Gonna Change You escrita por Dark Angel


Capítulo 4
Mudança de Mundos


Notas iniciais do capítulo

AAAAEEEEE VOLTEI SORRY SERIO OCORREU UM P**** PROBLEMA E EU QUASE PERDI O CAP MAS TA TUDO BEM :D espero que gostem e me perdoem pela demora ♥



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A caminhada para a escola no dia seguinte, com Leonard, me deixou ainda mais sem saber o que sentia por aquele garoto. Ou melhor, como eu me sentia, no geral.
Meu estômago estava revirando, parecia que eu tinha acabado de fazer uma prova de física, daquelas bem difíceis. Minha pulsação estava completamente acelerada, e meu rosto estava tão vermelho quanto um tomate. Eu simplesmente não sabia como agir, algo que me deixava possessa de raiva. Eu sei de tudo, tudo mesmo. Eu sou tão inteligente... Como um simples menino podia me deixar tão perdida?
Mas olhando para o lado bom, Leo também não disse nada. Ele foi me buscar em casa, pegou minha mão, e ficamos assim, de mãos dadas, andando em silêncio o percurso todo. Tentei me distrair lendo meu livro, mas nem isso eu conseguia fazer direito. A sensação do meu estômago saindo pela minha garganta vencia a vontade de ler.
Eu dei uma olhada rápida para ele em um momento, e vi que estava tão nervoso quanto eu. Fiquei um tanto confusa. Será que ele sentia algo por mim... Ou seria isso coisa da minha cabeça? Eu não entendo muito bem sobre isso... Garotos e tal... Talvez eu tivesse que perguntar para meu irmão depois.
Nós já estávamos chegando na escola, quando Leo parou de repente, e puxou meu braço. Ainda estávamos na rua, então não entendi porque ele havia me parado. Eu fiquei esperando ele falar qualquer coisa, mais o que aconteceu não foi nada disso. Ele simplesmente me puxou para um abraço, e como eu era mais baixa (um pouco, ou muito, mais baixa...) ele estava praticamente abraçando meu pescoço. E eu? Estava sem reação. Aquilo fora repentino demais.
—Você é a melhor amiga que eu poderia ter achado. Obrigado, por ser minha amiga, Kaya. -ele cochichou, depois de um longo tempo me agarrando pelo pescoço. Eu tentei falar algo, mas eu não conseguia. Só o abracei de volta e enterrei minha cara em seu ombro. Eu tentei pensar em algo sensato pra dizer de volta, mas tudo que saiu foi um comentário bem desnecessário, o primeiro que se passou pela minha cabeça.
—Tem um cheiro tão... Bom. -eu murmurei, falando do perfume impregnado em sua camiseta da escola. Eu corei na hora, percebendo a bobagem que estava falando.
Mas ele só deu uma risadinha de mim, sem se importar muito. Logo depois se afastou e riu mais alto, parecendo achar engraçado a situação. Por algum motivo, vê-lo rindo assim me deixou alegre também, e comecei a rir junto dels.
Então continuamos a seguir até a escola, com ele me abraçando pelos ombros, rindo que nem dois idiotas, enquanto eu sorria por sua felicidade inocente.

—Enfim! Está tudo pronto! -Kamiho gritou do nada, satisfeito. Seu grito assustou todo o resto do grupo, fazendo nos dar um pulinho. Leo, sentado ao lado do loiro, o encarou feio.
—Sério, cara?! Que susto! Não faça isso de novo! -ele reclamou, suspirando. Os dois estavam com um clima meio tenso entre eles, desde que começamos a nos aproximar do grupo. Mas isso ainda não é tão importante... Só por enquanto.
Todos nós estávamos reunidos na casa de Naomi, sentados no chão da varanda, terminando o planejamento da feira da escola, que seria dali cinco dias. Eu tinha praticamente planejado e organizado tudo, só me faltava algumas ideias de atividades de lazer, e eu não sabia o que fazer, então pedi ajuda a Kamiho, que querendo que eu me socializasse mais, chamou essa galera toda. Não fiquei brava, só meio desconfortável. Eu não estava acostumada a ter tanta gente por perto, quase não falava nada. Mas era legal os observar.
