You could be Happy escrita por Dizis Jones


Capítulo 21
Capítulo 20




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Capítulo 20

Acordar em um hospital, realmente eu não pensava que iria acontecer isso novamente, escutei o bip tradicional a qual estava acostumada, abri meus olhos lentamente me acostumando com a claridade, virei meu rosto, e percebi que estava ligada ao oxigênio, minha mãe estava sentada lendo uma revista.

— Mamãe? — senti minha boca seca, ela veio em minha direção.

— Meu amor acordou!

Pensei em uma resposta irônica mentalmente, mas fiquei calada e sorri.

— Estou com sede.

Ela pegou a jarra com água e me serviu, eu me coloquei sentada tentando não me desconectar de nenhum aparelho.

— O que houve?

— Eu acho que foi muito estresse, a doutora Fells ainda não chegou, ela estava viajando foi passar um final de semana com o marido no campo, mas acho que logo ela estará aqui.

— Não precisava tirá-la do passeio. — me senti culpada, até minha doutora estava deixando de ter uma vida, já não bastava meus pais.

— Filha, é normal, ela deve fazer isso sempre, afinal não escolheu uma profissão que a dê muita liberdade.

Concordei com a cabeça, minha mãe sabia muito bem como argumentar.

— Desculpe por isso.

— Você não tem culpa, meu amor.

Nesse instante a porta do quarto se abriu e a doutora Fells entrou, ela estava vestida bem informal, mas estava com o jaleco branco sobre seu vestido florido na altura dos joelhos, seus cabelos estavam soltos, não que eu nunca a tivesse visto assim, porém eu sabia que ela estava tendo um final de semana agradável.

— Olá Hazel!

— Olá, te tiraram do seu passeio?

— Não que fosse algo tão extraordinário, mas estava me divertindo com meu marido, deixei as crianças com ele e vim assim que pude, seus resultados estão chegando dos exames que fizemos, e os que você fez ao chegar aqui, logo posso falar o motivo desse desmaio.

— Deve ter sido só o estresse, não pode doutora? — minha mãe estava tão preocupada que nem imaginava o tom de obrigação que eu ela usava nas palavras.

— Pode sim. — Dr. Fells sorriu. — Não se preocupem a toa, isso é normal, Hazel está com os pulmões cansados.

Uma enfermeira entrou trazendo uma pasta e entregando a doutora.

— Vejamos aqui. — ela estava sorrindo, mas algo que ela viu nos exames a fez mudar a fisionomia de seu semblante.

— O que foi doutora? Algo errado? — não fui a única a perceber sua mudança de humor. — Minha mãe perguntou preocupada.

— Olhe, eu não posso dizer nada sem consultar mais de um médico.

— Uma junta?

Minha mãe viveu tempo demais em um hospital, pois se eu passei minha vida no hospital ela estava sempre ao meu lado, mas enquanto eu passava meu tempo decorando os horários dos funcionários, ela estudava, e tratava de saber tudo sobre as expressões médicas aquelas que nunca entendemos os motivos, ela sabia, acho que era uma defesa para nunca enganarem ela. Uma junta até eu sabia que era algo que os médicos faziam quando algo estava muito mal a ponto de um só medico não poder resolver sozinho os problemas de um paciente.

— Sim, mas não se preocupem, é só para tirar algumas dúvidas, a princípio vamos trocar alguns medicamentos, e teremos algumas observações a fazer, seu corpo está tendo uma pequena rejeição, mas isso é fácil de resolver, porém o preocupante é seu pulmão, por conta da rejeição, essa complicação cardíaca o afetou, sendo assim causando um derrame pleural, ele é mais conhecido como água nos pulmões.

Olhei para o lado e foi quando percebi um pequeno cano ligado a meu corpo.

— Quanto tempo eu estou apagada?

— Você deu entrada perto da uma da tarde, agora são sete horas.

— O que tudo isso quer dizer?

— Hazel, não tem nada a temer, o pior você já passou, porém não contávamos com essa reação de seu pulmão, ela é um sintoma de rejeição, mas pode ser controlada, você terá que usar oxigênios por um logo tempo, se esforçar menos, coisas básicas.

— Resumindo: deixar de viver novamente.

— Não Hazel, acalme-se filha, a doutora está falando que vai ficar tudo bem.

— Sim Hazel, fique calma, tudo tem solução. Senhora Lancaster preciso que passe na recepção e assine os papeis do seguro, que precisamos de liberação para exames.

— Tudo bem, filha eu já volto. — sorri para ela.

