não sou só eu... Os nossos filhos também! O Jayme pensa que não percebi que ele está meio triste esses dias... Não sei o que está acontecendo, ele só se abre mais com o Niko... E o Fabrício mal vê o pai que quando chega ele já está dormindo! Isso não pode continuar assim... Quero meu carneirinho de volta!

.

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À noite, Félix foi buscar o marido no restaurante, já que o carro de Niko estava na oficina. O loiro já entrou no carro demonstrando esgotamento.

– Não precisa nem dizer... Já deu pra ver que hoje você está acabado de novo!

– Quer saber? Estou mesmo, Félix! Vamos logo pra casa, por favor!

Félix começou a dirigir, pigarreou e pediu: - Me desculpa?!

Niko se surpreendeu: - Hein?! Tá pedindo desculpa do quê?

– Por ter discutido com você hoje de manhã! Eu sei que você está trabalhando demais, mas... É só que... Ah carneirinho! Eu sinto sua falta, poxa!

Niko deu um meio sorriso e estendeu o braço para passar a mão em seus cabelos. - Oh, meu amor, eu sei... Também queria ficar mais tempo com você, com nossos filhos, mas, esse restaurante novo está acabando comigo! Tenta entender...

– Eu entendo, querido! Eu entendo! – Disse Félix não tão conformado.

– Olha, Félix... Se amanhã tiver menos movimento, assim que começar a ficar quase vazio eu começo a fechar as portas e venho pra casa rápido, tá! Vou tentar chegar mais cedo!

Félix deu um longo suspiro. – Tá... Tá bom, carneirinho! Embora não haja muito que você possa fazer né?! Não é sua culpa também, você é um ótimo chef, os clientes vem mesmo...

– Obrigado, meu amor! – Vendo que Félix ainda não estava tão conformado quanto tentava demonstrar, o loiro prometeu: - Não faz essa carinha, vai... Eu prometo, de verdade, eu prometo que assim que tudo estiver mais calmo eu te faço uma coisa bem especial, tá!

Félix o olhou de lado. Já chegavam em casa. Deu um meio sorriso e, descendo do carro, respondeu:

– Tá bom, carneirinho! Mas, seja o que for, vai ter que ser muito especial mesmo, pra tirar o atraso!

Niko riu. – Tá! Eu vou pensar em algo que nunca fiz pra você!

– Hum... Já estou gostando só de ouvir! Vamos ver só quanto tempo eu vou ter que esperar por isso né?!

– Tsc... Ah Félix...

– Mas, eu espero!

– Sem reclamar?

– Isso eu já não garanto! Ah, Niko, eu pensei e acho que podemos pôr um anúncio e entrevistar os candidatos que aparecerem depois do expediente como você disse... No restaurante mesmo... Eu venho no fim do dia, fico aqui com você e nós dois vemos um bom assistente...

– Mas, você também vai querer entrevistar?

– Óbvio! Se não pra que viria?!

– Não, pensei que você só quisesse tratar dos assuntos de contrato, essas coisas...

– Bom, também, mas também quero conhecer o candidato, a índole, o jeito de ser, nunca se sabe...

– Nunca se sabe o quê?

– Como o quê, carneirinho? Como pode ser tão ingênuo?! Criatura, você não pode só sair por aí, perguntar pra qualquer um que saiba fazer um sushi se quer trabalhar pra você e pronto! Tem que ver se a pessoa é de confiança, não esqueça que existem bandidos de tudo quanto é jeito, aposto que até bandido sushiman deve haver por aí!

– Nisso você tem razão! Mas... – Niko o encarou sorrindo. – Você tá com medo só de que apareça um bandido ou também de que apareça um sushiman gay?!

Félix riu. – Ah carneirinho... Pode-se dizer que sim, também... Não tenho medo por que eu me garanto, mas que vai aparecer isso vai, esteja certo que você não é o único por essa região! Enfim, só por precaução eu vou, tá! Você sabe que eu tenho um sétimo sentido para captar as intenções das pessoas, então, nada melhor que eu te acompanhar já que tenho experiência em entrevistas e você é um carneirinho meio bobinho às vezes!