De repente, Sakura apareceu na porta, que levava a varanda, segurando uma bandeja de chá e mochis. Peter vinha atrás dela, mordendo um dos bolinhos de feijão que ela tinha acabado de fazer. Ele parecia menos irritado comendo.
—Caraca, o que foi esse grito? Alguém morreu por acaso? -ele disse, ainda de boca cheia, com um leve tom de sarcasmo. Pude ouvir uma risadinha de Kyoko atrás de mim, seguido por um murmuro do tipo... Sabe? Aqueles que se faz quando vê alguém que gostamos fazendo algo bobo? Então, desse jeito.
—É, realmente. Eu quase derrubei a bandeja vindo pra cá. -os dois se sentaram no chão conosco, e Sakura continuou. -Naomi do céu, a sua cozinha é incrivelmente enorme. É ótimo cozinhar lá. Eu só espero que gostem dos bolinhos... Se quiserem posso levar alguns para a feira também...
Kamiho foi o primeiro a avançar na bandeja, claramente morto de fome. Em uma bocada só, comeu um dos mochis de Sakura, fazendo uma cara de satisfação bem engraçada depois.
—Meu Deus... Por favor, leve muito desses bolinhos... Eles são incríveis! -ele comentou, devorando mais um. Todos riram olhando para ele, mas Kami nem ligava. Sakura estava com o rosto corado, vendo o amigo naquela situação.
—Ta, ta! Calma! Deixa alguns para o pessoal também! E prometa que não vai mais gritar! -Ela riu, e Kami sorriu em sua direção, fazendo a garota corar ainda mais. O sorriso de Kamiho era pra derreter qualquer menina.
—Como quiser, oh, minha deusa dos mochis. -e com um gesto de veneração dele para ela, todos caíram na risada, e Sakura escondeu o rosto com as mãos, completamente vermelha e envergonhada.
Não sei se ficou tão óbvio já, mas de qualquer modo, eu vou contar. Ela estava lentamente se apaixonando por Kami, segundo o que ela havia me contado a um tempo, já que sou bem próxima dele e tudo mais. Achava os dois um casal em potencial, por serem ambos muito bonitos, amorosos e prestativos, por isso estava a ajudando com ele.
E sabe de uma coisa? Eu estava cada vez mais me sentindo feliz, cercada por aquelas pessoas. Nunca havia experimentado antes essa sensação, de ter mais amigos. Era um tanto estranho em verdade, mas era porque era a primeira vez que isso acontecia comigo, mas ao mesmo tempo, era extremamente reconfortante. Todos eram alegres, mesmos em suas sdiferenças, nós tínhamos formado um belo grupo. E do qual eu fazia parte. Era meu grupo de amigos... Eu finalmente podia dizer que era parte de um grupo. E isso me fez, enfim, ser mais feliz.

Nós passamos o resto da semana ocupados com a feira, arrumando tudo que precisava ser feito, até o grande dia chegar. Eu estava muito nervosa com o evento, porém satisfeita com os aparentes resuldados e pelo envolvimento dos alunos. Tudo parecia estar dando incrivelmente e miraculosamente certo e dentro do planejado, como eu sempre gosto que esteja. Tão certo, que algo de errado tinha que acontecer.
Faltava pouco tempo para os visitantes (parentes e amigos de alunos) chegarem para participar do evento. Eu estava no pátio interno da escola, debaixo de uma das árvores, esperando dar o horário para que eu pudesse abrir o portão e as pessoas entrarem. Sentada na grama, com a Naomi e a Kyoko do meu lado conversando, eu estava bem tranquila, nem pensava que alguma coisa podia acontecer.
—Ei, Kaya, pode nos dizer uma opinião rapidinho? -Naomi me chamou de repente, interrompendo minha leitura. Em uma resposta lenta, pela perda da concentração, me virei para ela lentamente.
—Hã... Acho que sim. Sobre o que? -perguntei, curiosa, olhando para as duas meninas. Ela deu uma risadinha sarcástica olhando para a amiga, e o rosto de Kyoko corou instantaneamente.
