Não Sou Quem Você Imagina! escrita por Gilraen Ancalímon


Capítulo 49
Capítulo 49


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas, aqui estou eu. Antes de mais nada gostaria de dar as boas vindas a Blond Mistery, por ter deixado um recado.

Gosto muito deles e agradeço a todas leitoras fiéis pelas mensagens, bem aqui vai mais um capítulo para vcs.



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[RECAPITULANDO]

Havia sido importante para o pai que a Fundição Bingley prosperasse, e que os filhos passassem os negócios para seus filhos. Charles sempre se esfor­çara para corresponder às expectativas, honrando a memória do pai e conquistando o orgulho da mãe, e por isso assumira as responsabilidades e o trabalho que teriam cabido a dois homens.

E ressentira-se contra Fitzwilliam.

Entendia o peso da culpa.

Lágrimas brotaram de seus olhos.

Várias mu­lheres usando os uniformes do hotel atravessaram o pátio sob a luz amarela de uma lamparina. Dis­traído, notou que eram quase dez horas, tarde demais para alguém estar deixando o trabalho, e voltou para a cama.

Esperava receber notícias no dia seguinte.

Por que encontrar Jane se tornara uma obsessão?

Porque estava preocupado com o bem-estar de uma jovem mãe e sua filha.

Porque não era como o pai dela.

Precisava esclarecer tudo entre eles e dizer que não a odiava, um temor que ela expressara na carta.

Por quê?

Porque a culpa e a vergonha pesavam em seu coração.

Precisava encontrá-la novamente. Tinha de mostrar a ela que seu lugar era ao lado dos Bingley... dele.

Por quê?

Porque...

Charles fechou os olhos e examinou o recanto mais secreto da alma.

Porque a amava.

***

Jane vestiu e amamentou a filha, no­tando que os seios não estavam tão cheios quanto haviam estado. Helena estivera in­quieta nos últimos dois dias; o que a preocupava. Talvez estivesse doente.

Não queria gastar o dinheiro da consulta com um médico, porque depois de pagar o aluguel e comprar comida para a semana, não restava muito a ser economizado. Mas Helena era mais impor­tante que tudo, e por isso saiu cedo, esperando ser atendida por um médico antes do horário de apresentar-se no hotel.

Felizmente a sorte estava a seu lado.

— Qual é o problema? — perguntou o homem de meia-idade e aparência serena.

— Minha filha está agitada há dois dias — disse, colocando-a sobre a mesa de exames. — Ela ra­ramente chora, mesmo quando sente calor ou al­gum outro desconforto, mas na última noite quase não dormiu.

— Todos os bebês choram. — Mesmo assim, o médico examinou-a. — Ela parece muito saudável. Não vejo nada de errado com sua filha. Talvez seja um dente...

— Ela já tem dois, e nunca se comportou dessa maneira.

— Todos nós ficamos agitados com esse calor.

— Não sei...

— Ela está com fome?

— Fome? Ela mama regularmente.

— E acha que a quantidade de leite é suficiente?

— Bem, eu... notei que meus seios não são mais tão cheios quanto antes — respondeu embaraçada. — Há algo de errado comigo?

— Vamos dar uma olhada.

Jane superou o constrangimento e permitiu que o médico a examinasse.

— Não há febre nem sinal de infecção. Sente dores nos seios?

— Não.

— E quanto à dieta? Tem se alimentado bem? Toma leite? Bebe bastante água?

— Eu... janto todos os dias. Mas é só.

— Então encontramos o problema. Se quer continuar produzindo leite para o bebê, precisa comer em intervalos regulares e ingerir muito líquido. Não é hora de pensar em recuperar a silhueta.

Lágrimas brotaram nos olhos de Jane e ela fechou os olhos. Estava deixando a própria filha faminta!

— Se quer emagrecer, vai ter de dar a ela leite em pó ou encontrar uma ama-de-leite.

Jane pegou Helena.

— Eu não sabia — disse envergonhada. — Vou me alimentar melhor.

O aroma de chá fresco invadiu o consultório e ela ouviu o ronco do próprio estômago.

