Opostos escrita por Miss_Miyako


Capítulo 1
Oneshot.


Notas iniciais do capítulo

Eu acho que essa é a primeira one de kalosshipping que eu posto, hoho xD Não é a primeira que eu escrevo tho, e nem será a última ♥ (Ai, como eu amo esse ship kjsdlkjflk)

Bem, eu a tinha escrito há um bom tempo já, talvez no começo desse ano e a deixei de lado, mas uma coisa me fez ter vontade de mexer nela de novo. E a tal coisa pode ser uma bela de uma linda novidade para os pokemon shippers de platão, haha xD Que é o Pokémon Shipping Fórum, um lugar especialmente feito pros shipping desse fandom que deve quebrar o recorde de número de casais, tou falando sério xDD Ele ainda é novinho tho, hm. Mas eu tenho certeza que ele se tornará um lugar muito divertido uwu
E que pelo amor de Arceus nom tenha guerra de ships, né? ;w;

De qualquer forma, ele me inspirou >w< Por isso, espero que gostem da história!

Boa Leitura!!



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Há muito tempo atrás, existia uma enorme árvore regida por duas criaturas poderosas e implacáveis. A Árvore se dividia em três partes sendo estas: copa, tronco e raízes.

Na copa vivia Xerneas, um belo cervo gigante que possuía o poder da vida; no tronco viviam todos os humanos, espalhados entre as várias plataformas ao redor e dentro da construção natural de madeira que constituíam suas cidades e por ultimo – mas não menos importante – nas raízes vivia Yveltal, um enorme e perigoso pássaro que possuía o poder da morte.

Os cidadãos que moravam no tronco contavam história e veneravam Xerneas, acreditavam que sempre os abençoaria com uma vida plena e saudável para si próprios, para suas famílias e para a própria Árvore em si. Para Yveltal, sobravam apenas lendas terríveis contando inúmeras desgraças que trouxera para as gerações passadas e que por causa de tais atos, ele fora condenado a viver na base da Árvore, o mais longe possível de todos.

“Venere a Vida e tema a Morte.”

Essa era a lei estabelecida por todos. A copa era constantemente visitada ano após ano, para que recebessem as bênçãos e prestassem sua fé a Xerneas, enquanto a ida até as raízes era estritamente proibida e os únicos que eram mandados até lá eram os piores dos piores malfeitores, bandidos e assassinos para que tivessem nenhum outro destino a não ser a morte certa.

Era a verdade absoluta e não deveria ser questionada. Era o frágil fio que ligava e mantinha estável a sua realidade e que deveria continuar a ser assim por toda a eternidade.

Isto é, até ser rompido pelos próprios herdeiros da Vida e da Morte.

***

Uma garotinha de olhos acinzentados e foscos olhava para o céu com certo interesse. Suas pequenas e jovens orelhas captavam com facilidade a música e as risadas que vinham das plataformas postas envolta do tronco da Grande Árvore.

–Então é hoje, né...? – Sua voz era fina e triste. Ela tinha pele pálida e usava um vestido simples tingindo de vermelho vivo, seus pés estavam descalços e a grama envolta deles estava estranhamente morta.

–Serena. – Uma voz grave a chamou e a menina se virou andando na direção de onde o som viera. Seus pequenos e delicados pés amassavam a grama e faziam com que apodrecesse.

–Sim, papai? – A menina perguntou, seus olhos opacos e acinzentados fitando os olhos azulados e também opacos do enorme pássaro vermelho que residia deitado ao lado de uma das raízes.

–Já disse para não ficar ouvindo. Vai fazer mal a você.

–Desculpe, papai.

Yveltal levantou uma de suas asas, sinalizando a menina que se aproximasse e ela assim o fez, subindo em sua outra asa. O pássaro encostou sua cabeça a ela e Serena fez o mesmo.

–Não se esqueça, Serena. Nós somos a Morte e esse é o nosso destino.

–Sim, papai.

Enquanto isso, no ponto mais alto da copa da Grande Árvore, um menininho ficava na ponta dos pés para tentar enxergar melhor a comoção que acontecia lá em baixo. Seus olhos azuis brilhavam e um sorriso estava estampado em seu rosto.

