Não Sou Quem Você Imagina! escrita por Gilraen Ancalímon


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas como vão?

Como prometido, aqui vai mais um capítulo para vcs, obrigada pelos recados deixado, e tbm pela visitas dos fantasminhas, rsrrsrs

Espero que gostem do capítulo. E se alguém tiver interesse em ler, comecei a postar uma fic ontem baseada em Harry Potter.

Att



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[RECAPITULANDO]

Com alguma dificuldade, moveu-se pelo espaço onde o piso era de madeira crua, tomando cuidado para não fazer barulho com as muletas. O suor brotava abundante em sua testa e corria pelas costas. A qualquer momento ele poderia abrir aquela porta e... e...

E estaria nu.

E molhado.

Estendeu a mão e girou a maçaneta, tremendo de medo e ansiedade. A porta se abriu. Passou ao corredor e fechou-a, olhando de um lado para o outro a fim de certificar-se de que estava sozinha.

Felizmente não havia ninguém por perto.

Por enquanto.

*********

Grata pelos tapetes que abafavam o som dos passos trôpegos, afastou-se daquela ala o mais depressa possível.

A sra. Gardiner estava acordada, mas trabalhava em seu bordado quando Jane entrou no quarto.

— Ela começou a se mover há poucos minutos — a criada contou. Se achava estranho o desa­parecimento da jovem mãe, não disse nada.

Pelo que sabia, Jane era a segunda senhora da casa. Tinha todo o direito à liberdade de ir e vir quando quisesse.

Jane tocou as cartas em seu bolso. Leria cada uma delas quando estivesse sozinha naquela noite.

*****

Com os acontecimentos de poucas horas atrás, fez com que Jane refletisse. Tivera uma filha, mas nunca havia visto um ho­mem nu. Jane não conseguia olhar para Charles durante o jantar sem lembrar os músculos das costas e dos ombros bem moldados. A recordação provocou um calor intenso que partiu do ventre e espalhou-se por todo o corpo até alcançar o rosto. Por mais que se concentrasse no cordeiro assado e na conversa em torno do acidente na fundição, não conseguia banir da mente as perturbadoras imagens de um corpo nu e poderoso.

— Anne? — O som da voz profunda e vibrante a fez erguer a cabeça. — Pode ir ao meu escritório mais tarde? — ele perguntou.

Sentiu a garganta oprimida.

O que Charles po­deria querer? Teria descoberto que havia estado em seu quarto? Sentira falta das cartas?

— Sim, é claro.

— Sente-se bem, querida? — Mary perguntou. — Está quieta demais... e ruborizada também.

— Estou bem, obrigada.

— Vai aprender a viver com a solidão. Encon­trará outras coisas com que ocupar seus dias e pensamentos com o passar do tempo. E existe um certo sentimento de depressão depois do nasci­mento de um bebê que não tem qualquer relação com a morte de Fitzwilliam.

Jane assentiu e manteve os olhos baixos. Era quase injusto o número de desculpas que tinha para o seu silêncio, suas alterações de humor, sua presença naquela casa. Como Anne, tinha uma desculpa para tudo. Como Jane Bennet era responsável por todas as mentiras. A vida como Anne era muito mais fácil.

A sra. Pratt tirou sua sobremesa intocada.

— Pode me acompanhar agora? — Charles perguntou.

— Sim... quando quiser.

— Não quer juntar-se a nós, mãe?

— Não, obrigada, querido. Gruver vai me levar à casa dos Austin para um jogo de cartas.

— Faça com que ele fique e espere. — Beijou o rosto da mãe e acompanhou Jane até o escri­tório. — Incomoda-se com a fumaça?

Ela ergueu a cabeça e viu o cigarro entre os dedos longos e bem cuidados. Um cavalheiro sem­pre pedia permissão de uma dama para fumar em sua presença, e Charles era um cavalheiro.

— Não. Meu pai fuma cachimbo.

— Fuma? Pensei que seu pai estivesse morto.

— Oh, sim... está. Quis dizer que ele fumava cachimbo. — E antes que ele pudesse interrogá-la, perguntou: — Queria falar comigo?

