O Final da Metade(17 anos)

Helena Aldora

–- Quando foi que tudo isso começou? -- Pedro perguntou com a cabeça em meu colo, eu lhe fazia cafuné enquanto ele fazia algo com algumas flores. Eu sempre adorei os jardins do palácio de Illéa. A muito eu não vinha, mas com a chegada de um novo bebe a corte da Noruecia, todos nos reunimos aqui para saudar Rachel (irmã de Pedro) e seu novo filho.

–- Lembra da noite em que eu mostrei Helena a vocês? -- perguntei

–- A ilha? -- ele me encarou e acenti -- Lembro, nunca me diverti tanto quanto naquela noite e nunca tive tanta dor nas costas tambem.

–- Eu fiquei pra ver o nascer do sol, ele ficou comigo, não sei, simplesmente aconteceu.

–- Por que você não me contou antes?

–- Não sei. -- comecei -- Era nosso segredo, algo que mesmo longe o deixava perto de mim. Idiota não é?

–- Um pouco. -- ele riu e se sentou, então eu vi as flores com as quais ele mexia se tornaram uma coroa de flores rosas que eu só via quando vinha a Illéa. -- Eu vi que hoje você estava sem tiara, você quase nunca fica sem tiara, então... -- Ele colocou a coroa de flores em minha cabeça e sorriu -- Bem melhor, não estou acostumado a te ver sem tiara ou coroa você usa o tempo todo.

–- Vou sentir sua falta Pedrinho. -- falei pulando em cima dele fazendo ele cair pra trás

–- Posso passar as férias na Nova Grécia com você? -- ele perguntou sorrindo, eu estava em cima dele mas quando fui sair ele me segurou pela cintura e começou a fazer cocegas e eu simplesmente não conseguia parar de rir.

–- Uhum. -- alguem pigarreou atrás de nós, Pedro me soltou mas eu ainda estava tecnicamente em cima dele (situação comprometedora devo admitir), olhamos para ver quem era, nada mais nada menos que a querida Rainha América, por algum motivo, quando a vimos começamos a rir como loucos, eu rolei para o lado ainda rindo, depois de um tempo e de uma barriga dolorida de tanto rir América voltou a falar -- Por favor se casem. -- voltei a ter um ataque de riso enquanto Pedro engasgava com a própria saliva.

–- Mãe! -- ele disse constrangido o que só me fez rir mais

–- Maldita seleção. -- ela murmurou fazendo Pedro ficar mais vermelho que um tomate

–- Mãe vai direto ao ponto pelo amor de deus!

–- A é -- ela falou como só se lembrasse agora -- Helena sua mãe quer te ver urgentemente, alguma coisa sobre os russos ou a Russia ou alguma coisa do tipo.

–- Tia América os russos não. -- falei manhosa e ela se sentou no chão conosco

–- O que tem os russos? -- ela perguntou fazendo um coque no próprio cabelo

–- A Helena odeia frio. -- respondeu Pedro sem me dar a chance de falar -- E os Russos chamam ela pra ir pra Russia a tempos mas ela nunca vai.

–- Na verdade eu evito qualquer tipo de contato com os Russos. -- completei

–- Olga é tão simpática! -- América fez uma pequena careta -- Mas aquele Ivan me da nos nervos de tão travado.

–- Tia América quando você vem pra Nova Grécia comigo? -- falei olhando para América e piscando discretamente para Pedro

–- Talvez possamos ir nas férias, provavelmente não Maxon, mas quem sabe eu e Pedro. -- ela sorriu pra nós e se levantou me oferencendo a mão para me levantar tambem -- Mas agora você tem que ver os Russos querida.

–- QUERIDA!! -- eu e Pedro gritamos

–- Não vale! Eu estava confortando a garota! Injustiça! -- ela dizia enquanto caminhavamos de volta para dentro do castelo. -- Vou ficar sem o que dessa vez?

–- Doces. -- Pedro sorriu

–- Não! Doces não! Me recuso a ficar sem doces! -- a rainha ruiva tentou parecer irritada o que só nos fez rir mais.

–- Pedro eu to cansada. -- falei manhosa e ele parou de andar

–- Sobe vai, criaturinha irritante. -- ele virou as costas pra mim e eu subi, América simplesmente riu enquanto ele me carregava em direção ao salão das mulheres.

Eu simplesmente amo aquele lugar me faz querer um igual na Nova Grécia. Basicamente é um salão monumental onde nenhum homem pode entrar sem a permissão da rainha, nem mesmo o rei ou o principe.

Chegando lá minha mãe, Olga e Rachel (a filha mais velha de America) conversavam e riam animadamente com uma quarta mulher que estava de costas para mim.

–- Helena meu amor! -- minha mãe me chamou ao me ver, caminhei ate elas e vi que a terceira mulher era Elizabeth. -- Se lembra de Rachel, Olga e Elizabeth?

–- Claro que sim. -- falei sorrindo, se a mãe dele esta aqui ele tambem deve estar.