–Calem?

O garotinho parou e se virou logo depois, abrindo um sorriso maior ainda para o enorme cervo que o encarava com seus olhos igualmente brilhantes, as pedras coloridas de sua galhada reluzindo com luzes próprias.

–Papai! Papai! – O garotinho apontou para onde olhava anteriormente. – Você viu que bonito?!

Xerneas soltou o que parecia um riso.

–Sim, Calem. Eu vi. – Ele se aproximou e olhou para baixo. – Realmente, muito bonito.

Calem se apoiou em uma das patas do cervo que eram tão negras quanto o seu próprio cabelo e olhou para baixo de novo.

–Eu gosto muito desse festival. Vamos lá ver?

–Sinto muito, Calem, mas você sabe que eu não posso ir.

–Ah, vem comigo.

–Eu não posso. – O cervo abaixou sua cabeça para que ficasse na altura do menino. – Desculpe.

Ele estufou as bochechas.

–Isso não é justo.

–Eu sei, eu sei. – Xerneas esfregou a ponta do focinho no rosto dele, fazendo o garotinho rir. – Um dia você irá entender.

–.. Eu vou?

–Claro. Este será seu papel um dia. Afinal, nós somos a Vida.

Calem sorriu e abraçou o focinho do gigantesco cervo.

–Eu sei, eu sei, Papai.

***

Apesar de Xerneas não poder descer da copa da Grande Árvore, ele nunca fez com que seu filho tivesse que fazer o mesmo. Por isso, todos os dias, o garotinho descia até o tronco, sua camisa e shorts azuis balançando com o vento que quase o arrastava.

Todos os cidadãos amavam Calem e celebravam a cada vez que ele aparecia, mesmo que fosse todos os dias. Todas as crianças queriam brincar com ele, os animais se reuniam a sua volta e soltavam sons animados. Por onde o garotinho passasse plantas e flores começavam a surgir do nada, deixando a cidade ainda mais bela.

Calem amava aquela cidade, era muito divertido passar o dia todo em um lugar tão bonito e pacífico onde ele era tratado tão bem. Ele não podia desejar por mais nada.

Entretanto, sempre que Calem ia à cidade, ele visitava um pequeno portão sujo de ferro trancado que dava para uma enorme escadaria. Aquele portão havia chamado sua atenção desde muito tempo, mas toda vez que tentava ir até ele, algum cidadão exasperado da cidade aparecia e o tirava de lá ás pressas.

Só que daquela vez não.

O garotinho não conseguia mais aguentar sua curiosidade, foi com essa determinação que conseguiu despistar todos e não foi impedido de abrir o portão. Seus pequenos pés pisavam devagar e com cuidado os frios degraus da escadaria, seus olhos ainda brilhantes olhavam atentos todas as direções e lados daquele lugar escuro.

Calem estranhou ao ver que a grama morta que tocou seus pés quando ele finalmente chegou ao chão não voltou a crescer. Ele olhou em volta até seus olhos avistarem grossas raízes contorcidas.

–Ah... Então, aqui que são as raízes...

Você nunca deve descer até as raízes, ouviu bem, Mestre Calem? – Ele se lembrou das palavras de uma mulher idosa que o impedira de chegar ao portão certa vez.

–... Vão ficar bravos comigo. É melhor eu... – Mas ele parou.

Porque seus brilhantes olhos avistaram cabelos loiros balançando ao vento e a dona deles estava sentada com a cabeça baixa, enquanto encarava uma Azaléia murcha.

E ele não conseguia tirar os olhos dela. Simplesmente não conseguia.

Calem caminhou até a garota que nem se moveu, ela ainda encarava a flor.

–Oi?

Ele a viu tremer e levantar sua cabeça de repente para encará-lo com os olhos arregalados e tomou um pequeno susto ao ver que não possuíam brilho algum.

E ela, por ver o quanto os dele eram brilhantes.

Silêncio se seguiu com ambas as crianças apenas encarando-se. Ele percebeu a grama morta que parecia rodeá-la e inclinou a cabeça, mas sorriu e estendeu a mão.

