O Preço de Uma Guerra escrita por Maya


Capítulo 11
Estamos bem.




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Me pergunto como as pessoas conseguem sobreviver depois de perderem um ente querido. Essa pergunta estava frequentemente na minha cabeça quando faltavam apenas dois meses para Finn ingressar no exército. Não queria pensar nisso. Mas eu não era capaz de evitar.
–Tem certeza disso amor?- Finn perguntou enquanto olhava fixamente para a água.
–Claro que tenho. Você ta com medinho é Finn?- respondi com deboche
–Não to com medo, só to... assustado. Sabe que tenho medo de altura e isso aqui deve ter uns vinte metros!
–Você tem medo de altura e vai ser piloto do exército. Me explique isso Finn Hudson!
–Uma coisa é você estar preparado para aquele tipo de altura, quando se tem proteção e um avião! Agora pular de uma cachoeira de vinte metros de altura, não é o tipo de coisa para o qual eu fui preparado.
–Faz assim: Me pega!- e eu pulei. Uma adrenalina incrível percorreu todo o meu corpo. Eu me senti um pássaro durante alguns poucos segundos.
Finn pulou logo depois. Gritando e se sacudindo, mas pulou.
Eu ria tanto que minha barriga doía.
–Não ria de mim!- ele jogou água no meu rosto
–Como não?!- eu ri mais ainda
Ele se fingiu de ofendido e ficou sério de uma hora para a outra. Eu me aproximei e acariciei seu rosto perfeito
–Finn, me desculpa.
Ele me olhou com olhos cerrados e rapidamente se aproximou de mim me agarrando.
–Você é doido!- gritei
–Posso até ser mas você me ama!
–E como!- eu ri e olhei no fundo dos seus olhos fazendo uma pergunta silenciosa “Vai dar tudo certo não vai?”, ele a entendeu.
–Vai- e então me beijou novamente.


Dois meses depois...


Estávamos reunidos. Toda a nossa família. Só faltava Santana.
–Um brinde!- propôs meu tio Christopher, todos levantaram as taças e brindamos.
Finn partirá amanhã. Não sabia o que sentir a respeito disso. Naquele momento, a única coisa que eu queria era estar com ele e aproveitar cada segundo da sua companhia.
–Todos sabem porquê nos reunimos aqui certo? Amanhã, Finn nos deixará para ingressar na aeronáutica americana, um grande orgulho- meu tio fez uma pausa- Um orgulho que pode trazer consequencias eternas. Vamos orar.
Todos fecharam os olhos, ouvindo a oração de meu tio atentamente. Nossa família sempre foi religiosa.
–Senhor Deus nosso pai...
Me lembrei do dia que conheci Finn. Eu tinha uns quatro anos quando fui apresentada a ele.
–Nós te agradecemos Senhor, por cada vida aqui...
Lembrei-me do dia em que sofri o acidente na piscina do rancho... Onde tudo começou.
–E te pedimos Senhor, que guarde a vida do Finn...
Lembrei o primeiro beijo que eu e Finn trocamos... Bom, o segundo beijo, pois ele já tinha me beijado no hospital, mas isso não conta.
–O proteja, e o ajude em momentos difíceis...
Lembrei-me do dia em que Santana resolveu nossos problemas. Lembrei de quando fizemos o picnic no rancho, da serenata de Puck... Da viagem a Pearl Harbor e da perda insubstituível que ela me deu.
–Faça com que ele volte para nós...
Por fim pensei em quando Finn me contou sobre a convocação. Uma lágrima solitária saiu de meus olhos.
–Em nome do Senhor Jesus...
Não podia perde-lo! Eu perdi minha melhor amiga, minha prima, minha irmã. Se eu o perdesse não conseguiria viver mais... Não conseguiria...
–Amém- todos na mesa falaram amém e voltaram a sua atenção para a comida. Me levantei e fui até a varanda da sala de estar que tinha vista para a piscina de Finn. Senti braços me abraçando por trás e me virei
–Não sei o que estou sentindo- sussurrei
–Nem eu- Finn falou no mesmo tom
–Sabe eu... Eu fico me perguntando como eu estou me sentindo mas na verdade eu não sei...
–Você já disse isso- ele sussurrou ao meu ouvido- tenho um presente pra você- ele tirou um papel do bolso
–Tá vendo aquela estrela perto da lua? Não aquela encostada nela, a segunda mais perto- eu olhei para o céu e a encontrei.
–Bom, meu pai tem um amigo na NASA e eles começaram a vender estrelas. Simbolicamente. Dando nome de pessoas a elas.
Ele me entregou o papel.
–Você deu meu nome para uma estrela?-perguntei
–Na verdade eu a chamei de Finn Hudson, pois já existe uma estrela chamada Rachel Berry. E ela está bem aqui... Na terra, brilhando mais do que qualquer outra estrela. Assim, quando você estiver se sentindo sozinha, poderá olhar para o céu e saber que eu estou com você, não importa a situação, ou onde quer que eu esteja. Nosso amor é assim. Perto ou longe, está com a gente.
Eu chorava e nem estava percebendo até ele enxugar minhas lágrimas com os dedos.
–Eu te amo- disse por fim
–Eu também te amo.


