Cassino Weasley escrita por Andie Jacksonn


Capítulo 4
Capítulo 04: Cassino Rodriguez?


Notas iniciais do capítulo

N/A: Ei pessoinhas, tudo bem? Demorei? Só um pouquinho, não é? Enfim, aí está o novo e último capítulo de Cassino Weasley. Peço desculpas pela demora, a verdade é que eu fiquei um pouquinho desanimada com site, mas muito obrigada a todo mundo que comentou e favoritou a fic. Isso é super importante para mim.
Esse capítulo é dedicado à Anna C, que vocês provavelmente já conhecem através das histórias maravilhosas que ela posta aqui.
E vocês acreditam que a última parte ficou do mesmo tamanho que todos as outras três juntos? Espero que isso não seja problema.

E relevam qualquer erro de português, please.



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Eu fiquei mesmo em detenção pelo resto daquela semana, foi um tédio, principalmente porque a Weasley limpava os troféus praticamente em silêncio. Enfim, eu só fiquei viajando na maionese, expressão trouxa, pensando na minha vida trágica, e tentando descobrir porque a Ruiva não gostava de mim.

– Olha, Ruiva – chamei, na sexta-feira, último dia de detenção – É de 1997. Os nomes da Ginny, do Harry e do seu pai estão na equipe que ganhou a taça daquele ano.

Ela parecia ter acabado de sair de um torpor. Chamei-a de novo.

– Legal! – disse ela ao pegar a taça. – Será que um dia meus filhos vão ver meu nome aqui?

– Você gosta mesmo de quadribol, não é? – perguntei.

Rose deu um sorriso radiante.

– Sim. Meu sonho é ser jogadora profissional. Imagine como deve ser jogar na Copa Mundial, com todo mundo gritando o seu nome – depois ela olhou para mim, os olhos brilhando – Eu e o Jay, é claro. Não seria a mesma coisa sem ele.

Eu escorreguei para o chão.

– O que foi? – perguntou ela.

– Você só trocou o irmão mais novo pelo mais velho – falei meio emburrado.

– Ficou maluco, Malfoy? De onde você tirou isso?

– Você trocou o Albus pelo JS.

– Eu entendi, só não achei que você fosse retardado a esse ponto para achar que eu tenho alguma coisa com o James.

– E não tem? – perguntei, e admito, tinha um monstrinho acordando dentro de mim.

Preciso dizer que depois disso ela apenas me fuzilou com os olhos e voltou a limpar os troféus?

Pois é, foi isso que ela fez.

Ok, eu também acho. Não deveria ter falado aquilo, mas é porque você não viu como os olhos de Rose brilhavam enquanto falava dos planos dela com o "Jay".

Decidi pedir desculpas e sentei-me ao lado dela.

– Desculpe. Eu nem te conheço direito mais e disse aquilo.

Acredita que ela só levantou as sobrancelhas?

– É sério, Ruiva. Quero dizer, Weasley. Eu sinto muito – falei.

Ela suspirou.

– Tudo bem, loiro. Quero dizer, Malfoy.

– Sem-graça. Você sabe que eu te chamo assim sem perceber.

– Eu sei? – questionou ela, dando um meio sorriso.

– Deveria saber.

Ela continuou limpando os troféus e eu continuei falando:

– Posso te fazer uma pergunta pessoal, Weasley?

– Claro – respondeu ela. – Só arque com as consequências.

– Hum… Que tipo de consequências? – eu perguntei sorrindo do jeito que fazia minha ex-namorada derreter.

– Para de fazer essa cara de safado, Malfoy. Eu estava pensando se você está preparado para uma morte lenta e dolorosa.

– Depois não reclama se eu falar que você é sem graça. Eu disse que não te conheço muito bem, mas quero saber por que você manteve tanta distância de mim esses últimos dois anos. Quero dizer, quando a gente se encontrava, nós jogávamos xadrez e conversávamos, éramos colegas, pelo menos.

Rose pronunciou as próximas palavras lentamente, como se quisesse que eu mudasse de assunto, ou que não perguntasse nada.

– E o que você quer saber?

– Você, por acaso, me odeia mesmo? E por quê?

Ela permaneceu em silêncio por alguns segundos e quando se virou para responder, fomos interrompidos pelo monitor da Corvinal do sexto-ano, que liberou-nos.

A Ruiva deu o fora rapidinho e eu não me despedi. Nem a vi no trem indo para casa.

xxx

No sábado foi aniversário da minha mãe e eu usei o dinheiro da aposta para comprar o presente dela. Foi lindo ver o Mike e o Josh entregando-me, cada um, 20 galeões. O Albus disse que era para ir até a casa dele para pegar o dinheiro, e assim que eu pegasse os galeões que ele me devia, eu os entregaria para a Ruiva.

Domingo de manhã mandei uma carta para o Al perguntando se eu poderia passar lá à tarde. Ele concordou e depois do almoço, apareci na lareira da sala dos Potter. Não tinha ninguém me esperando, mas não estranhei. Eu já era de casa. O Sr. e a Sra. Potter deviam estar tirando um cochilo, eu não fazia ideia de onde a Lils estava e se ela tinha me perdoado. Porque ela nem quis falar comigo no trem.

Enfim, a cozinha também estava vazia, mas eu escutei vozes vindas da garagem, que na casa do Albus era nos fundos, e logo pensei no carro do James.

– Sério, eu acho que o Chuddley Cannons nunca esteve tão mal.

– Essa é a questão mano – ouvi a voz do JS, assim que me aproximei da porta dos fundos – Quando o Cannons esteve bem?

Os dois explodiram em risadas e eu fiquei com vontade de bater em um deles assim que olhei para a minha camisa alaranjada. Ninguém pode falar mal dos Cannons, é o meu time. Eu admitia que eles não estavam muito bem, mas isso mostra que eles nunca desistem. E a perseverança é uma característica admirável. Eu acho, de verdade. Sonserinos são persistentes, por isso conseguem tudo o que querem. Sempre.

Eu abri a porta e os dois olharam para mim, para a minha camisa oficial do Chuddley Cannons e tiveram outra crise de risos.

Idiotas.

Eu me sentei em um dos degraus da varanda que dava de frente para o mini campo de quadribol dos fundos e à garagem descoberta, porque eu não iria mesmo ajudá-los a lavar aquele carro enorme, não mesmo. Nunca entendi pra que o James precisava de uma caminhonete da tal Toyota, e ainda acho que ele só tinha aquilo para fazer uma média com as mulheres.