— Não se preocupe, estarei aqui.

Assim que minha mãe saiu a doutora olhou em minha direção.

— Sabe que poderia ter evitado isso se tivesse me procurado antes, sei que às vezes é imperceptível, mas você já está sentindo esses sintomas há tempos.

— Eu sei doutora, mas pensei que fosse normal.

— Hazel, nada é normal quando não se sente bem, não queria assustar sua mãe, mas sei que você é teimosa e vai pesquisar sobre isso.

— Ela também.

— Eu sei, mas sua mãe tem algo que você nuca tem, esperança.

— Eu tive esperança, ganhei um coração, uma vida e agora tudo isso pode ir embora.

— Não vai Hazel, tenha fé, as coisas não estão tão ruins, me diga, aquele rapaz bonito sentado na recepção é o tal namorado?

Olhei para ela, podia Tobias estar sentado me esperando? Lembrei que antes de estar aqui tivemos uma briga.

— Se ele for o mais gato é ele. — sorri.

— Viu seu humor voltou! Continue assim, tenha fé, isso vai passar.

A doutora Fells saiu do quarto e eu fiquei por um tempo ali pensando em tudo, ela tinha razão eu deveria ter vindo antes, eu sabia de tudo, eu pesquisava, mas acho que me deixei levar pela vã ilusão de que eu era uma garota normal por um pouco de tempo.

Logo minha mãe entrou pela porta sorrindo.

— Filha tem alguém que quer te ver ali fora, ele não foi embora a nenhum momento.

— Não sei se quero vê-lo.

— Filha, ele disse que vocês brigaram, mas dê uma chance ao garoto, brigas acontecem, isso faz parte de um relacionamento.

Eu entendia essa parte, o que eu não entendia era que essa briga foi por algo que não poderia ser mudado ou controlado.

— Mande-o entrar. — mesmo não tendo certeza disso, eu deixei.

MUSICA

Minha mãe saiu, eu olhei em direção a janela, estava novamente ali deitada em uma cama de hospital, tubos ligados a meu corpo, eu me arrependi naquele instante de permitir que Tobias visse isso.

Eu aguentei dez anos arrastando meus pais a esse mundo, a muralha que era colocada entre o mundo de liberdade e o mundo de Hazel, eu não poderia arrastar alguém mais, juntamente comigo.

Assim que Tobias entrou, eu vi o seu olhar, e vi algo que me doeu: pena, eu não poderia suportar enfrentar esse olhar.

— Oi. — sua voz rouca era um misto de preocupação e medo.

— Oi. — eu só consegui responder isso, ele veio em minha direção segurou minha mão, meu coração estava batendo forte, o que fez a máquina apitar mais intensamente, sorri com isso, quebrando um pouco do clima tenso.

— Sou entregue por essa máquina idiota.

— Sim, acho que irei comprar uma destas aí saberei quando eu não devo ser um idiota e te fazer quase ter um enfarte por minha culpa.

Aquelas palavras foram tão pesadas, senti como se eu fosse um vidro e ele tivesse atingido uma pedra certeira eu me quebrei inteira. Tobias estava se culpando por minha negligência.

— Não foi sua culpa, foi minha.

— Não, eu fui um idiota não deveria...

Apertei sua mão e encarei seus olhos que estavam cheios de lágrimas.

— Não! Eu não avisei antes, eu venho me sentindo mal há algum tempo, mas eu deixei isso ir longe demais.

— Por quê? — sua testa vincou. Ele me encarou.

— Porque eu estava vivendo, não queria acabar com tudo por uma simples pontada no peito, uma simples falta de ar. — dei de ombros. — Sonhar que se é normal é bom.

Ele ficou mais preocupado, seus olhos percorreram os tubos que estavam ligados, eu me senti pior que se eu estivesse nua em sua frente, era vergonhoso.

— Das próximas vezes é melhor você se cuidar.

Naquele instante eu soube que eu não deveria prolongar isso, era hora de voltar a realidade, o sonho estava acabado, eu não era uma garota normal, e Tobias não precisava disso em sua vida, ele precisava voar, ele era um tordo livre eu não, era um tordo machucado, o tempo que passei na gaiola me deixou marcas incuráveis.

— Tobias, não podemos mais levar isso.

— O que?

— Não podemos ficar juntos.

Foram as palavras mais difíceis de dizer, meus olhos agora eram duas fontes de lágrimas.

— Se for pelo que eu fiz... — senti a dor e a culpa em suas palavras. — Me desculpe eu fui realmente um egoísta...