–- Helena, -- Olga disse -- Estava aqui decidindo com a sua mãe, você finalmente vai vir pra Russia conosco. -- ela dizia sorrindo simpatica

–- Vou é? -- perguntei olhando diretamente para minha mãe que assentiu com olhar repreensivo

–- Sim, daqui a dois dias você virá conosco.

–- Dois dias? -- perguntei assustada

–- Sim Helena, ela tem que voltar logo. -- Cafira falou rápido

–- Uns probleminhas com o Alexander. -- Olga disse com um sorriso timido -- Ele é um bom garoto, só esta nervoso com a coroação e tudo mais

–- Coroação? Mas o rei não morreu nem nada, eu to meio perdida.

–- Na Russia os principes assumem o trono aos 20, nunca entendi por que. Teoricamente ele deveria se casar, mas decidimos deixa-lo escolher, já é pressão o suficiente ter a coroa e o Trevor pode se casar com uma princesa algum dia para unir forças.

–- Achei que vocês estivessem pensando em esperar Trevor fazer 20 e dar a ele a coroa. -- falou Rachel

–- Estamos, o limite é ate o final do verão, se Alexander continuar assim, daremos a coroa a Trevor, mas eu não quero fazer isso.

–- Imagino como deve ser dificil Olga -- foi a vez da rainha America falar -- Mas se tem uma coisa que eu tive que aprender é que as vezes temos que fazer coisas que não são de nosso agrado para o bem do povo. Olhe Rachel por exemplo desde o inicio eu era contra o casamento arrranjado.

–- Mas hoje eu estou feliz. -- Rachel sorriu -- Não é tão ruim quanto parece. -- dessa vez ela olhou para mim

–- Eu sei, obrigada. -- Olga sorria mas pude ver uma lágrima querendo cair -- É dificil ver que seu filho esta tão perdido, você acaba se perguntando onde errou.

–- Tenho certeza que você não errou em nada -- Elizabeth a confortou

–- As vezes essas coisas acontecem -- foi a vez de minha mãe falar -- Não há como controlar.

–- Quando a senhora chegou Tia Beth? -- tentei mudar de assunto rápido

–- A menos de uma hora querida. -- ela sorria gentilmente e me abraçou

–- Ela pode falar querida né. -- América fingiu estar brava enquanto se sentava ao lado da filha.

–- Vocês continuam com essa aposta? -- Rachel perguntou -- Isso existe desde antes do Pedro nascer.

–- Que aposta? -- Olga perguntou se recuperando

–- Meu pai tem a digamos, mania, de chamar as mulheres de querida, minha mãe nunca foi partidaria do apelidinho, -- Rachel esplicava com calma, mas ela parou no meio da explicação e pos a mão sobre a barriga

–- Esta tudo bem? -- America perguntou

–- Sim... -- Rachel respondeu fazendo careta -- Tenho tido algumas dores desde o parto de Tobias, mas estou bem.

–- O fato é que, -- continuei -- eles apostaram que América não conseguiria passar muito tempo sem falar “querida”. Toda vez que ela fala ela fica sem poder fazer algo.

–- Creio que vou me deitar um pouco. -- disse Rachel

–- Eu te acompanho. -- América falou ajudando a filha a se levantar, fazia poucos dias desde o seu parto então ela ainda estava sensivel.

–- Não é necessário mamãe, fique, Helena pode me acompanhar. -- ela disse e piscou rápidamente para mim, me levantei rápido e segurei seu braço enquanto caminhavamos. Quando já estavamos fora do salão ela ajeitou a postura e parou de fazer caretas.

–- Você não esta com dor né? -- perguntei e ela negou com a cabeça

–- Ele esta no telhado, vou tentar segurar Pedro comigo o máximo que eu puder, mesmo que ele saiba ele ia ficar atrapalhando. -- ela dizia enquanto subiamos as escadas

–- Como você...

–- Depois eu explico -- ela me interrompeu -- Mas agora corre!

Assim o fiz, corri escadas a cima, a muito tempo não vejo James, só de pensar em poder ao menos falar com ele, já me deixa incrivelmente feliz.

James Adams

Eu não consigo acreditar que já estou aqui a uma hora, eu realmente pensei que a Rachel conseguiria trazer Helena aqui, mas é quase impossivel que qualquer um de nós fique sozinho por mais de 10 minutos.

–- Oi. -- escutei uma voz timida atrás de mim, me virei e a vi, sorrindo, o vestido azul voando contra o vento e a coroa de flores rosas. Corri ate ela, a abracei e peguei no colo, afundando o rosto em seu cabelo que sempre cheira a flores.

–- Oi -- falei soltando-a e olhando-a nos olhos, ela sorriu e a puxei pela cintura beijando-a, a muito não a via e tê-la de novo em em meus braços é simplesmente inexplicável.

–- Calma ai grandão. -- ela disse rindo e nos separando

–- Senti sua falta. -- falei dando um beijo em sua bochecha

–- Eu tambem. -- ela continuou sorrindo, o sorriso dela é tão bonito, ela é tão linda e eu senti tanta saudades de estar com ela. -- Por que demorou tanto em vir? Já estou aqui a quase duas semanas.

