Irmãs Blood escrita por Raquel Barros


Capítulo 28
Nevoas


Notas iniciais do capítulo

Desculpas pela demora, mas na minha casa, o pc que escrevo quebrou, e demorou pacas para eu usar o notbook com tanta gente com a mesma ideia.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/516677/chapter/28

PVO- Alef

–Quem é Alef?

Perguntei sem mais nem menos uma da minha muita duvidas. Tinha um grande vazio na minha mente e no meu coração. Não. Eu tenho um coração. Ele esta nas mãos de um idiota com um sorriso que vai de uma das orelhas a outra. O sorriso era dirigido à bela dama da luz que me chamou de Alef. Não sou afeiçoado a damas da luz, mas essa me é estranhamente familiar. Melhor, lindamente familiar. Claro que o fato dela esta chorando me deu a impressão de esta perto de uma melodramática. Uma impressão que morreu assim que vi o olhar puramente de raiva para o idiota. Nunca vi uma dama da luz com raiva, então concluir que aquela dama da luz não era uma dama da luz normal. Seus olhos poderiam estar brilhando em prata com minha aproximação, mas seu coração não estava tão brilhoso assim. Ele estava magoado. E não tinha sido a primeira vez. Uma parte do meu cérebro praticamente venceu a outra gritando bem alto: oba! Brinquedinho novo. A quase derrotada e já obscurecida retrucou algo maluco como: não vá perder o que já é seu. Claramente a garota me atraia. Como um imã. Mas eu não conseguia lembrar-me dela. Apesar de ter um rosto inesquecível até para o mais cafajeste dos pegadores de plantão.

–Você não fez isso.

Sussurrou alguém aparecendo do nada ao lado do idiota. Um Lorde Dark. Melhor, o Lorde Dark. Meu pai, William Great. Consegui ver toda a fonte de meu poder vindo dali. Do seu sangue. Ele não parecia que estava muito feliz em ver meu coração nas mãos do patife. Assim como ninguém ao nosso redor. Estavam todos divididos em susto e raiva. Uma situação terrivelmente favorável para um Lorde Dark. Novatos, como eu, ou experientes, como William.

–Sempre cumpro minhas promessas.

–É claro. Mas não sei se você estar preparado para as conseqüências, Drakon.

Retruca a dama da luz, levantando graciosamente de meu lado. William tira meu coração negro e pulsante das mãos de quem seria Drakon e dá para a dama da luz. Que o aconchega entre suas pequenas mãos. Pensei em protestar, mas se ele, meu pai, confiava meu coração aquela dama da luz, era porque ela era confiável. E damas da luz não são controladoras. Então não tem perigo. Vou continuar a ser livre para fazer o que bem entender. Ou o que mal entender. Tanto faz. Ser um lorde Dark tinha suas vantagens. Não ser obrigado a ser um bom garoto era uma delas.

–Que conseqüências? Quem esta sofrendo as conseqüências é vocês. Fui bem explicito e me devolva o coração, senhorita Bev.

Exige Drakon. A dama da luz, Bev, fecha a cara para ele e leva meu coração ao peito. Drakon estende a mão pedindo meu coração e a Bev rosna para ele. Meu pai estava bem certo em dá-lo para a dama da luz. Ela parece que vai protegê-lo com a própria vida. Ótimo. Uma boa guardiã, poderosa e da luz com meu coração.

–Me dê o coração.

–Nem morta.

Avisa a dama da luz em tom de desafio.

Drakon perde a paciência e rosna para a dama da luz. Para a frágil e linda Bev. Isso me deixa um pouco furioso. Um pouco não. Muito furioso. Quem ameaça tão graciosa pessoa? Mais que um patife. Se uma pessoa é capaz de tentar algo contra alguém tão pequena e delicada, essa é uma pessoa extremamente perigosa. E se Drakon que meu coração, ele não deve viver nem mais um minuto.

PVO- Bervely.

