Lovely Blue escrita por Jazz, Jade


Capítulo 4
Capitulo 4




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O inicio do final (17 anos)

Helena Aldora

A viagem de avião de Illéa até a Russia foi confortável, o avião tinha uma especie de cabine particular com uma poltrona estiravel que é praticamente uma cama, dormi quase toda a viagem, acordei no meio da noite, e quis um copo de leite, fui ate a “cozinha” do avião pegar e dei de cara com Olga, ela chorava segurando um colar, mas assim que me viu limpou as lágrimas e sorriu.

–- Não consegue dormir? -- indagou colocando o colar no pescoço, pude vê-lo mais de perto e era um simples medalhão.

–- Não. -- tentei sorrir de volta -- Pensei que talvez eu pudesse pegar um copo de leite.

–- Estou fazendo meu chocolate quente especial, não quer me acompanhar?

–- Claro. -- era muito estranho que ela estivesse preparando o próprio chocolate considerando o numero de criados que ela tem, mas todos estavam dormindo e acho que ela só queria ficar só por um tempo. -- Posso perguntar o que há de errado? -- falei enquanto ela se dirigia a panela no fogão

–- Alexander, não aparece a alguns dias. -- ela tirou a panela do fogão e se dirigiu a pequena mesa que havia lá se sentando ao meu lado -- Eu já devia haver me acostumado. -- admite ela

–- Acostumado?

–- Ele faz isso frequentemente, some por uns dias ou semanas -- ela colocou o chocolate em duas canecas, não chicaras, eu gosto dela, por mais que seja rainha ela é simples. -- Eu deveria haver me acostumado eu sei, mas pra mim é sempre o meu bebê sumindo. -- estiquei minha mão e toquei a sua de leve

–- Sinto muito. -- ela segurou minha mão com força

–- Ele é igual a irmã. -- ela soltou minha mão e tomou seu chocolate

–- Irmã? Eu não sabia que a senhora tinha uma filha. -- admiti e peguei a caneca, segurando com as duas mãos para absorver o calor, dentro do avião faz mais frio do que o esperado. Provei o chocolate quente, e devo admitir que é sem sombra de duvida o melhor que já tomei, não era apenas o chocolate, havia mais alguma coisa e eu fiquei maravilhada -- Seu chocolate quente é maravilhoso!

–- Obrigada querida, eu costumava fazer para Alexander quando ele não conseguia dormir, Trevor tambem adora. Ofélia era a única que nunca gostou.

–- Olivia é sua filha?

–- Era, ela morreu a 4 anos. -- quase cuspi o chocolate quente que tinha na boca

–- Me desculpe.

–- Não, tudo bem. -- Olga sorria -- Ofélia era linda, Alexander se parece muito a ela, em todos os sentidos. Ela detestava o castelo -- Olga olhava para o nada com um sorriso de orelha a orelha -- adorava sair pela cidade para caminhar, amava a neve e esquiar. Mas ela sempre odiou a ideia de um casamento arranjado. -- o sorriso de Olga foi desaparecendo aos poucos -- Ela se apaixonou, pelo filho de um fazendeiro, mas ela se casaria poucas semanas depois. Ela me implorou que cancelasse o casamento, mas eu disse que não, que era dever dela como princesa. -- uma lágrima rolou solitária pelo rosto da rainha -- Eu devia tê-la escutado, devia tê-la deixado ir.

–- O que aconteceu?

–- Ela se matou, eu a encontrei morta na manha de seu casamento, nunca me senti tão culpada em minha vida, ela era jovem, tinha apenas 22.

–- Por isso não quer obrigar Alexander a se casar?

–- Exatamente, não posso perder outro filho, os amo de mais. -- por um momento pensei em mim e James, não posso dizer que o amo mas com toda a certeza do mundo estou apaixonada por ele. Será que eu me mataria se não pudesse ficar com ele?

–- Você me lembra ela, -- Olga sorriu para mim limpando a lágrima -- Os olhos, são quase no mesmo tom de castanho. -- me senti mau por ter fugido tanto de Olga e desta viagem, ela simplesmente se sente sozinha, ela só queria companhia de uma garota que ela não devia ter desde que sua filha morreu. Quando me dei conta já não havia mais chocolate em minha caneca

–- Será que tem um pouco mais? -- perguntei timida e Olga sorriu

–- Ainda tem um pouquinho. -- ela colocou o resto do liquido em minha caneca -- Eu acho que vou dormir, nos vemos pela manhã ok?

