—_Corvos?__ indagou Rhodes tentando absorver aquelas palavras
—_Sim, logo depois de um dos hereges levarem um tiro do Cupido direto no coração__ disse o bárbaro
Não havia motivos para Rhodes não acreditar em suas palavras, era um dos melhores e mais respeitados generais de seu povo, além de ser o seu tio, mas aquela história parecia muito fantasiosa,mesmo vinda dos lábios de um general, talvez estivesse mentindo e escondendo ofato de que os arqueiros talvez estivessem abandonado a aldeia... não, não era de seu feitio mentir
—_ Alguma informação desses dois hereges? Alguém os viu?
—_ Não
—_Algum sobrevivente desse ataque?
—_ Cupido foi o que mais lutou, mas não há nenhuma confirmação de estar vivo,mas se há alguém que tenha sobrevivido, creio que tenha sido ele
—_ Vocês têm uma noção para onde ele tenha ido?
—_ Sim
—_Ótimo, encontrem-no, ele pode ser importante para descobrirmos aonde esses dois foram
—_ Ás suas ordens, mais alguma coisa?
—_ Sim, algum de seus homens tem alguma informação dos outros hereges?
O general assentiu positivamente e disse:
—_ Um deles viu a garota sendo levada floresta adentro pelos do nosso povo, e o outro garoto foi visto com uma espada presa a uma corda verde enfrentando os membros do nosso povo, aliás, foi ele quem você enfrentou, não foi?
—_ Foi sim
—_ Como ele conseguiu o derrotar? É que o encontramos amarrado pela própria corrente,ficamos curiosos em saber como esse garoto conseguiu usar o Chicote da Punição contra você mesmo
"Vou ser motivo de piada por um bom tempo se contar, não posso arriscar isso enquanto estou começando a me tornar Herzog"; pensou Rhodes e disse:
—_ Prioridades primeiro, prossiga, ele conseguiu fugir?
—_ Não, um guerreiro o pegou por trás com um golpe de clava, o garoto chegou a desmaiar e quase foi espancado até a morte, se não fosse por um sacerdote ter salvado sua vida matando o homem e também levando o garoto floresta adentro
—_ Um sacerdote?!__ disse Rhodes surpreso:__ Tem certeza disso?
—_ Sim, a julgar pela forma como o matou, aquela capa e aquele cordão... era um sacerdote
—_ Falando desta forma, parece até que o viu__ disse estudando-o profundamente com o olhar
—_ Meus homens me contaram o suficiente as características desse homem, não tenho motivo algum para desacreditar nas palavras dos homens que seu pai e meu irmão me encarregou de comandar
—_ Nem eu, mas em uma acusação tão séria como essa um pé atrás não é de todo ruim
—_ E ficaria, se não fizesse ideia da existência de frutas podres no corpo sacerdotal
—_ Você não tá insinuando que sejam...
—_ Krauser e Gwenda, exatamente, por que não? Eles desafiam nossos costumes,seu pai até já quis os matar por conta disso, e com razão
—_ Meu pai só esperava uma brecha para fazer isso, se não estivessem tanto talento em curar enfermos e feridos já os teria oferecido a Odin há muito tempo, mas não acho que eles nos desafiariam a esse ponto, á maneira deles, são tão fiéis a Odin quanto nós
—_ Um pé atrás não é de todo ruim
—_ Capturem e tragam-no até mim quem quer que percebam que esteja os ajudando,não quero suposições, mas certezas, e quanto mais cedo Cupido for encontrado,mais cedo também saberemos quem é esse traidor
—_ Entendo, da próxima vez que eu voltar vai ser com certezas pra lá de grandes
—_ E com os hereges vivos também
—_ O quê? Já não bastou as blasfêmias que eles disseram aos nossos deuses,ainda quer dar a eles a dádiva da misericórdia?