–Eu sou Calem e você? – A garota se afastou e colocou suas mãos atrás de si, fazendo que não com a cabeça. – Eh?

Ele recolheu a mão e ficou de joelhos.

–Tudo bem, mas você pode me dizer seu nome?

A garota olhou para trás como se tivesse medo de que algo aparecesse de repente e jogasse o próprio garotinho para longe.

–S- Serena.

–Serena? – Ele piscou. – É um nome muito bonito!

A garotinha parou e olhou para ele com seus olhos foscos, surpresa. Calem sorriu mais uma vez, seus olhos azuis avistaram a pequena flor e ele a tocou em uma das pétalas. Um segundo depois, a flor se ergueu, exalando seu cheiro, cor e vida.

Serena encarou a flor e o garoto, depois a flor e o garoto mais uma vez. Sua boca estava entreaberta, mas sua voz sumira. Calem tentou falar algo, mas...

–Mestre Calem! – Uma voz carregada de medo e preocupação pôde ser ouvida gritando do alto das escadas.

–Ah, não. – Calem se virou e correu para a escadaria, mas parou antes de subir no primeiro degrau. Ele se virou e gritou para ela. – Eu vou voltar, ok?!

Serena continuou estática, com os olhos ainda surpresos.

–Ok?! – Ele perguntou de novo.

A garotinha assentiu desajeitada.

Calem sorriu e subiu as escadas o mais rápido que pôde.

***

E ele voltou. Todos os dias, Serena encontrava Calem no pé da escada, ás vezes olhando para os lados ou apenas sentado esperando que ela chegasse. E todas as vezes ele se levantava e sorria animado, depois corria até ela e lhe desejava “bom dia” ou “boa tarde” dependendo da hora que fosse.

No começo, a garota apenas assentia. Sua boca ficava fechada e não havia nada que ele pudesse fazer para que ela falasse. Por isso, os encontros deles eram preenchidos de passeios em silêncio ou com apenas Calem falando sobre as coisas que aconteciam lá em cima.

Ela não se importava, Serena gostava de ouvir a voz do garoto e sobre todas as coisas que ela não podia ver.

Com o passar do tempo, a garota começou a se abrir mais, pequenas silabas se tornaram palavras e sorrisos viraram risadas.

–Você riu!!

A menina cobriu a boca com ambas as mãos.

–A- Ah, d- desculpa.

–Ué, desculpa por que?

–É... É que é estranho não é? Alguém como eu... Rindo.

Calem levantou a mão, fazendo com que ela parasse.

–Não é estranho, Rena. – Ele sorriu. – Todo mundo pode rir e você também!

A loira lentamente tirou as mãos de perto do rosto e abriu outro sorriso.

–Tá!

***

O tempo passou e todos os dias pareciam mais alegres para a jovem, ela sabia o que era ter um amigo. E ela não tinha mais que passá-los sozinha perto das raízes.

Mas ainda sim, era estranho. Ela sorriu pela primeira vez, ela riu pela primeira vez e sentiu ansiedade pela primeira vez. Era diferente, mas não ruim.

Quando estava sozinha, ela se sentia vazia e não tinha capacidade de sentir nada além de solidão, mesmo que seu pai lhe desse toda a atenção que pudesse. Não achava que pudesse sentir qualquer outra coisa.

E na verdade, tudo parecia muito bem... Até Calem encontrá-la caída no chão com marcas de machucados feitos por pedras por todo o corpo.

–Serena! – Ele exclamou e correu até ela, mas antes que pudesse segurar seus ombros para ajudá-la a se levantar, a garota rolou para o lado. - ...Serena?

Sinceramente? Ele odiava essa mania que ela tinha de não deixar que nada a tocasse, principalmente ele.

–E- Eu... – Ela tremeu.

“Sua aberração!”

–E- Estou bem...

“Você não devia nem existir!”

–Bem!? Como?!? Você tá toda machucada, Rena! – E ele estendeu os braços para ajudá-la a levantar.

“Fica longe do Mestre Calem!”

