Guardians escrita por Julio Kennedy


Capítulo 6
Ar de mudança


Notas iniciais do capítulo

Então, sinceramente não sei em que ritmo estou escrevendo. Não esta havendo grandes batalhas e também creio que nesse comecinho não haverá. Mesmo já estando no capitulo cinco tenho que mostrar mais algum personagem ainda e tratar de transmitir um pouco da nova personalidade dos personagens e tudo mais. Espero mesmo que não esteja ruim.



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“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança, Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades.”

(Luiz de Camões)

Aquela era a primeira de muitas manhas de Veronica acordaria com dor de cabeça. A principio ela não fazia ideia de onde estava. Havia sonhado com sua casa um ano atrás, talvez fosse uma lembrança ela não sabia. Seu irmão gritava para ela sair do banheiro enquanto ela se olhava no espelho e tentava encontrar alguma mudança no seu rosto.

Ela brigava tanto com Will, agora mal podia entender porque sentia tanta falta dele.

A garota passou a mão no rosto com os olhos ainda fechados e sentiu que estava úmido, agora estava chorando enquanto dormiu? Assim que abriu os olhos ela demorou um pouco pra se orientar.

Ela estava em um lugar grande e escuro, deitada sobre um colchão velho. Arresterdramon estava dormindo ao seu lado. Enrolado em sim mesmo como um cachorro Veronica pensou.

– Finalmente a bela adormecida acordou – uma voz feminina ecoou de repente, Veronica se sentou depressa e olhou para os lados buscando descobrir de quem era a voz, mas quando não conseguiu ver nada começou a engatinhar na direção do seu parceiro.

A garota começou a olhar para os lados nervosamente, girando a cabeça com velocidade até finalmente se deitar ao lado de Arresterdramon, ela ainda estava desorientada, mas nada melhor para deixar alguém desperto do que um bom susto – quem esta ai? – ela perguntou já se arrependendo um instante depois. O que a pessoa poderia responder? Outro gato?

– Não seja rude – outra voz feminina sussurrou. Arresterdramon começou a despertar quando Veronica finalmente olhou para cima e se deparou com duas mulheres agarradas ao teto.

Ela gritou e tentou correr, seu coração batia a mil. Acabou caindo poucos passos depois batendo forte o joelho no chão. – Não acredito que vocês estão infernizando a menina – esbravejou uma garota de cabelos longos e negros surgindo da escuridão.

Alta e de pele branca, feições suaves e olhos azuis – linda – Veronica deixou escapar.

– Estão vendo? – a garota sorriu – é assim que deveriam me tratar – disse ela olhando para as duas criaturas que agora estavam de pé ao lado do Digimon dragão. Uma delas fez um barulho estranho como um rosnado enquanto a outro simplesmente suspirou – acendam logo as luzes – ordenou a garota estendendo a mão para Nica.

– Quem são vo... – Veronica tentou perguntar, mas a garota a interrompeu. Parecia falar pelos cotovelos.

As luzes do lugar de repente se acenderam revelando que na verdade o local se tratava de um estacionamento subterrâneo. Alguns carros ainda estavam ali estacionados, no entanto cobertos por poeira como se não fossem tocados há anos.

– Eu sou Manu – ela se apresentou enquanto Veronica se recompunha – e essas são minhas agradáveis parceiras – disse ela apontando para trás. Nica se assustou ao ver que reconhecia as Digimons da serie de televisão – Angewomon e Ladydevimon.

Arresterdramon espirrou chamando a atenção de todos e olhou com olhos ainda meio fechados em volta. Colocou-se de pé em um salto abrindo as pequenas assas e rugindo. – Agora é meio tarde pra isso – resmungou Nica frustrada.

***

As chamas consumiam tudo, o calor infernal trouxe péssimas lembranças à mente de Lud. No entanto Lilithmon estava morta e não era mais problema deles – quero meu laboratório de volta – exclamou a garota enquanto Shoutmon era arremessado em direção a um caminhão de lixo largado mais a frente na rua.

Os gritos de pessoas desavisadas tomavam conta do bairro juntamente com o som das explosões, o caos mais uma vez se alastrava junto a eles.

