O significado da dor escrita por Alicia


Capítulo 7
Marshmallows da madrugada




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Começar uma história é sempre a parte difícil, pois o clímax e o final são apenas consequência do começo... Se o começo for bom, o clímax pode ser ótimo e o final razoável. Se o começo for ruim, o clímax pode ser razoável e o final ótimo, essa consequência é extremamente dependente de quem escreve a história. Pessoas pegam um começo simples e complicam ele até que vire um clímax problemático, como fazemos com o amor... Amor é apenas um sentimento, mas conforme o ser humano fica mais evoluído, mais ele complica o amor. Todos dizem que o amor fodeu com a sua vida ou o amor tirou tudo que era mais puro dele. Mas como isso é possível se o amor é apenas um sentimento? São as pessoas que fodem com a vida e se fodem com ela...

Não sei como as pessoas reclamam tanto da insonia, francamente pessoas são melhores de aturar dormindo. Amo a insonia assim como amo olhar o céu, com o olhar num ponto fixo, sem pensar em nada e sem ter pessoas perguntando o que estou pensando. O único problema da madrugada é que se você passar ela sozinho você fica deprimido, por isso pessoas evitam tanto a insonia, mas eu não, encaro a insonia, a tristeza e a solidão como velhos amigos...

Cada segundo passa torturantemente, cada minuto passa lentamente e parece ser três horas da manhã pra sempre. Enquanto olho o céu a procura de discos voadores para me abduzirem eu brincava com o celular tomando coragem para ligar para o Sr. Ridículo. Um numero de cada vez, a cada minuto, até serem formados os 8 dígitos e então esperei os infinitos "beep beep beep" até ouvir aquela voz rouca sonolenta e preocupada "aconteceu alguma coisa Mel?" "não" respondi mais tranquila do que alguém que fumou um baseado "pode vir aqui? não consigo dormir" "em cinco minutos estou ai". Foram os cinco minutos mais longos da minha vida...

Ele chegou de bicicleta. Ainda estava de pijama e estava com o cabelo mais bagunçado do que o normal. "Te acordei né?" "nem importa, estava sonhando com você mesmo... Vamos preparar um leite quente com biscoitinhos para a senhorita dormir". Na cozinha enquanto o leite esquentava estávamos sentados no chão da cozinha, ele quase dormindo e eu comendo biscoitos "posso saber por que a senhorita não esta dormindo como o resto do mundo?" perguntou ele com um tom meio paterno "eu simplesmente não consegui dormir... Só isso" por um momento ficamos em silencio e foi ai que o leite começou a ferver e sujou o fogão inteiro. Corri para desligar o fogo e acabei escorregando numa poça de leite que estava no chão, mas ele conseguiu me pegar a tempo "sorte sua que estou aqui, caso contrario teria outro galo nessa testa". Enquanto eu limpava o fogão ele, preparava o leite " Mel...cade o nescau?" "ta ai no armário... não ta?" "ja revirei ele todo e não tem nem um vestígio" "puta merda, como vamos beber leite agora?" perguntei com uma cara perplexamente cansada "coloque pantufas que vamos comprar nescau..." "estamos de pijama e você só tem uma bicicleta" "i dai ? eu rodaria o mundo atrás de um nescau só pra você tomar o leite e dormir" "se eu falar que não precisa você ira me segurar certo?" "exatamente" "então vamos".

Era uma madrugada incrível, o céu estava em harmonia com as estrelas, as prostitutas, os mendigos, os drogados solitários e os animais noturnos. Enquanto ele pedalava com um all star sujo e velho que ele colocou na pressa, provavelmente com meias diferentes, para satisfazer os meus desejos bobos. Andamos o máximo que podíamos e achamos apenas uma lojinha de conveniência de um posto, infelizmente não havia nescau, mas mesmo assim levamos duas barras de chocolate, marshmallow e uma coca-cola. No caminho de volta, tomamos toda a coca e eu estava sentada no guidão da bicicleta balançando os pés com as pantufas de coelhinho e acenando para os motoristas que ainda estavam acordados, uma cena um tanto bizarra...

Assim que chegamos, demos o leite para meu gatinho siames e enquanto eu derretia o chocolate ele tirava o soro da lata de creme de leite e la estavam as duas crianças brincando de guerra de comida. Quando o chocolate quente ficou pronto pegamos dois cobertores e nos sentamos na varanda... Estava um friozinho delicioso, como aqueles que congelam o nariz, que só a madrugada nos proporciona e enquanto tomávamos o chocolate eu pedi para que cantasse uma canção, qualquer uma, e ele sorriu "me deixa ser quem faz o laço da gravata do mordomo que te serve o jantar?" comecei e ele com a voz ideal para cantar continuou "me deixa ser o suporte que segura a tela plana da sua sala no lugar". Fui pegando no sono sem perceber e apenas fui deitando lentamente no colo dele e dormi, dormi o sono mais gostoso que jamais dormi.


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