Protegerei o coração do Alef com minha vida. Pelo menos o coração dele. Mesmo que ele tenha ido embora eu ainda o amo. Meu coração não se esquecera tão rapidamente dele. Ou nunca esquecera. Afinal de contas, o primeiro amor nunca se esquece, não é? E um amor como Alef, um anjo bom de puro carinho muito menos. O novo Alef, também parecia muito disposto a proteger seu coração. Ele levantou-se, com aquela pose de garoto mimado de mau humor. Lançou-me uma rápida olhada, que mesmo vindo de olhos tão negros fez meu coração bater mais forte, e ficou na minha frente, de maneira protetora. Apesar de eu saber que ele protegia seu coração, gostei em parte da atitude. O mesmo tipo de atitude que ele agia comigo antigamente. Ah, como eu queria que a ligação tivesse sido mantida. Queria saber o que ele pensa. De mim, principalmente.

–Bev, serio, feche os olhos.

Pede educadamente William atrás de mim. Como ele foi capaz de confiar a mim o coração de Alef, fui capaz de confiar nele e fechar os olhos. Espero até ele pedi para abri-los novamente.

–Pai!

Berra alguém ao longe. Abro os olhos na direção de onde vem o grito e vejo Hector e seu irmão que sobrou correndo até nós. Mas pai? Pera! Para tudo. Para o mundo, eu quero descer. Hector Trouble, filho do Drakon Apache? Meu Deus! Nada mais me surpreende nesse mundo. Quantos filhos Drakon têm mesmo? Parece que todo mundo é filho dele! Deus não deixa, mas se bobear até o Cam, de quem ninguém sabe quem é o progenitor masculino, também pode ser. Chega dá medo.

–Santo Deus! Mas as revelações não param mais nessa noite?

Pergunta Angel impaciente.

Não consigo entender o que esta acontecendo. Até que vejo o Alef prendendo Drakon com uma chave de braço de costas. Drakon estava muito diferente de mais cedo. Alef tinha feito um trabalho maravilhoso acabando com ele. O Alef olhava para frente, fixo em minha reação. Tanto ele quanto Drakon, que mesmo perto da morte, sorria para mim de maneira vitoriosa. Ele queria que o Alef selasse-se isso. Que o matar-se e o Alef se torna o Lorde Dark. Que não pudesse nunca mais voltar a ser quem era antes. Que não pudesse mais ser meu Alef. Nem voltar para mim.

–Não.

Sussurro pesarosa. Não pela eminente morte de Drakon. Pouco me lixo para ele. Mas por que nossa “vitoria” ira ter um gosto amargo. Para mim principalmente. Alef levanta uma das sobrancelhas e dá um solavanco severo na cabeça de Drakon para o lado. O corpo morto de Drakon cai no chão. E Alef é tomado por uma nevoa negra.

–Não pode ser. Não, não, não.

Sussurro beirando o histerismo. Minha voz vai aumentando enquanto a ficha cai. Agora sim eu perdi. Perdi tudo que importava. Quem eu mais amava. Não era possível. Não poderia ser. Mas eu vi com meus próprios olhos. Amanhã será uma alvorada sombria. O coração de Alef em minhas mãos se torna pó negro, que escorrega pelos meus dedos e misturam-se ao pó da terra.

–Bev.

Sussurra uma voz miúda em minha mente, que logo é tomada por todas as trevas que vem junto com o seu dono. Alef? Ele ainda esta aqui? Mas como? Não. Era uma ilusão. Uma doce ilusão. Eu queria tanto que fosse verdade.

Hector aparece de repente ao lado do corpo do pai. O olha como se não acreditar-se no que via. Depois olha para o Alef, para William perto de mim, e finalmente para mim. Depois olha para Alef de novo, e sou tomada por um medo insano de que Hector tente matá-lo. Mas ao invés de Hector atacá-lo, ele segue o olhar de Alef, que olha diretamente para mim. De maneira fixa. Não consigo compreender o que ele ver em mim agora. Mas por um nonagésimo de segundos vejo meu Alef nele. Claramente outra ilusão. Alef abaixa os olhos um pouco confuso, e quem passa a me encara como a próxima a morrer é Hector. Talvez ele não saiba que minha morte não afetaria em nada o Alef. Mas deve estar cego por vingança. Hector troca um olhar rápido com Derek.

