Irmãs Blood escrita por Raquel Barros


Capítulo 32
Epilogo - Sete anos depois.


Notas iniciais do capítulo

O capitulo prometido, pessoal. Esse é o ultimo do livro, e ninguém mais poderia narra-lo do que a Angel que começou a narrar a historia, não é?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/516677/chapter/32

Pantufas azul bebê minúsculas de apareceram em cima da mesinha de madeira branca da varanda, amassando o jornal. Levanto os olhos e encontro o Bryan me olhando com aqueles gigantes e lindos olhos verdes mar, emoldurados por cílios longos e loiros, que herdou do pai. O que felizmente não foi à única herança física que Dexter concedeu ao nosso filho. Bryan era um garoto de três anos lindo. E eu não falo isso por que sou a mãe dele. Ele tinha herdado meus cabelos loiros, mas o restante era totalmente Dexter. Desde aquelas bochechas rosadas e pontilhadas de sardas, ao branco papel incomum de sua pele, ao ondulado bagunçado de seu cabelo e os lábios bem rosas. Mas meu filho parece que herdou algum gene Bev quando a questão é família. É claro que todo dia tiro um tempinho para ficar com ele, mas o Dexter passa muito tempo no trabalho e quando para em casa aproveitamos para ficamos todo o tempo possível juntos.

–Oi.

Digo sorrindo, quando o Bryan pisca os olhos rapidamente e sorri também. As covinhas aparecem em sua bochecha. De vez em quando nem eu acredito que tive um garoto tão maravilhoso. E muito menos que esse menino também é filho do Dexter. Há sete anos eu nem me imaginava namorando quanto mais casada com um não humano. É claro que o Dexter teve que se esforçar e muito para conseguir me arrancar um sim meu. E quando conseguir eu disse um ok. Hoje eu tenho um anel de ouro branco e três diamantes na mão esquerda e quatro anos de casada. Tivemos que casar cedo por causa de uma guerra eminente de humanos e cromes, o nome que damos aos híbridos sadics e humanos, e sadics do lado de Azazel, filho de Drakon, que fez esses últimos anos serem de muito trabalho. Quando ele se dá algum momento de paz, aproveitamos para sermos felizes sem interferência.

–Bom dia amor. Bom dia filhote.

Cumprimenta Dexter aparecendo sonolento, com os negros cabelos bagunçados, descalço e apenas com uma calça azul marinho. Ele passa a mão na cabeça de Bryan e me dá um selinho rápido. A versão Dexter de 26 anos é bem mais interessante do que a de 19. É mais maduro, paciente e muito mais bonito. O tempo caiu como uma luva para ele. Dexter parou de envelhecer ano passado, então parece muito com um cara de 25 anos e vai ficar assim até ter 45, quando vai envelhecer um ano.

–Oi, amor.

–Oi, papai.

–Hoje é o dia do piquenique?

Pergunta Dexter enquanto joga meu jornal amassado no lixo. Parece que todos em minha família tem aversão a jornais menos eu. Coloco o cereal de Bryan enquanto concordo com a cabeça. Eu tinha esquecido esse detalhe. O piquenique que a Bev marcou para ser em meu jardim era hoje. Isso faria com que minhas irmãs e seus respectivos maridos e filhos aparecessem aqui a qualquer momento, por que eles são imprevisíveis.

–Você esqueceu não foi?

–Eu acho que sim.

–Eu dou banho no Bryan enquanto você se arruma.

–Não está cansado?

–Não para você, nem para meu filho.

–Ok, então.

Concordo de mal humor. Por sorte, Bryan era um garoto bem inteligente para uma criança de sua idade e sabia comer sozinho. Outra coisa que puxou do pai. A capacidade de ser quase independente. E Dexter come de vez em quando. O que me dá tempo de tomar um café reforçado antes de tomar banho. Eu estava desembaraçando o cabelo quando a campainha tocou. Como eu imaginava alguém iria aparecer as sete da manhã em minha casa. Abro a porta e encontro a Beverly e o Alef. A Bev sorri ao ver minha cara de incredulidade.

–Oie Angie.