—_ O que eu quero ou deixo de querer não cabe a você questionar
—_ Seu pai com certeza não aprovaria o que está fazendo
—_ Meu pai também não aprovaria rebeldia, mesmo vindo do próprio irmão, e ele era bastante exigente se tratando de obediência e bem sabia o que ele fazia com quem não cumprisse o que mandava, não sabe?
O general engoliu a saliva, e disse:
—_ Perdão, isso não irá mais se repetir, ás suas ordens__ reverenciou com a cabeça, levantou-se e saiu
Rhodes estava na tenda de seu pai, amais espaçosa dentre todas as tendas da aldeia, perdendo apenas para a "Cabana dos Enfermiços", "A Tenda"; como era conhecida, era a maior daquela aldeia, com capacidade para até dez pessoas, era o palco de decisões importantes, desde que áreas conquistar até a divisão de territórios, exuberante com cortinas de peles de animais e túnicas de nobres como troféus das conquistas históricas passadas, dentre os troféus mais valiosos que seu pai havia armazenado estava um tapete próximo a entrada com espadas dos líderes dos muitos povos que havia derrotado e uma pequena exceção entre as diversidades de espadas, a manopla do filho de Nicolau, todas as vezes antes de batalhar, o pai de Rhodes fitava aquele tapete como se fosse a última vez que o visse, "e no entanto era a primeira de muitas e quanto mais espadas você conseguia, mais ansioso por batalhar por ficava"
—_ E agora é a minha vez de fazer meu próprio tapete, sei que não aprovaria oque estou fazendo, mas você sempre me disse que um Herzog como líder sabe o que faz e por mais que os outros pensem o contrário, ele deve sempre ser firme e seguir o que considera certo, e é isso que estou fazendo
—_ Comovente, sempre me cai uma lágrima quando vejo um homem falando com objetos__ disse uma voz feminina
—_ Sarcasmo é uma característica de todas as fadas?
—_ Idiotice é uma característica de todos os humanos?
—_ É justo__ então levantou-se e virou-se para trás.
Era Juníper, disfarçada de selvagem,com o couro destacando as belas curvas de seu voluptuoso corpo e com duas longas tranças que realçavam ainda mais a beleza de seus olhos azuis, "linda como sempre"; pensou ele
—_ Como sempre com a mesma língua afiada__ continuou Rhodes__ mas estou fazendo o meu melhor pra pegar aquele quarteto
—_ Se esse é o seu melhor, começo a pensar seriamente em mandar um porco fazer seu trabalho
—_ É tão fácil dizer isso quando se está sentado apenas observando que nem uma estátua de praça pública
Juníper cruzou os braços e disse:
—_ Sabe bem a razão de não fazermos nós mesmas, já cumprimos nossa parte, ou será que além de velho, está ficando esquecido? Por que é tão difícil cumprir logo a sua? Como espera conseguir ser um líder se mal consegue cumprir um serviço?
—_ Já mandei meus homens atrás deles, o que mais espera que eu faça? Que chame eles pelos nomes?
—_ Talvez começando a escutar as pessoas que o servem
—_ Sabe de algo?
—_ O seu general tinha razão, vimos o quarteto fazendo um acordo com Krauser e já posso imaginar quem tenha mandado os corvos, tem de focar-se nos sacerdotes e não nas crianças
—_ Krauser e Gwenda? Tem certeza?
—_ Confia demais neles, entendo que os ache boas pessoas, mas encare os fatos,estão contra os seus costumes, até mesmo compraram briga com Jotun, o seu pai,por qual motivo não ajudariam os hereges? Mesmo você não sabe o que se passa na mente deles, talvez acreditem que realmente esses hereges sejam bons, mas mesmo com boas intenções estão do lado errado__ e tocou no seu ombro e o afagou__ não é mais uma criança, é um Herzog, então aja como tal, não se deixe levar por suas emoções__ e então andou até a entrada aberta, mas parou e disse:__ sacerdotes são bastante poderosos, se não tomar logo providências esses garotos podem escapar de seus dedos como água
E quando ela estava prestes a sair, Rhodes disse:
—_ Espera! Antes de sair e desaparecer eu tenho um plano, sacerdotes usam magia, não é?