—A Kyo-chan quer chamar o Peter pra sair. Só que ela está morrendo de vergonha... Diz pra ela que não tem nada de errado chamar um garoto para ir no karaokê! É tão inocente e bobo... Ele nem vai desconfiar que você está afim dele! -Naomi disparou, e a amiga deu um suspiro irritado com a ideia.
—Não é tão fácil como parece! Você sabe que eu nem consigo falar com ele normalmente de tanta vergonha que eu sinto dele! Ah... Se não fosse aqueles olhinhos brilhantes e aquelas belas mechas ruivas... -ela olhou para o céu e deu um suspiro apaixonado. Mas logo voltou a realidade com um belisco da amiga. -Ei!
—Ah, fala sério... Você fica ridícula quando está apaixonada. -Naomi disse com sua sinceridade fria, que eu tinha aprendido a me identificar. Elas voltaram a olhar para mim, esperando uma resposta. -E então, diga pra gente: ela deveria chamar ou não o Peter pro karaokê?
—Bom... Não tenho lá muita experiência com essas coisas mas acho que... -elas me olhavam com um olhar curioso, e eu fiquei meio perdida. Que pessoa ótima que elas escolheram para pedir conselho amoroso. -Ah, não sei... Se você achar melhor não chamar por enquanto...
—Viu só?! Eu tinha razão! Ainda está muito em cima pra chamar o Pe... -antes que pudesse completar a frase, Kyoko foi interrompida por Naomi, que colocou a mão em sua boca para que se calasse, porque era justamente Peter que vinha correndo em nossa direção. Mas ele não estava lá com uma cara boa... Quero dizer, mais irritadiça que o normal. Só por isso, eu já sabia que vinha problema.
—Kaya, deu ruim. Aqueles dois idiotas não souberam se controlar e agora estão fazendo a maior bagunça. Está até cômico, parecem uma atração da feira. -Peter chegou correndo perto de nós, rindo de modo irônico. Então ele deu uma bufada e olhou para as garotas, sorrindo especialmente para... Naomi? -Ah, olá, garotas.
De tão abobada que estava, sorrindo para ele, Kyoko nem percebeu o olhar malicioso que ele jogava era para sua amiga, que por sua vez torceu o nariz com a cantada. Naomi não gostava de Peter, o considerava um babaca, o que estava encantando ele. E claro, Kyoko não sabia de nada.
—Como assim? Que meninos e que briga? -perguntei, tentando ligar os pontos das milhões de informações que ele jogou pra cima de mim. Peter bufou, frustado e rolando os olhos, e olhou para mim de novo, como se fosse tudo muito óbvio pra mim. Passei de psicóloga amorosa pra vidente em dois segundos.
—Kamiho e Leonard estão brigando por causa de você.
E essa frase fez com que sentisse toda a minha felicidade anterior indo embora. Eu já sabia que aquele ódio silencioso que tinham sobre o outro ia acabar em algo ruim. Só não esperava que fosse assim, tão do nada. Agora, minha única certeza era que eles tinham arrumado um grande problema.
Levantei no chão na hora e pedi que Peter me levasse até eles. E então assim fomos todos, guiadas por Peter, eu e as outras duas fomos até a piscina da escola, onde haviam dois garotos sem camisa e completamente molhados jogando bexigas da água um no outro e gritando insultos, e outras coisas do tipo, que não são saudáveis de serem narradas. Eu fiquei encarando a cena por um longo tempo... Digamos que... Prestando atenção no lugar errado...
(Insira aqui aquelas cenas onde a bela barriga definida dos garotos começam a brilhar junto com seus belos rostos irritados e molhados)
Eu demorei um tempo até conseguir me concentrar, depois de uma cena dessas. Quero dizer, eu já tinha visto Kamiho e Leo sem camiseta várias vezes antes, mas eu simplesmente não soube o que fazer naquele momento. Mas assim que acordei do meu transe... Eu fiquei literalmente uma fera com aqueles dois.