–- Claro, boa noite.

–- Boa noite querida.

Pouco antes de pousarmos Olga veio ate mim e me deu roupas novas, ela disse que estaria muito frio e que minha roupa não era quente o suficiente. Assim que me vesti já senti calor, a saia tinha umas 15 camadas de tule que deixava muito quente, o casaco era grosso e o salto fechado. Mas quando saimos do avião eu percebi a necessidade da roupa. Eu nunca tinha visto neve antes, agora nevava devagar, era uma sensação engraçada sentir a neve tocando sua pele e derretendo.

O castelo deles é bem diferente do meu, o deles é completamente fechado e branco, enquanto o meu é aberto e tem a cor das pedras que o construiram e de longe o castelo russo é o maior que eu já fui.

Olga me acompanhou ate meu quarto, ela sabia que eu não estava cansada, mas aquele era o lugar que eu ficaria pelas seguintes duas semanas e ela queria ter certeza de que tudo estaria perfeito. E estava.

Meu quarto é lindo, ele tem as paredes brancas com vários e vários desenhos de mim, mas o mais impressionante é o teto, ele é uma mistura de vários azuis e parece com o céu a noite, as estrelas foram pintadas com tinta branca florescente, então quando apago as luzes ainda posso ver as estrelas.

–- Cafira me disse que você detesta frio, então pensei que não ia querer sair muito e se é pra ficar pelo menos que seja um quarto com a sua cara.

–- Literalmente. -- falei parando ao lado de um desenho meu na parede

–- Mandei fazer a uma semana, espero mesmo que você goste. -- fui ate ela e a abracei

–- Eu amei Olga.

–- Alteza. -- uma criada entrou no quarto -- Ivan pediu para que lhe informasse que Alexander acaba de voltar. -- um sorriso nasceu no rosto de Olga

–- Quer vir comigo? -- ela perguntou e eu assenti.

A muito falam de Alexander mas eu jamais o conheci. Ela me puxou pelos corredores chegando ate uma porta que eu supus ser a do quarto de Alexander. Ela bateu na porta algumas vezes e escutamos um “entre” em resposta, quando ela abriu a porta eu o vi, loiro com olhos lindos e sem camisa.

–- Alex! -- Olga o abraçou apertado e eu gostei de vê-la sorrir -- Onde você esteve?

–- Por ai. -- ele disse se afastando da mãe e então olhou pra mim -- E quem seria esta bela senhorita? -- ele perguntou vindo em minha direção, ele pegou minha mão e a beijou

–- Essa é Helena Aldora. -- Olga apresentou

–- A tão famosa princesa da Nova Grécia. -- ele mordeu o lábio de leve o que me fez quase ter um ataque de riso -- Alexander Romanoff é um prazer.

–- Esqueceu sua camisa enquanto estava por ai? -- perguntei

–- Você tinha razão mãe, ela tem os olhos de Ofélia. -- ele disse sorrindo pra mim, ele se virou foi pegar uma camisa no closet e voltou abotoando os botões. -- Quanto tempo vai ficar aqui princesa?

–- Duas semanas. -- falei simplesmente

–- Então vamos nos ver bastante. -- ele falou chegando perto, perto de mais

–- Espero que não. -- falei e Olga se pôs entre eu e Alexander

–- Eu e Helena desceremos para o almoço agora -- ela disse pegando minha mão -- E você vai pegar o roteiro do pronunciamento de hoje a noite.

–- Eu não vou no Jornal Oficial mãe.

–- Por favor Alex, copera. -- Olga disse calma mas já me puxando para fora dali.

Estavamos na sala de jantar quando Alexander decidiu se juntar a nós, eu estava conversando com Olga sobre o Jornal Oficial, é engraçado como a maior parte dos paises tem isso, mas na nova Grécia não, temos um jornal que fala sobre as noticias e os acontecidos da semana, mas a familia real não precisa aparecer. Ivan comia olhando uns papeis e Trevor brincava com alguns bonecos.