—_ Recuperou-se tão rápido dessa desilusão? Estou impressionada!
—_ 5 sacerdotes foram mortos, e apenas Gwenda e Krauser restaram, e a julgar pelos 2 mortos com flechas enfiadas e os outros 3 com espadas, creio que os mortos não fossem sacerdotes de verdade, caso contrário poderiam muito bem transformar as flechas da garota arqueira em corvos ou as espadas dos garotos em cobras, e pelos corvos que apareceram justamente no momento em que os arqueiros atiraram... de um total de 7 sacerdotes, só 2 são sacerdotes de verdade, todas as provas apontam contra eles, fui imprudente, tão cego com oque eu achava deles que acabei ignorando os fatos, coisas que... estavam bem na minha frente, se são tão poderosos assim, só há uma forma de acabar com eles,mas antes temos de saber onde eles estão e pra isso temos de encontrar o arqueiro sobrevivente, Cupido
—_ E que forma poderia ser essa?
—_ Uma forma que eu e vocês sairemos ganhando
Em questão de instantes os 5 aparecem na Cabana dos Enfermiços, Alexis, Micaelle e Marcelo olharam em volta espantados, tentando absorver o que havia ocorrido, mas ignoraram no instante em que viram Tony deitado em uma cama de palha com faixas em volta do peito,acordado, junto a Gwenda ajoelhada ao lado dele
—_ Ele está bem, mas não pode fazer muito esforço__ respondeu ela
—_ Eu disse que samurais nunca morrem__ disse Tony
—_ Você é realmente implacável pelo tanto que a morte desejou te pegar__ disse Alexis
—_ Você nos deixou muito preocupados__ disse Micaelle
—_ Não é a primeira vez que estive numa cama de hospital e nem a última__ disse Tony bem-humorado
—_ Até os samurais precisam tomar cuidado__ retrucou Gwenda
—_ Tem condições pra continuar a viagem ou temos de permanecer mais tempo por aqui?__ disse Alexis
—_ Isso a minha enfermeira que decide, se dependesse de mim sairia pulando__respondeu Tony
—_ Ele pode sair, mas não pulando ou correndo, como eu disse antes, ele não pode se esforçar muito ainda, o ferimento pode ter cicatrizado, mas ainda é recente__ respondeu Gwenda
—_ Como conseguiu cicatrizar um ferimento tão profundo como uma flecha no coração assim tão rápido?__ disse Marcelo
—_ Meu nome é Gwenda, obrigado por perguntar, e o seu?
—_ Marcelo, pode responder minha pergunta agora, por favor?
—_ Tenho os meus métodos e Odin ao meu lado, mas não creio que estejamos aqui para falar de medicina, não temos muito tempo, os bárbaros estão feito loucos a procura de vocês e não irá demorar muito até que procurem de tenda em tenda
—_ Ela tem razão, dificilmente quando levamos vocês até a floresta não atraímos olhares, temos de nos focar apenas no essencial__ disse Krauser
—_ Vamos começar pelos nomes, sou Gwenda, filha de Krauser e sacerdotisa de Odin, e você, garota arqueira?
—_ Micaelle, filha de Gaspar
—_ Não podem nos fazer sair daqui com o mesmo truque que nos fez vir até essa barraca?__ disse Marcelo
Krauser disse:
—_ Não é um truque, é...
—_ O poder que o altíssimo Odin deu a você, já sei disso, de pouco importa pra mim de onde vem essas bruxarias, pode nos fazer sair desse lugar com esse truque de mágica ou não?
