The Queen - Interativa escrita por Kisaragi Midori


Capítulo 3
Capítulo III: The Heroine and The Philospher


Notas iniciais do capítulo

"Uma história sobre obrigações"



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The Heroine

Talhila Odara observa a cena a sua frente com desgosto. Keithy Lloyd e sua trupe encurralaram ainda mais uma garota nova, dessa vez com aparelhos nos dentes e ligas coloridas nos cabelos. A garota, com suas mechas azuis escuras e verde-água em seu cabelo negro e sua pele morena escura, sabia exatamente como era estar naquela posição. Mas foi salva por alguém. Isso com certeza à daria coragem de enfrentar as garotas que atormentavam a aluna nova, não?

Sua resposta não poderia estar mais longe de um sim “sim”.

Só de pensar em estar em uma posição daquelas novamente faziam seus joelhos tremerem e suor frio escorrer por seu rosto. Não se importava quando os comentários eram pelas costas, com isso podia lidar; mas não o faria cara a cara. Naquele momento, Talhila não sabia quem odiava mais: ela mesma ou Keithy.

– Então, como é ter um sorriso tão brilhante, Violina? – A Lloyd questionou e a estudande nova, Ellen Violine, recuou ainda mais em seu canto. Talhila sentiu mais uma pancada em seu coração quando viu os olhos de Ellen se marejar.

– Por que você pergunta, Keithy? – Uma voz suave e passiva ecoou pelo corredor da escola enquanto Ellen engolia seus soluços, já tendo deslizado na parede . – Você sabe como é; usou um no sexto ano. Por uma no inteiro. Esqueceu-se?

A garota que caminha calmamente em na direção da bully tinha cabelos castanho-claro com alguns fios dourados espelhados por ele, suas ondas se estendendo até suas costas. Sua pele clara estava rosada com o frio que fazia na província de Winters e utilizava um cachecol azul-escuro, assim como meia-calça preta por debaixo de sua saia preta do uniforme. Seus olhos escuros brilhavam em contraste a sua pele e o sorriso delicado era visível mesmo com seu grosso cachecol de lã a cobrindo até seu queixo.

– Carlini. – Keithy cuspiu o nome, cerrando seus olhos com desdém. A outra apenas continuou a sorrir.

– Ah, Keithy, nos conhecemos há tanto tempo, pode me chamar de Leona. – Falou, ajudando Ellen, cujas pernas ainda estavam bambas, a se levantar. – Afinal, sua mãe mencionou para mim ontem que você tinha uma consulta com o dentista hoje. Não está atrasada?

A Lloyd não respondeu, apenas cruzou o corredor pisando fundo. Talhila sentiu seus lábios formarem um sorriso involuntário. Sua melhor amiga Leona James Carlini sempre sabia o que falar, o que fazer e salvava o dia. Era uma verdadeira heroína, como Talhila não conseguia ser. A menina de pele escura se aproximou das outras duas e Leona lhe ofereceu um sorriso. Mais uma coisa que sempre surpreenderia a Odara era como sua amiga nunca a culpava por ser tão covarde, mesmo quando merecia.

– Você está bem, Ellen? – Leona perguntou enquanto a menina ainda se recompunha.

– Co-como você sabe meu no-nome? – Respondendo a perguntar com outra perguntar, Ellen Violina parecia um pouco apreensiva. Talhila não poderia culpá-la se fosse qualquer outra pessoa, mas era Leona. A menina não parecia que conseguiria machucar sequer uma mosca.

– Eu ouvi Keithy falando. – Sua melhor amiga respondeu pacientemente e Ellen relaxou visivelmente. – É um prazer lhe conhecer, eu me chamo Leona James Carlini.

Com isso, a Violina enrijeceu-se novamente. Era uma reação conhecida, mas que, por algum motivo, Talhila sempre tinha a esperança de que não viesse. Claro que já sabia sobre a história por trás do nome de sua melhor amiga. Parecia que todos sabiam, até mesmo os novatos. Ellen começou a se afastar não muito discretamente, corando e não olhando para Leona nos olhos.