– E aí? – falei.

– Tudo bem, Malfoy? – falou James ainda sorrindo – Eu tinha esquecido que você gosta de perder no quadribol fora de Hogwarts também.

Eu revirei os olhos porque não nem valia a pena responder.

– Deixa de ser implicante, James – falou Al. – Com o Scorpius é assim: Azar no jogo e nada de sorte no amor.

– Por que eu falo com vocês mesmo? – perguntei, Albus me ignorou e continuou falando da temporada de quadribol. Esse era o assunto antes de eu chegar. Depois de discutirmos e discordarmos em vários aspectos percebi que Albus e James mais se molhavam do que lavavam a tal caminhonete. Nem um carro os caras sabiam lavar.

Fiquei de pé, para dar uma olhada melhor na máquina, como o próprio dono gostava de chamá-lo. Eu fiquei com vontade de pedir um também para meu pai. As garotas trouxas dos filmes da Lily sempre gostavam de um cara em um carrão.

– O que você está fazendo aqui, porco espinho oxigenado?

Eu me virei e encarei a garota que eu estava lá para procurar. Na verdade, eu ia pedir o endereço para o Albus, porque eu só sabia que era bem pertinho da casa dos Potter.

– Boa tarde para você também, Ruiva.

Ela ignorou meu cumprimento e foi dar um abraço no Jay (note o desprezo com o qual eu disse o nome dele, mas tudo bem, hoje até que ele é mais legal), apesar da roupa dele estar toda molhada. Albus também abriu os braços, mas ela só fez língua para ele e apertou ainda mais o Potter mais velho.

Não gostei.

– Morra de inveja, Malfoy – falou JS, rindo, como se tivesse lido minha mente. – Porque essa ruiva é só minha.

Pelo jeito Rose tinha contado para ele que eu disse que ela havia trocado o Albus pelo James. Deu para entender? Se quiser, eu repito.

– Qual é, priminha? – falou meu melhor amigo, olhando a prima ainda abraçada ao irmão – Onde está o meu abraço?

– Não sei. Deve ter ser perdido com o antigo Albus que não fazia apostas que me envolvem!

– Nossa, eu não sabia que você era tão rancorosa, Rose.

A ruivinha só revirou os olhos e se sentou nos degraus que eu estava anteriormente. Enquanto andava até lá, eu fiquei reparando nas pernas lindas, à mostra por causa do short jeans, que ela tem por causa dos treinos de quadribol.

Infelizmente o James viu que eu estava secando a prima dele.

– Cuidado com o lugar onde você coloca os olhos, Malfoy – avisou ele, – pode acabar ficando sem eles.

Albus riu e subiu na caçamba do carro, enquanto Rose só levantou as sobrancelhas. Depois disse:

– Vai ficar parado aí para sempre, loiro? Sente-se aqui e vamos falar de negócios.

Albus e James continuaram lavando o carro, daquele jeito lerdo deles.

Sentei-me ao lado dela e perguntei:

– Você não vai me bater de novo, vai?

– Não é a minha intenção.

– Mas você pode mudar de ideia, certo?

Rose riu para mim e de mim, e eu não resisti, tive que sorrir de volta, ela ficava tão bonita daquele jeito. Ainda fica, para ser sincero. Ouvi o James rir e o Albus gritou:

– Você traumatizou o garoto, Rose.

– Eu acho que já disse que não vou te bater de novo, Scorpius.

Gostei dela dizendo o meu nome, talvez mais do que deveria.

– Tá, tudo bem, o seu dinheiro está com Albus, estou só esperando ele me pagar.

Al pediu para o irmão usar um simples Accio e um saco de moedas veio em nossa direção, vindo de uma janela aberta no primeiro andar. Rose começou a contar o dinheiro e assim que terminou, disse:

– Está faltando dez galeões, achei que se você perdesse pagava 20 e se ganhasse, pegava 60 dos seus amigos.

Droga! Eu só tinha mais cinco galeões no bolso para tomar sorvete e tinha gastado 40 com o presente da minha mãe. Que garota mais exigente. Ela nem deveria ganhar nada, quem fez a aposta foi eu, e quem apanhou foi eu também. Até hoje eu acho que merecia o dinheiro todo.

– Olha, gata – falei. – Desculpe. Eu já gastei o resto do dinheiro, ontem foi aniversário da minha mãe. Se quiser, pode me revistar. Na verdade, eu ia adorar se você fizesse isso.

A Ruiva revirou os olhos.

– Tudo bem, sonserino. Dá para tomar um sorvete com esse trocado da aposta.

– Onde? – perguntei.

– Qualquer lugar, tem uma sorveteria a algumas quadras daqui – disse Rose, dando de ombros e virando-se para os primos. – Onde vocês vão hoje, meninos?

– Como você sabe que eu vou também? – perguntou Albus.

– Por que outro motivo você ajudaria o Jay a lavar o carro? – questionou ela de volta.

– Garota, você sempre sabe tudo.

– Não, Al, eu só conheço você muito bem – falou ela, sorrindo. E eu uma pergunta bizarra surgiu na minha mente. Será que ela sorria assim para ele depois que se beijavam? E será que ela mordia o lábio e ficava corada quando ele a agarrava?

Balancei a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos. E voltando a prestar atenção na conversa.

– Eu vou encontrar o Frank em Londres. Vamos atrás de uns jogos novos de videogame – falava Albus e eu percebi que ele tinha me deixado de fora.

– Obrigado por me convidar – falei.

– Mas eu não... – começou Albus sem entender, e eu o cortei:

– Exatamente. Você nem me chamou. Que melhor amigo que você é.

– Deixa de drama, Scorpius. Você nem gosta dos jogos.

– E por que eu gostaria? – retruquei. – Para quê brincar de lutinhas e de futebol? Só tem uma bola e ela fica no chão, caramba.

– São jogos de luta profissional.

– Tanto faz. Duelos e quadribol ainda são mais divertidos. Qual é a graça em jogar um videogame que nem tem história?

– É um jogo e não um livro.

Eu apenas dei de ombros.

– De quais jogos você gosta? – perguntou Rose.

– Aqueles com histórias sobre o fim do mundo são as mais divertidas. Coisas futuristas e cidades fantasmas.

– Você sabe que tem livros desses videogames? – perguntou James, entrando na conversa.

– Claro – respondi, – mas nem sempre os livros são bons.

– E você, Jay?

