O Livro de Koyomi - Volume 01 escrita por Madason


Capítulo 10
010




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“…. Então, você está dizendo que, cada vez que ela come um de seus membros decepados, o corpo dessa criança cresce?”

Foi assim que a Tsubasa demonstrou entender a situação.

Logo após o pôr do sol – Kisshot ainda está dormindo. Vampiros trocam os dias pelas noite – e até comigo havia acontecido o mesmo. Seria estranho arrastar Tsubasa, uma estudante exemplar, para um esconderijo distante no meio da noite, por isso me forcei a acordar mais cedo.

Há uma barreira protegendo as ruínas deste prédio abandonado.

Pelo menos é o que diz Meme.

Conforme ele disse, esta barreira não só esconde a minha presença e a de Kisshot, mas também faz com que seja um local difícil de ser encontrado por pessoas comuns sem um guia. Por este motivo eu combinei com a Tsubasa para que ela venha até um lugar próximo daqui – e então, assim que o sol se põe, eu me encontro com ela.

Tsubasa chegou ao lugar combinado no horário marcado.

Com seu uniforme de sempre.

“Olá.”

Tsubasa me cumprimentou com um aceno da mão.

Era um comportamento descontraído, que me impedia de ver a estranheza da ocasião.

Essa pequena distância informal e interpessoal me relaxa um pouco.

“Você trouxe aquilo que eu pedi?”

“Claro. Como dá pra ver.”

“Legal. Valeu. Então, é por aqui…”

E então eu levei Tsubasa até as ruínas da escola abandonada.

Propriedade privada. Entrada proibida.

Passamos pelo muro no qual a placa com os dizeres acima está pendurada (até mesmo o muro que cerca as ruínas do prédio, apropriadamente, está arruinado – repleto de buracos por todos os cantos), e entramos dentro da edificação.

Meme tinha saído para negociar, e Kisshot estava dormindo. Eu conversei com ela sobre trazer a Tsubasa, mas ela não me pareceu muito interessada. Devido à possibilidade de ser uma conversa complicada, nós devíamos ter ido para outra sala, mas Tsubasa queria ver de perto como era Kisshot.

Portanto, para conversar com Tsubasa, escolhi a mesma sala no segundo andar na qual eu costumeiramente fico à toa. Numa das extremidades jazia Kisshot, indolente – era este o ambiente. Desnecessário dizer que, já que tábuas estão fixadas nas janelas desta sala, até a lua das estrelas não é convidada a entrar no nosso abrigo. Com meus olhos vampíricos, não tinha problema algum para mim, mas Tsubasa possui olhos humanos, por isso trouxe comigo uma lanterna – bem, pra falar a verdade, tudo isso havia sido preparado pela Tsubasa.

E então eu, depois de fofocar por um tempo (afinal de contas desde as férias de primavera eu não tinha contato nem com jornais nem com a televisão), conversei com Tsubasa até a manhã de hoje. Tsubasa me escutava com atenção, parecendo estar muitíssima interessada.

Aluna exemplar.

A curiosidade dela em relação ao desconhecido deve estar além da média.

Contei a ela tudo que podia contar.

Não queria ocultar-lhe nada.

Eu não queria mentir para ela.

E então, quando finalmente terminei de falar sobre o ‘crescimento’ do corpo de Kisshot...

“…. Então, você está dizendo que, cada vez que ela come um de seus membros decepados, o corpo dessa criança cresce?”

, disse Tsubasa.

“Mesmo que seja estranho chamar um vampiro que viveu 500 anos de ‘essa criança’, foi isso que aconteceu, certo?”

Hunf.

Uma compreensão moderada.

Fiz que sim com a cabeça.

“A perna direita.... Cortada do joelho... ela cresceu cerca de dois anos…, certo, uma vez que os outros membros sejam comidos, talvez ela consiga voltar à sua aparência original... de alguém com 27 anos, acho eu.”

“Hmmm— “

“Bem, parafraseando o Freeza, contando com a perna esquerda e os dois braços, ela está guardando mais duas transformações para depois.”

