Eu só corri, corri para bem longe. A floresta parecia cada vez mais assustadora, mas era melhor do que ter que encarar tudo de novo. As coisas estavam escorregadias por causa da chuva, eu precisava achar algum lugar para ficar, algum lugar para eu sentar e pensar o porquê de estar fazendo tudo isso.

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Vi um pequeno coelho pulando na grama, achei estranho, pois não tinha visto coelhos naquele lugar.

– O que aconteceu com você? Calma, eu vou te ajudar. – fui chegando perto minuciosamente, mas ele fugiu de mim – Calma coelhinho, espera aí! – tentei correr atrás dele, mas acabei caindo no barro.

E no final das contas perdi o coelho de vista. Bem perto de onde eu tinha caído, havia uma grande árvore, resolvi sentar-me em baixo dela. Escorei-me e abracei os joelhos, estava frio, aquela amarga chuva não estava ajudando, agora vejo como fui tola ao me deixar levar pelo impulso.

Como será daqui para frente? Não vou poder ficar debaixo dessa árvore para sempre, e quando me encontrarem, o que eu vou dizer? “Desculpe gente, eu entrei em pânico depois de socar o rosto da minha melhor amiga e resolvi correr igual a uma idiota no meio da chuva, mas não se preocupem, foi só hoje.” Não sei como eu irei encarar todos depois dessa confusão que estou causando, provavelmente eles estão preocupados (ou deveriam estar).

Quer saber, eu vou deixar para lá! Ninguém precisa ficar sabendo da minha vida, eu não preciso me preocupar em me explicar, dane-se se ficarem preocupados ou se eu receber algum castigo, ninguém vai me obrigar a falar. Eu não estou mais nem aí para o Nicholas, ele que faça a minha amiga muito feliz, ou vai se ver comigo! Se ele salvou a minha vida, ótimo! Só que eu preciso superar, serei eternamente grata, mas jurar amor infinito só irá me machucar mais, e eu estou cansada disso tudo!

Sarah Off

Narrador On

Enquanto isso, a Diretora e o professor Thomás distribuíam capas de chuva para os alunos.

– Todos tem capa de chuva? – perguntou a Diretora – Agora separem-se nas duplas que criamos lá no ônibus, podem ir para procurar Sarah. Quero todos aqui em vinte minutos, nem vinte e um e nem dezenove, todos devem estar aqui em vinte minutos! Agora vão!

Angelina fazia dupla com Nicholas, Greg com Ariel, Rebecca com Caleb, e Harry com uma menina chamada Anna. Todos entraram floresta adentro chamando por Sarah, cada um com a esperança de poder encontra-la.

Caleb e Rebecca seguiram de onde haviam visto-a pela última vez. Caminhando mais para frente, os dois puderam ver duas pequenas trilhas.

– Eu acho melhor a gente se separar. – disse Caleb.

– Não! Eu não quero ficar sem você, posso me perder.

– Deixe de ser fresca! Você vai pelo caminho da esquerda e eu pelo da direita, ok?!

– Desculpa Caleb, mas eu quero ficar com você, eu não quero andar sozinha. – Rebecca parecia um pouco assustada.

Caleb segurou firme e ao mesmo tempo delicadamente as mãos dela, olhou em seus olhos e falou:

– Vai dar tudo certo, você não vai se perder, confia em mim. Cada um de nós vai por uma trilha diferente, só assim podemos achar Sarah e sair daqui, tudo bem?!

– Acho que sim. – ela ainda estava um pouco insegura.

Caleb sussurrou falando consigo mesmo:

– Onde você se meteu garota? Por favor, esteja bem. Me espere, eu vou te achar!

Caleb continuou andando e chamou por Sarah. Não muito longe dali, a mesma escutou e reconheceu a voz.

– Caleb?! – ela levantou e tentou achá-lo.

– Sarah! – gritou ele novamente.

– Caleb! Caleb! – ela chamava por seu nome, e tentava acha-lo com os olhos aflitos.

Os dois correram e se abraçaram inconscientemente. Sarah sentia-se segura nos braços dele, pois era quente e acolhedor.

– Por que você... – Caleb tentou distanciar-se, mas Sarah o apertou em um abraço carinhoso. Ela estava nervosa, mas aquele abraço delicado e aquele toque quente em sua cintura pareciam acalmá-la. Caleb respeitou isso e ficou imóvel.

– Onde estão os outros? – perguntou Sarah no ouvido de Caleb, enquanto os dois ainda permaneciam abraçados.

– Por aí, procurando você.

– Desculpa.

– Sua idiota, não adianta pedir desculpas! – Caleb a apertou contra seu peito.

– Caleb?

– Não faz mais isso, nunca mais! – ele estava irritado e nervoso, abraçou Sarah fortemente e escorou sua cabeça no ombro dela.

Sarah arrependeu-se profundamente do que fez, parece que Caleb se importava de verdade com ela, então a garota resolveu não se mexer, ficou esperando ele conduzir a cena. Caleb afastou-se, tirou sua capa de chuva e colocou em volta de Sarah.

– Precisamos ir.

– Espera! – disse Sarah - Desculpa mesmo, eu sei que não deveria ter feito isso. – ela segurou a mão dele e os dois andaram pela trilha.

– Sua mão está quente. – comentou Caleb minutos depois.

– Eu sei, acho que posso esquentar a sua, ela está gelada.

Em um certo ponto estava Rebecca, de braços cruzados esperando. Ao ver Caleb e Sarah de mãos dadas ela se encheu de raiva, mas conteve-se.

– O que você tem na cabeça para deixar todos preocupados assim? – Rebecca estava segurando-se para não falar coisas que não devia – Vamos sair logo daqui!

Caleb e Sarah soltaram as mãos, e os três foram caminhando.

– Caleb está tudo bem? Não quer a minha capa de chuva? – perguntou Rebecca.

– Não.

– Mas você está tremendo, desse jeito vai pegar um resfriado.

– Rebeca, não se preocupe!

Eles estavam chegando cada vez mais perto, a agonia de Sarah só aumentava, por mais que ela tentasse falar para si mesma que tudo daria certo, ela tinha medo da reação das outras pessoas e de como ficaria a relação entre ela e Angelina dali para frente.

Em frente ao ônibus estava a diretora andando de um lado para o outro, quando avistou os três veio correndo, meio desengonçada, na direção deles.

– Ai meu Deus, ainda bem que vocês a encontraram! Tudo bem com você Sarah?

– Tudo sim, eu estou bem.

– Que susto que você deu em todo mundo! – ela viu então que Caleb estava todo molhado – Garoto, você está encharcado! Vai lá para dentro do ônibus que eu vou pegar uma toalha para vocês.

Após Caleb entrar no ônibus, a diretora apareceu com aquela toalha. Sarah sentou-se no banco atrás de onde estavam Caleb e Rebecca. Passou um pouco do tempo e o resto da turma já estava chegando, eles receberam a notícia de que haviam achado a menina, então, todos entraram no ônibus e ficaram em volta dela perguntando várias coisas.

– Vamos voltar para o hotel imediatamente, então quero todos sentados para eu fazer a chamada e ver se não nos esquecemos de ninguém.

A diretora fez a chamada rapidinho e confirmou que todo mundo havia chegado. Sarah estava distraída olhando pela janela quando...

– Sarah, eu posso sentar aqui?

Era Angelina, Sarah ficou nervosa, e agora, como seria?