– Si-sim, Heroína, quer di-dizer, L-leona... – A menina gaguejou antes de sair em disparada pelo corredor. As duas amigas ficaram a observando ir e Talhila engoliu a raiva que sentia para reconfortar a amiga.

– E-eu sinto muito, Lena... – A Odara falou, olhando para a mesma. Leona não mudara de expressão até se virar para a mesma e lhe oferecer um sorriso.

– Está tudo bem, Talhi! – Inclinou a cabeça e fechou os olhos com um sorriso ainda mais doce. – Eu não me importo.

– Nunca vou entender você... – Talhila murmurou, já começando a andar em direção da saída, sua melhor amiga lhe seguindo. – Por que continua os ajudando mesmo quando sabe que é isso que vai acontecer?

– Regra de Herói número 1: faça o que é certo, não importa as conseqüências! – Leona exclamou, levantando o dedo indicador. As duas já passavam pelo jardim da escola, já que o corredor em que estavam era perto da saída. – Regre de Herói número 2: nunca deixe inocentes correndo perigo!

– Mesmo se os inocentes irão apenas lhe esnobar depois? – A menina de pele escura questionou indignada e a Carlini assentiu, um sorriso apologético pintando seus lábios.

Todos os inocentes, Talhi. – Respondeu verbalmente com sua voz suave. – Você é tão covarde, Talhi.

A menina sentiu seu rosto queimar. Sua amiga sempre fora assim, honesta demais para dar conta, mas estava certa. Era uma covarde. Talvez era por isso que Talhila Odara nunca conseguiria ser uma boa heroína. Ela ressentia as pessoas, até os “inocentes” que sua melhor amiga queria proteger.

– Vamos mudar de assunto, então. – Talhila falou, mexendo em sua bolsa enquanto andava, Leona a ajudando a desviar das pessoas na rua. – Como você se saiu no teste de inglês? Eu tirei oitenta e nove.

– Parabéns, Talhi, você é tão inteligente. – A Carlini falou sinceramente com um sorriso, tirando seu teste de sua bolsa. – Estou com inveja.

– Va-vamos, você deve ter se saído be-bem... – A outra garota gaguejou, corada com o elogio. Segurou o teste da amiga e sentiu uma pancada no estomago. Quarenta e sete estava escrito em caneta vermelha no topo do papel. – Eu sinto muito...

– Tudo bem, eu posso me recuperar. – Respondeu calmamente, dobrando o teste e o colocando novamente em sua bolsa.

Com o modo calmo que sua melhor amiga lidava com a situação, Talhila sentiu-se mais assegurada. Afinal, era só uma nota vermelha, nada que Leona não pudesse ajeitar em seu próximo teste.

– Certo, claro que pode. – A menina sorriu de volta para sua amiga, enquanto chegava ao seu ponto de separação, onde cada uma ia para sua casa.

– Até amanhã, Lena. – Talhila sorriu e Leona sorriu de volta.

– Até amanhã, Talhi. – A menina respondeu, já indo em direção à sua casa.

...

Leona odiava quando chegavam ao ponto de separação. Ficava sozinha com os próprios pensamentos. E com seu teste onde estava sua nota vermelha.

Sentia-se realmente decepcionada com sua nota, afinal, estudara tanto todos aqueles autores e livros; mas sua nota ainda sim era vermelha. Não mentira para Thalhila, afinal, mentir era algo desnecessário para ela. Conseguiria recuperar a nota com aulas extras, a escola de verão e tudo mais. Mas...

Desse jeito, Pensou, se afundando em seu cachecol azul, eu nunca vou virar arquiteta.

