I Think I Know You! escrita por Mooniecchi


Capítulo 1
Como num piscar de olhos




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E assim tudo começou.

Pelas ruas vazias, frias e escuras da noite ele caminhava a procura de abrigo. Estava triste por sua própria família não o ter aceitado, mas essa era uma verdade sobre ele que não poderia mudar. Já estava feito.

Já se passavam da meia noite e ele chegou à conclusão de que não encontraria nada aberto. Andou por mais alguns minutos e uma ideia lhe ocorreu. Sabia que existia uma boate gay ali perto. Iria só beber e espairecer um pouco. Estava precisando esquecer tais acontecimentos que resultaram em sua expulsão de casa.

Chegando ao mesmo, verificou se tinha algum dinheiro e conseguiu entrar. Uma vez dentro, o som era muito alto e ele se sentiu um pouco tonto. Continuou andando até encontrar um banco bem ao fundo. Sentou-se e pediu uma dose de 51.

Makoto já estava na sexta dose, sentia-se nauseado, mas pretendia beber mais, até que desmaiasse. Estava entorpecido e a bebida descia queimando por sua garganta. Começou a chorar — estava totalmente bêbado —, não havia motivos para seus pais terem feito isso com ele. Como viveria?

Enquanto chorava, em seu canto, cuidando para que ninguém visse, viu de relance alguém se aproximando. Sua visão estava um pouco embaçada, tanto pela quantidade de bebida, quanto pelas lágrimas que marcavam seu rosto.

— Está tudo bem? Precisa de ajuda? — o homem de cabelos curtos, alto e com uma expressão de preocupação disse.

— S-sim, dei-ixe-me a-aqui. — falou ele de modo arrastado. Não conseguia esconder o efeito da bebida sobre si.

— Olha, não vou embora até você me dizer o que está acontecendo com você. — disse ele decidido, sentando-se no banco ao lado.

— N-não e-está vendo qu-e n-não con-sigo n-nem falar d-direito?

— Vamos, vou te levar para casa. — falou, levantando o tom de sua voz — devido ao barulho contínuo —, levantando-se e puxando o braço de Makoto.

— N-não t-tenho ma-ais c-casa! Me so-olta! — disse aos soluços, puxando seu braço da maneira que pôde, sem sucesso.

— Vou te levar para minha casa, então.

Makoto não podia recusar, não tinha para onde voltar e agora o homem já o arrastava por entre a multidão. Sua visão estava muito embaçada e ele não conseguia sequer ver as pessoas, as quais batiam nele, fazendo-o se desequilibrar.

Quando estavam de saída, o mesmo vomitou na parte traseira do carro, adormecendo logo em seguida.

Acordou no dia seguinte em uma cama. Olhou para si, estava com roupas limpas e ele mesmo encontrava-se limpo.

Lembrava-se vagamente do que acontecera noite passada, mas ainda se sentia nauseado.

— Ah, você acordou! Pelo tanto que estava bêbado ontem, deduzi que dormiria o resto do dia — disse Teppei, examinando o ser semi acordado.

— Você me trouxe para cá, certo? Por que fez isso?

— Sim, trouxe. Você disse algo sobre não ter casa e eu estava preocupado com você. Desculpe. — falou sincero.

— Mas... Como pode estar preocupado com alguém que nem conhece?

— Mas eu conheço. Você não me reconhece?

Makoto forçou os olhos e aquele rosto realmente era familiar. Mas de onde o conhecia?

Ele deve ter percebido que estava se perguntando de onde o conhecia, pois sorria.

— Sou Teppei Kiyoshi, nós jogamos basket no ensino médio. — disse ele, por fim.

— Agora me lembro. Mas não éramos próximos. — ele agora estava envergonhado.

— Você não conversava com ninguém, parecia que não gostava de nós.

— E era verdade. Ainda não gosto de ninguém.

— Nossa, devia reconsiderar isso e me acrescentar à sua lista de pessoas que gosta, afinal, eu o ajudei nessa madrugada.

— Não sei se devo. — disse Makoto, seco, mas Teppei pareceu não se importar.

— Vou ter que sair agora. Você pode ficar aqui, o café está na mesa.

Antes que pudesse dizer algo, o maior já havia desaparecido porta a fora.

Levantou-se, mas caiu novamente na cama. Estava um pouco zonzo e parecia que sua cabeça ia explodir.

Precisava de um remédio ou ficaria louco.