Eu acho até melhor pular a parte onde eu grito coisas bem desnecessárias e feias para meus dois melhores amigos, e ir logo para a parte onde tem mais briga de garotos bonitos sem camisa. E molhados, claro.
—Não foi culpa minha! -Leo gritou, depois do meu sermão, e olhou irritado para Kamiho, levantando mais uma bexiga. -Esse idiota que me chamou de ladrão!
—Eu?! O que eu fiz?! Você que começou com isso dizendo que eu era um boboca iludido! -Kamiho outra bexiga de volta para o de cabelo escuro, com uma expressão de ataque no rosto. Eu estava quase berrando, de tanta raiva. Respirei fundo, encontrando ar para começar a gritar de novo. Meninos, sempre me estressando...
—Querem calar a boca por um segundo e, por favor, usar o seu raciocínio lógico pelo menos uma vez?! -exclamei, olhando séria para os dois, parada no meio deles. -Vocês acabaram de bagunçar uma das atividades da feira, sem falar que fizeram um alvoroço e se molharam! Vocês estão muito, mas muito encrencados... Mas agora temos a feira, então se considerem em liberdade condicional. Agora vão e troquem de roupa antes que os visitantes cheguem!
Mesmo que contrariados, eles assentiram, e se afastaram da piscina, soltando os balões. Leo pegou uma troca de roupa que um dos meninos perto da grade o ofereceu, e saiu correndo para o vestiário sem nem olhar pra trás. Kamiho foi atrás dele, mantendo uma distância segura. Eu suspirei fundo, tentando ficar calma, pensando que o pior já tinha passado, até que...
—Olha só! Se não é a nossa mais querida nerdzinha virando popular!
—Haha... Quem diria que um dia dois garotos tão gatos brigariam por sua causa? Tadinhos... Brigando por tão pouco!
As vozes irritantes e as risadas estridentes logo revelaram quem chegava atrás de mim, se apoiando nas grades que estavam em volta da piscina. As duas gêmeas estavam ali, rindo e debochando da situação (ou de mim), para variar. Eu me virei de frente para elas, chegando perto da barreira entre nós, cruzando os braços e as olhando friamente. Eu já estava bem irritada, e elas vieram brincar com a minha cara. Não iria sair barato.
—Vocês deveriam estar se preparando para receber os convidados, e não se metendo em vidas alheias. Então, se não quiserem se meter em problemas e perder pontos, é bom irem agora. -olhei para o resto dos alunos que assistiam, que estavam quase todos os alunos ainda em volta, e bufei, tomando fôlego para gritar para todos. -Isso serve para vocês também! Os portões abrem em 10 minutos!
As pessoas se dispersaram, voltando para seus afazeres, inclusive meus amigos, deixando eu e as gêmeas sozinhas na piscina. Eu as encarei, nervosa. Aquela briga tinha arruinado meu estado de paz e felicidade, me fez voltar a Kaya irritada de sempre, e elas ainda vinham me cutucar. Eu não precisava de mais problemas.
—Com licença, vocês duas. Acho que o Kamiho esqueceu a troca de roupa aqui, e eu vou lá levar para ele. Até mais. -disse, secamente, e passei por elas, pegando as roupas secas de Kami em cima da grade. Elas me acompanharam com o olhar, soltando risadas sarcásticas.
—Vai atrás dele mesmo, amiga! Você só vai deixar o coitado mais iludido... -Ygritte exclamou, sorrindo falsamente, como sempre. A irmã dela também sorriu, e não perdeu a chance de completar a provocação.
—Ele não vê o tempo que ele está perdendo com você, sendo que ele poderia estar compensando com a gente... Pobre rostinho bonito!
Já morrendo de raiva, nervosa, ansiosa e sem paciência, respirei fundo. Eu não tinha tempo para prestar atenção nos provocamentos ridículos dessas duas, então só respirei fundo.
—Ele não é só um rostinho bonito, Diana. Diferentemente de você e sua irmã, ele tem um cérebro, e sentimentos reais. - disse, ainda de costas para elas, segurando as roupas de Kamiho, enquanto andava para fora da área da piscina. Então parei, dando uma rápida olhada para trás, e sorri de modo irônico para as duas. -Agora com licença, vou atrás de Kamiho.