Finalmente, a Carlini chegou à frente de sua casa, ou melhor, mansão. Era enorme, com grandes paredes verde-menta, rodeada de várias flores coloridas. Os muros altos brancos escondiam ocultavam as casas e fontes de águas para passarinhos e labirintos de arbustos. Do grande portão de ferro era podia ver a trilha de tijolos amarelos que levava à entrada da cada, com degraus e uma rampa para cadeira de rodas. Ela sorriu ao ver sua casa, sempre se sentia feliz ao vê-la. Apertou o botão da campainha e uma voz saiu do interfone.

– Quem ousa perturbar o grande mestre do portão? – Uma voz obviamente falsa e grossa questionou. Leona riu.

– Tyson, sou eu.

– Eu quem? – Tyson, o rapaz que cuidava dos portões, recitou dramaticamente.

– A pequena heroína de cachos mesclados. – Revirou os olhos enquanto falava isso, mas o sorriso ainda não escorregava de seu rosto.

O grande portão se abriu e Leona correu para dentro, alertando alguns passarinhos que bebiam em uma fonte perto do caminho de tijolos amarelos. Saltitou pelas escadas e destrancou a porta com sua chave, a abrindo. O lado de dentro era claro, as paredes pintadas de uma cor clara e os móveis de madeira escura com almofadas e acolchoadas em azul-escuro. A garota subiu as escadas com degraus cobertos por carpete vermelho até o segundo andar, entrando na porta de seu quarto.

Sentou-se na cama e tirou seu teste da bolsa antes de jogar a mesma para longe. Ela sabia que não precisava de boas notas para ter o trabalho que tinha no momento que era o de modelo, mas não queria ter esse trabalho para sempre; queria ser arquiteta, igual à sua avô materna, Leona James. Só que sua nota vermelha em inglês, assim como de suas muitas outras notas a encarava em repreensão. Ela suspirou antes de checar a hora e correr para o computador.

Abriu seu notebook e abriu sua conta. Logo, a imagem de uma bela mulher, com cabelos castanhos encaracolados, olhos verdes e pele alva apareceu na tela. Era sua mãe, Gisele James Carlini. O homem ao lado dela tinha pele oliva, olhos escuros como os de Leona e cabelos loiros. Era seu pai, Borcele Carlini. Os dois sorriram assim que lhe viram.

– Olá, meu amor, como você está? – Sua mãe perguntou e seus olhos brilhavam com tanto amor que Leona sentiu seu peito ficar mais leve.

– Eu tirei quarenta e sete no meu teste de inglês, eu sinto muito. – Ao contrário da maioria dos adolescentes, Leona não desviou os olhos de seus pais. Era responsabilidade dela e teria que aceitar isso. Ficar envergonhada apenas feriria ainda mais seu orgulho. – Eu vou tentar melhorar na próxima vez, sinto muito.

– Sim, você precisa melhorar, eu não criei você para ser tão lerda na escola. – Seu pai falou e Leona sentiu seu peito queimar com vergonha, mas não desviou seus olhos dos dele. Sabia que herdara a honestidade do pai. – Mas estou muito orgulhoso. Você sempre enfrenta seus problemas, Lena.

– Não podíamos pedir por uma filha melhor. – Sim, podiam pedir por uma filha que lhes traria orgulho de verdade, Ela pensou em frente as palavras de sua mãe.

Leona passou mais alguns minutos falando com seus pais, falando sobre sua próxima sessão de fotos em breve, antes da a mesma fechar seu computador pois os dois tinham que discutir mais algumas coisas com o diretor. Os dois estavam trabalhando em um filme sobre uma caçadora de dragões, estrelando Helena de Bertrand pelo que seus pais lhe falaram. Seu pai iria atuar como o vilão e sua mãe iria cantar algumas músicas para a trilha sonora, então estavam em Angeles no momento. A menina se levantou de sua cama e foi para sua escrivaninha, tirando uma tesoura e cortando seu papel de teste, fazendo o que podia para não cortar a nota.