– Eu prefiro praticar um esporte a jogar um videogame sobre ele.

Rose revirou os olhos.

– Não foi isso que eu perguntei. Você vai para Londres também?

– Claro. Eu e a Alice vamos... – e ele parou de falar quando Rose olhou boquiaberta para ele.

– Sabe, Malfoy – falou ela, virando-se para mim – Esqueceram de mim também.

– Desculpa, Rose, é que você disse que não queria sair hoje.

– Mas eu não achei que sairiam sem mim, né? – falou a Ruiva, nervosa, e pegando cinco galeões para dar para o Potter mais velho.

– Para quê esse dinheiro?

– Você ganhou a aposta – falou ela.

James deu um sorriso cínico para ela e olhou para mim.

– Sério? – perguntou ele.

– Eu não sei de nada – eu respondi, porque realmente não estava entendendo.

– Que aposta? – perguntou Albus, saindo do carro.

– Não te interessa – respondeu a ruiva.

– Você ficou com raiva de mim mesmo, hein?

– Já te perdoei, Al. Mas é que a aposta não tem nada a ver com você mesmo.

– Mas eu quero saber – disse ele fazendo beicinho.

Eu comecei a rir. Que cara era aquela? Será que ele tinha aprendido a fazer com aquela ex-namorada ridícula dele?

– Você sabe? – questionou ele, apontando o dedo na minha cara.

– Não. Você acha que eles iriam me contar?

– Deixa de ser curioso, Albus – falou JS – Não é nada demais, certo Rose?

– Idiota.

James riu de novo e explicou, ou deve ter explicado, mas eu não entendi nada na hora, e acho que o Al também não:

– É que eu nunca achei que você fosse admitir tão facilmente, Rosinha. Achei que eu ia ter que te obrigar a isso.

– Quando eu faço uma aposta e perco, sempre cumpro com o compromisso – respondeu ela.

Viu? Eu disse que aposta é uma coisa séria para o Cassino Weasley. Apesar da Rose não chegar nem perto de ser gerente de apostas, ela sempre tratava apostas como se fosse um compromisso com o Ministério da Magia.

– Sorte a minha, não é? – disse James, passando por mim. Entrou na casa e nós ouvimos James assoviando uma música.

– Eu estou dentro – falou Rose.

Albus sorriu.

– Quando tempo você acha que vai demorar? – perguntou ele e eu sobrei de novo.

– Eu só digo que, quando James voltar para a escola, já vai estar comprometido.

– Com quem? – questionei só para entrar na conversa.

– Com a Alice Longbottom, Malfoy – respondeu Rose como se fosse óbvio – Ela está se fazendo de difícil, mas até as aulas começarem, os dois já estarão namorando.

– Mas eu achei que eles fossem só amigos coloridos – comentei.

– Mas isso vai mudar logo – disse Albus. – Até a mãe da Alice e os meus pais já entraram na aposta. Acho que o rumo das apostas muda um pouco agora que a Rose entrou. Ela é a melhor amiga e conhece muito bem os dois. Eu vou avisar o pessoal.

Cara, ou garota, já disse e vou repetir. Aposta para essa família é coisa séria. Vá se acostumando.

– Eu estou com a Rose – disse alguém às minhas costas, Lily – Umas duas camisas do James tem o perfume da Alice e tem menos de três dias que a gente chegou. Eu sei, porque ela usa o mesmo perfume desde que eu a conheço. Eles formam um casal tão fofinho e lindo. Seria, tipo, um sonho muito legal se eles se casassem. Um sonho maravilhoso virando realidade.

– Oi Lils – cumprimentei. – Tudo bem?

– Claro – respondeu ela e sentou-se ao me lado, já que Rose já havia se levantado.

– Nós ainda somos amigos não é?

– Claro, Scorp. Eu gosto muito de você, e eu não posso obrigar você a se apaixonar pela Rose, mas eu ainda torço por você dois. Você sabe que iriam formar um casal muito perfeitinho, todos iriam querer ter o que vocês têm.

Eu ri e a Ruiva cruzou os braços.

– Sem suicídio? – tive que perguntar.

– Tudo bem, nada de mortes, mesmo que indolores, no final – falou Lily e me abraçou.

– Que lindo – ironizou Rose. – Será que vocês poderiam parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui?

– Está com inveja, priminha? – disse Lils e eu ri novamente. Até parece que a Ruiva gostava de mim. Era besteira da minha amiga pirralha Potter.

Rose revirou os olhos.

– Gente, eu tenho que sair – falou Albus, e eu nem tinha percebido que ele tinha ido pegar um copo de suco de abóbora na cozinha. – Mas foi um prazer rever vocês. Caso não deu para entender, é para vocês vazarem daqui agora.

– A tia Mione e o tio Ron estão em casa? – perguntou Lils, ignorando o irmão.

– Não, foram até a casa do tio George, fazer não sei o quê. O Hugo está lá, quando eu saí, ele disse que estava estudando transfiguração.

– Sério? – os olhos da Lily brilharam e eu tive ainda mais certeza. O tal do Hugo devia ter pegada mesmo, tenho que admitir, porque a Lils me deu um beijo no rosto e se levantou rapidinho – Eu acho que vou passar lá, estou precisando melhorar minhas notas nessa matéria mesmo. Bom que ele me ajuda, sabe?

– Fala sério Lils! – exclamou Al – Quem estuda em um domingo de férias, maninha?

– Pessoas que precisam, Albus. Você não ia se arrumar? – retrucou a baixinha invocada, e entrou.

– Ela deve estar de TPM. E viu o que o seu irmão nerd faz com a inocente da Lily, Rose? Ele a faz estudar em pleno domingo. Eu juro que não sei onde esse mundo vai parar.

Eu e Rose encontramos nossos olhares e rimos. Albus continuou:

– Scorpius, leve a Rose em casa, sim?

A Ruiva só revirou os olhos.

– Sei chegar lá sozinha, Albixa.

– Ainda bem. Já estava achando que eu iria ter que te dar o endereço. Tchau para vocês e juízo, ok? – disse ele, piscando para mim.

– Eu não sei se ele é um idiota ou uma figura – comentou Rose.

– Eu pouco dos dois, acredito – respondi, levantando-me.

– Parece que fomos expulsos – disse ela, aparentando estar ofendida, – mas você não precisa me acompanhar, Scorpius. Eu moro aqui perto.