–- Alexander. -- Ivan disse ao notar a presença do filho -- Você almoçando com a familia? Algum motivo especial? -- Ivan falava sarcástico

–- Ta ai meu motivo especial. -- ele falou olhando pra mim e piscando

–- Que nojo! -- Trevor fez careta fazendo com que todos nós rissemos. Ele começou a comer quando Olga começou a falar

–- Você decorou o que tem que dizer no jornal oficial hoje Alex?

–- Claro que não. Eu vou dar uma volta hoje a noite. -- ele disse como se fosse obvio, devo admitir que isso me deixou muito irritada, ele acaba de voltar e já esta disposto a ir embora de novo mesmo sabendo o quanto isso afeta a sua mãe.

–- Uma volta? -- perguntei e ele simplesmente assentiu -- De quantas semanas dessa vez?

–- Helena você não precisa... -- Olga tentou me fazer parar de falar

–- Acho que não é da sua conta princesinha. -- ele disse ironico

–- Já eu acho que você poderia se comportar como um principe e ser responsavel com alguma coisa ao enves de deixar sua mãe preocupada por dias e dias. -- ele se levantou da mesa e saiu andando quando ele estava na porta falei -- Acho muito legal quando alguem foge por ficar sem argumento.

–- Não estou fugindo pirralha. -- ele disse e se retirou

–- Obrigada por isso. -- Ivan disse, acho que é a primeira vez que ele realmente se dirige a mim -- Tenho certeza que ele vai pro Jornal Oficial hoje.

–- Só pra contrariar a Helena. -- concluiu Olga

–- Só pra contrariar a Helena. -- repetiu Ivan

A hora do Jornal Oficial chegou, eu estava linda com a roupa que Olga me dera, ela disse que era seu quando ela era princesa da Noruécia, sim ela era de lá, eu jamais soube. O vestido coube perfeitamente, peguei uma de minhas coroas e usei com o cabelo solto mesmo e sem muita maquiagem.

Alexander chegou levemente atrasado, mas ele chegou e estava bem arrumado, a primeira coisa que ele fez quando entrou foi vir ate mim.

–- Princesa você esta adorável esta noite. -- ele falou execivamente formal e me fez rir

–- Você tambem não esta nada mau. -- falei rindo -- e só pra constar eu sou só três anos mais nova que você.

–- Você me irritou, tecnicamente a culpa é sua pelo que eu falei.

–- Não é minha culpa se você não consegue segurar sua lingua.

–- Realmente, -- ele sorriu malicioso -- as vezes não consigo segurar minha lingua.

–- Cala a boca vai -- falei sem conseguir parar de rir

–- Principe -- um dos assistentes chamou -- Por favor junte-se a seu pai. E Princesa Aldora, a Rainha pediu que você se sentasse ao lado dela esta noite.

Fomos a nossos lugares sem nos despedir, o Jornal Oficial é incrivelmente chato, assim como o de Illéa e como o da Nova Alemanha, e eu odeio esse Jornais Oficiais. Depois de seu pronunciamento Alexander parecia tão entediado quanto eu, ele bocejava as vezes e quando nossos olhos se encontraram ele ficou passando a lingua pela boca várias e várias vezes, o que me fez querer gargalhar sem parar, mas me segurei, coisa que Alexander nem se importou em fazer, ele começou a rir no meio do pronunciamento do primeiro ministro e eu acabei rindo junto. Quando tudo acabou Alexander levou um tapinha no pé da orelha dado por Olga o que só me fez rir mais.

–- Eu quero te mostrar Russia a noite. -- ele falou no meu ouvido

–- Isso não é boa ideia. -- sai andando e ele veio atrás

–- Juro que não vou te sequestrar por semanas, -- ele brincou -- a gente volta pela manhã, ninguem vai perceber.

–- Não estou preocupada em você me sequestrando...

–- Vou conter minha lingua prometo. -- ele me interrompeu e eu comecei a gargalhar, já estavamos quase no meu quarto quando me recuperei.

–- Eu odeio frio, não quero ir lá fora.

–- Mas estamos no verão! -- ele disse surpreso

–- Você realmente não sabe o que é verão. Você devia ir a Grécia. -- falei quando já estava na porta do meu quarto, eu abri e entrei, e lembrei do quanto eu amei este quarto. Alexander ficou parado na porta enquanto eu tirava os saltos -- Entra criatura.

