Não Podemos Saber Tudo escrita por Caçadora das Estrelas


Capítulo 3
O Dragão de Neve


Notas iniciais do capítulo

Oi, desculpe a demora, mas está ai. Eu dedico esse capítulo a todos vocês que estão lendo, comentando, acompanhando e favoritando, mas principalmente a um menininho de 6 anos viciado em httyd que conheci em um festinha infantil, um ótimo desenhista que escreveu o livro dos dragões comigo e foi meu ilustrador, muito obrigada mesmo Gabriel vou guardar seu desenho pra sempre, adorei te conhecer!
Espero que gostem do capítulo, eu já estou de férias então vou postar mais tá bom, perdoem o atraso novamente.



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– O QUÊ?! – falaram Soluço e Verena em uníssono, senti meu queixo cair, e fiquei sem palavras.
– Espera, deixa-me ver ser eu entendi direito, mãe. Como se já não bastasse você sumir por dezenove anos, você ainda por cima, quando finalmente me reencontra, esconde de mim que eu tenho uma irmã? Sério isso? – exclama o filho de Valka.
– Não queria te assustar filho, me perdoe...
– Você acha que eu não estou assustado agora?
– Mãe, acho melhor a gente falar disso em outro lugar, mas concordo com ele, é um pouco absurdo. – falou Verena com uma calma um tanto forçada. – Desculpe você disse que ela sumiu por dezenove anos? Eu tenho dezenove anos.
– Coincidência, não? – falou Soluço, sarcástico.
– Eu juro que vou explicar, para todos vocês, não seria justo se todos não souberem. Mas Verena está certa. Vamos conversar no Grande Salão.


***

Fomos até a enorme estrutura de madeira, o almoço já havia acabado há tempo, não havia mais ninguém lá. Sentamos-nos em uma mesa comprida onde todos cabiam. Ninguém havia dito uma palavra durante o caminho. Fez-se uns minutos de silêncio até Valka quebra-lo:
– Vou tentar explicar essa história do jeito mais simples possível. No dia em que o Pula-Nuvem apareceu no quarto de Soluço e me levou embora eu já estava grávida de Verena. Stoico nunca soube, nunca tive a chance de contar para ele. Você só tinha um ano, filho, já falei que não queria deixá-lo, mas me pareceu ser o melhor para você. Já você Verena, não quis trazê-la para Berk antes porque não sabia como iriam reagir. Você sempre foi uma garota muito curiosa e teimosa como o seu pai. Também costumava fugir muito, por isso não te contei nada, temia que fosse te perder, que fosse perder outro filho. Mas agora vejo que eu estava errada, devia ter unido vocês dois antes, não têm noção de como são parecidos. Eu peço milhões de desculpas. Amo muito vocês, eu fiz tudo que fiz porque queria protegê-los.
– Tudo bem mãe, perdoamos você, não é? – falou Verena encarando o “novo” irmão.
– Sim, sim, perdoamos você mãe, o importante é que estamos juntos agora, né? – concordou Soluço.
– Isso é meio estranho, mas acho que vou me acostumar. – comentou a filha de Valka, rindo e fazendo o irmão soltar uma leve risada também.
– É. – concordou ele.
– Verena, me perdoe pelo seu pai, é uma situação injusta, bem ele... – ia falando Valka, mas sua filha a interrompeu:
– Deixa eu ver se eu adivinho, do jeito que tudo na minha vida acontece perfeitamente do jeito que tem que ser, presumo que ele tenha falecido não é? Mãe, não se culpe por nós dois não termos nos conhecido, aconteceu, o que se pode fazer? O negócio é seguir em frente. Eu sinto muito mesmo pela perda. Gostaria de tê-lo conhecido.
– É, estamos em processo de superação, também lamento muito Verena. – falou Soluço.
– Sabe, tudo na vida tem um lado bom e a gente tem que saber tirar proveito disso. Olha só, eu ganhei um irmão e uma cunhada num dia só, é um lucro não é? – comentou Verena.
– Sério Vere, esse seu humor mórbido me assusta. – falou o amigo dela, Naldo.
– Quando eu tenho pensamentos negativos você também reclama. Estou tentando me iludir aqui ta. Mas sério, estou feliz por conhecer vocês, dezenove anos em uma ilha no meio do nada, conversando só com dragões e uma mãe que também não deixa de ser alguma espécie de dragão....
– Ei, mais respeito com sua mãe garota. – reclamou Valka.
– Mas é verdade... Enfim, só me sobrava algumas fugas repentinas, isso meio que enche, sabe? Se não fosse o Naldo e a Brenna eu teria enlouquecido. Não que eu não tenha endoidado um pouco, mas poderia ter sido pior. – concluiu Verena fazendo-nos rir um pouco.
– Santo Odin Soluço, sua irmã é tão melhor que você. – comentou Melequento, rindo.
– Sua sinceridade é comovente, obrigado. – respondeu Soluço, sarcástico.
– Eu não teria tanta certeza assim, você ainda não me conhece direito Melequento, posso ser bem má quando eu quero. – respondeu Verena dando uma piscadinha.
– É verdade, muito má mesmo, eu que o diga. – falou Naldo arrancando algumas risadas, mas ele não parecia estar brincando. Eu estava adorando cada vez mais aquela garota, ela se parecia comigo, mas talvez em uma versão um pouco mais bem humorada.
– E aí? Vocês vão nos mostrar a ilha? Eu acho que vou me perder aqui em questão de minutos, é tanta casa pra todo o lado... – falou Brenna.
– Depois você se acostuma. – respondeu Valka, rindo. - Mostraremos tudo, vocês vão conhecer esse lugar com a palma da mão, vamos.
Todos nos levantamos e seguimos para a grande porta de madeira. Havia esfriado ainda mais e começava a cair uma fina camada de neve, mas já estávamos acostumados. Vocês devem estar cansados de ouvir que os vikings são rígidos, furiosos e mal humorados, bem, isso até que a verdade, mas nem todos são assim, principalmente as crianças de Berk. Todas as vezes que a neve cai, o que não é pouco, nossos pequenos vikings saem das suas casas para inventar jeitos de brincar com ela, e esse era um desses dias.
Parece que as crianças ficam paradas olhando pela janela esperando nevar, para que elas finalmente possam se divertir de algum jeito. Naquele dia saímos do Grande Salão no momento exato em que os garotos e garotas saiam de suas casas para brincar. Estávamos acostumados com isso também, mas Verena não, ela não devia ter visto muitas pessoas durante a sua vida, muito menos crianças. A irmã de Soluço parou repentinamente, e ficou observando as brincadeiras deles e ouvindo os risos infantis. Abriu um sorriso de orelha a orelha, fascinada.
Então aconteceu uma coisa que me surpreendeu um pouco. Crianças costumam ser bem mais observadoras do que pensamos e quando botaram os olhos em Verena, automaticamente, correram em sua direção.
– Seu cabelo é bonito! – exclamou uma garotinha loira com os olhinhos brilhando.
– Oh, muito obrigada, o seu também é. – agradeceu a filha de Valka, sorrindo.
– Valeu! Posso tocar? – perguntou a menininha.
– Claro. – respondeu Verena se agachando para que a pequena mãozinha da garota pudesse alcançar seus cabelos longos e castanhos.
– É macio. – comentou a menina.
– Sim, é porque eu o lavo com saliva de dragão. – falou a irmã de Soluço.
– Eca! – disse a garotinha soltando a mecha que segurava.
– É brincadeira! – explicou Verena rindo e arrancando gargalhadas gostosas das crianças.
– Você é engraçada. – comentou um garotinho moreno.
– Obrigada, eu me esforço. – falou Verena conseguindo mais algumas risadinhas.
– Você é nova aqui não é? – perguntou o menino.
– Você já me viu aqui alguma vez?
– Não.
– Então o que você acha?
– É né.
– Né.