—_ É tão ignorante quanto aqueles a quem nos denominaram de bárbaros, não é assim tão simples, o feitiço de tele porte funciona apenas se o executor do feitiço possuir uma lembrança do lugar que deseja vir, por isso que o feitiço até aqui funcionou, mas a floresta é um lugar vasto e denso, e com todos os bárbaros procurando vocês que nem bestas famintas em vários lugares, mesmo que voltemos àquela clareira as chances de sermos capturados são muitas
—_ É como um viajante, se ele não souber o lugar que pretende ir, ele se perde,e além disso, o viajante também tem de ter noção de quais são os caminhos mais perigosos e os mais seguros até o destino que deseja ir, viu como é simples explicar usando metáforas e comparações, papai?__ disse Gwenda
—_ Humf, prefiro explicar as coisas da forma que são realmente, de forma clara e objetiva
—_ Então no caso vocês são nossas bussolas agora?__ indagou Alexis
—_ Somos, vamos nos sentar__ disse Gwenda e voltou-se á Tony:__ consegue levantar sozinho?
—_ Acho que sim
—_ Pensei que um samurai de fogo não achasse, e sim tivesse certeza__ provocou Marcelo
—_ Não começa, Marcelo__ disse Micaelle
—_ Ele tem razão, eu tenho certeza que... consigo__ e com lentidão, porém muito esforço tentou se levantar... e conseguiu (com uma mínima ajuda de Micaelle e Alexis)
—_ Venha devagar, lembre-se que ainda não pode fazer muita força__ disse Gwenda
E assim todos direcionaram-se a uma mesa redonda grande o suficiente para os 7 se sentarem. A Cabana dos Enfermiços era um lugar grande repleto de camas de pano no chão preenchidas por 3 anciões enfermos repousando, ervas e plantas medicinais, partes de animais como penas,rãs mortas, asas de insetos... livros empilhados, velhos e empoeirados porém bem organizados, todos em prateleiras de madeira, um lugar tão misterioso quanto a fortaleza de armas de Sr.Coleman.
—_ Não reparem na bagunça, geralmente esse lugar é muito movimentado__ disse Gwenda
E todos se sentaram.
Krauser disse na sua língua de origem:
—_ Ragnar, pegue uma folha vazia e uma pena com tinta
E assim Ragnar o fez, dando-lhe a pena e abrindo o rolo junto com ele, e com a pena Krauser desenhou no papel 5 esferas, uma dentro do outra, como se fossem camadas, e escreveu palavras emcada uma delas, na 1º, a menor de todas escreveu Herzog, na 2º maior escreveu sacerdotes, 3º generais, 4º chefes, 5º soldados
—_ É esta a nossa ordem social
—_ Qual a utilidade de saber essas coisas?__ disse Marcelo
—_ É, não seria mais útil um mapa da aldeia de vocês?__ disse Alexis
—_ Se querem derrotar um inimigo da melhor armadura, tem de saber qual a parte que ele não usa armadura, ou em um plano de guerra, antes de invadir, você tem de saber como o seu inimigo ataca__ disse Gwenda
—_ Pequenos detalhes, grandes significados__ disse Alexis, "O jeito que ela fala lembra um pouco Sr.Coleman"; pensou
—_ Exatamente, o Herzog é um chefe militar, cada povo bárbaro tem, o Herzog é o governante de nosso povo, cada decisão não é tomada sem seu consentimento, nenhuma, e sua palavra final é absoluta, como a de um rei, ele lidera o povo em uma guerra, junto aos generais, que daqui a pouco chegaremos, Jotun Astrid era o antigo Herzog__ disse Krauser
—_ Como ele morreu?__ indagou Alexis
—_ No caldeirão de sacrifícios
—_ Então... eu o matei__ pensou Alexis em voz alta recordando-se do duelo que teve com ele naquela árvore, de ele caindo... agonizando, afogando-se naquela água fervente gritando cada vez mais alto e tentando sair mas não conseguindo...
Tony disse:
—_ Caraca! Você matou o chefão dos chefões sem ser num jogo de vídeo game, demais!! E quem é o novo Reuzog?
—_ É Herzog__ corrigiu Micaelle
—_ Foi o que eu disse, quem é o novo Rei Zog?