“Ah, isso é fácil de entender.”

Enquanto falava, Tsubasa observava Kisshot, que dormia confortavelmente, arfando sobre a cama desmontável que Meme trouxera.

Embora fosse uma vampira, com um olhar rápido, seria impossível de não enxergar uma adorável garotinha de 12 anos. O retrato de mim e ela morando juntos dentro de um prédio abandonado poderia ser visto com nuances de criminalidade.

Eu só espero que a Tsubasa não analise deste modo.

“Bem, então, talvez... seja minha culpa.”

“Ahn? O quê?”

“Que Koyomi tenha conhecido uma vampira”.

“..............”

Por que você acha isso?

Embora eu tenha dito que contei tudo que podia contar, sem querer esconder nada, até eu não sou assim tão idiota. Acho que omiti por completo as poucas instâncias nas quais descrevi as calcinhas da Tsubasa e as revistas eróticas...

Porém, essa preocupação nada tinha a ver com nada, naquele instante.

“Não se diz que o diabo aparece quando se fala dele? Esse provérbio é relativamente válido para contos sobre fantasmas. Fale sobre eles e – eles vão chegar, vindo do outro lado.”

“Hmm.... Mas, eu não...”

Ah.

Aquilo.

Aquele dia, eu... Eu escutei isso da Tsubasa.

Conversamos sobre um vampiro.

E eu saí sozinho à noite e –

“—Não, isso seria ridículo. Se fosse assim, Tsubasa, um vampiro teria aparecido para você também, que falou deles pra mim.”

“Não é como se fosse obrigação do vampiro aparecer... As probabilidades só aumentaram... Além disso, apareceu para mim também, afinal de contas, não é?”

“Hm?”

“Koyomi.”

Ah.

É.

Eu sou um vampiro.

Entendo – no meio do caminho até a minha luta com o Claymore, a razão pela qual eu inesperadamente me deparei com a Tsubasa foi, possivelmente, porque as probabilidades de nós nos encontrarmos haviam aumentado.

Há um motivo apropriado para encontrar aparições.

A razão pela qual eu encontrei um vampiro...

“Dá pra se pensar sobre isso desse modo. Achar que rumores precedem a própria existência de uma aparição. Pensar que, porque existe o rumor, a aparição passa a existir. É algo como o que chamamos de folclore.”

“Porque eles existem, os rumores se espalham. Porque os rumores se espalham, eles existem – hã. Parece aquele lance de o ovo ou a galinha.”

“Hmm? Eu, pessoalmente, gosto mais de ovo.”

Minha piada morre, incompreendida.

Munição não-explosiva.

“... Você sabe tudo.”

“Eu não sei tudo. Eu só sei o que sei.”

“Entendo.”

Concordo com um aceno.

Dirijo a conversa ao assunto principal.

“Deixando de lado rumores e tudo mais, Tsubasa... Ontem você estava procurando por um vampiro por impulso próprio.”

E, por isso, eu estava irritado.

Hoje, é claro, ela não vai fazer essas coisas.

“Por que você estava fazendo aquilo? Um ser superior – não é? Você queria bater um papo com um demônio?”

“Bem, eu não estava seriamente procurando por um... Seria o mesmo que pedir a lua de presente. É só... Não sei como explicar... Você já sentiu que precisava mudar algo na sua vida?”

“Uma mudança…”

No meu caso, mais que uma mudança na minha vida, minha própria ecologia havia mudado.

Como eu pensava, é insuportável.

Ainda que – ela seja uma aluna exemplar.

Mesmo Tsubasa, a representante de turma dentre representantes de turmas, em certas ocasiões não consegue se comunicar direito... Fiquei surpreso.

Não... Ela é humana. Isso é natural.

Porque até pra mim, que virei vampiro, as dificuldades não terminaram.

Na verdade, elas só multiplicaram.

“É só uma fuga da realidade, no final das contas.”

“Eu quero voltar à realidade.”

“Você pode voltar, tenho certeza.”

