Já sabia que o tempo que Vanessa passasse ali na minha casa saria torturante. Mas que ideia horrível essa da minha mãe! Ela poderia ter chamado qualquer amigo. Mas chamou Vanessa e seus filhos repugnantes. Essas serão as piores férias que já tive, sem dúvidas.

Estou sentada no sofá esperando meus adoráveis primos e a visita indesejada. Já troquei o pijama e agora visto um vestido preto simples. Bem, a casa é grande o suficiente para evitar os metidinhos. Conseguirei com sucesso. Exceto Liam. Esse garoto me persegue. Ele deve pensar que sou alguma espécie de jogo! Eu diria que ele é o mais horrível dos irmãos, mas então me lembro de Júnior. Ninguém consegue ser mais metido que ele.

Quando a campainha toca, tento me animar pela visita dos meus primos, mas não consigo sorrir. Não estou disposta a sorrir forçadamente, então me mantenho sentada com os braços cruzados. Mamãe surge, andando apressada e secando as mãos na calça. Então ela atende a porta.

Quem chegara foi minha tia Bel e suas filhas, Hellena e Luize. As duas vieram correndo em minha direção. Esqueci a raiva e abri um largo sorriso, descruzando os braços quase de imediato. Elas se jogaram no sofá.

–Emma!- Exclamaram ao mesmo tempo. Elas fazem praticamente tudo juntas. São gêmeas idênticas. Ambas com os olhos pretos e grandes, a pele amarelada, cabelos louros ondulados. Mas não são parecidas na personalidade. Luize é uma menina obediente, que não hesita em ajudar aos outros... Um doce. Já Hellena, não é bem assim. É muito impulsiva e não teme em dizer o que pensa. Não teme em dizer “Não”. Além disso, encontram-se em seu cabelo, várias mechas azuis espalhadas aleatoriamente. E elas têm apenas doze anos.

–Eu senti sua falta.- Luize diz. Ela usava uma blusa de cor violeta com alguma coisa escrita em inglês. Não perdi meu tempo tentando ler. Seus cabelos estavam amarrados em uma trança bem feita jogada sobre um dos ombros. Ela usava uma saia preta.

–Também.- Diz Hellena jogada em um canto do sofá.- Estou exausta da viagem. E com fome.- Hellena usava uma blusa branca com uma coroa desenhada em verde e um short jeans. Seus cabelos estavam soltos, o que me fez perceber que ela os tinha repicado.

Minha mãe havia ido para outro cômodo com tia Bel e eu nem percebera.

–Achei que Billy já tinha vindo.- Hellena gira os olhos. Outro fato sobre ela: Ela não chama seus tios de “tio” ou “tia”. Ela diz o nome apenas.

Eu fiquei conversando por um longo tempo com elas, depois fomos para o quarto para conversarmos melhor. Mesmo eu sendo quatro anos mais velha que elas, gosto de suas companhias. Talvez por eu não ter ninguém nunca para conversar. É claro que eu não conversaria com meus irmãos coisas que falo com minhas primas. O tempo parecia não passar enquanto conversávamos. Geralmente assuntos de escola, pois somos da mesma.

Até que o trio que eu estava esperando adentra o quarto. Annabely, a mais nova, é morena e bonita. Tem cabelos lisos e castanhos. Não como os meus, um castanho mais intenso. Os olhos dela parecem com os das gêmeas. Ela veste uma blusa verde com estampa de flores e uma saia curta rosa. Nos pés, botas branca, que ela arranca quase imediatamente dos pés. Ela sobe em minha cama, onde estou sentada, e me da um abraço muito gostoso.

–Também estava com saudades.- Digo em meio ao abraço. Ela se separa de mim e me fita.

–Eu não disse que estava com saudades.- Ela franze o cenho.

–E não estava?- Rio

–Nem um pouquinho.- Ela ri também e me abraça novamente.