Não me toca! – Ela berrou com todo o ar de seus pulmões e o garoto deu um pulo para trás, completamente assustado com a mudança de atitude de sua amiga.

De fato, o jovem lhe dera muitos momentos alegres, presenteou-a com sentimentos maravilhosos e ela não se arrependia de nenhum. Mas junto deles, vieram os sentimentos ruins: A inveja por ele poder viver lá em cima enquanto ela não, o egoísmo por desejar que ele ficasse apenas do lado dela e se esquecesse de todos e o medo por saber que estava sempre o colocando em perigo.

Ela não o merecia. Aquilo era tão injusto.

Ao ver a menina tentar rastejar para longe, ele franziu o cenho, sentindo suas mãos tremerem e em um movimento súbito a abraçou.

–... – Serena precisou de alguns segundos para processar o que estava acontecendo. – Não!

Ela começou a se debater para tentar se soltar, mas isso só fez com que o garoto a abraçasse com mais força.

–Não! Me solta! Não! – A garota se debatia sem parar.

Eu não vou te soltar! – O grito dele fez com que ela parasse de repente e o encarasse. – Não vai acontecer nada comigo, Rena. Você não pode me machucar.

A loira olhou para seu amigo de olhos brilhantes e percebeu que sua pele não manchara e nem apodrecera. Ele continuava intacto. Vivo.

E logo, filetes de água começaram a escapar dos olhos opacos da menina.

–Eh..? – Ela tocou as bochechas sujas, assustada. – P- Por que tem água saindo dos meus olhos?

Calem suspirou, seus olhos perdendo um pouco do brilho. Ele segurou as mãos da menina e a trouxe para mais perto do seu peito.

–Isso são lágrimas, Rena. Você está chorando, é o que acontece quando ficamos muito tristes. – Ele encostou a testa dele na dela. – Desculpa.

Naquele momento, a garota não aguentou mais e liberou todo o choro que estava preso na sua garganta e ainda aos prantos, se aninhou melhor no colo do garoto, desesperada pelo calor que ele emanava tão diferente do seu próprio corpo que sempre parecia uma pedra de gelo.

Calem sabia, ele ouvia os cochichos dos cidadãos que moravam no tronco. Coisas como “Aquela garota é um perigo.” ou “Ela está tentando corromper o Mestre Calem!” ou até mesmo “Devemos avisar o Mestre Xerneas, seu filho está em perigo.”.

Ela não tem culpa de nada. – Ele pensou amargamente. – Parem com isso.

***

O jovem estava de joelhos e seus brilhantes olhos azuis encaravam o piso polido, a sua frente o majestoso cervo de galhada brilhante o olhava de cima a baixo.

–E então? – Ele perguntou.

Calem agarrou o tecido da calça que usava e esperou por um berro irritado, mas o que ouviu foi um suspiro. Ele olhou para cima.

–Você costumava ser mais honesto comigo, Calem.

O jovem de cabelos negros abaixou a cabeça novamente, desta vez com vergonha.

–D- Desculpe, pai.

–Por que não me contou que estava descendo até as raízes?

A voz de Xerneas estava mais calma, mas ainda assim firme. Calem amaldiçoou em pensamento o maldito cidadão que resolvera escalar até a copa da Grande Árvore para dar com a língua entre os dentes. Ele não sabia o que o aguardava.

O que seu pai iria fazer? Iria exilá-lo? Iria prendê-lo por tempo indeterminado para que refletisse sobre seus erros? Iria deserdá-lo como filho e herdeiro da vida?

Ou então, o proibiria de voltar a ver Serena novamente?

E por incrível que pareça, essa era a possibilidade que mais o assustava.

–Calem, olhe para mim.

O jovem hesitantemente levantou o rosto, mas ficou surpreso ao ver que Xerneas possuía um olhar gentil. O grande cervo curvou-se e deitou no chão, abaixando sua cabeça para ficar na altura de Calem.

–Não estou bravo com você, meu filho.

–Quê..? M- Mas eu desobe-

–Você nunca me desobedeceu. Eu nunca disse que não podia descer até as raízes. – Xerneas mexeu a cabeça. – Os cidadãos disseram.