Niko já estava muito cansado para retrucar qualquer coisa e achou melhor aceitar a proposta de Félix, também por que era uma boa ideia e quanto antes encontrasse um bom assistente mais cedo ele poderia tirar um bom e merecido descanso, além, claro, de voltar a passar um tempo com o marido e os filhos.

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Em casa, Fabrício já dormia, quando Niko chegou com Félix e foram dar-lhe um beijinho de boa noite. Adriana estava indo embora e Jayme ainda assistia TV.

– Oi, filho! Tudo bem?! – Perguntou Niko indo até Jayme na sala.

– Tudo, pai! – Respondeu não muito convincente.

Niko sentou ao seu lado e mesmo cansado, tentou conversar.

– Você tem alguma coisa, meu filho? Estou te achando tão diferente esses dias...

– Diferente como?

– Meio tristinho... Está chateado com alguma coisa?

– Não... Não tô não! – Respondeu Jayme, virando para o outro lado, ainda pouco convincente.

Niko lhe fez um carinho no cabelo e insistiu.

– Filho, se tiver algo te incomodando, pode me falar... Você sabe que pode me falar qualquer coisa...

– Eu sei, pai...

– Então... Não quer conversar?

Jayme suspirou profundamente, pensou um pouco, mas respondeu:

– É que... Não é nada mesmo, pai! Já disse! Não é nada! – Levantou do sofá. – Eu vou dormir, tá! Já tô com sono! Tchau! – Foi ligeiro para as escadas.

Félix ia descendo quando Jayme passou por ele.

– Já vai dormir, Jayme?

– Já, pai Félix! Tchau! Boa noite!

– Boa noite pra você, filho! Por que pra mim, faz tempo já que eu não tenho uma boa noite... – Terminou a resposta olhando para Niko como que jogando uma indireta para ele.

– Félix! – Reclamou o loiro. – Não liga pra ele, meu filho, é que...

Jayme não o deixou acabar: - Por favor, não quero saber dos problemas de vocês, tá! – Subiu e foi para o quarto.

Félix acabou de descer e foi até Niko.

– O que deu nele?

Niko falou com o semblante preocupado. - Não sei, Félix! Não faço ideia do que está acontecendo com nosso Jayme! – Já ficava com os olhos marejados.

– Não, carneirinho, não fica assim... Não deve ser nada... Deve ser fase de adolescente né?! Puberdade, treze anos, não é fácil...

– Será que é só isso mesmo, Félix?!

– É, carneirinho, você vai ver! Ele deve ter se chateado com alguma coisa por aí e desconta na gente...

– Como assim por aí? Pra onde ele foi se está de férias da escola?

– Ah, nem te contei... Ele me pediu antes de ontem pra sair com uns colegas à tarde e eu deixei! Eu vi e eram quatro amigos dele da escola então deixei que fosse... Só disse pra ele chegar até a hora do jantar e não ir muito longe!

– Ah tá... E você sabe onde foram?

– Não... Esqueci de perguntar e quando ele chegou já estava meio assim, sabe... Mas, esquece, ele vai dormir e amanhã já vai estar outro, vai ver que é só uma fase... E você, vem dormir vem que amanhã também vai estar outro... Pelo menos, é o que espero! E eu também vou acordar cedo pra pegar seu carro na oficina e ir tratar do anúncio para a vaga de assistente!

Félix o levou para o quarto, mas, ao contrário de outras noites, deixou seu carneirinho dormir sossegado. Ele o observava dormir fazendo-lhe um suave cafuné. Seus dedos passeavam levemente pelos cachos dourados enquanto fitava aquela face angelical em sono profundo. Cada traço daquele rosto o encantava. Naquele momento só não era mais perfeito por não poder ver aqueles olhos de esmeralda que o hipnotizavam todos os dias.

Apesar dos dias sem que sua relação não passasse de beijos entre discussões, Félix, sempre que se pegava fitando assim a face do loiro a sua frente, custava crer que era ele mesmo que estava ali, perdidamente apaixonado por aquele homem que já era seu, seu amado carneirinho, há quase cinco anos. E, apesar dos últimos dias não terem sido os melhores, sua relação era perfeita. Apesar das pequenas discussões, do estresse do dia-a-dia, da rotina, Félix já aprendera a conhecer o amor, ou, a deixar-se conhecer pelo amor. E como amava aquele seu carneirinho todo seu. Por ele, teria todos os cuidados do mundo, todo o zelo, todo o carinho. Era como cuidar de uma joia preciosa, como ter posse do diamante mais raro da face da Terra.