—_ Rhodes Astrid, o abençoado pelos deuses, o filho dele__ respondeu Marcelo
—_ Exatamente, como o sabia?__ disse Gwenda
—_ Eu... eu o enfrentei
—_ Caramba, por que não contou isso há muito tempo antes? Isso podia ser muito útil, o que descobriu?__ disse Alexis
"Eu sei que você sabe, Nicolau VII, o famoso tesouro, não podem encontra-lo, vocês tem que sair daqui, fuja com seus amigos o quanto antes e nunca mais volte"; recordou Marcelo
—_ Eu... eu... eu...
—_ Marcelo, se sabe de algo fale agora, não é mais só a sua vida que está em jogo
—_ Rhodes, ele... o Rhodes sabe
—_ Sabe? Sabe do quê?__ disse Micaelle
—_ De tudo
—_ Tudo de quê?__ indagou Micaelle
"Quanto mais cedo eles souberem,melhor"; concluiu Marcelo
—_ Tudo, do tesouro, que estamos o procurando...
—_ Quê? Você contou a ele?__ disse Tony
—_ Não, eu sequer toquei no assunto quando ia o enfrentar
—_ Então como ele sabe? __ disse Alexis
—_ Eu-eu não sei como, vocês tem que acreditar em mim
—_ E por que deveríamos acreditar em você? Você dentre todas as pessoas é a que não mediria esforços pra ferrar com a nossa vida e já deixou isso bem claro lá em Relic__ disse Alexis
—_ Porque o Sr.Coleman é como um segundo pai pra mim, e se ele os escolheu foi por bons motivos, e eu estou caçando esse tesouro não só pra provar que esse tesouro é ou não real, mas por ele, seria um tiro no meu próprio pé se eu dedurasse  vocês, não haveria mais mapa para caçar, para ficar aqui e eu voltaria a Relic de mãos vazias e tinha de tentar explicar a ele como eu fui o responsável pela morte de vocês, a questão agora não é mais uma simples diretoria, mas a própria vida de vocês, se eu deduro vocês, é a vida de vocês que está em jogo, acham mesmo que sou um assassino?
Um longo silêncio se fez, até Gwenda o cortar estudando-o profundamente com os olhos:
—_ O garoto fala a verdade, vejo isso na sua face, o nosso próprio corpo nos entrega seja na mentira ou na verdade, é como uma atalaia, só que nosso corpo é um atalaia que é sempre leal e infalível, e vejo no seu semblante que ele diz a verdade
—_ Conte exatamente o que Rhodes contou a você__ disse Krauser
—_ Que ele armou aquela caçada para nos capturar, eles raramente caçam por aquela parte da floresta, e me disse para fugir com vocês, porque aquele tesouro era perigoso, e me perguntou várias vezes onde estava o mapa, mas eu não disse e me recusei a voltar, e ele me disse que nunca tinha dado a dádiva da misericórdia a nenhum inimigo, mas mesmo assim eu não voltei atrás com a minha palavra, e então lutamos com ele me torturando pra que eu dissesse onde estava o tesouro, e eu venci ele, mas não o matei, mas como raios ele sabe?