~~*~~


Admito que não dormi naquela noite, eu me revirava na cama mas não conseguia pregar os olhos. Já eram oito da manhã e eu já estava pronta para levar Finn até a estação de trem, de onde seria levado até Nova York.
Meus pais e meus tios abraçaram Finn com força e desejaram-lhe boa sorte. Havia tanta coisa que eu queria falar pra ele, mas naquele momento, as palavras me faltavam.
Eu o abracei com força. Não queria largá-lo. Não queria que ele ficasse longe de mim. O beijei e passei todas as palavras que eu queria falar através daquele beijo.
Ele olhou para mim e perguntou:
–Estamos bem?- antes que eu pudesse responder ele embarcou.


~~*~~


Cheguei em casa e fui direto para o meu quarto. Eu queria chorar mas simplesmente não conseguia.
Me peguei rindo quando lembrei do episódio da piscina e da minha recuperação na qual fiquei o dia todo na cama.


Flashback on*


O dia passou devagar. Devagar até demais. Não sei se foi por causa da minha ansiedade de falar com Finn ou se foi a terrível dor de cabeça que não me deixava em paz.
Assisti TV o dia todo. Sinceramente? Foi um saco! A única coisa da qual se falava era sobre a Alemanha. Alemanha aqui, Alemanha ali, Alemanha por todo lugar/canal em que eu colocava.
Percebi que era melhor desistir de me distrair, isso não estava sendo possível. Resolvi dormir. E funcionou! Acordei só no outro dia, depois do almoço.
Fui tentar andar sozinha. Péssima ideia. Tive de esperar alguns minutos até a tonteira que tomava conta de mim acabar. Passados alguns minutos, sai do quarto e dei de cara com a pessoa que mais queria ver naquele momento. Finn. Aparentemente meu primo estava a caminho do meu quarto. Interessante.
–Por que fez aquilo?!- perguntei sem rodeios.
–Fiz o que?- ele parecia confuso.
–Você me beijou Finn!- afirmei com toda certeza.
–Beijei?- ele estava ainda mais confuso. Ai meu Deus! Será que eu sonhei que ele tinha me beijado? Será que não passou de uma mera alucinação?! E agora ele vai achar que eu gosto dele!! Claro que não é exatamente mentira... Desde que me entendo por gente, brigo com o meu primo, mas não vou mentir falando que nunca senti nada por ele.
–Ah é mesmo! Beijei sim!- ele respondeu me tirando do pequeno transe em que me encontrava.
Ufa! Não foi sonho nem alucinação!
–Nossa!- suspirei aliviada- Com a sua reação tinha começado a achar que eu tinha sonhado com isso, ou que era uma alucinação!- ai! Não devia ter dito isso! Por que me...
Finn colocou seu dedo em meus lábios, me interrompendo e me beijou, docemente e me deixou nas nuvens. Retribui o beijo da mesma maneira, o envolvendo pelo pescoço, suas mãos pairavam sobre a minha cintura. Interrompemos o beijo ao mesmo tempo, para retomarmos o ar.
–Não entendo... Por quê?
Ele me deu um sorriso de lado, com aquelas covinhas capazes de levar qualquer garota ao delírio.
–Porque eu estou apaixonado por você.


Flashback off*


O riso se transformou em choro. Olhei pela janela e percebi que passei o dia todo pensando. Já era noite. Caminhei até a sacada, olhei para o céu e encontrei minha estrela. Fiquei encarando ela por alguns minutos, por alguma razão eu sabia que Finn também a observava. Fechei meus olhos (que estavam cheios de lágrimas, o que fez com que elas rolassem pelas minhas bochechas) o imaginei me perguntando “Estamos bem?” o que me fez sorrir.
Abri os olhos e fitei a estrela novamente.
–Estamos bem.


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