Tsubasa me disse.

Eram palavras sem garantia nenhuma para sustentá-las, mas... Foram palavras que me alegraram.

“Entretanto, embora eu tenha dito que quero ser capaz de ajudar – se for um caso tão monstruoso, não sei se há algo que eu possa fazer.”

“Não é verdade.”

Eu digo.

E aponto meu dedo para as roupas e alimentos que Tsubasa trouxe, que haviam sido colocados em uma grande mochila.

“Podem ser roupas e um pouco mais, mas agradeço a você por me trazer itens necessários do dia-a-dia.”

“Ora, por favor. É o mínimo que posso fazer.”

Tsubasa corou.

“Fora isso, que tal trocar de roupa? As suas estão sujas.”

“Uhm...”

“Quando me encontrei com você, no estado que estou, fiquei surpresa. Er... Você não pode pegar emprestadas algumas roupas daquele homem chamado Meme?”

“Ele só tem camisetas aloha.”

Porém, tirando isso, há obviamente um limite de quanto tempo eu posso passar com as mesmas roupas. Seria legal se eu pudesse utilizar o poder de criação de matéria, como a Kisshot, mas eu não consigo de jeito nenhum.

“Entendo – er...”

Mas.

Claro, eu fico constrangido de trocar de roupa na frente de uma garota.... Se eu trocar de roupa, preciso tirar as partes de baixo, também!

“Mas não temos tanta pressa, eu diria...”

Ah.

Agora entendi.

Sem pensar nas repercussões, ontem à noite pedi à tsubasa “Traga-me uma muda de roupas” ... Uma muda de roupas, neste caso, inclui não somente camisetas e calças, mas cuecas também, né?

“..............”

Errr......

Errrrrrrrrrrr........?

“B-bem, eu... Acho que posso trocar de camisa.”

Enquanto finjo estar calmo, coloco a mão dentro da mochila que Tsubasa me trouxe. Hm, está organizada muito bem... Ela não colocou somente roupas... Abro o zíper e ali estavam, colocadas acima do resto das roupas.

Refiro-me às cuecas.

“Um tamanho M cabe em você?”

“S-Sim...”

“Eu não sabia se você vestia boxer ou samba canção, então preparei as duas.”

“........”

Isto era uma preocupação desnecessária.

Não...me desculpa. Foi minha culpa. Minha cabeça não bate bem. Foi a Tsubasa que teve que comprar boxers e samba canção pra mim – ela que deve ter sentido vergonha...

“Hm? O que foi? Você não vai trocar de roupa?”

“Eu vou...”

Digo, e retiro da mochila uma camiseta dobrada abaixo das cuecas. Dá pra notar que são novinhas em folha. Não só isso – sem colocar numa sacola, ela cortou a etiqueta, e parece que, depois de comprá-las, também as lavou uma vez, colocou na secadora e as trouxe para mim.

Não precisava disso tudo...

Me pergunto se ela tem pena de mim.

Por enquanto, decido trocar só a parte de cima das minhas roupas. Tiro minhas vestes sujas e coloco meus braços dentro das mangas novas, limpas e então...

“Espera!”

Tsubasa disse.

Com o comando, ela cessa meus movimentos, mas... Agora eu estou seminu....

“Eu estava certa – havia visto isso ontem também. Koyomi, o seu físico está mudando um pouco.”

“Hm?”

Agora que ela disse....

Um pouco mais.... Musculoso?

Não, não é só um pouco... Eu tenho um abdômen sarado.

“Eu estava certa.”

Tsubasa repetiu.

“Ontem, quando vi você de costas, não sabia se era ou não Koyomi – o molde de seus músculos estava diferente. Tenho a impressão de que estão ficando mais fortes, ou melhor: bem-definidos.”

“.........”

Que tipo de pessoa é você para conseguir reconhecer, visto de trás, um garoto com quem mal conversou?

É isso que me incomoda.

“hmm…oooooohaahh...”

Parece que Kisshot acordou.