—_ Como nós, Rhodes também tem seus seres sobrenaturais, especificamente forças da floresta, e este é outro motivo que não seria seguro que nós continuássemos conversando naquela floresta__ disse Krauser__ se ele está atrás de vocês,devemos nos apressar em fazê-los fugir daqui
"Um diz que o tesouro pode trazer esperança a humanidade e acabar com a fome de um país, outro que faria seu povo voltar a crer em Odin e a seguir os bons caminhos dele e outro que esse tesouro é perigoso, nossa, que confusão, em que buraco meus pais foram se meter? Esperança, fartura, crença e perigo, com certeza não é um tesouro de doces, então... o que é esse tesouro?"; pensou Alexis
—_ Se eu fosse você, Alexis, não sairia espalhando que matei Jotun, o filho dele não vai ser muito misericordioso com você caso descubra__ disse Gwenda comum pequeno sorriso
—_ Pode deixar, a última coisa que eu quero é mais um bárbaro querendo minha cabeça
—_ Certo, nós os sacerdotes éramos estimados até mesmo pelos Herzogs,encorajávamos os soldados antes das batalhas, fortificávamos suas armas e os deuses falavam com todos nós, e éramos uma grande força médica, mas com o tempo nosso povo envolveu-se na cobiça, vontades da carne e paganismo, violavam mulheres, sacrificavam crianças e passaram a destroçar até mesmo quem entregava-se e acreditavam que faziam tais atrocidades em nome dos deuses que cresceram cultuando, o que não era verdade, meu pai e eu tentamos alertá-los que não era essa a vontade de Odin e dos outros deuses de Asgard, mas eles não nos escutaram, e se não fôssemos tão habilidosos nas artes medicinais seríamos mortos por heresia, e não demorou muito para os outros sacerdotes se corromperem, uns por conta do medo, mas com o tempo passaram também a a creditar na cultura do ódio e cobiça que nosso povo adotou, e quase que meu povo se destruiu por tamanha cobiça, o ápice dela fora o tesouro de Nicolau VII, que chegou a ser tão alta a cobiça por ele que provocou guerra entre 3 povos que eram aliados: alanos, vândalos e suevos, até o mapa desaparecer misteriosamente, mas aquilo não impediu a tríplice de ser destruída, e no fim das contas misturaram-se em um único povo, mas o povo mais forte liderou, a linhagem Astrid tem descendência vândala com Rhodes agora liderando como todos vocês já sabem, e seus parentes são os principais generais e lideram os soldados
—_ Os outros sacerdotes já não tem mais poderes por serem falsos profetas e usam arco-e-flechas ao invés dos cajados, por não terem poderes de verdade,resta apenas eu e Gwenda como verdadeiros sacerdotes__ disse Krauser
"E nós matamos esses falsos..."; pensou Micaelle com pesar, recordando-se de quando atirara uma flecha na garganta de um enquanto seus amigos cuidaram dos outros, mesmo que não fossem perfeitos,ainda assim, eram pessoas
E Gwenda disse:
—_ E agora nem mesmo os falsos estão vivos e somos realmente os únicos sacerdotes__ e disse como se estivesse lido o pensamento de Micaelle:__ não sintam pesar caso vocês tenham sido os responsáveis, Odin age de maneiras misteriosas, e se eles morreram, foi pela vontade dele, foram corrompidos pelos próprios desejos, e como a fagulha que provoca um grande incêndio numa plantação, assim eles corromperam os bárbaros que ainda acreditavam na verdadeira doutrina de Odin
Krauser tocou no seu ombro e disse:
—_ Acalme-se, minha filha, ainda há esperança
—_ Tem razão, mas ainda é tão difícil ver meu povo se destruindo cada vez mais,eu cresci com essas pessoas, aprendi tanto...
—_ Seja forte, minha Gwenda, se fraquejarmos falharemos com os nossos deuses e a queda se completará, sei que é difícil, mas não podemos desistir, porque é pela nossa família que lutamos e lutar pela família é como lutar pela própria vida__ e um longo silêncio se fez até Krauser o romper dizendo:__ para que esse plano de fuga funcione, esse quarteto de formigas necessitam de toda nossa força sacerdotal, ainda exercemos influência sobre o nosso povo, eles ainda levam a sério nossas palavras já que nós exercemos o maior conhecimento sobre avida e a morte na nossa terra, razão e fé que se confrontaram por séculos nós bem sabemos como conciliá-las, e ainda há aqueles que creem na nossa palavra de fato, uma pequena parte sim, mas foi pelo pequeno que se iniciaram as maiores revoluções, vamos usar o menor ao nosso favor
—_ O que tem em mente, pai?