E sai andando, sem dizer mais nada. Atrás de mim, as duas gritavam insultos nervosos, mas eu não prestei atenção, só me foquei em ir atrás de meu amigo, que nesta altura já deveria estar no vestiário desesperado por estar sem suas roupas.
Sei o que deve estar pensando. E sim, eu entrei no vestiário para entregar a roupa. "Mas Kaya! Você não precisava entrar lá! Sua pervertida!". Você trate de calar a boca, porque não era você que estava contando os minutos para um compromisso e precisava fazer tudo correndo, não dava para esperar ele vir e pegar, pelo amor de Deus. E é, assim o fiz. Mas me arrependi no mesmo segundo que entrei.
—Meninos? É a Kaya! Estou entrando...
E eu quase cai de costas no momento que dei o primeiro passo para dentro.
Kamiho e Leo estavam de costas um para o outro, sem se falar, com toalhas penduradas no pescoço, com os peitos nus. Isso mesmo, nenhuma vestimenta na região torácica. Fala sério, que ridículo. Meninos gostam mesmo de mostrar o corpo né? Eu nunca vou entender... Do mesmo jeito que nunca vou entender o porquê da minha reação na hora que olhei especificamente para Leonard.
Eu corei no mesmo segundo, e gelei. Por estar morta de vergonha, tentei desviar o olhar, mas não adiantou. Ele parecia um imã para meu olhar, eu não conseguia tirar os olhos dele, nem ele de mim. Que coisa estranha. Por que me sinto tão tentada a olhá-lo assim? Eu estava parecendo a Kyoko, meu Deus.
—Ah, Mitsuki... Só você mesmo pra entrar em um vestiário masculino... -Leo deu uma risadinha, com o rosto vermelho. Mas logo seu sorriso sumiu, olhando de modo irritado para o outro loiro no vestiário. -E não tem problema. Se não fosse o seu amiguinho aqui, nenhum de nós estaria aqui dentro.
—Quer calar a boca? Esse assunto já está encerrado, pelo amor de Deus. -Kamiho resmungou, nervoso, e logo olhou para mim. Eu vi isso como uma brecha para poder desviar minha atenção de Leo, e logo o encarei de volta.
Seu olhar ficou preso ao meu durante algum tempo, e suas bochechas ficaram extremamente vermelhas. Depois, ele só sorriu e, em uma tentativa falhada de esconder o corpo, ele disse, com um bico de pessoa fazendo birra:
—Pervertida!
—O que?!

—S-seu igrato! E-eu só trouxe a sua roupa, que por acaso você esqueceu! -eu exclamei, envergonhada, e estiquei a trouxa de roupas para Kami, enquanto ele ria da minha reação. Eu mereço... -Toma!
—Obrigado, boba. -ele beijou meu rosto, ainda rindo, e se virou para se trocar, indo até um dos boxes de chuveiro, me deixando para trás.
Nisso, Leo já havia terminado de colocar as suas roupas, e agora estava sentando em um dos bancos, secando o cabelo escuro com a toalha. Suspirei, me aproximando dele e, delicadamente, tirei a toalha de suas mãos. Ele era muito calmo, naquele ritmo não iria conseguir arrumar nada ali a tempo.
—Vem cá, eu te ajudo. Não temos muito tempo aqui. -disse, sentando do seu lado, passando a toalha pelo seu cabelo escuro e macio. Ele não negou o gesto, só deixou que eu o fizesse, e pude reparar o quanto ficou envergonhado com isso. Ele era meio estranho. Eu só estava secando o cabelo dele, por que ficar corado?
—Ah... Obrigada. -ele respondeu um pouco depois, com um tom leve, diferente do que estava usando minutos atrás para gritar com Kamiho. Era incrível como ele mudava tão rapidamente perto de mim. Era quase assutador.
Só então, nesse momento de calma enquanro mexia em seus cabelos, eu olhei para os lados e me dei conta que Kamiho já tinha ido embora, voltado para feira. E assim percebi que estava sozinha com Leonard, e mordi o lábio, murmurando algo parecido com "Mas que droga", e continuei a secar seus cabelos.