Assim que tinha um quadrado perfeito, ela o começou a dobrar até fazer um tsuru, uma graça de papel em origami. Pegou ele e levou para dentro de seu closet, que era muito grande para as poucas roupas que tinha. Chegou à um ponto do closet em que o chão e as prateleiras estavam cobertas por tsurus. Quinhentos e vinte e sete para ser exata, mas agora eram quinhentos e vinte e oito. Ela sorriu, estava quase chegando em mil. Só faltavam quatrocentos e setenta e dois. Em breve ela poderia fazer seu pedido.

Lembrava-se de quando ela era criança e sua mãe havia feito sua primeira música ouvida mundialmente: Mil Garças e um Desejo. Aparentemente, diz uma lenda japonesa que quando você fazia mil tsurus você poderia fazer um desejo e sua mãe havia se baseado nessa lenda para sua música. Quando pequena, animou-se com a idéia e ainda se lembrava do que pensara: “Quero fazer todos felizes”.

Mas isso se mostrou complicado. Para deixar seus pais felizes, tinha que orgulhá-los. Para orgulhá-los, tinha que ter notas boas. Para deixar seus colegas de escola felizes, tinha que ajudá-los, mesmo que a desprezassem. Para deixar sua melhor amiga feliz, tinha que dar um bom exemplo para ela. Isso era complicado, mas gostava disso. De deixar os outros felizes. Isso a deixava feliz.

Colocou o tsuru recentemente feito no chão, mas seus olhos foram atraídos para o tusuru no chão ao lado deste. Era sua ficha e carta da Seleção. Ela nem havia pensado em entrar, afinal, esse tipo de coisa não lhe interessava. Nem o príncipe Alphonse nem a coroa. Mas agora que pensava, a idéia não era tão ruim. Afinal, todas as Selecionadas que sequer participaram ficavam conhecidas por Illéa. Se ela entrasse, iria orgulhar seus pais... E se entrasse, Talhila ia parar de ser zuada, simplesmente por ser amiga de uma Selecionada. Sabia que se Keithy não parasse por opção os outros a parariam.

Ela não se importava com o fato de a zoarem na escola, mas seus pais e os de Talhila se importavam e ela não queria os preocupar. Leona ficara olhando para o tsuru mais uma vez, tentando tomar uma decisão.

E, quando saiu do quarto de decisão tomada, o número de tsurus voltou a ser quinhentos e vinte e sete,

The Philosopher

Na Nova Índia, o dia estava extremamente quente. Mas isso não impedia nenhum dos funcionários do palácio que continuar seu trabalho, afinal, aquele dia era importante e isso era visível com as bandeiras de Nova Índia e do Novo Japão sendo erguidas lado a lado. O filho do imperador japonês estava vindo para visitar e teria que ser recebido com a mais alta cortesia. Afinal, Novo Japão e Nova Índia eram os países mais poderosos de Nova Ásia. Qualquer desentendimento levaria a uma guerra, ou então os servos e o povo pensavam.

A Princesa Malaya não poderia achar que estavam mais errados, enquanto olhava pela janela de seu quarto. Seu pai, o rei Sahaj, podia muito bem severo, mas nunca começaria uma guerra por um desentendimento. O imperador japonês, Haruka-sama, nunca seria tão precipitado a ponto de começar uma guerra desse modo. Também sabia que ela e o filho do imperador, Shintaro, nunca começariam uma guerra assim. Então a paz já estava garantida por mais uma geração.

– Princesa? – A voz de uma empregada questionou, batendo na porta de seu quarto. – O Rei pediu sua presença imediata, disse que tinha assuntos importantes para tratar com você.

– Sim, eu já estou indo. – Malaya respondeu calmamente, apesar de estar confusão. Ela já sabia tudo o que era possível sobre a visita dos japoneses. O que mais seu pai poderia querer falar com ela?

Levantou-se de sua cadeira e dirigiu-se a porta, seu vestido vermelho com bordas douradas lhe acompanhando graciosamente. No corredor, a princesa pôde perceber que os empregados haviam deixado tudo impecável, com as paredes beges estavam clareadas pela luz que vinha das janelas e o ar tinha um aroma delicioso de noz moscada e canela. Malaya continuou em direção da sala do pai, parando em frente da porta maciça de madeira e batendo com a autoridade de uma princesa.