Policiais e agentes fortemente armados foram facilmente eliminados pelo lorde demônio.

Murilo corria mais a frente segurando a mão de Vinicius. Will não parecia bem, gritava a todo pulmão toda vez que Shoutmon era atingido. Lud desejava como nunca ter sua parceira de volta.

Barbamon era como uma locomotiva saindo dos trilhos, tudo a sua frente era devastado. Angemon se esforçava para tirar as pessoas do caminho impedindo que o desastre fosse ainda maior, mas não muito podia ser feito por ele, os representando caiam aos montes.

O desespero se tornou muito maior quando o lorde demônio simplesmente parou. Ele começou a caminhar lentamente entre os carros em chamas como se estivesse em um corredor qualquer, sua barba balançava como um pendulo a cada passo dado.

– Guardiões, é um prazer finalmente conhece-los – o monstro os cumprimentou.

Shoutmon se ergueu mais uma vez, seus olhos estavam em brasa, seu braço soltava dados. Depois de grunhir mais uma vez ele saltou em direção ao Digimon desferindo mais um ataque que foi facilmente barrado por Barbamon.

O Digimon demônio lançou o pequeno dragão apenas com um movimento de braço, fazendo o mesmo se chocar contra a porta de metal de uma loja.

– Inferno – Will gritou. Ludmila pode reparar que as mãos do garoto tremiam, sinal do nervosismo que ainda não o havia deixado – o que você quer? – Will exigiu saber.

Barbamon estava a cerca de um poste de distancia, caminhando devagar em direção a eles. Sua aparente calma os deixavam ainda mais assustados, os lordes demônios pareciam muito piores que Mephistomon e Diaboromon agora – achei que fosse obvio – o Digimon respondeu.

Mas a verdade era que nada parecia obvio depois dos acontecimentos de um ano atrás. A barreira dimensional estava fraca, todos os atos e decisões tomadas pelos Guardiões apenas ajudaram a espalhar o caos.

Lud queria gritar, queria ter uma arma, queria ter sua parceira. Subindo a pequena ladeira correndo também desejou que tivesse uma condição física melhor, Will nem se quer suava.

Viaturas e mais viaturas de repente começaram a surgir, um regimento vestido de preto desceu de um furgão com armas muito bem conhecidas por eles. Armamentos RAD.

Alguns representantes e possíveis presidentes ainda tentavam fugir do lugar quando os tiros começaram. Surpreendentemente as armas que esses “soldados” carregavam eram as melhores que o RAD dispunha.

Poderosas o suficiente para derrubar um Kazentai com dois tiros. Poderosas o suficiente para destrui-lo com quatro.

– Se abaixe – disse um homem de uniforme preto forçando o ombro de Lud para baixo, ela simplesmente cedeu em um misto de surpresa e alivio. Buscou encontrar o rosto dos amigos em meio à confusão e ao longe pode ver Murilo abraçando Vinicius agachado no chão.

Mais a baixo na rua Will se escondendo atrás de um poste e acima deles Angemon com seu punho brilhando em uma tonalidade vermelha.

Um urro se seguiu de uma explosão que arremessou carros a metros de distancia. Barbamon parecia ter se descontrolado. Shoutmon surgiu de repente sobre Will, o agarrou pela cintura e saltou carregando o garoto consigo como se fosse uma toalha velha sobe o braço.

Como um raio negro algo desceu do céu, pousando de forma bruta arrancando pedaços de asfalto do chão. Os olhos de Ludmila lacrimejaram quando Will caiu ao lado dela, solto sem regalia por Shoutmon.

Ela sentiu um arrepio correr pelo seu corpo e pode ver o medo transbordar pela feição de todos os presentes espalhados pela rua. Um segundo lorde demônio. Daemon da fúria.

Suas assas roxas se abriram enquanto ele se levantava do chão revelando sua face demoníaca e seus chifres protuberantes. Enorme comparado a Barbamon, mas no momento não parecia tão mais perigoso que o aliado.