– Eu sei. Mas é bom eu saber onde você mora, caso eu precise te dar o dinheiro de alguma outra aposta que você ganhar.

Ela revirou os olhos (coisa que ela ainda faz com frequência) e nós saímos da casa dos Potter pelos fundos mesmo. Quando passamos os portões, ela disse de novo:

– Não precisa ir comigo.

– Então vem comigo – falei, tomando coragem não sei de onde.

– Não entendi.

– Vamos tomar sorvete naquela sorveteria que você falou que é perto daqui. Eu pago.

Ela pareceu pensar.

– Vamos, Rose. Eu não sou perigoso, sabe? – brinquei – Sei ser legal também.

Ela olhou para mim, acho que procurando algum vestígio de deboche, mas não encontrou. Eu realmente queria sair com ela.

– Tudo bem. Mas acho que você vai ter prejuízo, eu adoro sorvete.

– Eu vou arriscar – falei, segurando o pulso dela e indo para a direita.

– Scorpius? – chamou ela – Eu não vou fugir.

Parei e soltei a mão dela.

– E a sorveteria é para o outro lado, sonserino.

Eu virei para a esquerda, Rose riu da minha cara, mas eu nem liguei.

Depois que viramos a esquina da Mansão dos Potter, eu não soube o que dizer, e mantivemos o silêncio. Enquanto isso, percebi que todos os vizinhos do Albus deveriam ser podres de ricos também, era uma mansão mais bonita e maior do que a outra, acabei falando:

– Se cada quarteirão tiver uma casa dessas, a gente vai ficar andando pelo menos uns quarenta minutos.

– Não exagera, a gente vai andar só uns quinze minutos. A sorveteria é ainda mais perto da minha casa...

– Casa deve ser apelido, não é? Imagino o tamanho da sua casinha.

Ela sorriu. Linda.

– Não é grande como a do Al. Acredite, nem de longe. Mas você não pode falar nada, eu imagino o tamanho da sua casa. Na verdade, eu nem consigo imaginar.

Dei de ombros.

– Bom, é uma casa antiga – falei.

– Claro.

– Mas é muito grande sim, você tem razão, ainda mais só com três pessoas morando lá.

– E os seus avós? – perguntou ela.

– A avó Narcissa não gosta muito de lá mais, por causa da época da guerra, acredito. Ela e o meu avô Lucius viajam muito, então agora eles moram na casa de praia.

– Casa de praia?

– É, a minha família comprou depois da Guerra. É grande também, mas tem um mini campo de quadribol e um jardim bem pequeno, se comparado com o da Mansão. Fica no sul da Inglaterra.

– Ah. E a sua casa é bonita?

– Eu não posso dizer que não gosto dela. Sei que seus pais e tios têm a Mansão como praticamente mal-assombrada, mas muita coisa mudou por lá depois que eu nasci. Pra começar, ela agora é bem clara, do jeito que a minha mãe gosta.

– Albus gosta de lá – comentou Rose.

– Por falar nele e na família, eu tenho que te perguntar, o seu irmão está dando uns pegas na Lils, não está?

– Você percebeu também, não é? Eu vi quando você olhou para mim lá na casa.

– E o Albus é burro ou inocente? Eu não acredito que ele acabou indo para a Sonserina

Rose riu.

– As pessoas só veem o que querem – disse ela, olhando para mim.

– Talvez, mas eu acho que o Al deve estar precisando de óculos.

Ela riu, como eu queria e continuamos andando. Viramos outra esquina e parecia que havíamos chegado ao pequeno centro daquela cidade trouxa. Apesar de praticamente viver na casa do Al durante as férias, eu nunca havia posto os pés ali antes disso. Tinha algumas pessoas andando e casais de mãos dadas. Não se parecia em nada com a correria da Londres trouxa, nem se poderia dizer que as duas cidades eram próximas.

– Vai ficar aí parado, Malfoy? – perguntou Rose e eu percebi que havia mesmo parado na calçada.

– Desculpe senhorita, Weasley – disse e voltei a andar.

– Então, Chuddley Cannons, hein?

– Vai me zoar também?

– Eu? – questionou ela, bancando a inocente – Por que eu faria isso? Imagina.

– Pode rir, mas eu gosto do Cannons.

– Meu pai também.

– Sério? – perguntei, só que acabei lembrando que o pai da Rose era conhecido por ser ciumento e fiquei imaginando se a Sra. Hermione Weasley contou que eu beijei a florzinha dele.

Droga!

– Aham – respondeu Rose meio aérea, olhando para a sua direita. – Malfoy, o quanto você quer ir nessa sorveteria?

– Muito. Por quê? Você não quer sorvete? – perguntei, olhando para o mesmo lado que ela, enxergando uma sorveteria pequena, mas com mesas do lado de fora, onde tinha algumas pessoas da nossa idade.

– É que eu não gosto muito de alguns daqueles aborrecentes ali.

Levantei as sobrancelhas e disse:

– Não estou te reconhecendo, Ruiva. Desde quando você deixa de ir a algum lugar por causa de algum idiota?

Touché. Eu só quero evitar algumas garotas que me enchem porque acham que eu sou a única que o James nunca dá o fora.

– Viu? – acusei – Eu não sou o único que achava que você tinha alguma coisa com ele.

Ela revirou os olhos.

– Não se preocupe, Ruiva – falei, pegando a mão dela e voltando por onde havíamos vindo – Você está comigo agora.

Ela balançou a cabeça e sorriu:

– E como isso ajuda?

– Eu sou lindo e elas vão morrer de inveja.

Rose começou a rir.

– Muda a cor da sua blusa, Scorpius. Ninguém aqui conhece esse time.

Olhei para mim mesmo e quase reclamei, mas se era para voltarmos a nos dar bem de novo, eu poderia mudar o alaranjado pelo preto para chamar menos atenção.

Não tinha ninguém por perto e fiz isso. Depois passei um braço pelos ombros da ruivinha, que reclamou:

– O que você está fazendo?

– Entra no jogo, Rose.

Ela riu e assim que viramos a esquina, ela passou o braço em volta da minha cintura. Gostei daquilo. A Ruiva olhou para mim e eu para ela, e a nós dois vimos como o que a gente estava fazendo era idiota e ridículo, mas rimos do mesmo jeito. E isso chamou a atenção da galerinha mais ou menos que estava sentada do lado de fora e que a Rose queria evitar.