–- Posso considerar isso um convite pra ir a Grécia -- ele disse entrando mas parando pouco depois da porta.

–- Claro. -- tirei a coroa e coloquei na mesinha ao lado da minha cama

–- Minha mãe caprichou no quarto. -- ele olhava para as paredes e para o teto -- o da Ofélia era bem parecido, mas o teto dela lembrava uma nevasca, ela sempre amou neve.

–- Sinto muito pela sua irmã -- falei tentando sorrir -- Vocês eram muito próximos?

–- Muito, mais do que imaginam. -- ele disse com um olhar triste

–- Você até parece humano falando assim. -- tentei quebrar o gelo e ele logo me mandou um sorriso maroto

–- Normalmente eu pareço um aliem?

–- Não, mas depois de tudo o que você esta fazendo sua mãe passar -- falei e sua cara fechou rápido -- parece alguém sem emoções.

–- Você fica tão linda quando não esta se metendo em assuntos que não são da sua conta. -- ele bufou, não me irritei, simplesmente virei de costas pra ele e coloquei o cabelo pro lado.

–- Abre pra mim? -- perguntei e ele riu, abrindo o vestido ate metade das costas, fui em direção ao banheiro, coloquei meu pijama e prendi meu cabelo, quando voltei Alexander ainda estava no quarto, mas agora ele olhava para as minhas pernas. -- Meu rosto é mais em cima Alexander. -- falei e me sentei na mesa -- Sabe jogar poquer?

–- Claro, sou o melhor. -- respondeu se sentando a minha frente

–- Duvido que você consiga me ganhar, ninguem consegue. -- falei me lembrando dos garotos, desde que eles me ensinaram a jogar eu ganho todas, sou realmente boa no poquer. Peguei meu baralho (James que me deu então sempre o trago comigo) e comecei a embaralhar as cartas, Alexander tirou o paletó e bagunçou o cabelo.

–- Sabe a maioria das garotas teria vergonha de ficar com algo tão curto na frente de um homem, principalmente de um principe. -- ele sorriu enquanto eu dava as cartas

–- Numero 1- Eu moro na Grécia, lá este pijama é longo. Numero 2- Eu só tenho amigos homens e eles tambem são Principes, digamos que eu estou acostumada.

–- Fale nome e pais, talvez eu conheça.

–- James Adams Nova Inglaterra, -- comecei e ele negou com a cabeça -- Pedro Schreave Illéa...

–- Eu lembro desse ai, ele é tão igual ao pai que dá medo, mas eu gosto mesmo da Rainha América, ela é a única que apoia minha mãe na decisão de me deixar escolher minha futura mulher. -- ele colocou duas cartas na mesa, eu as peguei e lhe dei outras duas

–- Tia America sempre foi incrivel. -- falei e vi o sorriso presunçoso no rosto de Alexander enquanto ele olhava as cartas -- Mas eu queria ter a sua sorte, ter uma mãe como a Olga e ainda poder escolher com que irei me casar... É realmente um sonho.

–- Tem certas regras em escolher com quem me casar...

–- Que regras? -- perguntei

–- Ela tem que ser da realeza, não importa de onde, mas tem que ser. Tem que ser fértil e não pode ser mimada ou vadia. Eu tambem tenho que levar em consideração que ela será rainha e blah blah blah.

–- Continua podendo escolher, eu terei que me casar com quem mandarem e ponto.

–- Mas você deve ter milhares de ofertas, a Nova Grécia tem a melhor marinha mercante desde a guerra, sem falar que só um louco não iria querer alguem tão bela a seu lado.

–- Ate onde eu sei não muitos, tem o Principe frances que eu sou incapaz de lembrar o nome.

–- O nome dele é tão fácil -- Alexander riu -- Theo.

–- Esse ai. Depois tem o Paul, o principe espanhol com sotaque fofo.

–- Eu lembro dele... Ele não é meio velho pra você?

–- Ele é só 3 anos mais velho que você. -- rebati

–- O que faz dele 6 anos mais velho que você. -- ele disse com um sorriso vitorioso

–- Touche. -- falei e abaixei minhas cartas -- Flush.

