Não Sou Quem Você Imagina! escrita por Gilraen Ancalímon


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas como vão? Pois é... eu não sei se iria postar mais este capítulo amanhã, mas resolvi fazer isso hj.

Obrigada pelos comentários deixados para a minha pessoa, gostei deles, espero que tenham uma ótimo final de semana, bjs



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[RECAPITULANDO]

Uma lágrima brotou de um daqueles olhos azuis.

— Desculpe, Anne. Você está vulnerável neste momento. Não me comportei como um cavalheiro honrado. Tem todo o direito de estar aborrecida. Prometo agir com maior discrição no futuro.

Ela se manteve quieta, silenciosa.

— Olhe para mim, por favor. Foi só um beijo.

O pedido foi atendido. E ele lamentou tê-lo ex­pressado. Porque ao ver os olhos cheios de espanto e dor, soube a verdade e sentiu-se o pior dos homens.

Nenhuma negativa seria suficiente para apagar o que acontecera ali.

Não havia sido apenas um beijo.

***

Jane preparou-se para a noite no teatro, lamen­tando não poder ficar em casa enquanto Charles e Mary saíam. Assim teria tempo para devolver as cartas de Fitzwilliam e ler as que ainda não pudera examinar. Até então só tomara conhecimento de his­tórias sobre as viagens que ele fizera e as peças que produzira. Tinha certeza de que as informações seriam úteis em algum momento, mas a decepção ainda era maior que todos os sentimentos. Gostaria de ter uma chance de voltar ao quarto de Charles para procurar as chaves da escrivaninha do escri­tório. Mas sabia que a probabilidade de realizar a busca era quase nula.

Jane escolheu um dos vestidos novos, um mo­delo em seda negra com renda francesa da mesma cor e pérolas bordadas desde os ombros até a cin­tura formando um triângulo.

Estudou-se no espelho, tentando acostumar-se às mudanças recentes que o corpo sofrerá. Os seios es­tavam mais cheios, os quadris, mais arredondados. O que pensaria o pai se a visse naquele momento?

Lembrou a noite em que Charles a carregara até o quarto e o ardor com que a beijara.

O que ele pensava a seu respeito? O que importava?

Ele nem conhecia sua verda­deira identidade. Mesmo assim, não conseguia dei­xar de pensar que errara ao encorajar aquele beijo.

E quanto mais pensava nisso, mais acreditava que o beijo havia sido apenas mais um teste. Uma maneira de descobrir com que tipo de mulher seu irmão se casara, de provar que tipo de mãe possuía a única herdeiro dos Bingley. E cada vez que recordava sua reação, ficava sem saber se fora aprovada ou reprovada.

Dispunha de pouca experiência com o sexo opos­to, e por isso não tinha meios de comparação. O beijo de Charles ainda a mantinha acordada à noite, causando respostas físicas que comprova­vam o perigoso efeito daquele homem sobre seus sentidos. Jamais fora beijada daquela maneira.

Com ternura e sensibilidade, como se fosse al­guém digna de reverência.

Mas isso era tolice. Charles não a considerava especial. Pelo contrário.

Então, por que lembrava a distinção acima de todas as outras caracterís­ticas do beijo, acima da sensualidade e até mesmo do fato chocante de que ele a beijara?

Falhara no teste. A viúva de seu irmão o teria esbofeteado e anunciado seu ultraje para quem quisesse ouvi-la. Mas ela não.

Pressionara a mão contra o peito musculoso e sen­tira o calor emanado pelo corpo másculo. Lembrara a visão estonteante daquele mesmo corpo nu e fora envolvida por um calor intenso, paralisante. Além do pulsar do sangue correndo rápido pelas veias, ouvira a voz da consciência alertando-a para os deveres com a filha, e só então empurrara o homem que gostaria de ter sentido mais perto.

Para não cair em uma armadilha, lembrara a última vez em que havia acreditado na sinceri­dade de um homem.

Charles tinha um propósito, um objetivo que não a beneficiaria jamais.

Virou-se de costas para o espelho, tentando ig­norar o rubor de humilhação e desejo que ainda tingia sua pele sempre que pensava no episódio.

Helena ainda estava acordado no berço. Amamentara-a antes de vestir-se, mas, tomada por uma necessidade súbita de tê-la nos braços, pe­gou-a e foi até a janela.

— Mamãe não vai demorar — prometeu, bei­jando a testa pequenina. — E vou sentir saudade. Você é minha maior riqueza.

— Helena ainda não dormiu? — A sra. Gardiner perguntou, aproximando-se sem fazer barulho.

— Não. Ela está começando a aumentar os períodos de vigília. Não saia de perto dela esta noite, sim?

— É claro que não, senhora.

— Obrigada. — Entregou a criança à enfermeira e foi terminar de arrumar-se, transferindo o con­teúdo de sua bolsa para uma das de Anne. Depois libertou o bracelete que havia costurado sob o for­ro da bolsa.

As esmeraldas brilharam como se piscassem, partilhando um segredo. Ela fechou os dedos em torno da preciosa jóia, as gemas frias contra a pele. Como teria sido sua vida se a mãe ainda fosse viva? Os conselhos bondosos e a atenção constante de uma mulher poderiam ter impedido o erro que cometera com William Collins. E se mesmo assim houvesse cometido o engano, talvez a mãe houvesse convencido o pai a não expulsar de casa a única filha.

Jamais saberia. Colocou o bracelete no pulso. Só tinha duas coisas que lhe pertenciam de fato e de direito: Helena e aquela pulseira. Era melhor usar a jóia antes que ela também se tornasse parte do passado.

Charles esperava por ela no saguão. A casaca e a calça negra e a camisa branca enfatizavam a beleza devastadora.

Os olhos claros examinaram-na com atenção e admiração.

— Pronta?

— Sim, estou. E sua mãe?

— Foi jantar com amigos. Ela não disse nada?

Então sairiam sozinhos?

Por um momento Jane pensou naquele beijo e sentiu o coração bater mais depressa, mas felizmente controlou-se em seguida.

— Não — respondeu. — Ela não me disse nada.

— Faz alguma diferença o fato de mamãe não ir conosco?

Há meses não ia ao teatro, nem a qualquer outro lugar, e pretendia divertir-se. Charles Bingley, seus testes e beijos não a fariam mudar de ideia.

— Nenhuma.


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