Dianna, a irmã mais velha, senta-se ao lado de Annabely. Ela se parece muito com a irmãzinha, exceto pelo cabelo. Os cabelos de Dianna são cacheados e muito bonitos. Ela é morena e não muito alta. Porém mais que eu. Ela é um ano mais velha que eu. Ela está vestida com uma blusa preta bem decotada e um short jeans. Nos pés, uma sapatilha preta que combina com a blusa.

–Emma.- Ela sorri, como um cumprimento.

–Olá, Dianna.- Respondo também sorrindo.

–Somos invisíveis agora, por acaso?- Diz Hellena irritada.

Dianna ergue as mãos em rendição.

–Desculpa.- Ela reprime o riso.- Oi Hellena, oi Luize.

E por último o irmão do meio, Chris, que não se senta, apenas continua a observar-nos de onde está. Chris tem um sério problema de nunca usar o cérebro. É um idiota, sério, pior que Stive e Will juntos. Ele poderia ser gêmeo de Dianna se não fosse pela diferença de dois anos entre eles. Os cachos de Chris são semelhantes aos de Dianna, porém tão pretos que quando ele sai no sol, adquire um tom azulado. Ele é moreno, mas seus olhos são verdes, como os de meu tio Billy. Todos os três se parecem perfeitamente com a mãe, apenas com alguns detalhes do pai. Annabely e Dianna, por exemplo, possuem a mesma cor do cabelo de Tio Billy. Os cabelos de Annabely são lisos como os dele, e os olhos de Chris, que são exatamente iguais aos dele.

–Que foi, Chris? vai ficar em pé aí como um babaca?- Falo.

Chris ri, mas continua em pé.

–Calma, Solzinha.- Odeio quando me chamam assim. É claro que é pelo fato de eu ir ver o sol nascer toda a manhã.- Só não estou com vontade.

–Tudo bem.- Dou de ombros.- Você quem sabe.

Passamos horas conversando. Mais até do que deveríamos. Os idiotas dos filhos de Vanessa já devem até ter chegado, mas eu não desceria para verificar. Que bom que eles não entraram no meu quarto, senão eu surtaria. Bem, até que não seria uma má ideia passar todas as férias aqui no quarto, sem ter que topar com um deles por aí. Stive e Will, provavelmente devem estar trocando assunto com aqueles toscos. Não entendo como eles podem gostar de conversar com pessoas assim!

–Emma!- Ouço minha mãe gritar.- Meninos! Venham lanchar!

Droga. Agora eu vou ter que descer e encarar aqueles estúpidos.

–Já vamos, mãe!- Grito em resposta. Olho a todos presentes.- Droga.- Sussurro.

–Que foi Emma?- Pergunta Dianna visivelmente preocupada.

–Vou ter que descer.- Falo baixo.

–E que mal há nisso?- Pergunta Luize.

–Você sabe quem está lá em baixo?- Digo. A raiva deve estar visível nos meus olhos.

–Quem...?- Pergunta Annabely.

–Aquele metidinhos!- Falo pegando uma almofada da cama e jogando-a no chão.

Dianna parece perceber de quem se trata e arregala os olhos.

–Os filhos da Vanessa?- Ela pergunta.

–Sim!- Digo.- O nojento do Júnior, a metida da Amélia e o pior: o irritante do Liam!

–Não acho que o Liam seja tão mal assim...- Chris se interrompe ao perceber o olhar ameaçador que estou lhe lançando.

Começo a choramingar.

–Ai, o que eu faço agora?

–Para de choradeira, Emma.- Hellena gira os olhos e se levanta.- Se vocês não vão descer, eu vou.

–Lena!- Briga Luize

–Que é?- Ela já havia chegado à porta do quarto.- Estou com fome.

Hellena sai, porta afora.

Então eu me levanto e vou até a porta. Afinal, Hellena tem razão. Não adianta choramingar. Liam, Júnior e Amélia estão ali e pronto. Devo aceitar.