– Entre, Malaya. – A menina nunca soubera como ela fazia isso, mas sempre parecia saber quando era ela que batia em sua porta.

A garota entrou no escritório e viu seu pai com um pequeno sorriso em seu rosto. Seus cabelos negros já estavam começando a ficar brancos e seus olhos estavam cansados, mas ela ainda sorria sinceramente para ela, sentado atrás de sua mesa de carvalho. Malaya sorriu de volta e sentou-se na cadeira a frente da mesa do mesmo.

– O que deseja de mim, pai? – Questionou e se confundiu ainda mais quando viu os outros de seu pai mostrarem um pouco de preocupação. Haveria alguma guerra prestes a acontecer? Algo com qual ela tivesse que se preocupar? De repente, também ficara rígida.

– Minha filha, você sabe que nós nunca tivemos uma boa relação com o país de Illéa. – Malaya já não gostara do começo da conversa e sentiu seu coração bater mais rápido. As palavras dos pai a estava levando a pensar na palavra “guerra”. – Então, a Seleção do príncipe, onde ele encontrará uma plebéia de seu povo para se tornar sua esposa. Por isso, conversei com o Rei Maxon e sua corte e chegamos a uma decisão. Para firmar a paz entre Nova Ásia e Illéa, você irá participar da Seleção.

Assim que ouviu as notícias, sua postura se relaxou; afinal, não haveria guerra. Mas, então, seu cérebro processou as notícias de que participaria da “Seleção”, sua postura se enrijeceu e seus olhos se arregalaram, levantando a cabeça que estava abaixada. Não poderia ter ouvido certo, afinal, era a primogênita. A regente. Estava a apenas quatro anos de tornar rainha...

– Pai, eu creio que você esteja falando de Shaya. – Sua irmã mais nova estaria muito mais interessada em conhecer esse príncipe do que ela estaria. – Eu vou ser a rainha.

– Você é a primogênita, filha, você tem que ir. – Seu pai falou com finalidade. – Eu sinto muito, mas precisamos firmar paz...

– A partir de mim? – Havia poucas coisas que tiravam a paciência e compreensão da Princesa Malaya e ser tratada como um objeto era uma delas. – Pai, existem outros métodos...

– Não, os illeianos prezam muito o casamento e a Seleção, você precisa fazer isso. – Sahaj insistiu, mas Malaya já estava alterada demais para leh ouvir.

– Mas, pai, eu não quero. – Depois, ela perceberia o quanto estava sendo infantil.

– Mas terá que o fazer, Malaya. – O tom de sua voz agora era rígido e Malaya engoliu o seco, sentindo lágrimas de raiva queimarem seus olhos. – Agora vá, Shintaro-sama e Hinamori-sama chegaram.

– Mas...

– Vá, Malaya.

Queria ficar e discutir mais, mas sabia que seu pai não a ouviria do jeito que estava. A princesa saiu pela porta, descendo as escadas do palácio até chegar ao salão principal, onde deveria recepcionar a realeza japonesa. Pelo que parecia sua irmã já havia chegado lá.

Shaya, a indiana princesa de quinze anos, usava seu véu rosa claro para cobrir seus cabelos loiros e ondulados; mas seus belos olhos castanhos ainda eram aparentes. Ela estava, como sempre, flertando com Shintaro que parecia plenamente desconfortável. Como sempre, os irmãos estavam parecendo perfeitos em seus quimonos verdes, seus cabelos negros penteados e olhos da mesma cor do cabelo. Hinamori, de apenas doze anos via a aflição do irmão de vinte um enquanto tentava conversar com a princesa indiana mais nova.

– Shaya, por que não leva Hinamori para ver Madhav? – Malaya geralmente não dispensava formalidades, mas era do maior interesse de Shintaro no momento.