— Não, você não foi, eu fui, sabia que isso afetava você, e mesmo assim fui até você e sabe porque, eu queria conforto, fui acostumada a isso, me confortarem quando eu estava mal, e queria isso de você sem ligar para o que te afetava.

— Hazel pelo amor de Deus, eu estava cego, eu te falei, nunca amei ninguém como eu te amo!

— Pare Tobias, eu não posso fazer isso com você, olhe para mim agora, estou novamente presa, eu fui uma tola, achei que podia voar, achei que podia ter tudo, mas não posso.

— Não faça isso no impulso, sabe por que eu estava pedindo um tempo? Porque eu queria pensar para não agir assim como você está fazendo.

Respirei fundo, ele iria insistir, eu não podia fazer nada, mas então eu tentei.

— Então agora estou eu lhe pedindo. — sabia que era golpe baixo, sabia que pedir isso era torturá-lo duas vezes, mas eu precisava de um tempo.

Tobias nada disse, ele soltou minha mão e foi até a janela do quarto do hospital ele ficou ali parado.

— É isso o que você quer realmente?

— Sim. — respondi.

Ele veio até o meu leito e debruçou-se sobre mim, eu virei o rosto quando ele foi me beijar, então seus lábios foram até minha bochecha e depois a minha testa.

— Então tudo bem, respeito isso.

Assim que ele saiu, eu não contive mais as lágrimas, a dor que estava latejando agora sabia que era emocional, pois mesmo medicada ela não passava.

***

Foi uma semana de internamento, até que drenaram meu pulmão com medicamentos.

Chegar a minha casa não era tão reconfortante pelo fato que estava arrastando um cilindro de oxigênio, com muita briga insisti que ficaria em meu quarto no segundo andar, não queria voltar à biblioteca, deitei em minha cama, peguei meu celular e vários recados de melhoras estavam na minha caixa de mensagem.

Tratei de responder os que eu achei conveniente.

— Filha? — minha mãe entrou em meu quarto. — Você tem visita.

Meu coração bateu forte, parte dele queria que fosse Tobias, outra parte queria evitá-lo.

— Mãe diga que estou dormindo.

— Não está não! — uma Christina toda animada surgiu atrás de minha mãe.

— É você Chris, desculpe eu estava...

— Sei querendo se livrar das visitas chatas, acredite, sei como é isso, mas enfim eu não fui ao hospital, pois realmente odeio, porém estou aqui hoje, e aproveitei e trouxe alguns trabalhos das matérias que você faz comigo.

— Obrigada Chris, não precisava, nem sei se vou voltar.

— Nem comece! Você está doente acontece, mas vai voltar, temos a festa de inverno, teremos o feriado de ação de graças e natal, muitas coisas ainda então pare de ser idiota, eu não sou o Tobias que cai em sua ladainha.

Sorri com a impetuosidade de Chris havia me esquecido desse seu lado, mas assim que ela falou o nome dele eu fiquei me sentindo mal.

— E Tobias, como ele está?

— Normal, deprimido, caraca, precisava dar um fora nele assim?

— Não dei um fora, eu só pedi...

— Um tempo, olha a meu ver quando uma garota pede um tempo é que ela não consegue terminar.

É, Christina sabia muitas coisas.

— Então, a temporada de jogos deu um tempo, pois o inverno está chegando. Sabe ele fica lá parece um zumbi essa semana, não fica nem com o povo do time nem com a gente.

Queria deixar o assunto Tobias de lado, então mudei o foco.

— E o resto, Will? All? Monica? Isaac?

— O mesmo de sempre. Monica está toda agitada com a festa de inverno, deixa todo mundo pirado ao seu redor, All, Will e Isaac estão todos dedicados àquela olimpíada de matemática.

— Nossa, eu acho que estou fora disso.

— Nem se preocupe você é tão boa que acho que mesmo quando voltar ainda será a melhor.

Não quis pensar muito nesse assunto para não me deprimir mais.

— Então não perdi muita coisa pelo que vejo.

— Não muito, ah, só o Ted, ele está mal, a veterinária está tentando de tudo, vamos fazer exames nele hoje, mas ele não come.

— Que triste Chris, eu sei o quanto você gosta dele.

— Gosto? Eu amo aquele travesso! Ele é meu companheiro, e falando nisso tenho que levá-lo que está no carro, então amanhã eu volto.

— Tudo bem. — sorri para ela.

Deitei a cabeça no travesseiro e tentei evitar imagens de Tobias, mas foi inútil.


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