PVO- Alef

Nem sei mais o que me deixa mais preocupado: Hector com sede de vingança e olhando paranóico para a Bev ou as Trevas correndo por minha mente a cem por hora. Se não fosse pela Bev me dando uma luz pequena e fraca, mas o suficiente para me manter são e consciente. Era difícil olhar para ela. Com aquela luz toda a envolver. Maldição. Como a tocarei novamente se nem consigo olhar para ela direito. E tudo claro culpa minha e de Drakon. Se ele não tivesse tirado meu coração, meu pai terminaria o trabalho, e eu poderia ter voltado para a Bev como sempre volto.

–Tirou meu pai de mim, Alef, agora é minha vez de tirar alguém importante de você.

Sussurra Hector caminhando em direção a Bev. Vou atrás dele, mas Derek me puxa de volta. Como não o vi chegando? Claro, estou muito ocupado preocupado com a Bev. Como sempre. Mas é só eu bobear e algum louco inventa de ameaçar ela. Tento me desviar de Derek e ele continua insistindo. Derek sempre foi mais forte e habilidoso do que eu. Eu sempre fui o menor. O mais fraco, o mais bobo. Mas, com a Bev em perigo, a historia é outra.

–Se eu fosse você me soltava.

– Você nunca foi capaz de me bater Alef. E suas asas te deixam mais pesado, e eu estou sem as minhas. Por enquanto.

–Veremos.

Aviso deixando aquela parte pulsante e incontrolável do meu cérebro tomar conta. Já era à hora do Breu. Se entregar as trevas é como ver tudo o que ama se afogando em águas lamacentas e negras. Tudo sumia. Quem você é, o que você gosta e quem você ama. Tudo afundava como pedras na água. Sobrava apenas o medo, a raiva e a duvida: você a terá de novo? É como não ser uma criatura viva. Não sente nada.

PVO- Bev.

Hector agarrou-me braço e começou a me arrastar para algum canto da montanha que eu não sabia onde era. Perdi o Alef de vista quando ele começou a lutar de maneira feroz com Derek. Para mim, sobrou apenas espernear. Debater-me muito, mesmo que isso acabe me dando alguns arranhões e hematomas. Hector era bem mais forte do que eu.

–Quer parar de se debater?

–Não! Eu nunca vou parar de lutar!

–Ótimo!Fique assim, gaste energia a toa grande Bervely, assim seu grande anjo negro não vai mais sobreviver. Não vai ter energia nem se quer para curá-lo.

–Do que você esta falando, seu idiota?

Pergunto aproveitando para ofendê-lo. Esse cara parece tão louco quanto seu pai. Do jeito que os genes sadics são é capaz de ser mesmo.

–Seu Alef pode até ter matado meu pai Bev, mas tem algo maior em ocorrência. Drakon não estava agindo sozinho.

–Disso todo mundo sabe.

Retruco cruzando os braços. Ou pelo menos tentando.

–Não! Sua mãe Ivy é a verdadeira vilã dessa empreitada.

–Minha mãe morreu.

–É o que ela quer que você pense.

–E por que esta me dizendo isso?

–Sou o grande espião do lado de cá.

–Esta me dizendo que traiu seu pai?

–Ele já estava louco.

–E quem sabia disso?

–Seu pai, nenhum dos Gardens e acho que a Bonnie e o William também.

–O que você vai ganhar me ajudando?

–Passe livre.

–Para que?

–Ver a Hannah.

–Desde que não seja minha amiga Hannah.

–É essa mesma.

Avisa ele. Volto a bater em Hector. Como assim a Hannah? Minha melhor amiga Hannah? Quer dizer, ela é linda e encantadora, mas eu prefiro Hector bem longe dela. O garoto é problema. Anoto mentalmente para nunca apresentar os dois.

–Para com isso.

–O que me garante que você esta falando a verdade.

–Se eu tivesse mentindo você teria alguma reação alérgica!

–E o Alef?

–Se chegamos antes da Ivy, ele consegue sobreviver.

–Por que o deixou lá?

–Ele é a isca Bev. A pessoa que você mais ama no mundo. Sua mãe é invejosa, ela quer o poder dele e seu amor, e ver o Alef como um empecilho para isso.

