Conting Stars escrita por CupCake


Capítulo 10
Capitulo 10


Notas iniciais do capítulo

"We'll be counting stars" -Counting Stars, One Republic



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Papai estava na sala com seu notebook procurando um lugar pra morar. Mamãe estava em seu quarto fazendo uma mala para ela e outra para Sarah. Eu estava sentada no meio do corredor procurando entender quem é que iria embora, papai ou mamãe ?

Ela veio puxando a mala e parou na sala dizendo :

–Não precisa sair daqui, você não tem pra onde ir mas eu tenho. Vou pra Vancouver morar com a minha mãe.

Levantei rapidamente e fui até eles. Não disse nada, apenas ouvi :

–Você tem certeza disso ? –Perguntou meu pai fechando o notebook;

–Sim. Lá tem espaço suficiente pra nós 3. Tem dois quartos vagos que costumavam ser um meu e outro da minha irmã. As meninas ficarão com um e eu com outro.

–Espera, nós vamos pra Vancouver ? –Perguntei apreensiva;

–Sim.

–Não. Mãe eu não quero ir embora. Quero ficar aqui ! –Eu disse chorando.

–Narah você não tem escolha. O único que vai ficar é o seu pai.

–Eu fico com ele.

–Você prefere seu pai do que eu ?

–Mãe não é justo você fazer esse tipo de pergunta. É como eu mandar você escolher se prefere a Sarah ou eu.

–Então se trata do Andrew.

Fiquei calada. Não conseguia admitir assim mas era. Eu não podia deixa-lo. Eu sou sua cura.

–Narah, entenda que isso não poderia durar pra sempre. Ou você esperava que fosse encontra-lo no parquinho todos os dias ás 4 da tarde pelo resto de suas vidas ?

Sentei no sofá calada. Chorando. Eu queria explodir mas não tinha forças. Papai observava tudo atentamente até que resolveu dizer :

–Sua mãe tem razão Narah.

–Ah agora você concordam um com o outro né !

–Não é essa a questão querida. Eu não posso cuidar de você. Quando vocês viajaram pra Vancouver á alguns meses sua mãe teve que me dar instruções de como fazer uma lasanha no micro-ondas.

–Eu não sou mais um bebê.

–Narah,-Disse mamãe- a alguns minutos atrás você disse que não era justo me mandar escolher entre a Sarah e você. Pois bem você está fazendo isso agora. Está me pedindo pra levar Sarah e te deixar.

Fiquei em silêncio novamente. Um silêncio longo que se quebrou com o choro de Sarah que acabara de acordar.

–Eu vou arrumar a Sarah, e você vai fazer sua mala pois nosso vôo sai ás 7 da noite.

Pelo menos daria tempo de me despedir dele.

Ás 4 eu estava no parquinho sentada no meu balanço. Andrew chegou e se sentou do meu lado como no dia em que nos conhecemos. Não estava frio nem deserto. Estávamos no meio do verão e aquilo estava cheio de crianças correndo por todos os lados mas nenhuma nos balanços pra nossa sorte. Naquele momento, olhando para os olhos verdes dele, talvez pela última vez, percebi que Andrew não era realmente alguém em sã consciência, quer dizer, ele tinha uma doença grave de memória que não tinha cura e por mais que eu adorasse ser a sua cura eu não era.

–Você parece triste. –Ele disse.

–E realmente estou.

–Por que ?

–Andrew eu vou embora pra Vancouver.

Ele ficou em silêncio. O mesmo choque que essa notícia foi pra mim deve ter sido pra ele.

–Meu voo sai as 7. Eu vou me mudar pra lá e talvez em algumas horas ou dias, podem levar até semanas ... você vai se esquecer de mim !

–Não vou. –Ele disse levantando do balanço e andando até a rua debaixo. Eu o segui.

–Vai sim.

–Vou o que ? –Ele virou pra trás e paramos de andar.

–Viu. Você já esqueceu o que eu te disse.

–Aí é que está Narah. Eu não esqueci de tudo. Eu me lembro da parte em que você disse que vai embora mas não lembro o lugar. Disse que seu vôo sai não sei que horas e por mais que eu não me lembre de alguns detalhes da conversa eu me lembro do conteúdo e a alguns meses, antes de te conhecer isso seria impossível. Você é minha ...

–Não sou. – o interrompi pois sabia que ouvir isso ia doer demais.- Não sou sua cura Andrew Mason, não sou ! – A essa altura eu já estava com os olhos cheios de lágrimas.

Nós dois começamos a chorar e nos abraçamos. Ele disse bem baixinho no meu ouvido :

– Eu sei Narah, sei disso. Sei que não tem cura. Estou preso a essa doença pra sempre, mas com você alguma coisa mudou.

–Eu te amo Andrew Mason.

–Eu te amo Narah Carter.