Cumprimenta ela com um sorriso maior que a cara. A Bev cresceu um pouquinho nos últimos anos. Adquiriu um estilo mais minimalista e cortou o cabelo em estilo Joãozinho. Mas depois que o HW nasceu ela ficou bem mais divertida. Henry William ou HW, como chamamos, é o bebê de três meses da Bev e do Alef. Eles, que achávamos que a cegonha iria visitá-los antes de eu e Dexter, os dois tiveram o primeiro filho há pouco tempo. Mas que o Henry é uma gracinha é inegável. Tinha cabelos bem escuros e grossos, a pele clara como a neve, olhos azuis e sardas. E era muito rubro. Henry estava no colo do Alef, dormindo como um anjo que seu pai foi um dia. O Alef se transformou em alguém bem diferente nesses últimos anos. Ele teve muitos altos e baixos, e isso afetava diretamente seu relacionamento com a Bev. No final das contas seu amor por ela venceu seu novo amor pelo poder. O Alef tinha se tornado um grande executivo de sucesso. Era o homem considerado o mais bonito e rico do mundo. E ele só tem 24 anos. Mas perto da Bev se tornava o Alef adolescente que conhecemos. Apaixonado e dependente. Depois que o William morreu, Alef ficou com o titulo de O Lorde Dark, assim como suas mansões, as empresas, o dinheiro e todo o patrimônio que um dia foi de William. Os muitos irmãos dele chamam isso de beneficio do filho da mulher amada. Mas Alef cuida bem de tudo que era de seu pai e não arranja confusão com seus muitos irmãos mais velhos.

–Bom dia, Angel.

–Oi Alef.

–Cadê o Dex?

–Esta com o Bryan lá dentro.

–Obrigado.

Agradece Alef, acenando com a cabeça e entrando com Henry. Não contenho uma cara de mau gosto para a Bev. De todos os milagres que ela poderia fazer, não conseguiu o mais simples: transformar essa personalidade introvertida do Alef em extrovertida. Ok, talvez não seja tão simples assim. Mas Alef é tão serio, parece que nunca rir. Quer dizer ele sorriu no casamento deles, e chorou quando William morreu, para depois sorrir novamente quando conheceu Henry e Bev disse de sua homenagem para o pai de Alef.

–Angel, acho que você já devia se acostumar com isso.

–Como o que? Seu marido quase nunca rir.

–Ele não faz o tipo sorridente.

–Eu já vi! Seu filho vai ser serio também.

–Vamos conversar lá dentro, Angie.

–Ok então.

Concordo dando passagem para Bev passar. O motorista do carro preto deles quebrou uma das minhas estatuas e eu só não o xinguei ele todo porque agora tenho um filho a dar exemplo. E o Dexter também não é muito apegado a esses tipos de palavreados.

–Ih, foi mal pela estatua.

Desculpa-se Alef sentado na cadeira de balanço com Henry acordado, brincando com o cabelo dele, que estava impecável antes. O Alef não parecia ligar com o Henry bagunçando ele todo. De vez em quando dava alguns beijinhos na bochecha do filho, e sorria para a Bev. Era impossível não ver que ele era um pai dedicado.

–Acha que o Cam vai demorar muito?

Pergunta Bev procurando o lençol xadrez para piquenique no meu armário da bagunça. Eu estava cortando algumas frutas e o Dexter fazendo sanduíche. O Alef cuidava e brincava com as crianças que riam tanto que até davam inveja.

–Acho que não. Mas eles têm três filhos, então é mais difícil arrumar aquela criançada toda.

–Difícil mesmo, Angie, é botar o Henry para dormi, eu já desistir á muito tempo.

–O Henry deve ter herdado muitos genes de lorde Dark do Alef. Bryan herdou muitos meus também. Não dorme de noite. A Angel pediu um filho parecido com o pai dela e ganhou.

–Falando em meu pai, sabe alguma noticia dos velhos?

–Estão criando os mais novos em Amsterdã.

–Em Amsterdã?

–Eles querem dar uma educação nova ao Samir e a Noah. E de preferência bem mais longe da nossa péssima influencia.

–O papai come a sobremesa antes do almoço, isso faz do Alef uma influencia melhor do que ele.

–Por que eu, Angie?

Indigna-se Alef todo sujo de tinta e com uma coca de índio na cabeça. Ele estava escondido atrás da poltrona. Bryan estava com o arco e flecha de brinquedo. E Henry ria muito com as caretas que Alef fazia.

–Nada não, Lef, continua ocupando as crianças antes que o Cam e a Caryn chegue com as delas.

Desconversa Bev, me dando um beliscão. Alef limpa a tinta de sua bochecha e boceja. Dexter repetiu o gesto. Eles eram criaturas noturnas gastando energia na hora errada. Dex suspira pesadamente de puro sono.

–Vocês têm sorte que eu gosto de crianças.

–Temos mesmo.