Incidentalmente, quando ela ‘cresceu’, até suas roupas e penteado mudaram – com a aparência de 10 anos, ela tinha cabelo até os ombros e usava um vestido leve; agora que parece ter 12 anos, o vestido tem desenho levemente mais adulto e seu cabelo está comprido.

“A transformação em vampiro metamorfoseia o semblante, pois o poder regenerativo esforça-se para conservar a carne na condição mais saudável possível.”

“Hã?”

“Zzz.”

Adormeceu.

Depois de dizer só isso, ela adormeceu de novo.

Ela tá acordada ou dormindo....

Mas, ela não acabou, sem querer, de nos contar uma coisa estupenda?

Bem – pode ser. Sem dúvida, depois de me tornar um vampiro, até as minhas unhas pararam de crescer – posso até negligenciar o hábito de tornar banho.

E, embora seja difícil de constatar depois de uma semana, acho que até meu cabelo parou de crescer.

E também tem isto.

Me refiro à musculatura de meu corpo.

Isso significa que, se eu continuar assim, poderia me tornar, como Claymore, extremamente musculoso, além de poder transformar partes do meu corpo em armas...

“…Ela dormiu.”

“Bem, quando ela acordou, ela não parecia muito bem.”

“É que... ela tem 500 anos.”

“Isso é o que ela diz.”

“......Ainda assim, não consigo acreditar nos meus olhos.”

Depois de dizer isso, Tsubasa continuou com um “Com licença”, e começou a tocar na metade superior de meu corpo. Ela lentamente acariciou meu abdômen e peitoral.

Carícias.

Carícias.

…Droga, estou um pouco excitado.

Me sinto como vítima de uma pegadinha.

“Julgando pelo tato, você é igual a um humano. Contudo, de algum modo, você parece estar mais elástico.”

“.........”

Era simples curiosidade científica.

Bem, pode ter sido só isso.

“…Igual a um humano, hein? Tsubasa, você já tocou em corpos de outros homens?”

“Hã? Não, não toquei, é claro...”

Corada, ela tirou as mãos de mim e ficou envergonhada, como se só tivesse se dado conta da situação depois de ter cometido a gafe.

“É verdade. Eu utilizei jargão científico. Nada bom. ..... Você se importa de vestir sua camiseta de novo? Rápido.”

“C-Claro.”

Me vesti.

Era uma camiseta tamanho M, mas parecia ficar folgada – bem, não há problema se for grande demais pra mim. Eu gosto de roupas largas.

“Hm. Ficou bonito.”

“Ah. Obrigado. Ah, pera aí! Me desculpa. Quando isso tudo acabar, eu vou pagar o que devo a você.”

“Não tem problema. Eu tenho o dinheiro que ganhei de Ano Novo. Guardo desde criança.”

“Ei! Não use seu dinheiro guardado!”

Eu posso pagar de volta o dinheiro dela, mas não as suas lembranças de infância!

Ela é uma garota surpreendente....

Se eu peço um favor sem pensar muito, lá vem ela com algum detalhe inesperado.

“Tem dois moletons ali, dobrados dentro da mochila. E eu trouxe calças jeans, ok?”

“Claro. Quando mais facilitar o movimento, melhor!”

“Eu presumi as medidas das roupas com base nas minhas observações oculares, então me avisa caso elas fiquem muito apertadas ou largas demais, que eu vou lá e compro outras.”

“.............”

Mesmo se elas ficarem apertadas, mesmo se ficarem folgadas demais, eu vou aguentar.

Acho.

Ainda que eu não possa experimentá-las agora, acho que vou conferir o resto, então vasculho o fundo da mochila.

E.

No fundo, achei uma sacola.

Uma sacola familiar, de livraria.

Parece conter dez livros.

“.....?”

Tentei retirá-la, e....

“Ah, isso é um presente.”

Disse a Tsubasa.

“Ontem você comprou um livro de Aikido, certo? – Você deixou na frente do portão do colégio. Baseada na nossa conversa anterior, era para lutar contra aquele homem grande, certo?”