Para a surpresa e a confusão de todos o Digimon agarrou a garganta de Barbamon com sua enormes garras vermelhas, quase consumindo metade de seu rosto junto – você só deveria cumprir as ordens – o Digimon demônio berrou, sua voz era como o arranhão de giz no quadro, incomoda e assustadora. – Volte agora.

Ordenou o Digimon arremessando Barbamon para o alto, o Digimon ainda no ganhando altura abriu os braços e depois de grunhir mais uma vez assumiu o controle do voo e desapareceu no céu.

Ninguém ousou atirar, ninguém ousou dizer nada. Todos continuaram paralisados pelo medo e incredulidade até segundos depois Daemon rugir como uma harpia e bater assas, se arrancando do chão e sumindo no alto.

– quando foi que eu me perdi na situação? – Will perguntou a Lud que estava com os olhos arregalados.

Ela o olhou para alguns segundos e respondeu sem jeito – eu estou perdida desde que você me tirou do palco.

***

Sofia não estava realmente muito machucada. Seu braço estava com uma marca de queimadura que ela não conseguia lembrar-se de onde havia conseguido e o lábio inferior tinha um corte no lado de dentro. Mordida que ela mesma deu, quando estava quase desmaiando em alto mar.

Quanto a Pedro, ele parecia bem, fora às marcas vermelhas em seu rosto, consequência de vários pequenos cortes que ele havia ganhado graças a estilhaços. Dois dias no soro os havia deixado estáveis. Beberam bastante liquido e depois de ligarem para Melanie finalmente era hora de voltar à ativa.

Eles haviam acabado parando na Paramaribo, no Suriname. Um país vizinho ao Brasil. Pequeno e subdesenvolvido, mesmo em comparação com o país vizinho.

Quando Melanie entrou no quarto de Sofia a agente estava em pé ao lado da cama. O notebook que ela havia salvado do acidente estava sobre os lençóis aberto – quando ouvi dizer que vocês sobreviveram à queda de um avião nunca me passou pela cabeça que estariam tão bem.

Sofia virou-se devagar se ponto a encarar a senhora. Melanie usava seu cabelo em um coque alto que a fazia parecer muito mais velha do que Maristela – o que você quer? – perguntou a garota com arrogância.

– Acredito que já esteja na hora desse mau comportamento ter um fim – comentou calmamente a mulher – preciso de você e o agente Monteiro no Japão.

Sofia fechou o notebook com força fazendo um barulho alto de plástico se chocando, caminhou até Melanie e bateu com força o mesmo no peito da mulher que perdeu o folego – não tenho escolha não é mesmo?

– Sempre há escolhas querida – respondeu a mulher segurando o notebook entre as mãos – temos noticias perturbadoras de um assassino, os Guardiões Hiraga e Kenji precisam de proteção.

– Desde quando somos seguranças? – perguntou a agente segurando os nervos.

– Desde que o assassino usa digimons como arma e mata apenas Guardiões – respondeu Melanie pondo fim a conversa.

***

[um ano atrás]

– Nós temos que voltar lá, nós temos – implorou Mayara se agarrando a camisa de Monteiro.

– Não tem nada lá além de morte – gritou Will finalmente perdendo a paciência.

Sofia dirigia o carro de volta para a faculdade Platão, o sol voltava a nascer finalmente, depois de semanas de escuridão. Os primeiros raios do dia começavam a encher as ruas desoladas da cidade em ruinas.

Mayara sentia que havia morrido por dentro, ela gritava como louca, literalmente surtando pela morte do líder dos Guardiões, segurando com força o notebook dele contra o peito, como se fosse o próprio garoto. Ludmila se mantinha calada, apenas olhando a rua e os prédios que agora tinham apenas marcas, lembranças do que ela nunca mais queria viver.

Will chorava também, as lagrimas começaram a escorrer de seus olhos assim que eles entraram no carro. Luiz ainda estava desmaiado, havia tanto sangue em sua camisa que Pedro decidiu tira-la, mesmo o peito dele contendo pequenas gotas secas ainda dava uma impressão melhor e até mesmo tranquila do garoto.