Concordo com o Alef sonolento, agora cuidado do filho e de Bryan que tomava suco de caixinha. Quase tenho um treco, mas nem me dão tempo de reclamar que a campainha toca. Dexter vai atender como zumbi, se arrastando. Tive a impressão que ele acabaria tirando um cochilo no meio do piquenique. Da ultima vez que isso aconteceu, Dexter e Alef acordaram iguais a duas bonecas pintadas. Digamos que Ellen, a filha mais nova de Cam e Caryn, é muito criativa e conseguiu ver duas bonecas em dois marmanjos barbados. Alef tem medo da pequena loirinha de cabelos encaracolados até hoje.

–Oi tio Dexter.

Diz três vozes infantis em coral. Dexter dá um pulo, e sai correndo para trás de mim como uma garota que ver uma barata. Alef sobe em cima do sofá e sai correndo em cima do meu centro e das bancadas da cozinha. Imagine dois marmanjos com medo de uma garotinha amável. Ellen aparece na cozinha, e a primeira coisa que a Bev faz é abrir os braços para ganhar um grande abraço da pequenina Ellen. Alef faz uma careta atrás da Bev. Depois aparece mais uma cabecinha loira e outra morena. Jean era o loiro e o filho do meio e Leon, o moreno, era o primogênito que Caryn e Cam fez na semana fatídica. Caryn aparece logo atrás deles e abre os braços para nós. Logo atrás dela vem Cam. Sem camisa, e com a barba crescida. Ele ria da cara de Alef e Dexter para Ellen que deu língua para eles e ganhou um beliscão da mãe. Esse piquenique prometia.

–-

Olhando para a baita turma se divertindo no jardim da minha casa sentei perto das minhas irmãs na varanda. Vendo os filhos da Caryn brincando com o pai deles, o meu pequeno Bryan empinando pipa com o Dexter e Henry tirando um cochilo com o Alef no lençol de piquenique foi impossível para nos espectadoras de uma cena tão improvável há anos atrás não suspirar. Era tão perfeita que eu não conseguia deixar de pensar que Drakon, provocando aquela confusão toda, nós tirando de nossa cidade natal, de nossas vidas quase normais, da nossa paz e do nosso conforto, nos fizera um grande favor. Que sofremos, é claro que sofremos. Passamos por tanto coisa ruim nos últimos anos que tínhamos esquecido o que é um pouco de momento de paz. Isso me lembrava da noite da pizza. Na noite em que a Carrie descobriu que estava grávida do Leon, que a Bev e o Alef resolveram tentar e eu cedi aos sinceros sentimentos do Dex. Aquela tinha sido a semana que nos provara que nunca seremos menos do que somos. Que mudara a nossa vida e a vida de muitos para sempre. Aquela foi à semana que me ensinou que devemos viver cada momento de nossas vidas como se fosse o ultimo. E que mesmo nas diversidades nunca deveríamos perder quem realmente somos. Essa é uma lição que vou levar para toda minha vida. Independente de o que eu estiver passando. Do que eu sofrer ou deixar de sofrer. Nada, nem ninguém, e nenhum acontecimento na terra poderá me diminuir e diminuir as minhas irmãs do que somos. Somos tudo o que quisermos ser. E tudo o que não quisermos. Somos mães, filhas e esposa. Amadas por quem nos conhece, odiadas por que acha que conhece. Somos Bloods. E sempre será assim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu não sei se fico triste ou feliz, então vou ficar satisfeita. Eu não sei vocês, meus caros leitores, mas as Irmãs Bloods não pode ter uma continuação. Até por que a " continuação" de Irmãs Bloods é exatamente as historias que as originou. Então eu decidir, que não faria uma continuação com a Angel,a Caryn e a Bev como principais, mas eu também não as deixaria esquecidas por que eu me apeguei a elas. O próximo livro que vou postar vai ter quatro principais, três delas são filhas da Caryn, da Bev e da Angel e a outra é totalmente nova. Então ninguém vai sentir falta delas. Ao contrario conheceram as facetas que essas mesmas garotas vão ter quando tiverem a idade que Ítalo tem agora. O nome da historia vai ser Raven, e eu vou postar lá para o dia quinze de janeiro, por que estou entrando na semana de provas da minha escola e etcs. Acredito eu que vocês vão gostar das confusões que essas quatro vai aprontar em um mundo pós apocalíptico, então conto com todos vocês em Raven. Obrigado por terem acompanhado a historia, comentem e recomendem. Bjss da Rac, e até a proxima. ( o primeiro capitulo de Raven vai aparecer em breve)