As duas outras garotas, no entanto, lhe deram um olhar amargo. Madhav, seu irmão de treze anos, era o noive de Hinamori e os dois não se dava bem por plena imaturidade. Shaya simples não queria sair de perto de Shintaro, que parecia aliviado.

– Sim, Malaya. – Shaya falou com desdém. – Venha, Hinamori-sama.

– Claro. Shaya-sama. – A japonesa respondeu, seguindo a mais velha. Ao passar, sorriu para Malaya. – Foi bom lhe ver, Malaya-sama.

– O mesmo para você, Hinamori-sama. – Respondeu, se virando para Shintaro. – Vamos dar uma volta?

...

– Então, seu pai quer que você se case com o príncipe Alphonse? – Shintaro questionou, segurando seu riso. Malaya sentiu vontade de bater em seu amigo de infância. – Isso parece ser seu maior pesadelo, Malaya-sama.

– Você é tão insensível, Shintaro. – Falou seu nome propositalmente sem o honorifico respeitoso, cruzando os braços. Então, percebeu algo. – Espera, o nome do príncipe é Alphonse? Como sabe disso?

– Não sabe o nome nem de seu futuro marido? – O japonês perguntou, mas ganhou um olhar gélido da amiga. – Meu vai fazer um tratado com o Rei Maxon de Illéa, então vou ficar alguns meses lá. A Nova índia não é o único lugar que gostaria de fazer tratados de paz com países ocidentais.

– Entendo. – Disse. Infelizmente, isso não lhe reconfortava. Ainda teria que se casar com um garoto que não conhecia, como se fosse um objeto à venda e o preço fosse a paz.

– Não fique assim, Aya, talvez ele não lhe escolha. Existem outras Selecionadas. – Shintaro argumentou e Malaya engoliu a vontade de dizer que ele era um idiota, algo que o príncipe não era. Afinal, se casasse com ela, Illéa seria um país ainda mais poderoso, com uma grande influencia na Nova Ásia. – Talvez ele seja um romântico.

– Eu duvido.

– Olhe pelo lado bom! Eu vou ficar ela por boa parte da Seleção! Você não vai estar sozinha.–Ele silabou, sorrindo para ela.

– Só não saia por aí seduzindo Selecionadas, entendeu? – Avisou Malaya, brincalhona. – Eu preciso do máximo o possível para o príncipe não me escolher.

– Malaya, eu te amo, mas não fazer o impossível. – Passou a mão pelos cabelos, dando um sorriso supostamente sedutor. – Não consigo evitar ser maravilhoso.

Malaya riu.

...

A princesa tinha que admitir quer conversar com Shintaro realmente ajudava e o fato de seu amigo passar parte da Seleção no palácio juntamente à ela era extremamente reconfortante. Os dois passaram mais alguns momentos conversando antes de voltar para o jantar, que não podia ter sido pior. Hinamori e Madhav ficaram brigando, Shaya flertava com Shintaro que não conseguiu manifestar sequer uma piada para animar o clima; Malaya e seu pai não se olhavam sequer nos olhos.

A única que sorria e conversava livremente era Naomi, a mãe de Malaya. Dentro do castelo, a rainha deixava suas raízes illeianas à mostra. Seus belos cabelos loiros ondulados estavam presos em uma bela trança que caia por seu ombro direito e seus olhos cor de avelã brilhavam à luz. Falava inglês na conversa à pedido de Shintaro, que gostaria de praticar mais seu inglês. Isso fazia Hinamori reclamar, já que seu inglês não era muito. Bom.

Assim que o jantar terminara, Naomi chamou Shintaro para praticarem o inglês do rapaz. Madhav estava discutindo com Hinamori (Malaya e os outros achavam que os dois já podiam se casar. Brigavam como um casal de idosos) e Shaya fora com os dois para testemunhar suas brigas. Malaya teria feito a mesma coisa que sua irmã mais nova, porque as brigas entre os dois eram sempre por motivos bobos. Mas seu pai a chamou para conversar antes que o fizesse. Por isso, agora estavam olhando o céu estrelado pelo terraço.