Eu gostaria de dizer que aquele abraço durou pra sempre, mas uma hora tivemos que nos separar. Ás 6 horas já estávamos no aeroporto, ás 6 e meia, algumas das minha amigas da escola vieram se despedir, mas a despedida mais dura foi a do meu pai. Abracei ele bem forte e disse :

–Estaremos de volta em breve. Nós 3. Não desista de nós. Não se esqueça.

Ele não dizia nada, só chorava. Das raras vezes que vi meu pai chorar essa foi a mais difícil.

Passamos pelo detector de metais e estávamos a caminho do portão de embarque quando ouvi uma voz gritando :

–PESSOA RUIVA !

Virei e o vi acompanhado de sua mãe e irmã. Trazia um papel na mão. Ele corria até mim e um guarda tentou barra-lo mas a mãe dele e meu pai conseguiram convencê-lo de deixar Andrew passar.

–Pessoa ruiva, eu não ia deixar você ir embora sem me despedir. -Dito isso ele me beijou. Um beijo que não fez com que borboletas se revirassem em meu estômago. Um beijo que na verdade trouxe a angústia de saber que não haveriam mais beijos.

–Lembra daquele dia em que eu prometi não te esquecer ?

Assenti com a cabeça.

–Essa promessa ainda ta valendo.

Eu estava me segurando pra não chorar até agora. O auto falante anunciou meu voo e minha mãe me chamou. Ela também chorava enquanto Sarah dormia em seu colo.

Ele me entregou o papel que estava em sua mão, me deu um beijo na testa e foi ao encontro de sua mãe e de Ronnie que acenavam pra mim.

Entrei no avião e abri o papel. Era um prontuário médico sobre o estado de saúde de Andrew. Eu não entendia muito bem alguns termos mas pelo que eu consegui entender, havia constatado uma melhora de 28 % na memória dele. O exame tinha sido feito á uma semana atrás.

Rapidamente, antes que o avião decolasse eu chamei a aeromoça :

–Eu preciso descer desse avião ! –Eu disse me levantando.

–Narah ! –Gritou minha mãe acordando Sarah.

–Moça o que está acontecendo ? –Perguntou a aeromoça.

–Eu não vou mais, eu tenho que descer , eu sou a cura dele , eu realmente sou a cura dele.

Quando eu disse isso, minha mãe pegou o papel que estava no meu acento e leu.

–Moça você não pode sair, você é menor de idade e precisa da autorização de um responsável.

–Eu autorizo. –Disse mamãe sem tirar os olhos do papel.

Virei pra ela com um sorriso no rosto.

–Vai logo antes que seu pai vá embora, ele deve estar no estacionamento. Depois eu mando sua mala de volta.

–Obrigada mãe, eu te amo ! –Eu disse abraçando ela.

–Eu também te amo, agora vai ! –Ela disse me entregando o prontuário.

Corri até o estacionamento mas não encontrei meu pai. Peguei o celular pra ligar pra ele mas guardei de volta e fui andando.

Chagando na rua do parquinho, não virei pra esquerda onde daria na minha casa, e sim pra direita.

Bati na porta e foi Ronnie quem me atendeu usando um pijama e bebendo uma xícara de café.

–Narah ? O que faz aqui ? –Ela perguntou.

–Depois eu te explico, onde está o Andrew ?

–No quintal ! –Ela disse olhando pra minha mão e fitando o papel fazendo uma cara de que já sabia porque eu estava ali.

Fui até o quintal e o vi deitado contando estrelas.

–Andrew. –Eu disse me aproximando.

–Silêncio. Vai me fazer perder as contas.

–Desiste, pode contar um milhão de estrelas que não vai nascer uma sarda em você ! –Eu disse me deitando ao seu lado.

Ele olhou pra mim e disse :

–Eu estava triste, Não me lembro bem o porque, só lembro que tinha alguma coisa a ver com você. Eu estava sentindo medo de te esquecer.

–Você não vai mais se esquecer de mim e em breve não vai mais esquecer de nada de acordo com isso aqui ! –Eu disse lhe entregando o papel.

–Como conseguiu isso ? –Ele perguntou.

–Sabe que eu esqueci ! –Eu disse sorrindo. Ele também sorriu e me puxou pro seu abraço.Olhei no fundo dos seus olhos e nos beijamos. As borboletas estavam de volta e dessa vez voavam mais alto !!

Depois do beijo,deitei no peito dele e ficamos ali quietinhos...contando as estrelas ...


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Notas finais do capítulo

É isso pessoal, chegamos ao fim da nossa singela história. Uma simples fic na qual eu tentei demonstrar que na verdade o amor é a cura pra tudo, seja qual for a doença, da mais grave, até um simples coração partido, o amor pode curar ! Eu quero agradecer a cada um dos meus leitores, especialmente aqueles que sempre fizeram questão de deixar seu comentário a cada capítulo e me fizeram chegar até aqui !



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