–- Filha da mãe! -- ele xingou, só tinha dois pares, eu comecei a rir. -- “Sou o melhor jogador de poquer” -- falei imitando sua voz, ele riu pegando as cartas e embaralhando-as

–- Mas algum deles te interessa? -- perguntou, ponderei sua pergunta por um tempo, não sei se deveria contar, afinal ele é o principe louco da Russia.

–- Não creio que... -- fui interrompida por sirenes, não entendi nada ate que Alexander se levantou rápido e me puxou com ele para fora do quarto -- O que ta...

–- Só vem! -- ele disse convicto e apesar de eu não fazer ideia do que estava acontecendo decidi que não era a hora de questionar, seguimos pelo corredor e demos de cara com uma patrulha de guardas vindo na direção oposta a qual corriamos, um deles nos parou com o rosto preocupado.

–- Não vai dar tempo. -- ele gritou para Alexander que pareceu entender, o guarda nos puxou por mais alguns metros e abriu uma porta na parede que eu juro que fechada era impossivel de ser vista, Alexander me empurrou para dentro tão forte que eu cai, logo depois pude escutar 3 tiros antes que Alexander conseguisse fechar a porta. Mesmo depois de fechada haviam barulhos, como se alguem tentasse derruba-la.

–- O que esta acontecendo aqui? -- perguntei e olhei para Alexander, seu rosto e roupa tinham manchas de sangue espirrado, mas seu braço saia sangue o tempo todo e sem parar. -- Por Zeus! -- dei um leve gritinho enquanto ele fazia caretas de dor

–- Se acalme, eu vou explicar tudo. Mas antes você precisa pegar uma caixa de primeiros socorros, deve estar perto da pia. -- Eu não havia percebido, mas o pequeno e mau iluminado comodo tinha uma pia e um armário, e um outro e minusculo comodo que era o banheiro. Corri até a pia, eu sabia exatamente o que tinha que fazer, peguei a caixa de primeiros socorros e um copo com água, dentro da caixa peguei dois comprimidos, um faria a dor sumir e o outro relaxaria seus musculos, nos dando tempo. Dei os dois comprimidos a Alexander que tomou sem ezitar. -- Agora você tem que...

–- Cala a boca! -- interrompi, ele parecia estar com muita dor para discutir. Peguei uma faca e rasguei sua camisa aos poucos, ele estava deitado no chão e quanto mais se mechese pior seria.

–- Tente não se apaixonar pelo meu corpinho -- ele brincou e mesmo com dor tentou rir

–- Qual a parte de cala a boca você não entendeu? -- falei segurando o riso. Voltei ao trabalho, depois da camisa rasgada pude olhar seu ferimento, não era muito grave, a bala passara de raspão, mas ainda sangrava bastante. Limpei o ferimento com gaze e alcool, o que deve ter doido um pouco pois vez ou outra ele soltava um grito de dor, além do ferimento me preocupava com a porta, alem das batidas serem continuas estavam cada vez mais fortes. Fiz um curativo que estancaria o sangue, quando acabei percebi que estava suando frio, refiz a trança em meu cabelo enquanto Alexander, agora sentado, encarava o curativo.

–- Como você...

–- Muito tempo livre -- o interrompi -- e uma irmã paranóica. -- ele riu o remédio parecia ter feito efeito. Peguei uns cobertores e uns travesseiros, fiz uma espécie de cama para Alexander. -- Deita. -- ordenei e ele relutante seguiu minha ordem. -- O que acabou de acontecer? -- perguntei me encostando na parede e encarando ele que deitado apoiava a cabeça no braço bom.

–- Um ataque.

–- Vai me dizer que vocês tambem tem rebeldes? -- escutei uma batida ainda mais forte na porta e dei um pulinho pelo susto

–- A porta só vai abrir com a chave que eu tenho no bolso, eles podem bater o quanto quiserem.

–- Mas o que esses rebeldes querem? -- perguntei e Alexander pareceu não entender -- Em Illéa os rebeldes sulistas querem o poder, Pedro me contou uma vez. Mas o que os rebeldes russos querem se nem casta vocês tem? -- Alexander ponderou a pergunta por um momento e respondeu dando de ombros

–- Eles não querem que eu me torne rei, coisa que acontecerá no final do próximo mês.