Com muito esforço, foi andando até o que pensou ser o banheiro, porém, era outro quarto. Seguiu o corredor, abrindo as portas, até que achou o que procurava. Abriu um armário, lendo com dificuldade os rótulos dos remédios e, enfim, achou o que precisava. Tomou um comprimido de analgésico. Queria dormir, mas a fome gritava dentro de si. Sentiu cheiro de café e seguiu o cheiro até chegar à cozinha.

Comeria e depois iria embora.

Fartou-se e fez o planejado. Achou que sair sem agradecer Teppei pelo que ele fez era errado, então, achou um bloco de notas em cima da mesinha de centro da sala e no mesmo escreveu um “Obrigado” e saiu.

Saindo do prédio, deu de cara com Kiyoshi vindo em sua direção. Isso não estava em seus planos.

— Onde está indo?

—Vou procurar algum lugar para morar.

— Eu disse que você poderia ficar no meu apartamento e acho que não está em condições de fazer nada agora.

— Por que se preocupa tanto comigo?

— Não sei. Vamos subir, por favor. — implorou o maior.

Makoto o seguiu. Nunca, ninguém o tinha tratado com tanta preocupação em sua vida. Não havia por que o tratar assim. Mas ele começava a gostar dessa sensação de alguém gostar dele.

Subiram rapidamente e quando entraram, ele pegou disfarçadamente o papel encima da mesinha, amassou e colocou no bolso.

— Então, o que aconteceu com sua casa? — Teppei sentou-se a fim de tomar seu café.

— Meus pais me expulsaram.

— Por quê?

— Porque sou gay. — falou sem delongas.

— Hm...

— Não se importa?

— Não vejo por que não. Também sou gay.

— Entendo. Mas pelo menos seus pais não o expulsaram de casa por ser assim e você já tem a vida feita.

— Meus pais morreram quando eu era bem novo.

Logo, Makoto se arrependeu do que disse.

— Sinto muito.

— Não sinta. Eles partiram faz muito tempo. Morei com uma avó minha até completar a maior idade e vir morar sozinho.

— Entendo.

— Você ficará comigo até conseguir um lugar. Tudo bem?

— Ok... — disse ele, calmo.

A noite chegou e ele não conseguia dormir. Pensava sobre o que faria da vida daqui para frente. Até que, de repente, escutou a porta sendo aberta. Alguém agora se deitava a seu lado. Era Teppei. Disse algo sobre não conseguir dormir, porém, logo adormeceu.

Ele estava totalmente envergonhado com o fato de estarem deitados juntos. Podia sentir a respiração quente e pausada de Kiyoshi em sua nuca. Estavam próximos demais.

Realmente não conseguiria dormir. Ainda mais agora com tal aproximação do maior, porém, antes de perceber, estava dormindo.

Acordou com Teppei o abraçando. O mesmo percebeu que Makoto tinha acordado e rapidamente tirou o braço de cima de sua cintura, provavelmente, envergonhado também. Virou-se e viu um rosto vermelho ao seu lado.

— Makoto, preciso te contar algo.

— D-diga. — sabia que seu rosto estava corado também.

Ainda deitados juntos, Teppei disse que, desde o ensino médio, gostava de Makoto, porém não sabia como se aproximar e acabaram se afastando. E que, quando o viu na noite anterior, chorando, não podia deixar de ajudá-lo. Precisava ficar perto dele, afinal, não era todo dia que se encontra uma antiga paixão.

Makoto não sabia o que pensar, estava perturbado e envergonhado para tentar dizer algo, sua boca se abriu e no mesmo instante, foi interrompido por um beijo, ao qual ele retribuiu, não sabia o motivo ainda.

Após, Kiyoshi o deixou sozinho no quarto, sem palavras. O mesmo havia proposto de ficarem juntos e daria tempo para que ele pensasse.

Naquela época, ele sentia algo pelo maior, mas fazia questão de esconder e se afastar. Esse sentimento, de tanto ser escondido, pareceu ter se perdido. Mas depois de tal confissão, o que estava perdido no tempo, foi descoberto. Ele nunca se sentira tão envergonhado com relação a nada. Era a primeira vez que alguém o deixava sem palavras.

Saiu à procura de Kiyoshi pela casa, até encontrá-lo em seu quarto, pensativo e ainda vermelho, provavelmente, estaria pensando no que fez. Entrou e sem aviso, o beijou. O maior retribuiu o beijo, que ia cada vez ficando mais apaixonado.

Decidiu dar uma chance aos dois. Não era disso, mas não podia mais esconder seus sentimentos.

E assim, deitaram novamente e ficaram abraçados, de olhos fixos um no outro pensando em um futuro que construiriam juntos.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que leram ^^ desculpem qualquer erro.



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