Angel: Beta, que surpresa te encontrar aqui.

Roberta: Quem ta surpresa sou eu! – Ironizei.

Thayane: O que você ta fazendo aqui?

Roberta: Oi pra você também. Acredito que eu estou fazendo o mesmo que você, passando o feriado aqui. – Ela fitou Angel e deu as costas.

Thayane: Com licença.

Angel: Nossa, que mundo pequeno, não?

Roberta: Uhum. - Sorri. – De quem foi a ideia?

Angel: Ideia?

Roberta: Foi ele né?

Angel: É...foi.

Christian: Angel? Você aqui?

Roberta: Um conselho pra ti...- Coloquei o dedo em seu rosto - ...não dorme essa noite! – Peguei a chave que estava em sua mão, juntei minhas coisas do carro e fui a procura do nosso quarto, deixando Angel e Chris sozinhos.

Enquanto isso no carro

Christian: Nossa, se descobriram rápido demais!

Angel: E agora? Elas estão putas com a gente.

Christian: Embora elas não vão porque só tem ônibus de madrugada e a rodoviária é muito longe, elas vão ter que se aguentar. Eu vou meter uma lábia na Beta, pedir pra ela falar com a Thay.

Angel: Não, deixa eu falar com ela dessa vez.

Christian: Ta bom, boa sorte. Eu vou dar uma volta pra achar a piscina, depois te ligo.

Narrando novamente como Beta

Cheguei no quarto, joguei minhas coisas na cama e me sentei. Passar o feriado todo encontrando Thay por aí, seria foda demais. Logo ouvi alguém batendo na porta, levantei e a abri.

Angel: Posso falar com você?

Roberta: Claro, entra. – Dei espaço pra ela entrar.

Angel: Eu sei que talvez Chris e eu agimos errado, mas foi pensando no melhor.

Roberta: Não eras forçar uma coisa que não tem jeito. – Sorri.

Angel: Eu sei que tem jeito! Vocês vão ficar o feriado todo se vendo, é uma ótima chance de vocês esquecerem tudo que aconteceu na capital e tentar de novo.

Roberta: Tentar o que?

Angel: Vocês tem uma chance de começar do jeito certo agora. Tanto você como ela são cabeças duras, eu peço pra você engolir um pouco esse orgulho e ir falar com ela. Esquecem a Paula, a menina que esta com você, os problemas de vocês na capital e tentem algo, mesmo que seja só enquanto o feriado durar, por favor.

Roberta: Por que você faz tanta questão que eu me acerte com ela?

Angel: Porque eu sei que você mexeu com ela.

Roberta: Sabe como? Ela disse algo?

Angel: Confia em mim e faz o que eu to te pedindo Beta, por favor.

Roberta: Eu vou tentar falar com ela.

Angel: Obrigada. – Sorriu – Agora eu vou lá amansar a outra fera. – Sorri com ela.

Roberta: Até mais então.

Se eu já não sabia o que fazer, agora Angel conseguiu me deixar mais indecisa ainda. Resolvi tomar um banho, fiquei meia hora debaixo do chuveiro ensaiando diálogos que eu sabia que jamais serião ditos. Ao sair do banho me deparei com Chris jogado na cama ao lado.

Christian: Vai sair?

Roberta: A noite, vou dormir um pouco, to cansada. E você?

Christian: Vou tomar um banho e sair com a Angel.

Roberta: Vocês estão firmes hein. – Comecei a secar meu cabelo com a toalha.

Christian: É o que tudo indica. Vou tomar uma ducha, quer que eu te acorde mais tarde?

Roberta: Não, vai sossegado.

Christian: Flw, bons sonhos.

Liguei o ar condicionado e novamente me joguei na cama, não demorou muito e eu capotei. Acordei já era mais de 19h00min, eu estava com muita fome e Chris ainda não tinha voltado. Decidi me arrumar e sair pra comer algo. Andei um pouco até chegar ao restaurante, pedi algo e comi. Logo resolvi dar uma volta seguindo a margem do lago. Na verdade, eu precisava falar com Thay, mas eu não sabia em que quarto ela e Angel estavam, e meu celular havia ficado no quarto, resolvi deixar pra ter essa conversa no dia seguinte.

A lua estava cheia e ela se refletia no lago, uma cena indescritível. Notei que havia um trapiche e no final dele tinha uma menina sentada, com certeza eu não era a única pra baixo ali. Com o vinho que eu havia tomado no restaurante, fiquei cara de pau e resolvi ir puxar assunto com a tal garota. Dei alguns passos sobre o trapiche e vi que era Thay que estava sentada, minha coragem foi embora em questão de segundos. Eu não podia adiar mais essa conversa, respirei fundo e andei novamente em sua direção. Meu coração estava tão acelerado que eu podia ouvir as batidas, eu não sabia o que fazer com as mãos e a cada centímetro que eu me aproximava mais, mais eu ficava nervosa.

Roberta: Posso sentar ao seu lado? – Quase gaguejei. Ela virou o rosto e me olhou dentro dos olhos, notei que esse era meu ponto fraco.

Thayane: O trapiche é pra todos os hospedes. – Ela desviou seu olhar do meu. Apesar do belo corte, eu o ignorei e logo me sentei ao seu lado.

Roberta: Eu acho que te devo um pedido de desculpas.

Thayane: Fica fria quanto a isso.

Roberta: Não, eu exagerei, falei mais do que devia, me perdoa.

Thayane: Como você disse aquela noite, você não disse nenhuma mentira.

Roberta: Mesmo assim, eu não devia ter falado aquilo, foi infantilidade de minha parte, me desculpa.

Thayane: Ok, tudo bem.

Roberta: Então olha pra mim, por favor. – Ela permaneceu em silêncio e não moveu seu rosto. – Por favor Thay, olha pra mim.

Thayane: Não. – Falou bem baixinho que quase não consegui ouvir. Levei minha mão até seu queixo e tentei virar seu rosto pra mim, mas ela permaneceu imóvel.

Roberta: Perdão. – Soltei seu queixo aos poucos, ela realmente não estava a fim de papo. – Desculpa te incomodar, só queria conversar um pouquinho com você, com licença.

Levantei mais desanimada do que eu já estava e antes de dar alguns passos, ouvi ela me chamando.

Thayane: Espera Beta. – Parei e a olhei.

Roberta: Oi?

Thayane: Senta aqui, vai. – Fiz o que ela pediu, mas não disse uma palavra. – Desculpa ter te chamado de criança.

Roberta: Não tem problema, eu agi pior que criança mesmo.

Thayane: Eu também não tinha o direito de te falar aquilo.

Roberta: Tudo bem, não tem problema.

Thayane: Então tudo bem né?

Roberta: Agora sim. – Sorri e ela sorriu junto.

Pronto, lá se foi o assunto e estávamos lá feito duas bobas sem saber o que falar. Na verdade eu sabia o que falar, mas e a coragem? Cadê?

Thayane: A noite está linda né?

Roberta: Demais.

E la se foi de novo o assunto. Resolvi tomar coragem e falar logo de uma vez.