Félix só ainda não entendia como nem porque, desde que se apaixonou por Niko, tinha um sexto sentido mais aguçado que nunca. Sempre fora um homem extremamente intuitivo e inteligente, mas, por alguma razão, havia desenvolvido o que ele mesmo chamava de “sétimo sentido”. Assim como tinha maus pressentimentos no passado quando Amarylis abusou da confiança de Niko e tentou roubar Fabrício, agora também tinha um mau pressentimento, mas agora, quanto ao novo restaurante. Algo lhe dizia que aquele local não lhes traria muita sorte, e de fato, já estava acertando.

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Mais alguns dias se passaram. Já fazia quase duas semanas que eles haviam inaugurado o novo restaurante. Em nenhum dos outros tiveram tanto trabalho. O primeiro já estava há muito tempo encaminhado em São Paulo, sob os cuidados de Edgar. O segundo, que inauguraram pouco tempo depois de se mudarem para Angra, era o preferido de Niko. À beira-mar, o lugar era lindo e trazia lembranças boas para o casal. Foi o único restaurante que César chegou a ir antes de falecer. Meses depois da morte de César, Niko e Félix inauguraram o terceiro restaurante montado no galpão que César os havia deixado de herança justamente para este fim. Este terceiro restaurante ficara sob os cuidados de um ótimo sushiman que Niko conhecera, e o segundo estava temporariamente com o assistente de confiança indicado por Edgar, porém, o homem não era tão especializado a ponto de assumir o quarto restaurante como chef. Niko estava se desdobrando para cuidar do restaurante mais recente que também fica em Angra, porém do outro lado da cidade, e ainda resolver um ou outro problema que surgia no da praia. Mesmo assim não desanimava, a solução seria encontrar um chef especializado e de confiança para o quarto restaurante para ele poder voltar ao seu preferido, pertinho de casa.

Aberturas de estabelecimentos comerciais nunca são tranquilas, os primeiros dias são corridos e tanto Niko quanto Félix sabiam disso muito bem, mas, justo na semana que seguira à inauguração começou a temporada de maior movimento na região, entre os meses de janeiro e fevereiro e, portanto, o carneirinho de Félix, sem assistentes capacitados, tinha trabalho redobrado.

Apesar da compreensão com que Félix estava tratando a situação, ficar em casa fazendo as contas, cuidando dos filhos, enquanto Niko saía para trabalhar todas as manhãs e chegava toda noite cansado, lhe deixava extremamente chateado. O estresse pela correria no restaurante também deixava Niko impaciente. Muitas vezes ambos se pegavam discutindo por bobagens, até que o dia passava e já nem lembravam pelo quê discutiram.

De qualquer maneira, a falta de tempo e excesso de trabalho estava prejudicando Niko. Não só sua relação íntima com seu marido, mas sua convivência com os filhos. Quase não se falavam mais. O menor só queria o pai Félix que passava o dia com ele. O maior era um adolescente passando por alguma fase ou alguma coisa que deixava Niko preocupado sem saber o que era.

Certa noite, antes de se entregar ao sono, Niko pedia em oração para que aparecesse a pessoa certa para ajudar-lhe no restaurante. Quando esse alguém aparecesse, seria como um anjo caído do céu para tirá-lo do caos.

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Na manhã seguinte, os dois se arrumavam no quarto, quando Niko perguntou:

– Amor, eu acordei à noite, e você estava sorrindo! Estava sonhando com o quê?

– Com o que mais?! Com você, né?! – A voz de Félix não soou tão carinhosa quanto a resposta que deu. Mesmo assim, Niko ficou contente.

– Hum... Sonhou comigo?!

– Claro! Eu já estou com tanta abstinência de você que já estou tendo sonhos meio malucos!

– Abstinência, Félix?! Como você é exagerado!

– Ah... Exagerado nada! Abstinência sim! Estou quase criando o C.A!

– C.A? O que é C.A?