– Weasley? – questionou uma garota loira falsificada, porque eu sou loiro e eu sempre reconheci um loiro natural, o cabelo daquela garota era pintado, com certeza. Mas eu acho que um cara não deveria saber ou admitir que sabe disso.

– Oi, Coraline – falou a Ruiva.

– Caroline – corrigiu a loira.

– Ou isso – concordou a minha Rose. – Tudo bem, gente?

Uns garotos sorriram e cumprimentaram-na de longe mesmo, e uma menina também. As duas sentadas ao lado da loira, a tal de Coraline, deveriam ser as melhores falsas amigas, fizeram cara feia para a grifinória, mas começaram a me analisar de cima a baixo.

– Claro – falou a oxigenada número Um. – Você não vai nos apresentar o seu amigo?

– Que falta de educação a minha – cortei, se não Rose iria dar uma má resposta na garota, porque a ruivinha nunca teve paciência, digo por experiência própria – O que a minha mãe iria dizer? Muito prazer galera, meu nome é Scorpius Malfoy.

– Hum... Você tem nome de rico, é rico? – perguntou uma das amigas da loira, na maior cara de pau.

Eu sorri.

– Milionário.

– Eu nunca tinha te visto por aqui – disse a loira, Coraline, levantando-se da cadeira – Por quê?

– Eu moro no sudoeste da Inglaterra, em Wiltshire, eu estudo com o Albus Potter e com a ruiva aqui – falei, puxando Rose e passando a mão por toda a extensão da coluna dela e fazendo com que todos prestassem atenção nisso.

– Ah é? – A garota se fez de interessada. – E o que te traz aqui?

– Só essa ruiva que beija super bem mesmo.

Rose sorriu e revirou os olhos. A tal da Coralina abriu a boca e fechou rapidinho.

– E o James? – perguntou ela ainda de pé.

– Jay está em Londres com a Alice. Eles estão namorando agora.

– Aquela morena que anda sempre com vocês, que é super mal-educada?

– Alice Longbottom? Sério? – perguntei surpreso. – Nunca vi garota mais educada e legal que ela.

E era verdade. Alice era legal com todo mundo em Hogwarts, não importava a Casa em que a pessoa estava.

– Ela é uma gata – disse um dos garotos, – pena que está com o Potter.

– E a Rose está comigo – falei, dando por encerrado a conversa com aquele povo, que trouxas mais fúteis e sem-graça.

– Foi bom ver vocês, gente – disse Rose segurando a minha mão e me puxando para dentro do estabelecimento.

A ruiva pediu uma "Banana Split" e eu peguei um sorvete que tinha quatro sabores diferentes. Enorme.

A menina que havia cumprimentado Rose entrou e pediu desculpas pelas garotinhas loiras oxigenadas, enquanto eu tirava umas libras do bolso e pagava. O quê? Você achou que eu só ia andar com cinco galeões mesmo? Eu ainda tinha 100 libras.

– Tudo bem, Clarisse – disse Rose, sorrindo e aceitando as desculpas – Você sabe que eu não ligo.

– E você sabe que se eu pudesse escolher, a Carol não seria minha prima.

– Vocês são primas? – perguntei incrédulo. Porque a tal Clarisse era baixinha e tinha o cabelo cortado Chanel, castanho escuro.

Ela deu de ombros e perguntou:

– Você que é o melhor amigo do Albus?

– É ele mesmo – respondeu a Weasley.

– Pensei que você o odiava – disse a trouxa sorrindo e olhando para a grifinória.

Rose e eu dissemos juntos:

– Isso é coisa do passado.

– A Lily deve estar surtando – disse ela abaixando o tom de voz. – E você é bruxo também, não é mesmo?

Fiquei boquiaberto.

– Como você sabe? Você contou para ela, Ruiva?

– Não precisou. O meu padrinho é bruxo, e eu percebi a semelhança nos Potter e Weasley – respondeu Clarisse sorrindo.

– Albus nunca te falou dela? – questionou Rose, incrédula – Clarisse Smith.

Umas conversas com o Al voltaram a minha e mente e eu disse:

– Smith. Agora eu me lembrei, você é a gata que vive dando o fora nele.

Ela enrubesceu e a Weasley riu.

– Albus é meio exagerado e um pouquinho lerdo – disse a trouxa sem-graça.

– Nem me fale – respondi, saindo da sorveteria. – Foi um prazer conhecer você. De verdade.

– Gostei do seu amigo, Rose – disse ela, ao ir se sentar com os outros novamente.

– Tchau, Clarisse – respondeu a minha amiga.

Rose e eu saímos andando sem rumo, apenas dois adolescentes lindos tomando sorvete. Mas suco de abóbora é muito mais saudável. E é bom ser saudável. Ou seja, beba muito suco natural.

Foi bom ter aquele encontro, na realidade, pude conhecer a parte do mundo da minha acompanhante que não tinha nada a ver com Hogwarts. Foi meio sem propósito, mas divertido, ainda mais fingir que Rose e eu tínhamos um pequeno casinho.

Eu nunca tinha me sentido tão interessado por essas coisas antes.

Eu pedi à Rose que me falasse mais daquelas pessoas, se elas moravam perto dela e do Albus, se eram muito ricas também, se tinha alguém que não era rico naquela cidade. Rose riu e gesticulava ao falar, mesmo usando uma mão para segurar o sorvete. Acabamos nos sentando em um banco de um pracinha, e ela continuou falando. Teve umas duas vezes que eu deixei de escutar o que ela estava falando porque ficava apenas olhando seus lábios se mexerem.

– Posso te fazer uma pergunta, Rose? – perguntei de repente, depois de discutirmos os nossos planos para depois da escola.

– Claro.

– O que você apostou com o James? – O quê? E daí que eu estava curioso? Aposto que você também quer saber.

– Não conto nem sob ameaça de morte.

Eu suspirei porque não parecia que a Rose ia ceder e resolvi fazer outra pergunta.

– Eu te fiz alguma coisa?

Ela piscou sem entender.

– Quero dizer, você está vendo como estamos nos divertindo agora e acho que você lembra que nós costumávamos ser amigos antigamente, só que depois você começou a me odiar do nada. Eu já te perguntei isso e você fugiu. Por quê?

Rose suspirou.

– Se responder isso, eu vou acabar respondendo a sua outra pergunta.

– Eu não em importo – sorri.

E ela também sorriu. Lindamente, devo acrescentar.

– Foi por isso – começou ela. – Parei de falar com você porque me senti atraída por você Scorpius, por esse seu jeito idiota e fofo ao mesmo tempo.