“Bem, mais ou menos...”

Ela se referiu a Claymore como ‘homem grande’.

Inesperadamente, parece que ela é corajosa.

“No final, o livro de basebol acabou sendo mais útil.”

“Ah! Aquele livro que você estava lendo quando eu encontrei você.”

“Isso importa?”

Sim, disse Tsubasa com um aceno de cabeça.

“Bem, ser cauteloso ao ponto de se preparar para uma batalha difícil é o método correto, acho eu – só achei que você não estava entendendo a situação.”

“Hm, quer dizer que você acha que foi puro acaso?”

É que ontem ela estava de assistindo.

Meu modo descuidado de lutar.

Meu modo centrado na sorte, deixo-tudo-com-você de lutar.

“Certamente, se ler um manual tornasse alguém um mestre naquele campo, ninguém teria problema algum.”

“Ah, não, não. Não era isso que eu queria dizer...”

Disse Tsubasa.

“Aikido e basebol são coisas que humanos praticam, certo?”

“.....? Bem, certamente uma chave-de-braço seria inútil contra Claymore... Não, peraí. Como o poder de recuperação dele não era tão grande, se eu tivesse quebrado o braço dele, provavelmente faria algum dano.”

“Uau. Que brutalidade. Mas, não era isso que eu queria dizer. Eu me referia sobre ser o receptor – sobre o que se pode alcançar. Eu me referia ao que você poderia fazer.”

“Hein?”

“Aikido é uma técnica para humanos. Basebol também é um esporte para humanos. No presente, você certamente tem uma força acima dos humanos comuns, e mesmo se você utilizar aikido ou basebol, acho que isso iria mais restringir a sua força do que aumentá-la.”

“Ah. Aaaaaah.”

É verdade.

Atualmente, uma bola de basebol é extremamente leve para mim.

Um arremesso era mais-ou-menos. Uma bola curva finalmente me parecia adequada.

Devido aos meus parâmetros terem aumentado simultaneamente, era difícil de tomar consciência do fato, mas, para o Koyomi de hoje, as técnicas humanas poderiam ser, de fato, um empecilho.

“Portanto, o que acho que você deveria ler agora são estes livros.”

Ao dizer isso, Tsubasa abriu a sacola e mostrou o seu conteúdo para mim.

Mangás.

Comics de ação.

Diversas edições diferente.

Garotos com uniforme de colégio e super-heróis nas capas.

“...........!”

“Eu procurei, mas não consegui encontrar nenhum sobre garotos colegiais que viram vampiros, então escolhi histórias nas quais os protagonistas são garotos que usam poderes.”

“V-você escolheu…”

“Talvez, deste modo...”

Ela abriu uma página.

Um garoto que parecia ser o protagonista corria horizontalmente, seus pés batendo contra a parede.

“O você de agora deveria ser capaz de movimentos que não respeitam as leis da Física.”

“Ah…”

Involuntariamente, levei um choque – não.

Será que essa ideia absurda pode não ser assim tão ruim?

Ao contrário – parece ser muito boa.

Você não perdeu o senso comum de quando era um humano, dissera Claymore. As palavras dele sugeriam que ele, como eu, fora humano algum dia. E na nossa luta, como havia sido advertido, por estar pensando fora dos limites do senso comum, eu enfrentei dificuldades desnecessárias.

Já que eu era capaz até de dar um pulo giratório para trás – eu deveria ser capaz de correr na parede.

“Ah... Bem pensado!”

“Eu tentei dar uma lida. Até que é interessante.”

“Hm......”

Era um mangá que eu não conhecia, mas certamente soava interessante.

“Os livros que recomendo pessoalmente são romances, mas pensando no propósito, os que mais parecem adequados são comics e mangás. Isso porque memorizar uma figura é mais fácil de deixar algo registrado na mente.”

“Concordo.”

“Bem, essas são minhas sugestões de referência. Ainda assim, escolha os que mais gostar.”

“......Obrigado.”