–M- Mas eu achei que concordasse... – Calem desviou o olhar. – Afinal, você odeia o Yveltal...

O cervo piscou.

–Eu odeio o Yveltal?

...

–Não odeia? – O jovem piscou da mesma maneira.

–Claro que não. De onde tirou isso?

–M- Mas vocês... Você são...!

–Só porque somos opostos? – Xerneas riu um pouco. – Ora Calem, isso não é motivo para odiar alguém. Nunca foi. Apenas tivemos de escolher nossos papéis e Yveltal que escolheu ficar com as raízes. Nada mais.

–Mas.. Mas eu... – O garoto ficou boquiaberto, completamente surpreso e se sentindo um tanto idiota.

Dessa vez, Xerneas não conteve o riso.

–Calem, Calem... – O cervo olhou para um ponto adiante dele, seus olhos brilhando gentilmente, ele abaixou novamente a cabeça para encarar o garoto. – Além do mais, eu já sabia o motivo das suas idas até as raízes.

Calem não conseguiu impedir a cor rubra que se espalhou pelas as suas bochechas.

–A- Ah. – Não sabendo o que dizer, resolveu ficar de boca fechada.

–Ela é uma jovem adorável. – Xerneas assentiu. – Cuide bem dela, sim?

O jovem sentiu suas bochechas ficarem ainda mais vermelhas, mas assentiu.

–L- Lógico!

A garota olhava incrédula para o enorme pássaro a sua frente. Sua boca se movia, mas palavra nenhuma saía.

–Serena? Você está bem? – Yveltal perguntou.

Se ela estava bem? Como ela estaria bem!? Nem ela tinha certeza do sentimento confuso que se espalhou pelo seu peito e lhe dava uma estranha vontade de sorrir e suspirar.

–P- Pode repetir mais uma vez, pai...? – Perguntou hesitante.

O pássaro inclinou a cabeça.

–Disse que não tem problema você ver esse menino.

Ah, ela não havia ouvido errado.

–S- Sério...?

–Por que está tão surpresa, Serena? – Yveltal perguntou.

–Por que...? Porque você parecia tão bravo! E... E você e Xerneas não são inimigos e...?

–Não somos inimigos.

–Eh?

–Apenas possuímos papéis diferentes.

A loira piscou.

–Sabe, Serena, humanos são criaturas muito frágeis. Eles precisam de apoio e limites, se não podem acabar se quebrando. – O grande pássaro vermelho olhou para cima. – Quando a Grande Árvore foi criada, Xerneas e eu sabíamos disso. Eu escolhi ser o vilão e ficar nas raízes.

–E todas aquelas coisas horríveis...?

–Ah, isso nunca aconteceu. São só histórias que eu criei.

Serena ficou em silêncio, apenas encarando o pai.

–A fé que eles têm em Xerneas é o que os apoia e o medo que sentem por mim é o seu limite. – Yveltal olhou para ela. – Você entende agora, Serena?

Ela assentiu, mas parou.

–Então, por que você pareceu tão bravo quando soube...?

–Ah, sim. – Yveltal abaixou a cabeça para ficar na altura da jovem. – Eu estava com ciúmes.

–..Eh?

–Ora, o que você esperava?! Eu sou seu pai, me preocupo com a minha garotinha!

Serena cobriu a boca com ambas as mãos, mas mesmo assim não conseguiu conter o riso que se espalhou por todo o ar. Suas bochechas se tingiram de rosa e seu coração batia feliz, ela se aproximou e abraçou a cabeça vermelha e negra do pássaro.

–Obrigada, Papai.

Seu pai balançou um pouco a cabeça, como se concordasse.

SERENA!!

A jovem arregalou os olhos e soltou um pouco seu abraço. Seu olhar cruzou com o do moreno que estava ofegante ao pé da escada, suas bochechas ficaram ainda mais rosadas e seu coração bateu mais rápido.

Seu transe foi interrompido quando Yveltal a empurrou levemente com a cabeça.

–Está esperando o que? Vá logo. – Serena piscou, mas assentiu sorrindo e correu na direção de Calem.

