Dois dias se passaram e a sensação de derrota foi tomando conta de mim, foi me engolindo como um buraco negro e sendo substituído pela tristeza súbita, as vezes me arrependo de me apaixonar fácil e conseguir fazer merda mais fácil ainda.

Eram duas horas da tarde de um domingo e o telefone finalmente tocou. "Alô" "oi, to com saudade, vem pra cá..." disse ele carinhosamente, mas me irritou "você fala merda pra mim e acha que é só falar que esta com saudade que eu volto pra você como cachorrinho, não sou sua namorada lembra?" "Mel... não faz isso" "Mel é o meu pau" "Porra Melissa, viu? Você só vê problema onde não tem" "Exato, você acha errado eu vir tentar consertar as coisas? Você ta certo em não namorarmos, namorados conversam", desliguei o telefone com tanta força que ele poderia ter ouvido do apartamento dele.

Cinco minutos depois o telefone tocou de novo, atendi "Mel? Desculpe" eu não respondi apenas fiquei ouvindo "por favor fala comigo..." suspirei "não tenho o que responder" "me desculpou?" desliguei o telefone sem responder que deixou implícito um não.

São três da manhã e ainda estou usando a blusa que roubei dele, me pergunto se essa falta de sono seria por causa da insônia ou pela falta que sinto dele, lembrei da minha ultima noite de insonia, ele estava aqui. Em exatos vinte segundos de coragem insana coloquei um pijama, um casaco, as galochas, porque estava chovendo, e sai. Enquanto andava os pingos gélidos da chuva entravam pela gola e aos poucos me deixavam a cada passo menos motivada, mas não cedi,continuei andando cada vez mais rápido e ficava com cada vez mais frio... O porteiro que ja me conhecia me deixou entrar sem avisar ele, a pedido meu. O elevador parecia mais devagar que o normal, parecia uma eternidade. Assim que sai do elevador senti um frio na espinha e um formigamento no estomago. Hesitei por cinco minutos, enchi o pulmão e apertei a campainha. Foi praticamente na hora que ele abriu, não parecia surpreso "achei que não ia aparecer..." estava segurando um buquê fantástico de tulipas e rosas "desculpa" "tudo bem, bobinha. É normal casais brigarem as vezes" "eu tenho medo de você acordar um dia e não sentir mais nada" "mas eu não vou" e me deu um beijo na testa "tome um banho e vista roupas secas pra não pegar um resfriado" quando sai do banho (usando roupas dele) ele estava cozinhando alguma coisa "que cheiro bom" falei sussurrando para os vizinhos não acordarem "estou fazendo misto quente quer?" "que pergunta idiota". Só que peguei no sono antes de ficar pronto, ele comeu o misto quente,me levou pro quarto e dormimos.