–Eu não deveria esta perto dele?

–Assim ela tiraria seu poder também, e tudo se ferraria. Agora, entra aí.

Pede ele mostrando um pequeno armazém que eu acho que era para comida enlatada. Era tão apertado que acho que nem eu caberia aqui dentro.

–Não!

–Vou ter que dopá-la?

Ameaça ele impaciente. Ok! Antes escondida do que dopada e sem noção previa do mundo.

–Não, eu entro.

Concordo entrando naquele esconderijo pequeno que mal cabia Hector e eu direito. Preocupações corroíam a minha mente. As duvidas eram pesos a parte. O filho de Drakon falava realmente a verdade? Alef estava em perigo? A Ivy, a mãe que nunca conheci estava viva e queria o poder do Alef? E meu pai? Minhas irmãs? E minha mãe adotiva? Por que eu tinha que ser escondida? Estou longe de ser importante. Ou isso também é só uma ilusão dessa vida mentirosa que me arranjaram? Começo a roer as unhas de preocupação. Demora um tempão aqui no escuro. Ele sempre parece que me olha.

–Cadê a Bev, meus caros?

Pergunta uma voz feminina, que parecia com a minha. Ivy. Logo imaginei.

–Ôoh, Bev. Apareça logo ou seu namorado vai se tornar um defunto.

Berra Derek. Logo depois alguém berra de dor. Sinceramente, doeu em minha alma. Estavam torturando o Alef? Parecia que sim. Hector me segura para que em meu desespero eu não saia do esconderijo.

–Vamos daminha da luz, vem salvar seu Alef.

Provoca um pouco mais Derek. Outro grito. Dessa vez mais alta, mais cortante. O grito de alguém sofrendo horrores. Parecia que estavam esmagando meu coração, assim como esmaga a uva para o vinho. Pisavam e pulavam nele sem nenhum dó nem piedade. Eu não posso mais deixar o Alef sofrer por minha causa. Não é certo.

–Hector, por favor, me deixe ir.

–Seria te colocar em risco.

–Eu assumo esse risco. Eu preciso ir. Nem que depois que isso tudo terminar eu tenha que menti para meu pai e dizer que te ameacei, mas, por favor, me deixe ir.

Imploro. Hector me libera tempos depois. Saio correndo em direção de onde viemos. Alef esta no meio do topo. Abatido, a cabeça baixa, os olhos totalmente negros, os cabelos jogados em cima da face. Seu lábio inferior estava machucado, e uma das asas negras estava quebrada. Tudo culpa minha. Se eu tivesse vindo mais cedo. Alef levanta o olhar assim que percebe minha aproximação. Ele é cauteloso de primeira vista, então muda para aliviado e por fim desesperado. Agacho-me perto dele, e seguro suas mãos aos tremulas. Recebo uma leve descarga elétrica, e depois nossas peles se acostuma uma com a outra.

–Alef.

Chamo delicadamente tirando um pouco de seus negros cabelos da frente. Alef levanta ambas as sobrancelhas.

–Pensei que você nunca mais viria e quase estava dando graças por isso.

–Alef!?

–Não quero você me perigo, Bev, e se você esta aqui, em perigo, é por minha culpa. Estou falhando de novo.

Explica ele matando o tom anterior. Quase achei que ele não gostava mais de mim. Quase. O Alef agora estava meio de volta. Ainda a esperança.

–Não sua culpa, minha escolha é estar aqui com você. Mesmo que isso signifique perigo para mim.

Discordo procurando quem ele diz ser o perigo. Minha mãe Ivy. Não a encontrei. Nem ela nem Derek. Ou minha família.

–Esta me procurando, querida?

Pergunta Ivy atrás de mim. Alef rosna e quando me viro, fico impressionada com nossa semelhança. Ivy tem olhos azuis celestes e o cabelo castanho é longo até a cintura. Por aí para nossas semelhanças. Ela é alta, esbelta, tem curvas maravilhosas, e é muito, muito bonita. Tipo, eu não posso ter saído dessa mulher. Não é possível que ela seja minha mãe. Nem sardas tem! Ela é tipo linda de doer na alma, e eu sou tipo bonitinha de se aproveitar.