Quando Sofia entrou na rua onde o prédio de vinte e um andares ficava todos dentro do carro estavam em silencio. Sofia ajudou a erguer Luiz para que Pedro e Will pudessem o carregar pra dentro.

– Cuidado com a cabeça – pediu Sofia enquanto puxavam o corpo imóvel do garoto de dentro do carro.

Eles caminharam com ele devagar, desaparecendo na escuridão da portaria do prédio enquanto Mayara ficou do lado de fora, olhando para Shoutmon que vinham pulando pelo topo dos prédios.

– Você vem? – perguntou Ludmila surgindo pela porta principal que agora estava escancarada.

Mayara a respondeu ainda olhando para o alto, mas desta vez ela fitava as formas que as nuvens, que agora se desfaziam, formavam – você se lembra do primeiro dia de aula na Platão?

Ludmila parecia confusa, não entendia por que May queria ficar se lembrando disso, remoendo a morte de Jonas. Ela acreditava sofrer o mesmo tanto que a amiga, mas não concordava com sua atitude derrotista de forma alguma. Elas estavam vivas, Jonas havia morrido sim, mas elas estavam vivas – sim, me lembro – respondeu preguiçosamente.

– O engraçado é que naquela primeira semana eu estava discutindo como a minha mãe sobre largar o curso – confessou – só consegui ter certeza depois disso tudo de que realmente era o certo. Em um momento de crise todos vocês tiveram pensamentos lógicos, conseguiram desenvolver e evoluir varias coisas que ajudaram a manter todo mundo bem... – ela parou de falar por que as lagrimas começaram a correr novamente. Ela as enxugou com os punhos e voltou a falar, ainda evitando o olhar de Lud – se eu tivesse me empenhado mais, se tivesse ajudado mais talvez... – mas por fim, não conseguiu completar a frase.

A loira suspirou – não importa mais May, nada do que fizermos vai mudar isso.

– Eu sei, mas...

– Você ouviu o que Will e Sofia disseram, no final das contas ele escolheu se sacrificar, ele não foi morto – Ludmila deu as costas para Mayara e sumiu em meio às sombras dentro do prédio.

***

Assim que Will deixou Luiz na ala medica Pedro começou a fazer os primeiros socorros. O garoto encarou o agente por algum tempo antes dos seus olhos se encherem da lagrimas novamente e ele sair da sala.

Ele passou pela sala comum onde Sofia estava sentada olhando para as próprias mãos e seguiu, passando por Weverton que estava sentado na cadeira onde Jonas costumava se sentar na agora destruída, sala de informática.

O garoto chorava aos berros, com sua cabeça deitada sobre os braços.

Passou por Lud que descia as escadas para o laboratório e continuou subindo até finalmente chegar ao pilotis. O sol da manha deixava as cadeiras e mesas de madeira com um brilho bonito ele pensou. Depois rodou mais um pouco olhando para elas, procurando se lembrar de onde havia se sentado na noite onde tudo mudou.

Sentou mais ou menos na mesma posição onde estava na noite meses atrás e deitou sua cabeça sobre seus braços. Manteve os olhos fechados esperando que o silencio da cidade e o calor que agora voltava trazido pelo sol lhe desce um pouco de paz.

Sofia surgiu quinze ou vinte minutos depois dele. Puxou a cadeira da frente onde Luan sentou-se no dia D. e sorriu pra ele enquanto se sentava. Um sorriso acanhado, que transparecia gentileza.

Ela tocou o braço dele e murmurou só pra ele pudesse ouvir, como se houvessem centenas de pessoas de volta – acabou – e aquilo o fez bem.

Will ergueu a cabeça e sentiu vergonha imaginando o quão vermelho seus olhos deveriam estar. Encarou Sofia por alguns segundo e se sentia tentado a elogiar a beleza dela, que mesmo em meia a cabelos soltos e embraçados e rosto sujo de fuligem ainda sim era abundante.

Sorriu de volta como resposta, mas logo em seguida caiu em uma crise de choros. Sofi arrastou a cadeira até seu lado e o abraçou, deixando a cabeça do garoto se apoiar em seu ombro.