Não sei que cara que eu estava fazendo, mas a minha surpresa foi genuína. Vou te mandar a real, fiquei espantado.

– Pois é – Rose continuou. – Foi no início do quarto ano. Eu me afastei e pensei que, implicando com você, te afastaria também. Admito que não foi um plano muito bom. Mas quer saber? Não adiantou muito. E bem, eu e o Jay percebemos a aposta de vocês e ele que deu a ideia de eu "deixar" você me beijar porque ele achava que depois disso eu superaria tudo. James apostou que eu iria gostar do beijo.

Eu não esperava que Rose fosse ser tão sincera, não mesmo, mas fiquei feliz por isso.

Espera, ela gostou do beijo? Porque ela pagou o JS.

Meu Merlin! E aquilo nem tinha sido um beijo de verdade, porque não demorou muito e eu nem usei língua, nem nada.

– Scorpius? – chamou ela e a minha ruiva estava vermelhinha – Será que você pode fingir que eu não disse nada?

Eu arregalei meus olhos. Será que Rose não percebia que isso seria impossível?

– Por favor – pediu. – Porque se não eu acho que nunca mais vou olhar na sua cara.

Não respondi. Também o que eu iria falar?

– Você quer mais sorvete? – perguntei, para mudar de assunto.

– Não, obrigada. Posso te fazer uma pergunta agora?

– Tudo bem – respondi.

– Por que você torce pelo Chuddley Cannons?

Eu ri e me levantei do banco da pracinha.

– Eu estava em um momento meio rebelde aos oito anos – nessa parte a Ruiva levantou as sobrancelhas. – E queria mudar de time, os meus pais torcem pelo Falcons e eu escolhi o Cannons. Eu gosto deles.

– Vocês, meninos, são estranhos.

Eu dei de ombros e perguntei:

– Vamos? Eu vou te levar em casa.

– Não precisa.

– Na verdade, precisa sim, porque eu não sei chegar à casa do Al sozinho daqui e eu preciso usar pó de flu para voltar para Mansão.

– Tem razão. Só espero que a Lily e o Hugo não estejam se agarrando no sofá.

– Por quê? – perguntei, bancando o inocente. – Nós vamos precisar dele?

Rose me deu um tapa no braço, o primeiro de muitos que eu ganhei quando falava alguma besteira.

– Será que não dá para gente voltar a odiar um ao outro e fingir que eu nunca abri a minha boca grande?

– Meio impossível, gata – falei, fazendo cara de galã de telenovela meia-boca – ainda mais agora que eu sei como você quer o meu corpinho maravilhoso.

– Pelo amor de Deus, será que você poderia não fazer isso? Eu estou me sentindo muito idiota, não piora, por favor. Eu não acredito que eu te contei tudo.

Depois disso, eu não falei mais nada, apenas andei ao lado dela.

Saímos da praça e seguimos ruas para outra parte bem residencial da cidade. As casas continuavam grandes, talvez não maiores que a do Albus, mas ainda eram casarões.

Rose andava olhando para baixo. E eu me senti muito mal por isso. Cara, ela falou que gostava de mim e eu fiz piada. Eu sempre fui muito moleque, mas nunca tinha sido babaca antes.

– Desculpa – pedi.

– Por quê? – falou ela, sem entender.

– Por ser um idiota?

A Ruiva sorriu.

– Eu não devia ter falado nada. Deu para ver que te assustei.

– Um pouco. Eu achei que você gostava de levar as antigas rixas familiares a sério e não que quisesse viver um Romeu e Julieta.

– Contos trouxas com Lily Potter? – questionou Rose.

– Nossa, Ruiva, não sabia que você era vidente.

Rose sorriu de novo. E eu percebi que gostava de fazê-la sorrir, mesmo que fosse por alguma besteira. O que diabos estava acontecendo comigo? Eu não sabia, mas fazê-la sorrir acabou virando um dos propósitos da minha vida.

– É um dos meus múltiplos talentos – disse ela, e eu dei um sorriso cheio de múltiplas intenções. – Não pense besteira, seu tarado.

Dei de ombros.

– Eu sou garoto, e garotos pensam besteiras o tempo todo. Faz parte da nossa natureza, não é algo que eu possa evitar, senhorita. Mas eu sou super educado e gente fina também.

– Você não existe, Malfoy.

– Pode admitir, Weasley, eu sei que você não viveria sem mim.

Ela só revirou os olhos.

– Ah, posso considerar que eu beijo melhor que o Al? – perguntei inocentemente.

– Eu não vou nem me dignar a responder isso.

– Pode dizer a verdade, eu aguento – falei, fazendo drama.

– Pra quê você quer saber?

– Pesquisa de opinião. Pura e simplesmente.

Rose pareceu pensar no assunto.

– Eu diria que não dá para comparar. Quando tem sentimento envolvido a coisa muda. E as abordagens são diferentes.

– O fato de o Albus ter olhos verdes altera no resultado? Porque se você fica de olhos fechados, a cor não importa realmente.

– Tem razão – falou Rose passando a mão pelo cabelo, gesto que quase me tirou do ar e droga, de novo, o que ela estava fazendo comigo? – Era brincadeira, o fato de eu ter me interessado pelo Al por causa dos olhos. Mas eu tenho que admitir, os olhos do padrinho e do meu primo são uns dos mais lindos que eu já vi na vida.

Fiz careta e a Ruiva riu.

– Sério. Você nunca reparou?

– É, os olhos do Albus são incríveis mesmo. Eu me casaria com um cara com aqueles olhos.

– Nossa, Malfoy, você vai me trocar pelo Potter? E você ainda diz com essa frieza?

– Eu nunca te prometi nada, gata – falei, zoando. – Quero que meus filhos tenham aqueles olhos verdes.

Rose bateu no meu ombro de novo. Eu não disse que ia virar mania?

– Você é muito bobo. E para de me zoar.

– Tudo bem... Só mais uma coisa: Eu achei que a sua casa fosse perto.

– E é. Só que bruxos mimados como você se cansam rápido. E não medem a distância como nós, seres mágicos normais. É só virar essa esquina e a minha casa é última da rua...

– Weasley – falei, interrompendo-a porque eu sabia que o que tinha que fazer, antes que virássemos a tal esquina. – A minha mãe tem olhos verdes.

O rosto da Ruiva ficou da cor do cabelo, acho que foi de vergonha, mas ela sorriu, um pouco, mas sorriu.