– Carneirinhos Anônimos!

Niko riu e falou só para brincar. – Ai Félix... Pra quê?! Não teria graça, você seria o único participante!

– Pelas barbas do profeta, claro que eu seria o único! E ai de você se tivesse outro participante!

– Você sabe que não teria, jamais, seu bobo! Eu só amo, amei e amarei um único homem, que é você!

– Bom saber!

– Como se você não soubesse! Enfim... Que sonhos malucos são esses, hein?!

– Foi um sonho misturando o que eu mais quero com o que mais vem a minha cabeça, ou seja, esse maldito restaurante, que eu não sei porque tivemos a genial ideia de inaugurá-lo em plena alta temporada!

– Ai ai... – Para não começarem mais uma discussão boba, Niko pediu: - Me conta como foi o sonho!

Félix deu um sorrisinho se lembrando do sonho e explicou.

– Tá, foi assim... Eu sonhei que você saía de casa dizendo que tinha muito trabalho no restaurante, mas aí eu ia atrás de você, preocupado por alguma razão que eu não sei! Quando eu chegava lá, eu começava a te procurar, e até aí estava sendo um pesadelo, mas quando eu finalmente te via você estava deitado em cima de uma mesa e olhava pra mim, e dizia assim... – Deu ênfase, interpretando o que ia dizer. - O jantar está servido, Félix... Bom apetite! – Riu. – Ai, eu adorei!

Niko também riu. - E o jantar era eu, por acaso?!

Félix deu um sorriso malicioso. – O que você acha?! – Passou por ele lhe dando um tapinha na bunda. – Você é o que eu mais gosto... – Falou baixinho ao seu ouvido.

– Félix...

– Quê?! Você que me pediu pra contar meu sonho, ora! Foi isso, já falei! E não se preocupe, não vou fazer nada com você, tá... Sei que não tem mais tempo pra mim! – Saiu do quarto se fazendo de vítima.

– Félix... Ai, Félix, não diz isso... Amor, não me deixa falando sozinho... – Gritou. – Ah, depois diz que eu que sou a bicha geniosa!

– Eu ouvi isso! – Gritou Félix indo para a escada. – E bicha geniosa é você!

Jayme interrompeu abrindo a porta do seu quarto. – Dá pra vocês dois pararem com isso?!

Félix se virou para ele, surpreso, e Niko que saía do quarto também.

– Filho... Tem algum problema?! – Indagou Félix.

– Tem alguma coisa te incomodando, Jayme?! – Perguntou Niko.

– Tem... Vocês! Dá pra pararem de gritar um com o outro dessa forma...

– M-mas, filho, a gente não estava brigando... – Falou Niko.

– Eu sei que não... Não é isso...

– E o que é então, garoto? – Perguntou Félix.

Jayme titubeou e apenas respondeu: - Nada, nada... Me desculpem... – Fechou a porta.

Niko e Félix se olharam sem saber o que fazer ou dizer. Félix estava disposto a descobrir o que estava acontecendo com o filho, já Niko se lamentava pensando a culpa ser sua por não ter tempo de conversar com seu garoto justo quando este estava passando por uma fase de tantas mudanças.

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Mais tarde, Niko estava na correria no restaurante quando alguém chegou.

– Com licença... É aqui onde estão procurando alguém que saiba preparar comida japonesa?

– É aqui sim! – Respondeu o garçom. – Olha, pode falar com o chefe, é aquele ali! – Apontou para Niko que tinha acabado de voltar ao balcão.

Foi até lá e falou com Niko.

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À noite, em casa, Niko chegou um pouco mais entusiasmado que nos outros dias e comentou para o marido:

– Félix, você não vai acreditar! Acho que encontrei a pessoa perfeita para ser assistente no restaurante! Ela passou com louvor no teste que eu pedi para preparar um prato rápido e saboroso! É apresentável, cozinha muito bem, e ficou de ir amanhã para a entrevista! – Respirou com alívio. – Acho que finalmente caiu um anjo do céu para me ajudar!

Félix ouvia a tudo, mas sentia, por alguma razão que ele não sabia explicar, uma sensação ruim, um mau pressentimento.

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Notas finais do capítulo

Continua...