Entretanto, quando conversamos na noite passado, eu não contei a Tsubasa que eu ainda teria de enfrentar Cross e Guillotine. E mesmo assim, ela já me aparece com tantas dicas....

Conforme eu pensara, ela não é uma pessoa comum.

“Aqui está: um cartão-presente para livros, para estas ocasiões.”

“As preparação estão boas demais.”

“Hmm? Seria melhor comprar com dinheiro?”

“Dinheiro é terrível.”

O que raios estou dizendo?

De qualquer modo... Estou muito agradecido por ser alvo de tanta atenção da Tsubasa. Inclusive pelo cartão-presente. E, bem, eu realmente não tenho dinheiro algum.

Gastei demais nos livros.

“Você é uma grande ajuda, Tsubasa. Eu com certeza vou pagar o que devo.”

“Não precisa. Isso é só o que posso fazer.”

“Só isso já é mais que o bastante.”

Para falar a verdade – é reconfortante.

Se ela não estivesse comigo, eu certamente estaria ferrado.

Não posso chamar Meme de amigo. E Kisshot, além de ser a fonte de toda a situação atual, era uma vampira.

Eu nunca pensei que uma simples conversa com alguém pudesse me acalmar tanto assim.

Não – ela não é só outra pessoa. Ela é uma amiga.

“De verdade, muito obrigado.”

“Por nada, em tempos de conflito, estamos no mesmo patamar. Se há algo mais que você quer que eu faça, Koyomi, sinta-se à vontade para pedir. Isso é o melhor que pude fazer até agora.”

“Sim, eu vou confiar em você.”

“Isso mesmo. Agora, vamos limpar essa sala.”

Está um caos total, disse Tsubasa.

Bem, isso é um prédio abandonado, afinal de contas.

No momento em que respondi, Tsubasa já estava se mexendo – ei, espera um pouco, eu não vou te forçar a fazer tanto assim.

“Nem se preocupe, estava assim desde sempre.”

 “Então é mais razão ainda para não deixarmos nessa bagunça. Qualquer lugar que possa ser arrumado deve ser arrumado – Hmm? O que é isso?”

Tsubasa pegou algo que estava no canto da sala.

Por um instante, eu não entendi o que raios era aquilo. Porém, logo se tornou claro.

Era uma sacola similar à que Tsubasa trouxera, mas não era a que eu comprara ontem, na qual estavam os livros de aikido, basebol e música clássica.

Ainda assim, era uma sacola que eu reconheci.

E então me dei conta.

Sim.

Era a sacola com as duas revistas eróticas, que eu deveria ter jogado fora no primeiro dia das férias de primavera.

“Hm... Hm…”

Em algum lugar nos nossos arredores, Kisshot falava enquanto dormia.

“Esqueci-me de contar a ti. A sacola que tu estavas a carregar e parecia ser de uma importância singular caiu na estrada, então quando viemos para cá, lembrei-me de recolhê-la para ti.”

“Vo-você!!”

“Zzz.”

Adormeceu.

Oooh...Tsubasa estava olhando para o conteúdo da sacola.

Uma colegial estava observando uma revista erótica de garotas colegiais.

“Vejamos, você encontrou uma vampira quando retornava de uma livraria – não foi? No dia 25 de março? A noite do dia em que nos encontramos na rua?”

“...............!”

Incrível!

Que intuição fenomenal!

E-ei! Espera aí! Você não está fazendo a conexão mais indesejável do mundo quanto ao ocorrido?

“Ehehehe.”

Tsubasa ergueu o rosto, e olhou para mim com um sorriso cobrindo-lhe a face.

A lanterna a iluminava de baixo para cima, o que fez com que ela parecesse uma aparição.

E então ela retirou uma revista da sacola e a abriu em um certa página. Nessa página, assombrosamente, uma seção excessivamente ridícula com os dizeres em caixa alta: ‘Edição especial – garotas de óculos’, apareceu de dentro do volume.

Tsubasa, com uma voz muito suave, quase ronronando, disse:

“Ei. O que é isso?”


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