***

“Não faça isso, Mestre Calem!”

Olhos cinzas com um brilho tímido esquadrinhavam o céu repleto de estrelas.

“Ela vai corrompê-lo! Ela vai matá-lo!”

A cauda do belo vestido vermelho balançou com o vento, junto dos longos cabelos loiros. Uma mão foi erguida e ficou estendida, apontando para o céu como se quisesse tocá-lo.

“Eles não podem saber.”

“Humanos são criaturas frágeis. Se seu equilíbrio for rompido, eles podem acabar se quebrando.”

Uma outra mão veio de encontro a que estava estendida e a segurou. A outra lentamente fez o mesmo, abaixando-se.

“Vocês entendem?”

E uma outra mão pousou no ombro da dona dos cabelos loiros, o terno azul também balançava como a cauda do vestido. Aquele que o usava, descansou o seu queixo na cabeça da jovem.

“É claro.”

–Você gosta desse céu? – Ele perguntou.

–Muito. – Ela respondeu.

–Eu também. – Ele olhou para as pessoas nas plataformas do tronco que admiravam o mesmo céu.

–Sente falta deles? – A jovem se virou para ele.

–Sinto. – Ele assentiu, sentindo uma dorzinha chata no peito ao pensar em todos os seus amigos que nem se lembravam mais dele agora, e começou a puxá-la para longe. – Mas tudo bem. Não é como se eu não fosse vê-los de novo.

–A- Ah, Calem. Espera!

–Dance comigo, Rena.

–Mas eu nem sei dançar!

–Eu te ensino. – Ele pôs a mão que repousava no ombro da jovem em sua cintura e sorriu ao ver que ela corou com o gesto.

–Ah... – Ela tentou achar alguma desculpa, mas acabou suspirando derrotada e colocou a mão em seu ombro. – Tudo bem, mas a culpa não é minha se eu pisar no seu pé!

Ele riu.

–Certo, certo.. – E com isso, começou a rodopiar com ela pelo grande salão.

Ninguém nunca saberia disso. Ninguém se lembraria do alegre garotinho que trazia vida por onde passasse ou da triste garotinha que fazia morrer tudo que tocava. E nem se lembrariam do quanto os dois sofreram para que pudessem ficar juntos apesar dessas diferenças.

Mas não precisaria ser assim para sempre. Eles só teriam que esperar.

Em meio à dança, Calem parou de repente e Serena – que prestava atenção em seus pés – olhou para cima, corou ao notar o olhar cálido que ele a direcionava, sentiu sua pele arrepiar quando a mão do jovem lhe segurou o queixo.

A loira ergueu mais um pouco o rosto, já sabendo o que aconteceria. O jovem sorriu mais e se aproximou dela para conectar seus lábios. Embora já tivessem feito aquilo antes, ela ainda sentia algo dentro de seu coração explodir e um frio no estômago. Quando se soltaram, Calem esfregou levemente o seu nariz no dela, fazendo Serena rir.

Esperar o dia em que finalmente pudessem entender.

Entender que opostos não são inimigos, que suas diferenças são os repelem. E eles estarão juntos, andarão juntos.

Por toda a eternidade.


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Notas finais do capítulo

E é isso! Eu lembro de ter visto a imagem que eu usei para capa no tumblr e ter sido atingida por essa ideia do nada xDD Foi bem tipo assim: "UAH, ISSO SERIA COOL, YO!" (meu deus, sou muito doida lskdçfk~çsdlk xD)

Ah, alias, se alguém ficou curioso a respeito do fórum, aqui: http://pokemonshipping.co.vu/

E eu nom tou fazendo merchan nom hein, hunf. É só que, eu tou muito feliz de finalmente ter um lugar para falar dos meus ships de pokémon e provavelmente deve ter mais gente que se sentia como eu, enton é. Acho que iriam gostar de ter esse lugar também, afinal eu gostei hehe~

De qualquer forma, muito obrigada por terem lido ♥3 E desculpa adiantada porque eu provavelmente vou demorar ainda mais para responder os comentários que eu estou devendo, maldita timidez!

Inté ;w;/