– Qual é o seu nome?
– Me chamo Verena, e você?
– Legal. Sou Gunter. De onde você é? – perguntou o menino.
– Da Ilha dos Dragões. – respondeu ela.
– Que nem a mãe do Soluço? – perguntou a meninha loira.
– Na verdade, sou filha da mãe do Soluço.
– Vocês são irmãos? Sério? – falou um garotinho de cabelos castanhos.
– É o que parece. Mas, shiu! – falou Verena pondo o dedo indicador sobre os lábios. –É segredo! Por enquanto. – as crianças riram um pouco.
– Não vão contar pra ninguém? – perguntou a filha de Valka.
– Não! – falaram os pequenos em uníssono.
– Juram por Odin? Posso confiar em vocês?
– Aham. – disseram juntos novamente.
– Ta bom então. Vão fazer dragões de neve?
– Fazer dragões na neve? – perguntou Gunter.
– É! Não me digam que vocês nunca fizeram dragões de neve.
– Não, nunca fizemos, o que é isso? – falou a loirinha.
– Não acredito!
– Ensina a gente? – pediu o menino de cabelo castanho.
– É, ensina a gente. – pediram os outros.
– Tudo bem. Vão brincando eu já vou. – respondeu Verena.
– Você leva mesmo jeito com as crianças, elas te adoram. – falei para ela enquanto os pequenos se afastavam.
– Eles me parecem ser bem mais simpáticos que a maioria das pessoas. As crianças, quando pequenas, costumam não ser tão rabugentas e agressivas, consigo reconhecer isso, apesar de não ter encontrado muitas por aí. – explicou ela.
– É verdade. – concordei.
– Vem Verena! – chamou o menino, Gunter, sentado com os outros no chão coberto com a neve que, em questão de segundos, já havia virados flocos grandes e pesados.
– Estou indo! – berrou a garota de volta. – Mãe, posso ir ali com eles rapidinho, já volto.
– Vai lá, não é tão fácil assim aquietar essas crianças, é melhor aproveitar a oportunidade. – permitiu Valka.
Então Verena correu na direção das crianças e se sentou ao lado delas no chão frio e branquinho. Ensinou-lhes a fazer o tal “Dragão de Neve”, que era uma espécie de boneco de neve no formato de dragão. Ela os fazia rir até a barriga doer, eles estavam se divertindo muito com a garota nova, que também parecia estar muito feliz.
Foi uma das coisas mais bonitas que eu já havia visto, não consegui deixar de sorrir também. São poucas as garotas de dezenove anos que se oferecem e gostam de rolar na neve fria com um bando de crianças que têm a metade da idade delas. Eu só não sabia que aquela garota de olhos amarelados, que transbordava alegria e arrancava gargalhadas e sorrisos, fazia tudo que fazia para encobrir e ocultar um grande e antigo sofrimento que existia dentro do seu coração.


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Notas finais do capítulo

Que sofrimento será esse hein? Espero que tenham gostado deixem seus reviews pelo amor de Thor!