—_ Se é os hereges que querem, os hereges eles terão__ disse Krauser com um sorriso travesso
—_ Você não estão planejando nos entregar nessa altura do campeonato, não estão?__disse Tony
—_ Já sabia que ele não era de confiança__ disse Marcelo
—_ Serei bem claro com vocês, faremos pensarem que encontraram vocês com magia,mas pra isso precisamos de algo que pertença ao corpo de vocês, cílios, fios de cabelo, unha... depois criarei com magia "falsos vocês", que sairão escondidos desta barraca e na hora certa vão aparecer perante todos os bárbaros e eu os alertarei com a ajuda de Ragnar, era tão importante que soubessem da nossa ordem social, pois as ilusões armazenarão o que aprenderam e saberão como enganar os bárbaros da forma certa, generais, e soldados, e até os herzogs...nem todos são fáceis de enganar, os generais vândalos são orgulhosos e teimosos, então os falsos vocês terão de ser bem complicados de se capturar, e se um não acreditar, poderá talvez até haver uma certa briga entre alguns deles
—_ O que tem eu?__ disse Ragnar na sua língua
—_ Eu criarei ilusões deles e você me ajudará a fazer o nosso povo acreditar
—_ Esse plano é muito perigoso, se descobrirem que não são os hereges verdadeiros logo irão descobrir que nós o enganamos e que somos hereges
—_ Eu sei desse risco, é por isso que precisamos ser os mais convincentes possíveis, caso não acreditem em mim, vão acreditar em você porque nunca desconfiaram de ti em nada, nunca levantou-se contra eles em relação a nada,menos provável que acreditem que está mentindo, do que a mim, e por isso vai torna-las mais reais, certo?
Ragnar hesitou um pouco, mas assentiu positivamente.
E então Krauser voltou a falar na língua dos aventureiros:
—_E então? O que darão para começarmos as ilusões
—_ Um pouco da minha sanidade__ disse Marcelo
—_ Vejo que tem muita pouca fé, garoto, mesmo brandindo a lendária Excalibur
—_ Ela eu posso tocar e ver, e quem dirá que Arthur não poderia ter sido um grande guerreiro e rei que criaram muitas lendas? As pessoas costumam exagerar sobre o que veem
—_ Se está tão certo que somos loucos varridos, então dê uma parte de você, se caso não funcione, só sairá ganhando e provará que somos mentirosos e traiçoeiros, do que tem a temer?
Marcelo hesitou, mas mesmo assim entregou um cílio grudado no seu óculos. Krauser o pegou e continuou a falar:
—_Não será tão difícil acreditar então que sairão disfarçados de sacerdotes bem cobertos de grandes capas pretas, como os que tentaram os matar naquele caldeirão
—_ E você não espera que eu apenas seja aquela que os vista, não é?__ disse Gwenda
—_ Você salvou a vida de dois deles, e é uma grande curandeira desta aldeia,apenas mais uma com certeza você não é, você será aquela que os fortalecerá
—_ O quê? Você está querendo dizer que...__ disse Gwenda surpresa
—_ Sim, Gwenda, fará o papel de uma verdadeira sacerdotisa
—_ Mas os escolhidos... eu ainda não treinei direito, não tenho dominação completa...
—_ Sim, você tem__ e tocou no seu ombro e disse:__ eu já lhe ensinei tudo que tinha de ensinar, minha pérola, entendo que esteja nervosa na primeira vez, é normal, Jotun em sua primeira guerra, tremia os braços de espada na mão e eu também estava tão nervoso quanto ele quando encantei sua arma pensando que aquela espada talvez falhasse, e que o encanto dela se quebraria, mas não pode saber que não vai conseguir se não tentar
—_ Tudo bem, eu vou fazer
—_ O que significa nos tornar mais poderosos?__ indagou Alexis
Krauser e Gwenda sorriram, e Krauser disse voltando-se novamente a eles:
—_ Ainda chegaremos nessa parte, por enquanto quero as partes do corpo dos restantes
E assim eles fizeram, Alexis foi o primeiro a tomar atitude bastante curioso sobre essas ilusões, estirou um fio de cabelo e quando a mão de Gwenda e Alexis se encontraram, ele teve o lampejo daquele mesmo sonho que tivera quando estava com Tony montados em um cavalo,por instantes Jotun estava novamente furioso na sua frente apertando-lhe o pescoço, Alexis saltou um pouco para trás assustado e Gwenda disse:
—_ Algum problema?