—Que fique bem claro que eu estou fazendo isso para acelerar as coisas e não por outro qualquer motivo. -resmunguei, meio que para mim mesma, tentando justificar minha ação repentina. Mas Leo somente riu, como sempre fazia quando usava meu tom de nervosismo
—Não esquenta. -ele respondeu, dando de ombros. Então, depois de uma longa pausa e um suspiro, ele voltou a falar, para a minha surpresa. -Sabe, já que estamos sozinhos, tem algo que preciso te falar.
Nessa hora eu soube que algo iria dar muito errado. Mais errado que uma briga ou uma nota vermelha em química. Eu já vi doramas e animes o suficiente com meus irmãos para saber que aquela era uma cena tipíca de romance entre protagonistas. Ah, não podia ser real. Mas quando o ouvi respirar fundo, soube que era tarde demais para fugir do meu destino.
—Bom, mesmo que eu não te conheça a tanto tempo, sinto que você é muito especial... Sei lá. Antes de você, ninguém nunca foi tão legal comigo. As pessoas me achavam esquisito, eu sofria bullying por ser solitário... Era uma vida difícil e eu tive vários problemas com isso... É esse só foi um dos muitos motivos de eu vir para o Japão. Eu jamais havia me imaginado fazendo amigos... Até você me aparecer e mudar tudo. Você foi muito mais do que só minha amiga, Kaya... -ele parou, e eu também parei de mexer com a toalha, paralisada com suas palavras. Ele se virou para mim, e ficamos olhando diretamente para o outro, em uma proximidade que antes eu teria reclamado, mas naquele instante não tinha forças para isso. E nisso, eu pude ver cada traço de seu delicado rosto, as olheiras dos seus olhos misteriosos, que escondiam um passado tortuoso, e seu sorriso... Esss raro sorriso verdadeiro que tinha naquele momento, olhando para mim. -Você foi um anjo que me apareceu. Um anjo pelo qual sinto estar me apaixonando.
E assim, ele inclinou para perto de meu rosto. No calor do momento, nem percebi o que estava para acontecer, eu nem sabia mais quem eu era, o que estava fazendo ou porque estava fazendo... Até tentei me afastar, com medo do que podia vir a seguir, mas quando eu percebi a cena que estávamos, era tarde demais. Leonard já tinha me dado um silencioso e sincero selinho, me deixando sem qualquer reação lógica. Depois disso, ele me encarou nos olhos, e corou bruscamente.
—D-desculpa! Não era pra isso... Ah, droga...
—Tudo bem. -tentei desviar do assunto, para pensar o menos possível no que tinha acabado de acontecer. Eu sorri para ele, segurando sua mão. -Eu sempre vou ser sua amiga, ok? Pode contar comigo, Sinclair... E agora vamos, que já está na hora.
—Certo, vamos!
Aquela cena toda me foi um choque, preciso dizer. Eu estava convencida, até pelos discursos da Kanako acerca do assunto, que era ele que estava lentamente mudando meu mundo, me tirando dos livros, me fazendo ver as coisas com outros olhos, mas agora, com aquela fala dele, parece que era eu que estava mundando o mundo dele, era eu que tinha virado sua amiga, era eu que tinha o feito o ver as coisas de um modo novo, e não o contrário. Leonard era realmente diferente de outra qualquer pessoa que já tinha conhecido, e isso estava cada vez mais me fazendo sentido.
Parecendo um pouco mais feliz, Leo se levantou do banco e me puxou pela mão, para sairmos logo do vestiário. E duranteo resto do dia, ele continou de mãos dadas comigo, não soltou-a pelo resto da feira, ficando junto de mim o tempo todo. Eu não tentei entender dessa vez o porquê dele estar me fazendo tão bem e feliz só deixei acontecendo, até porque havia outra coisa me incomodando mais.
O que foi aquela briga?


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Notas finais do capítulo

Próximo cap vindo com altas explicações lol Deixem vossas opiniões nos comentários



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