–Você é minha mãe?

Pergunto incrédula. Ivy sorri, e coloca o cabelo atrás da orelha. Mania minha. Ok. Talvez ela tenha me dado a luz. Só isso.

–Você é uma gracinha. E sim, eu sou sua mãe.

Responde Ivy se aproximando graciosamente, se eu pudesse recuar, recuaria. Ela até pode parecer encantadora e boazinha a primeira vista, mas consegui enxergar algo já apodrecido nela. Seu coração era negro.

–E por que você é tão má?

–Quem te disse que sou má?

–Eu vejo seu coração. Ele é negro.

–Ah, queridinha, você esta namorando com um lorde Dark, não sabia?

–Ele acabou de se tornar um.

–Mas isso não fez com que seu amor diminuir-se, fez?

–Não!

–Então pronto. Se você pode amar um deles, pode me amar também.

–Tem que ser por merecer.

Retruca o Alef em meu lugar.

–Quieto rapaz, eu já estou um pouco cansada de você. Não vejo a hora de arrancar todo esse poder desperdiçando em você e findar de uma vez por todas a sua existência.

–Primeiro você teria que conseguir meu coração.

–Ele esta na sua frente, Alef. Não vê? Seu coração é uma alma viva e pulsante. È a própria Bev.

–Como é?

–Isso aí, por esta segurando seu coração quando se tornou o Lorde Dark, no lugar de seu pai, minha filhinha Bev, do qual passei o maior sofrimento para ter, se tornou seu coração. Aí que lindo.

–Não mataria sua própria filha, não é?

–Para conseguir o que quero? Bem, digamos, que sim.

Responde Ivy friamente. Seus olhos azuis se tornam negros e sem brilho, e o Alef engoli seco. Logo depois uma nevoa começa a envolver Ivy até os calcanhares. Ela é negra e parece que brinca entre os dedos, pulsos e tornozelos de Ivy. Olho para o Alef, que não consegue esconder o seu horror. A nevoa era perigosa.

–O que é aquilo?

Pergunto não acreditando enquanto somente a nevoa negra se aproximava lentamente de mim por todos os lados.

–Trevas.

Responde ele cabisbaixo. Um pouco dessa nevoa tocou meu tornozelo subindo por minha panturrilha, meu pulso, ombros e bagunçando meu cabelo. Uma náusea me atingiu. Aquilo não poderia ser normal. Natural muito menos. Uma parte de mim lutava para não começar a brincar com elas e a outra para não desmaiar. Eu nem se quer tinha como me defender. A nevoa passava direto pelo Alef. Ele novamente se tornara meu refugio. Como sempre. Chego mais perto dele, que fica me olhando. Chego mais e mais perto. E encosto bem lentamente minha cabeça em seu peito. Alef suspira e envolve-me seus braços. E faz com que eu suspire também.

–Se ela começar arrancar meu poder novamente vai te atingir também.

–Que atinja.

Retruco me aconchegando cada vez mais nele. Dito e certo. De repente alguma coisa agarra minha panturrilha, e eu sinto como se tivesse sendo sugada aos poucos. Começa a doer. Muito, assim como na piscina, quando aquela nevoa negra tentou me matar. Acontece a mesma coisa. Mas não tinha a água fria para apaziguar a dor. Alef treme, olho para ele e o vejo tentando evitar um berro. A nevoa subiu por sua asa boa e penetrou nela como uma sanguessuga.

–Vamos acabar com isso.