— Quanto lhe devo?

O médico respondeu e ela depositou a moeda em sua mão, sentindo-se mais tola e incompetente que nunca.

— Sirva-se de uma xícara de chá — ofereceu o doutor.

— Obrigada, mas vi um pequeno restaurante a caminho daqui, e acho que vou comer alguma coisa.

— Boa ideia. Sua filha vai se acalmar em um ou dois dias.

Jane beijou a cabeça de Helena e murmurou dezenas de pedidos de desculpas enquanto cami­nhava pela rua. Como não tinha muito tempo, pediu uma tigela de mingau de aveia e um copo de leite. Tentando não lamentar a despesa ex­traordinária, comprou um sanduíche para a hora do almoço e correu para o hotel.

Elizabeth, Sara e algumas outras estavam na lavanderia.

— Está com a aparência de quem já enfrentou um dia de trabalho.

— É como me sinto. — Jane acomodou Helena no aparato que Elizabeth a ajudara a costurar e prendeu-o em suas costas.

— Tenho uma ideia — Elizabeth anunciou. — Por que não deixa Helena comigo esta manhã?

— Oh, eu não poderia.

— Só por algumas horas. Seria um prazer ter uma criança por perto. Carreguei meu filho até ele ter um ano de idade, e o peso de Helena ainda é bem menor que o dele. Por favor...

Estava precisando de algumas horas sem os qui­los extras nas costas.

— Está bem — concordou.

Transferiram o aparato das costas de Jane para as de Elizabeth.

— Quem está encarregada do quarto quatorze? Preciso daquele quarto — Elizabeth suspirou.

— Qual é o problema? O hóspede é interessante? — Sara brincou.

— Lindo como o pecado.

— E deve ser muito rico, ou não estaria hos­pedado aqui.

Todas concordaram e riram.

— Talvez vá dar uma olhada no tal hóspede — Sara decidiu. — Acha que é casado?

— Quase todos são — Elizabeth respondeu. — Pelo menos os melhores...

A sra. Hollister entrou com a divisão de tarefas para aquele dia.

— Parece nervosa, Jane — ela comentou quando as outras se dividiram. — Algum problema?

— Não, senhora. Nenhum.

— O bebê está ficando pesado demais?

— Não. Ela não me incomoda. Elizabeth me pediu para carregá-la por algumas horas.

— Sinto falta da meu filho — ela confirmou.

A mulher se deu por satisfeita e dispensou-as e, aliviada, Jane foi trabalhar.

***

O calor e a espera não contribuíam para me­lhorar o humor de Charles. Pediu água, e atendeu à porta ao ouvir as batidas suaves.

— Sua água, senhor.

— Obrigado.

A jovem esguia despejou a água no lavatório. Ela carregava um bebê preso às costas.

— Mais alguma coisa, senhor?

— Não, obrigado. — Ofereceu uma moeda e ela aceitou o dinheiro com evidente constrangimento. Depois agradeceu e sorriu.

— Tenha uma boa es­tadia, senhor.

— Obrigado.

A jovem virou-se para partir e o bebê tornou-se completamente visível. A cabeça loura e os olhos azuis lembravam alguém...

Jane. Helena!

A criança era um pouco maior do que se lembrava, mas não a via há semanas.

Sim, tinha certeza de que eram os mesmos olhos azuis. O mesmo queixo. Os mesmos cabelos, em­bora um pouco mais longos.

Charles respirou fundo.

O que sabia sobre bebês?

Todos haviam sido idênticos até conhecer Helena. Não pensara em outra coisa nas últi­mas semanas, teria começado a ver aquilo que desejava?

A criada chegou ao corredor.

— Senhorita — disse, detendo-a com a palavra.

— Sim, senhor?

— Seu bebê... ela tem lindos olhos azuis.

— Sim, ela tem lindos olhos... mas não é meu.

O coração de Charles parou de bater.

— Não?

— Não. A menina é filha de outra empregada do hotel.

— É uma linda criança. Qual é o nome dela?

— Helena.


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