E um segundo depois já tinha pulado no meu pescoço e colou a sua boca à minha. Ela fez aquilo com tanto entusiasmo que eu tive que segurá-la com força antes de retribuir.

Eu sabia que ela iria me beijar.

As garotas sempre fazem isso quando dizemos algo que elas querem ouvir. E esse é o tipo de ensinamento que você deve guardar. Verdade.

Além disso, que garota não beijaria um cara que praticamente falou que iria ter filhos com ela e que os olhos deles seriam verdes, do jeito que ela queria?

Eu me beijaria.

Tudo bem, exagerei.

Ou talvez nem tanto.

Acabei com as minhas mãos no cabelo vermelho da minha ruiva. As mãos dela pararam em meus ombros, e um alerta piscou na minha cabeça.

Afastei-me rapidamente, apesar de um pouco sem fôlego por causa do beijo.

Rose olhava-me interrogativamente. Assim que dei um sorriso sem graça, ela entendeu.

– Qual é, Malfoy? Eu já te falei duas vezes que não vou te chutar de novo.

– Desculpe, Ruiva, foi um reflexo – peguei-a pela cintura – Onde nós estávamos?

Quando nossos lábios se tocaram, eu interrompi novamente:

– Espera, você não foi a única que me bateu naquele dia.

– E daí? Eu vou ter exclusividade a partir de agora?

– Você é tão hilária, Weasley – ironizei. – Eu só cheguei à conclusão de que se o JS deu a ideia para você aceitar me beijar e me superar, coisa que você ainda não conseguiu fazer – nessa hora eu acho que ela percebeu que eu nunca a deixaria em paz por causa dessa história, então só revirou os olhos. – Por que ele me deu um soco no nariz se sabia de tudo?

Rose sorriu amarelo.

– Ele disse que sempre quis fazer isso com alguém, mas o tio Harry não aprova violência. A não ser em casos extremos. Jay gosta de novas experiências. Agora ele pode dizer que quebrou o nariz de um cara defendendo a prima dele.

Eu quis ficar nervoso e sentir vontade de ir atrás do idiota, mas pensei que talvez o grifinório não batesse muito bem da cabeça.

– Experiência? Ele te disse isso? – a Ruiva balançou a cabeça em concordância – A sua família é maluca? – perguntei.

Rose sorriu.

– Só um pouquinho.

– Só mais uma coisa. Você me deu um chute nas estranhas por reflexo, certo?

– Que fixação. Chega de perguntas, Malfoy. Vamos embora.

Eu dei de ombros e peguei a mão dela.

A casa dos pais de Rose era bonita, ainda é, e muito bem cuidada. Não vou dar detalhes porque você ainda vai passar muito tempo lá. Nós passamos o portão, e entramos no Hall. Rose me deixou ali, foi até a cozinha e voltou, dizendo:

– Hugo e Lily devem estar lá em cima porque aqui embaixo não tem ninguém.

– Que bom – falei.

Peguei Rose pelo braço e a fiz ficar de frente para mim. Ela arregalou os olhos quando a empurrei contra a parede, e segurei o rosto dela com as duas mãos. Aproximei-me até nossos narizes se tocarem e respirarmos o mesmo ar. Olhei para a boca vermelha da minha ruiva e por mais que fosse tentadora, fui direto para a base do pescoço dela. Depositei beijos ali, senti o cheiro do cabelo, morango, e fui subindo os beijos até chegar ao queixo dela.

Rose dava um meio sorriso.

– Scorp... – disse ela, baixinho.

Eu a beijei.

E não sei quanto tempo fiquei ali sentindo a mão dela em meu cabelo, e apertando meu pescoço e ela me beijando de volta como se não pudesse parar.

Eu soube naquele dia que não conseguiria ficar muito tempo sem beijá-la.

Você quer conhecer meu quarto? – falou ela, respirando com dificuldade.

O quê?

Não tem ninguém que vai nos atrapalhar lá e os meus pais vão demorar. Eu cuido direitinho de você.

Eu sorri apreciando a ideia, não sabia que a Ruiva...

.

.

.

– Não foi isso que aconteceu, Scorpius, pode parar de inventar besteiras, seu tarado. Nós só nos beijamos mais um pouco. Eu não te chamei para ir até o meu quarto. Você só usou a nossa lareira e foi embora.

Scorpius pareceu pensar um pouco.

– Tem razão. Isso é o que eu queria que você tivesse feito. É só uma fantasia adolescente minha.

Rose teve que rir.

– Parece que você não cresce.

– Tudo bem, mas não atrapalha minha história, está quase no final. Eu beijei a Ruiva, ou seja, a sua mãe e ficamos umas duas vezes nas férias, sabe? E umas vezes em Hogwarts, mas eu não queria nada sério.

Scorpius pousou a mão na barriga de Rose e continuou:

– Se você for uma garota, promete para o papai que não vai ficar com ninguém até os 25 anos.

– Continua logo com essa história – pediu Rose impaciente.

– Um dia – disse o loiro, – eu vi um idiota da Lufa-Lufa dando em cima da minha Rose, vê se pode? Foi durante uma festa, e a sua mãe desvirtuada estava dando mole para o sujeito, então eu cheguei, pedi licença...

– Mentira.

– A história estava melhor antes de você resolver interromper. Enfim, na verdade, eu só puxei o braço da Rose e dei o maior beijão nela. Mas isso não é coisa que uma garota deve deixar um menino fazer.

Rose só revirou os olhos. Scorpius não havia dito que era uma mania dela?

– E quando paramos de nos beijar, várias pessoas gritavam e o idiota do seu tio Albus já começou com as apostas. Vi a Alice pagando o James, e não posso dizer o quanto gostei quando Rose perguntou ao meu ouvido se eu queria dançar. Eu dancei com ela e Rose me deixou beijá-la de novo. Nós namoramos, crescemos e mudamos juntos. E as apostas continuaram, durante o namoro, o noivado e agora todos querem saber se você é um menino ou uma menina, meu amor.

Scorpius falou com a cabeça pousada nas pernas de sua esposa e virada para o bebê de cinco meses e Rose estava sentada na cama dos dois só escutando a histórၩa dele.

– Você está melhor? – perguntou o Malfoy.

–ဠAham. Eu disse que eles se acalmam quando escutam a sua voz.

Scorpius sentou-se na cama e bateu na própria testa.

– Desculpe, me esqueci de perguntar sobre a visita ao médico. Queria ter ido com você, mas a editora não me liberou de jeito nenhum.