Avisa Ivy. Pela minha visão periférica vejo-a abrindo os braços. E a dor se torna insustentável. É como se queimar. Só que por dentro. È horrível se ver consumindo-se. Sua essência saindo, indo para outra. Se resistir-se, doeria mais. Mas não é isso que estou fazendo? Resistindo com cada célula do meu corpo. Meu coração não esta sendo esmagado, e meus pulmões não estão pegando fogo por causa disso. Mas, se Ivy quer meu poder, ela vai ter. Se isso que eu tenho nos meus genes pode me matar e colocar o Alef em perigo, eu não quero mais ter. Levanto com dificuldade. Vejo o corpo em convulsão do Alef e percebo que não valia à pena continuar com qualquer coisa que eu estiver dentro de mim se ele não estivesse comigo para descobrir. Convoco o que eu consigo me lembrando de momentos felizes da minha vida. Momentos como minhas irmãs brigando por causa de biscoitos com gotas de chocolate, o Alef me abraçando ontem para me despreocupar, minha mãe Antonieta brincando com um gato de rua, meu pai comendo sobremesa antes do almoço, a Bonnie zoando com o seu falecido marido, eu brincando com a Angel na piscina. Imagino esses momentos novamente. Mas dessa vez palpável. Com cor e forma. Como se tivesse lá. Quando tudo acabar, aqueles momentos ainda estarão comigo. A prova da felicidade que tive. Algo que Ivy nunca poderá tirar de mim. Meu amor, minha felicidade, minha luz. Relaxo cada célula que tenho e confiro se estou pronta. Impressiono-me que mesmo sacrificando algo que pode salvar o mundo mais tarde, sinto que sim. Respiro fundo, e convoco tudo o que tem em mim para a ultima batalha. Um ultimo esforço.

–Quer meu poder, Ivy? Fique com todo ele.

Cedo de boa vontade impressionando Ivy. Uma estranha nevoa branca e brilhante esta enrolada em meus braços e pulsos. Eu não precisava daquilo. Sem muito esforço dirijo com todas as minhas forças aquela nevoa para Ivy. A luz corta a noite, e as trevas se desenrola dos meus pés, e deixam o Alef. Ivy se torna tão brilhante como uma estrela, enquanto minhas forças vão esvaziando lentamente. Outro raio de luz, dessa vez azul, atingi Ivy. Pela minha visão periférica vejo que vem da Angel, que esta do outro lado da montanha. A Angel parecia mais uma sadic do que ela mesma. Do lado esquerdo vem outro raio. Não de luz. Era a mais pura trevas. Opaca, negra, e densa. Vinha de William. Isso animou o Alef, que levantou e dirigiu suas próprias forças também para Ivy. Logo a Caryn se juntou a nós produzindo luz dourada. O Cam e o Dexter construíam uma barreira. O Dexter, que parecia mais com um Jack Frost da vida, estava criando uma barreira de gelo puro e denso. O gelo nós rodeava aos poucos, de maneira graciosa. O Cam evitava que qualquer um chegar-se perto de Dexter com alguns lobos menores com ele, mas ainda assim bem grandes. Ele tinha arranjado uma matilha? Mas de onde gente?

Alef me deu um beijo na nuca e sussurrou:

–Vou ajudá-los. E se isso te ajuda: Eu te amo.

Depois ele sai, e começa a ajudar o Dexter na barreira. Eu estava tão às nuvens que poderia começar a dançar a qualquer momento. E antes que eu perceber-se foi isso que eu fiz. Do nada comecei a rodopiar, e logo a luz começou a sair mais facilmente. Ela dançava comigo. Brincando entre meus tornozelos. Entre meus pés. Rodopiando, vindo e indo. Era maravilhoso. Uma paz incrível me inundou. O Alef acabou ajudando realmente. Sem perceber, minha luz se juntou com a de Caryn que começou a dançar comigo. Nunca dancei com a Caryn na vida. Já que eu não sou exatamente a melhor dançarina do mundo. E a Caryn é uma bailarina espetacular. Mas quem se importa? Estou mais me divertindo do que sacrificando. Quer dizer. Quando acabar isso, se eu sobreviver a minha mãe biológica assassina, vou estar exausta, exausta, exausta. Quem se juntou a nossa dupla de bailarina foi a Angel. Outro prodígio da dança. Com isso as nevoas juntaram-se e se tornaram cor de roxa. Juntas conduzimos novamente para Ivy. Só que por essa nevoa roxa ela não esperava. E uma grande explosão prata, roxa e dourada aconteceu. Finalmente, tudo tinha acabado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, comenta. Provavelmente vamos ter mais três capítulos e quem tiver algum pedido para algum casal, já é hora. E por favor recomendem a historia. A proposito, devo obrigadas a Maya Styler por ter recomendado a historia. E beijocas para vocês.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Irmãs Blood" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.