–- Meus pais se enrolaram, mas o importante é que estou aqui agora e tanto a corte Inglesa quanto a Grega só vão embora em duas semanas. -- lhe dei outro beijo, mas por algum motivo ela virou o rosto, parecia triste. -- Desculpa eu queria ter vindo antes eu só...

–- Não, -- ela me interrompeu -- não é isso, é que eu só vou poder ficar aqui por mais dois dias, eu vou embora com a corte Russa.

–- Mas você odeia o frio. -- falei -- Sabe como é frio naquele lugar?

–- Não é como se eu tivesse escolha James. -- ela parecia irritada

–- Calma irritadinha, eu não fiz nada.

–- Ahh -- ela deu um gritinho frustrado e se sentou no chão, me sentei ao seu lado e a abracei, ela apoiou a cabeça em meu ombro, mas parecia tão irritada -- Eu sei, desculpa. Eu odeio isso James, não quero ir pra Russia, não quero ir pra lugar nenhum, as vezes eu queria poder ficar na ilha pro resto da minha vida, isolada de todos, eu odeio ser princesa!

–- Não seja exagerada pequena. -- beijei o topo de sua cabeça, ela ainda não me olhava -- Vai ficar lá quanto tempo? Duas semanas, três, um mês no máximo. Depois você pode vir a Inglaterra passar o resto das férias. Eu falarei com a minha mãe, ela dará um jeito de convencer Cafira. Só eu e você por dois meses. -- ela me olhou com um sorriso esperançoso no rosto

–- Promete?

–- Prometo, meu am... -- parei e pigarreei

–- Entendi... -- ela se levantou e começou a andar na direção da porta que dava para dentro da casa, estamos nessa palhaçada a um ano. Desde o dia do chocolate quente quando ela quase falou, eu sei exatamente o que sinto por Helena, desde os primórdios dos tempos sei exatamente o que sinto. Mas não vou falar primeiro, desde que Troy me disso que sentia coisas por Helena que não eram correspondidas eu não tenho coragem de dizer primeiro. É simples lógica, vai que a Helena muda de ideia, vai que ela se apaixona por ele e eu terei aberto meu coração.

–- Para Helena, volta aqui. -- peguei seu braço que ela soltou bruscamente

–- Esquece James, você não entende.

–- Por que eu tenho que falar primeiro?! -- perguntei irritado

–- Por que meu querido pra você é fácil de me deixar, todas as garotas da Nova Inglaterra implorariam para ter você. -- ela se virou bruscamente e suas palavras saiam quase como um rosnado -- Você foi o único pra mim e eu não vou correr o risco de...

–- EU TE AMO PORRA! -- gritei -- Te amo mais que tudo, largaria tudo por você, já faz dois ano Helena e o que mais me irrita é que não há um momento no qual eu não pense em você. -- ela sorriu, mas não respondeu nada o que me deixou irritado -- Não tem nada a dizer?

–- Eu... Eu... -- ela gaguejava e eu só me irritava mais -- Desculpa James.

–- Sabe o que eu não entendo. -- tentei permanecer calmo -- Mesmo depois de eu te dizer o quão importante você é pra mim você continua com medo de que eu te deixe por algum motivo.

–- James eu queria poder...

–- Estou atrapalhando? -- Pedro apareceu e viu os olhos de Helena cheio de água -- O que esta acontecendo aqui?

–- Nada. -- eu falei e simplesmente sai andando enquanto Pedro ia ate ela e a abraçava

–- James espera... -- ela falou com a voz chorosa, tive vontade de dar meia volta e abraça-la dizer que tudo ficará bem não importa o que ela diga. Minha vontade é de pedir em casamento aqui e agora, enfrentar meus pais e dizer que não participarei da seleção, mas não posso, ainda me resta um pouco de orgulho, apesar de que, quando se trata de Helena sou incapaz de ser orgulhoso, mas não dessa vez. Continuei andando -- Só olha pra mim... -- ela pediu e por sua voz podia ver que ela chorava, mas não podia olha-la, não consigo vê-la triste. Pedro veio ate mim e tocou meu braço, depois falando em meu ouvido.

–- Você vai perde-la irmão, de tempo a ela, você sabe que não é o único a deseja-la. -- eu o olhei, ele falava de Troy ou de si mesmo? Ele quer ajudar ou ganhar um soco? Seja como for ele foi em direção as escadas -- Estarei te esperando em baixo Helena. -- e desceu as escadas, me atrevi a olhar pra trás, lá estava ela, chorando, por mim. Mas ainda assim dei as costas e sai andando dali.

(Nota: Esse é o dia do qual eu mais me arrependo, eu devia ter dado tempo a ela, devia ter aproveitado aqueles dois dias com ela em meus braços, talvez pedido-a em casamento naquela noite, eu garanto a vocês que o orgulho pode destruir relações, jamais deixem, como eu deixei, que o orgulho se sobreponha, mesmo que por poucos segundos, ao amor.)