– É isso que dá casar com um escritor famoso no mundo bruxo e no trouxa também. O Profeta tem cuidado bem de você, querido?

Scorpius fez língua para a esposa, mas ficou sério novamente.

– Sinto muito, Rose. Você sabe que eu não quero perder nem um momento.

– Tudo bem, Scorpius, não se preocupe, eu estava brincando. A gravidez está estável e bem, como estão as apostas sobre o sexo?

– Não sei bem. Meu pai acha que é um menino e a minha mãe quer uma menina. O Albixa quer ser o padrinho, mas eu não quero como padrinho do meu filho, um cara que já beijou a mãe dele, ou dela.

Rose bufou.

– Al foi o nosso padrinho de casamento – disse ela – Ele é o seu melhor amigo. E você não deveria ter superado isso a essa altura do campeonato?

– É, eu sei – cedeu Scorpius, dando um beijo na barriga da ruiva. Rose balançou a cabeça, a gravidez dela havia deixado-o extremamente cuidadoso. Ás vezes, o loiro exagerava.

Scorpius se levantou e sentou numa poltrona grande onde ele usualmente lia e escrevia, sem atrapalhar o sono de Rose de madrugada.

– É um menino ou uma menina, Ruiva? – perguntou ele, não se aguentando de curiosidade.

Ela não sorriu de volta.

– O quê? Você disse que estava tudo bem. Rose? Você está sentindo alguma coisa?

Scorpius já havia se levantado e estava perto de sua esposa.

– Você está ficando chato. Argh! Eu estou bem, bobo. Foi só um chute.

– Sério? – e lá estava ele, sorrindo de novo.

Rose foi puxada pelo loiro para a poltrona onde ele estava antes e sentou no colo dele.

Scorpius colocou a mão sobre a barriga dela e sentiu nada.

– Eu disse que eles se acalmam quando você está perto. Deve ser porque a sua voz dá sono.

Scorpius bufou.

– Essa voz sexy aqui deixa qualquer um maluco, querida. Mas espera aí... – as feições do loiro foram de dúvida para confusão e depois passou de incredulidade para felicidade. – Por que você disse: "eles se acalmam"? São gêmeos?

Rose só balançou a cabeça e disse:

– Um menino e uma menina, Scorp, não é...

Ela continuou porque o loiro começou a beijá-la e ela correspondeu com entusiasmo. Mas de repente, ele parou.

– E agora? Como vão ficar as apostas?

– E isso importa, Scorpius? – perguntou Rose exasperada. – Eu não mandei ninguém apostar sobre o sexo do bebê.

– É provável que agora eles decidam apostar quem vai nascer primeiro.

– Deixa isso com o Cassino, porque tanto faz para mim, contanto que os meus filhos nasçam com saúde.

– E com os olhos verdes, certo? – brincou o loiro.

– Não faz mais diferença. Gosto muito mais dos seus olhos.

– Obrigado. Eu nasci para agradar – respondeu ele, com um sorriso arrogante.

Rose teve que rir.

– Eu te amo.

– Sei disso, Weasley. Mas onde nós estávamos? Acho que a sua boca estava pertinho da minha – disse ele aproximando-se, assim que os lábios dos dois se tocaram, Scorpius parou novamente. – Isso daria uma boa história, não acha? Para meu próximo livro. É claro que eu mudaria algumas coisas, situações. E os nomes, obviamente.

Rose suspirou.

– Claro, loiro. Já decidiu o título? – perguntou ela, já que parecia que eles ficariam só na conversa naquela noite.

Todos os títulos dos livros que Scorpius Malfoy já tinha escrito, e até os títulos das colunas dele que saia no Profeta Diário sempre era a primeira coisa que ele decidia. Era só começar um assunto e o Malfoy já sabia que título dar à história.

Cassino Weasley, não é, Sra. Rose jogadora profissional Malfoy? Foi assim que a nossa história começou.

– Eu achei que você iria mudar os nomes, e algumas situações – falou Rose, sorrindo.

– É mesmo. Droga! – depois ele pousou a mão esquerda na barriga da esposa e falou para os bebês: – Eu posso falar palavrões, mesmo que sejam inofensivos como esse, porque já sou adulto, mas finjam que não ouviram isso. E a mamãe está revirando os olhos porque ela é uma chata – depois voltou a falar diretamente com Rose. – E agora? Eu vou ter que pensar em outro sobrenome para a família da minha história e decidir o outro título. Odeio começar uma história sem o título, eu sempre travo.

– Scorpius – falou Rose, pegando o rosto do loiro com as duas mãos e obrigando-o a olhar diretamente para ela. – Você tem uma esposa com os hormônios à flor da pele e você está falando com ela como se vocês não tivessem nada melhor para fazer que decidir o nome do seu próximo best-seller.

– E depois eu que sou pervertido.

Rose riu.

– Você quer mesmo discutir isso, sonserino?

– Eu achei que nós tínhamos coisas melhores para fazer – comentou ele.

– Exatamente.

xxx

Rose já havia adormecido, mas Scorpius não conseguia pegar no sono. Aquela história, a história deles havia trazido outras boas memórias à mente do loiro. Lembranças da vida com a Ruiva. E ideias para novas histórias também, ele tinha que admitir.

– Eu ainda vou contar tudo para vocês – sussurrou ele, para a barriga de sua esposa. – Não se preocupem, eu sei que corro o risco de parecer ridículo, mesmo que ninguém além de vocês esteja escutando, mas a única coisa que vocês têm que saber agora é que nós estamos vivendo felizes para sempre.

Depois disso ele sorriu para si mesmo, deu um beijo no rosto de Rose, sussurrou em seu ouvido um "eu te amo" e dormiu certo de que "Cassino Rodriguez" nunca ia ser um título tão bom e marcante quanto "Cassino Weasley".

Fim


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Notas finais do capítulo

N/A: Gostaram? Espero que esse fim tenha atendido as expectativas de vocês.
Pois é, acabou. Eu sei que a fic foi pequena, mas eu passei muito tempo trabalhando nela, mesmo que o tema "apostas" esteja até um pouco babado. Eu tive essa ideia há muito tempo e vê-la completa é muito bom.
Gostaram do Scorpius como escritor famoso? Algumas pessoas me falaram que a narração dele era hilária e bons escritores nos fazem rir. De qualquer forma obrigada todo mundo, por hoje é só pessoal...
Andie



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