—_ Não, não, foi só... eu pensei que ia espirrar...
E então Micaelle entregou-lhe um fio de cabelo e Tony também.
E então Krauser e Gwenda puseram todas as partes num pequeno vaso de barro contendo cinzas, e com um incenso Krauser acendeu uma vela vermelha e pôs o fogo que havia nela sobre o vaso, e disse coma ajuda de seu cajado um feitiço em latim:
—_ Humana falsum
E uma explosão de claridade ocorreu, e todos fecharam os olhos de tão forte que era a luz, e então próximo a mesa deles fumaça concentrava-se apenas em um local, e quando a fumaça se dissipou,estavam a cópia do quarteto na frente deles.
Krauser, Gwenda e Ragnar olharam alegres, e o quarteto boquiaberto
—_ Apresento-lhes vocês
E todos ficaram de pé e se aproximaram das ilusões.
Alexis estava bastante surpreso, parecia que estava em um sonho... um alguém idêntico a ele, os seres que vira pelo visto era apenas a ponta do iceberg de algo muito maior de coisas fantásticas ainda ocultas... "parecem tão reais" e tocou na sua ilusão e sua mão o atravessou e sentiu apenas algo semelhante a tocar em fumaça gélida.
—_ Você pode ver, mas não tocar__ disse Gwenda
—_ E agora, senhor só acredito vendo e tocando, o que tem a dizer?__ disse Krauser
Marcelo comprimiu o lábio, e disse:
—_ Uma ilusão é tão real quanto uma miragem, eu posso estar muito cansado pra ver essas coisas ou muito ferido e tendo alucinações, isso não prova nada
—_ Prova que você é mais cego do que eu pensava__ disse Alexis
—_ Ou talvez você seja mais burro do que se imaginava__ disse Marcelo
—_ Ah, por favor, não vão brigar agora__ disse Micaelle
—_ Verdade... e são ilusões Marcelo, ilusão já é aquilo que não é real, então você não deixa de estar certo, e nem o Alexis também, porque estamos realmente vendo essas miragens, e não é só coisa da nossa cabeça, pelo menos eu não tenho uma imaginação tão boa assim pra imaginar esse cara bonito e boa pinta aqui__disse Tony esfregando suas mão rapidamente na sua miragem várias vezes
—_ Miragem__ disseram as ilusões juntos
—_ Ah, vocês me... espera, vocês falam?
—_ Sim, eles falam__ disse Krauser__ mas só obedecem aos comandos de quem os criou__ e então foi até as ilusões e disse:__ Quero que vão a um lugar da aldeia onde possam ser vistos apenas por nós, e quando eu falar qualquer coisa a vocês nessa hora, vocês correrão onde possam ser vistos por todos e só fugirão quando perceberem que uma boa parte dos selvagens também os perseguem
—_ Sim, senhor__ disseram as ilusões e desfizeram-se transformando-se em fumaça cinzenta e foram em direção a entrada da cabana e saíram.
—_ Ragnar, vamos lá__ disse Krauser
—_ Hora de pegar alguns hereges­­­­__ respondeu Ragnar
E eles foram.
E em instantes Gwenda ouviu o som das vozes deles dizendo coisas como: "Olhe, os hereges estão fugindo, peguem esses malditos!"; e foi até a entrada, onde logo a horda de selvagens seguia Krauser e Ragnar, sejam generais ou soldados, unidos para capturarem os hereges, "Porque não tinham de ser sempre assim, unidos por bons ideais, e não separados para ganhar mais poder mesmo que para conseguir signifique passar por cima de uns aos outros"; Micaelle também espreitou um pouco e disse:
—_ Dá até pra entender a razão de vencerem tantas guerras
—_ Apenas magia pode vencer magia
E virou-se para todos e disse:
—_ Temos muito o que fazer, pequenas formigas