Ajoelhando-se diante do fogo da lareira, ele acendeu o cigarro com uma brasa. O aroma rico do tabaco de boa qualidade invadiu a sala. Ele se levantou e olhou para as chamas.

A mente distraída de Jane levou-a de volta ao quarto, ao buraco de fechadura através do qual descobrira um mundo desconhecido e fascinante. Jamais seria capaz de olhar para aquele homem como antes. O calor invadiu novamente seu peito, mas dessa vez desceu até o ventre e provocou uma sensação estranha, inquietante.

Charles encarou-a.

— Quero discutir as responsabilidades que men­cionei em nossa última conversa.

— É claro. — Foi sentar-se na cadeira mais distante do fogo, já que estava mais do que aquecida.

— Como esposa de Fitzwilliam e mãe de Helena, tem obrigações com a família. Fitzwilliam nem sem­pre viveu à altura de suas responsabilidades.

Por que ele tinha sempre de apontar as falhas do irmão?

— Talvez ele não tenha vivido à altura de suas expectativas.

— Meu irmão era dono de uma porção da Fun­dição Bingley. Uma parcela exatamente igual à minha. E nunca assumiu essa responsabilidade.

As palavras e o ressentimento que expressavam ecoaram na sala como um tiro de canhão, e ela se sentiu tola por não ter percebido antes. Não conse­guira compreender a razão de tanta desconfiança.

— Qual era a parte de Fitzwilliam na Fundição Bingley? — perguntou.

— Um terço. Mamãe e eu temos um terço cada um. Depois de sua morte, o terço pertencente a ela seria dividido entre nós, os filhos.

Dinheiro. O assunto girava em torno do dinheiro que Anne e seu filho teriam herdado.

— E agora que Fitzwilliam está morto, o que acon­tecerá com a parte que pertencia a ele?

— Como se nãosoubesse...

— Como poderia saber? Não conversei com nin­guém além de você e Mary, e nenhum dos dois me contou nada.

— Fitzwilliam nunca falou sobre os bens que pos­suía? Sobre os negócios da família?

— Fitzwilliam não planejava morrer! Ele havia acabado de se casar.

Os olhos escuros examinaram seu rosto por alguns instantes antes de buscarem novamente o fogo.

— Helena herdou o terço de Fitzwilliam. Quando minha mãe morrer ela herdará metade do terço que pertence a ela. Metade da Fundição Bingley será dela.

Fitzwilliam não negligenciara o bem-estar da es­posa e do filho. De uma coisa estava certa: ele e Anne amaram-se muito. Por que Fitzwilliam não tomaria todas as providências para certificar-se de que ela e o bebê estariam seguros, caso não pudesse estar junto da família?

— Ele não era tão irresponsável, afinal — disse, incapaz de conter o sorriso de satisfação que distendeu seus lábios. — Cuidou de tudo para que a filha não ficasse desamparada. E quanto a... — Deteve-se antes de dizer Anne — ...mim? Qual é minha participação nisso tudo?

Charles fitou-a com uma intensidade que teria sido suficiente para rasgar o mais espesso couro.

— Existem contas abertas em seu nome. Os depósitos são realizados anualmente a partir dos lucros da companhia. Vai me dizer que não tinha conhecimento disso?

Uma onda de raiva brotou em seu peito. Como esse homem atrevia-se a acusar a generosa mu­lher que conhecera rapidamente de tão sórdida manipulação?

— Está tentando sugerir que provoquei o desastre de trem para ficar com o dinheiro de Fitzwilliam?

A expressão revelou toda a surpresa provocada pela pergunta direta.

— Acredita que eu queria a morte de Fitzwilliam? — ela insistiu, a voz mais alta e estridente do que pretendia.

Charles jogou o cigarro na lareira e afastou-se do fogo.

O coração de Jane batia descompassado. Não tinha o direito de discutir com aquele homem. Nem de estar zangada, contrariada, ou de desa­fiá-lo e questionar seu direito a duvidar das in­tenções de uma desconhecida que acolhera em sua casa. Não era nada para ele. Mas a bondade e a generosidade de Fitzwilliam e Anne haviam sido tudo para ela. Por eles ainda estava viva.

— Não, não acredito que tenha desejado a morte de meu irmão. Mas não estou convencido das ra­zões que a levaram a se casar com ele.


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