A neve caia do céu acinzentado da Sicília.

Era noite do dia 24 de dezembro, uma data onde todas as famílias se reúnem e comemoram felizes a véspera do natal.

Com a família Sawada não era diferente.

Todos os anos a mansão era decorada com luzes e diversos enfeites. Eram feitas as melhores comidas e os filhos do casal podiam ser vistos brincando com a neve no grande jardim. As doces risadas vindas dos pequenos faziam com que o ambiente se tornasse um local quente e acolhedor, mesmo com todo o frio que o inverno na Sicília sempre trouxera.

Porém este ano era diferente.

A grande mansão não foi enfeitada. Não haviam bonecos de neve decorando o jardim, e o ambiente estava mais frio e solitário do que nunca.

O pequeno Tsuna não estava lá para sorrir e desejar um “feliz natal” para todos. Ele não estava lá para colocar a brilhante estrela dourada no topo da grande árvore, que este ano nem sequer foi preparada.

Tsuna não estava lá para dar um sentido para a família Sawada comemorar o natal.

Desde quando o pequeno desapareceu tudo mudou para aquela família sempre alegre e divertida.

A tristeza era quase palpável na mansão em datas comemorativas. Os empregados ainda se lembram de como terrível foi o dia 14 de outubro desde quando Tsunayoshi desaparecera.

E mais uma vez chegou o natal.

Giotto passava a data na maior parte do tempo em seu quarto, olhando pela janela a neve cair. Sua imagem refletida no vidro mostrava seus olhos inchados e um semblante cansado, muito semelhante ao de sua mãe, que desde a tragédia de dois anos atrás vem tentando se fazer de forte, porém os empregados e Iemitsu, e até mesmo Giotto sabem melhor, pois durante várias noites, choros, soluços e gemidos podiam ser ouvidos, provenientes do quarto de quem uma vez já foi uma mulher e mãe doce, adorável e despreocupada.

Iemitsu passava a maior parte do tempo em seu escritório trabalhando, porém hoje ele estava apenas sentado em sua poltrona e olhando o fogo na lareira trepidar.

No dia 25, a família, agora de apenas três pessoas, iria se reunir e fazer o possível para se consolarem e manterem seus laços, que agora estavam frágeis e abalados desde quando o pequeno Giotto passou a se culpar pelo que aconteceu com seu irmãozinho. O loiro a cada dia que passava ia ficando cada vez mais distante de seus pais, quase como se ele sentisse que não merecia o amor deles.

No entanto seus pais jamais o culparam por tudo o que aconteceu, e mesmo todos sempre falando que não era sua culpa, Giotto não conseguia se livrar do fardo que ele poderia ter feito algo mais, que ele poderia ter salvo seu irmãozinho que agora estava desaparecido em algum lugar, onde talvez estivesse com frio, fome e medo, esperando que alguém viesse ajudá-lo, esperando que seu irmão mais velho, que prometeu protegê-lo e falhou miseravelmente viesse salvá-lo deste destino cruel.

Iemitsu e Nana estavam preocupados que eles iriam perder seu outro filho para a auto culpa e faziam de tudo para que o loiro entendesse esse fato.

No final, nenhum deles havia superado a falta de Tsunayoshi e nem nunca superariam. Mesmo quando todos diziam que o pequeno provavelmente já estava morto, a família Sawada se recusaria a ouvir, acreditando firmemente que um dia eles voltariam a encontrar Tsuna novamente, e todos poderiam sorrir outra vez, e viver una vita veramente felice e celebrare il Natale.