***

Quando Mayara por fim criou coragem para entrar no laboratório sua pele já estava um pouco avermelhada. Ela e Shoutmon haviam conseguido trocar algumas palavras e por algum motivo ela se sentia um pouco melhor.

Caminhou devagar pelos corredores, passando os dedos pelas paredes do prédio para se distrair enquanto fazia o trajeto. Desceu as escadas até a sala de computação destruída e viu Weverton chorando, mas não sentiu vontade de ir até ele.

Ao invés disso ela foi em direção ao quarto, procurar roupas para tomar banho.

Assim que entrou no quarto algo a surpreendeu. Pedro estava abaixado perto da mochila de Ludmila com o notebook de Jonas na mão. Seus dedos corriam rápidos sobre o teclado causando pequenos “tiques” que enchiam o lugar.

Quando ele a percebeu, se sentou na cama e desconectou um pen drive ou algo parecido e fechou o aparelho com força – como você esta? – ele perguntou a ela se levantando e caminhando em sua direção.

– Bem – murmurou ela em resposta. May queria perguntar sobre o notebook de Jonas. Ela tinha a impressão que agora o objeto se tornara algo imaculado, onde as lembranças do garoto eram mais fortes.

Pedro sorriu e passou por ela indo em direção a sala comum. Ludmila entrou no quarto quase na mesma hora. Uma porção de caraminholas surgiu na cabeça da garota, mas ela preferiu se abster de qualquer acusação ou briga, não tinha humor pra isso.

Enquanto saia do quarto com um montinho de roupas na mão, Ludmila falou com ela – você já sabe não é? O que aconteceu com Metalgreymon, quero dizer.

Mayara parou segurando a porta – não, não na verdade.

Lud se sentou na cama e segurou o notebook de Jonas – quando fui conferir meu notebook depois da explosão, quando acordei sabe, Mailbirdramon não estava mais lá. Nossos digimons sumiram, junto a ele – ela contou olhando para o aparelho no colo dela.

– Realmente acabou não foi? – Mayara perguntou sentindo, mesmo que se culpando, uma pontada de alivio.

– Acabou.

[atualmente]

Mayara estava monitorando as quedas de energia desde que Luiz havia voltado. Ignorando seu medo finalmente ela havia resolvido tomar uma atitude, ruim ou boa, tanto fazia.

Ela queria encontrar o garoto novamente, mas não tinha ideia de como. Sua única esperança é que ele ainda tivesse o péssimo abito de estar lá quando um distúrbio dimensional começasse.

Quase não saiu durante os dois dias que se passaram e na noite em que ela finalmente ganhou seu primeiro Digimon não foi diferente.

A garota estava na cozinha com sua mãe quando a alarme começou a tocar. Ela colocou seu tênis e saiu, de short e camiseta como estava. Com o notebook pesando em suas costas ela chegou ao metrô cinco minutos depois de conseguir chegar à rua.

E chegou ao local onde o distúrbio teve inicio quase meia hora depois de o alarme soar. A essas alturas ela imaginava que eles já deveria ter destruído o Digimon, mas quando por fim ela desembarcou na estação e abriu seu notebook para verificar o andamento das coisas, ela se surpreendeu ao perceber que o Digimon ainda estava à solta.

A versão do sistema dela era a segunda geração que eles haviam desenvolvido. Ludmila tinha pensado que os distúrbios elétricos causados pelos Digimons deveriam continuar mesmo depois que ele se materializasse no nosso mundo e isso estava de certo, de certa forma correto.

Ela seguiu o mapa até onde pode e se encontrou em uma rua muito movimentada da cidade. Pessoas e carros enchiam as ruas e calçadas, dezenas de barzinhos atraiam conversar e diversão.

Aquela com certeza não parecia a cena comum de aparição de Digimon. Seu software mostrava que ele estava próximo, mas não com a precisão que a garota precisava.

Andando pelas calçadas ela encarava o alto, na esperando do Digimon ser algum tipo voador, a única explicação que ela havia conseguido pensar para que a noite não houvesse se transformado em um mar de caos e destruição.