– Léa. – Seu pai começou com o apelido que tinha desde que era criança. – Eu sei que você não gosta da idéia de se casar com príncipe Alphonse, mas você sabe que é pelo bem do nosso povo.

– Eu sei pai. – Malaya suspirou. Havia conversado sobre isso com Shintaro e ele havia concordado com Sahaj. – Eu simplesmente não quero ter que me casar com um rapaz que eu não conheço. Isso me faz sentir como um objeto.

– E isso é algo que eu nunca iria querer para você. – Sahaj falou para sua filha, acariciando seus cabelos escuros. – Minha pequena, eu te amo, mas isso é pelo bem do povo. Você me entende?

– Sim, eu entendo, pai. – Como uma futura rainha, entendia o motivo de seu pai considerar a opção. Como uma rainha, também a teria considerado, mas tinha quase certeza que a teria descartado se achasse qualquer outro jeito.

– Eu também tenho certeza que o príncipe Alphonse é um rapaz respeitável. – Seu pai falou com um sorriso, contente por sua filha ter entendido seu ponto de vista. – Eu já havia conversado com ele em uma festa de Illéa. Está pronto para ser rei.

– Isso é bom. – Se fosse para se casar com alguém, queria que ele pelo menos estivesse tão pronto para ser rei do que ela estava para ser rainha. – Queria pelo menos já conhecê-lo.

– Você vai conhecê-lo em três semanas. – O rei disse. – A Seleção começa em breve. Vai ter muito tempo para se entenderam quando se conhecerem. Ele me lembra um pouco de você.

– Isso é ótimo, pai. – Malaya olhou um pouco mais para o céu estrelado. – Eu estou com sono. Posso me retirar para a cama?

– Claro que sim, Léa. – Ele lhe deu um beijo na testa. – Boa noite.

– Boa noite, pai.

Assim que chegou em seu quarto, Malaya abriu seu notebook. Sim, ainda iria conhecer o príncipe, mas isso não queria dizer que precisasse saber absolutamente nada sobre ele. Sentou-se em sua cama, seu quarto iluminado apenas pela luz da lua que entrava e a luz da tela do computador. Descobriria o máximo que podia sobre o príncipe de Illéa: rumores, verdades, fotos, data de nascimento. Queria se assegurar que ele poderia ser alguém de confiança.

Então, abriu a barra de pesquisa e digitou “Alphonse Schreave”.


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Notas finais do capítulo

Links se as fotos não abrirem: Eleonor: http://media-cache-ak0.pinimg.com/736x/54/ef/03/54ef033694f069ce62861631cc0e4617.jpg

Malaya: http://data2.whicdn.com/images/34731562/tumblr_m8clnf1ZTq1rt7j2so1_r1_500_large.gif

Castelo:https://lh6.googleusercontent.com/-EYz15LHYimY/UwmA4UIc4ZI/AAAAAAAAACQ/rCgEFGHHcXo/w925-h569-no/umaid-bhawan-jodhpur.jpg

Geralmente quando eu faço os capítulo eu ouço a música das personagens até enjoar. E eu ouvi umas três vezes cada música. Depois eu fiquei completamente viciada nessa:https://www.youtube.com/watch?v=uL6iBmn6uPY
É tão preciosa.

Também notei que não tinha colocado gosta/desgosta na ficha. Pra mim não era importante, só que percebi que não sei o que as personagens gostam. Se pudem , me mandem por MP o que suas personagens gostam e desgostam.

Depois, eu fui rever os planos que eu tinha para a fanfic. Eu percebi que, apesar de eu não ter certeza que vai acabar com quem; eu sei que duas personagens vão morrer. Tenho as mortes delas planejadas. Tenho a reação de quase todo mundo planejada e estou tão animada com isso. Talvez outras personagens morram também. Não tenho certeza.

Próximo Capítulo: The Masked and The Hunter.