–- E por que não?

–- Digamos que eu não sou o que se poderia chamar de bom principe. -- ele disse em tom de deboche, mas depois seu rosto se tornou triste -- Desde a morte de Ofélia eu vi como as coisas são injustas pra nós, simplesmente perdi a vontade de ser principe.

–- Ahh como a vida é injusta. -- falei fazendo drama em tom de deboche, me levantei e peguei um pano e molhei-o com água, só agora havia percebido que o rosto de Alexander ainda tinha manchas de sangue. -- Deita aqui -- falei sentando-me a seu lado e ajudando-o a colocar a cabeça em meu colo -- Você não faz ideia do que é injustiça Alexander, -- falei limpando seu rosto com delicadeza -- não sabe o que é amar alguem que jamais terá, não sabe o que é ter que se esconder em cada canto possivel para ficar com aquele que você ama, isso é injusto, saber que mesmo que você ame alguem com todo seu coração você jamais o terá pois tem que carregar uma coroa em sua cabeça. Além do mais Alexander, sua familia é incrivel, sua mãe é maravilhosa, seu pai apesar de fechado é um bom homem, seu senso de injustiça é meio falho querido principe.

–- Quem é ele? -- Alexander me encarava e sua voz soava doce

–- Não creio que seja relevante, ate por que eu nem sei mais se ainda existe algo entre nós.

–- Por que? -- sua voz tinha uma ponta de curiosidade e soava levemente infantil, o que me fez sorrir, afinal eu estava aqui com o principe e futuro Rei da Russia e ele esta me fazendo perguntas como se tivesse 4 anos.

–- Ele disse que me amava -- dei uma pausa e respirei fundo, segurando as lagrimas que estavam por vir -- E eu não respondi.

–- Mas você o ama?

–- Sim, muito, mais do que você pode imaginar.

–- Então por que não respondeu? -- limpei suas bochechas com calma, ele tinha a voz sonolenta

–- Vai dormir Alexander, eu fico de olho se alguem... Ai Meu Zeus! -- gritei

–- Que foi criatura?! -- ele perguntou colocando a mão boa no peito

–- Você tem uma tatuagem!

–- A, isso, tenho. -- ele deu de ombros

–- Você com certeza não é o tipo normal de principe. -- murmurei mas ele escutou e riu, acabei de limpar seu rosto e o coloquei de volta no travesseiro

–- Esse garoto... -- ele bocejou -- seja quem seja, tem muita sorte. Espero que ele seja um principe e que vocês possam se casar, e virem pra cá, afinal minha mãe não vai largar do seu pé tão cedo. -- rimos juntos e ele fechou os olhos.

Fiquei pensando em suas palavras, James é um principe, mas não podemos nos casar por que seus pais decidiram adotar a seleção, mas ao mesmo tempo ha Olga e America, duas rainhas de duas nações poderosas que apoiariam nossa decisão e talvez até nos ajudassem.

Mas havia uma pergunta que rondava em minha cabeça “Por que não respondeu?” eu acho que ainda tenho medo, James me prometeu seu coração e seu amor, mas tenho medo de ser só mais uma, eu escutei as histórias quando fui a Nova Alemanha, uma das coisas que eu amava sobre Eric era o fato de ele jamais se atrever a mentir pra mim, e se tem uma coisa que ele faz direito é contar histórias, e digamos que ele me contou algumas desagradaveis sobre James. Pedro apoia, apesar de tambem ter receios em relação as reais intenções de James, mas ele é meu primeiro amor, foi o primeiro e único a me beijar. Se me perguntassem “Helena o que ele precisa fazer pra que você acredite nele?” eu não saberia responder, não sei o que quero dele. Mas sei que nosso amor é quase impossivel, não quero entregar meu coração a ele quando sei que ele logo entregará o dele a uma das garotas da seleção. As vezes sinto que deveria desistir dele, parar de ter esperança neste amor, mas toda vez que estou com ele, é como se não houvesse mais nada, sem seleção, sem principe, sem princesa, sem coroa, sem pais, sem nada, é só eu e ele, James e Helena. Oh Zeus eu o amo tanto, o que devo fazer?


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