Ela estava assustada e desejava que o seu programa estivesse errado tanto quando temia não encontrar Luiz nunca mais. Ela odiava esse misto de sentimentos, odiava ter de voltar para aquilo tudo, mas também sabia que a melhor defesa é um bom ataque.

Se ela se sentia acuada era melhor bater primeiro do que esperar para apanhar.

De repente ouviu alguns murmúrios, quando virou para trás se assustou ao perceber que um cara com uniforme do RAD vinha correndo em sua direção. Ele segurava uma arma pequena em punho e não notou a presença dela, May tentou reconhece-lo, mas tudo correu depressa de mais.

Mais atrás vinha outro, que ela reconheceu logo de cara. Não sabia seu nome, mas reconhecia a divida que tinha com ele. O Rader havia salvado Jonas quando uma das ofensivas deles falhou.

Ela agarrou o braço do agente que primeira a olhou assustado, mas logo em seguida seu rosto se encheu de uma estranha surpresa contente que fez May sorrir – temos que... – ele começou a dizer.

– Digimon, ataque, eu sei – ela completou – eu vou com vocês.

Glauro deu de ombros e segurou a mão dela enquanto corriam pela multidão de pessoas na calçada.

Viraram em um beco mal iluminado e deram de cara com o outro agente que agora May sabia quem era. – Thiago – ela cumprimentou quase que casualmente.

Ele olhou pra trás confuso e a cumprimentou tentando assimilar a presença dela ali – achei que você tivesse desaparecido.

– Era essa minha intensão – ela respondeu.

Correntes elétricas de repente começaram a ser emitidas do final do beco, colocando fogo em um saco de lixo próximo e iluminando a pequena criatura que estava de pé contra a parede no final da rua.

– Achei que ele já houvesse se libertado – gritou Mayara. O barulho de musica que vinha dos bares enchia a noite de vida e barulho. Jonas se estivesse ali teria excomungado cada funkeiro presente.

Thiago atirou e uma bola de luz acertou a parede no fim da apertada ruela – já sim, mas ele é um tipo elétrico – ele respondeu também falando em um tom mais alto.

Thiago estendeu um braço fazendo sinal para que May e Glauro continuassem onde estavam, então saiu andando bem devagar, ainda apontando para frente.

Raios cortaram o ar perto dele e uma voz assustada e até mesmo um pouco infantil veio da escuridão – fique longe ou eu vou acabar com você – e mais raios começaram a desenhar o ar em volta de Thiago.

May e Glauro deram um passo para trás, hesitantes, pois a descarga elétrica parecia muito intensa. May quis gritar quando o Digimon atacou pela segundo vez, mas notou que os raios não estavam atingindo Thiago que se encolheu tentando desviar desnecessariamente. Os raios o estavam contornando.

Então ela criou coragem e disparou em uma corrida na direção do Digimon. Passou por Thiago que tentou impedi-la, mas foi inútil. Quando ela deu por si estava a dois metros do pequeno Digimon de metal.

Dois pequenos chifres sobre sua cabeça agiam como uma lâmpada, onde uma pequena corrente elétrica corria de um a outro iluminando o pequeno espaço atrás de uma lixeira onde ele estava acuado.

– Qual é o seu nome? – ela perguntou se abaixando e falando baixinho, mas não baixo de mais, para que sua voz não desaparecesse em meio a musica.

Ouviu Thiago pedi-la para se afastar novamente, mas ignorou o fato. O pequeno Digimon parou de emitir energia e como uma bala se jogou nos braços de May que caiu no chão, num misto de susto e curiosidade.

Os agentes surgiram em cima dela alguns segundos depois, mas para a surpresa deles Mayara segurava o Digimon entre seus braços – o que ele é? – ela perguntou entre meios dentes.

– Kokuwamon – Thiago falou baixinho.

– O que fazemos com ele agora? – Glauro quis saber. O líder de brigada apenas deu de ombros.


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Notas finais do capítulo

É isso então, nova domadora Emanuela Sandra, domadora de Angewomon e Ladydevimon... Mayara também é finaaaalmente uma Guardiã domando um Kokuwamon (sim eu sou sacana). Espero que tenha gostado e sim, eu achei o flash back necessário.



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