O Preço de Uma Guerra escrita por Maya


Capítulo 1
Prólogo




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Todos se reuniam em volta do caixão. O padre fazia a oração final e as pessoas mantinham seus olhos fechados aguardando o final da prece. Todas as pessoas, menos eu. Eu só era capaz de observar o rosto do meu marido, temendo esquecê-lo e me lembrando da primeira vez em que o vi.
Depois de 36 anos, posso dizer que realmente o amei. Não do jeito típico "marido e mulher", eu o amei como amigo, e era impossível não ficar triste.
Olhei para o seu rosto uma última vez antes que fechassem o caixão, aquela seria a última lembrança que eu teria de uma pessoa que foi muito importante pra mim.
Quando o enterraram, uma lágrima solitária escorreu de meu rosto, e me dei conta de que talvez aquela seria a última lágrima que eu derramaria por uma pessoa perdida, pois eu já não esperava mais nada de minha vida.
Minha filha me segurou gentilmente pelo braço e me guiou até o carro. Ela dizia alguma coisa relacionada a morar com ela, mas naquele momento eu me sentia totalmente incapaz de formular frases, então, me mantive em silêncio.
–Mãe?- ela balançou a mão de frente ao meu rosto, chamando minha atenção- A senhora vai pro almoço?
–Não. Quero ir pra casa.- disse sem olhá-la.
–Casa? Não mãe! Aquele lugar vai só te deixar mais deprimida!- ela tentou me convencer com carinho.
–Filha, por favor!- olhei pra ela e acariciei seu rosto limpando uma lágrima teimosa que saiu de seu olho esquerdo com o dorso de minha mão.
–Ok mãe! A senhora que manda!
O trânsito estava lento. O caminho que geralmente demora mais ou menos meia hora, levaria o dobro. Encostei a cabeça no vidro, e deixei que as lembranças tomassem conta de minha mente.

*Flashback on.

–36 anos atrás- 1933

Quando eu tinha dez anos, aconteceu uma festa que me marcou muito. Era uma típica festa de família tradicional americana: música alta, bebidas, pessoas dançando e crianças correndo por todos os lados.
Eu e meus primos Santana e Finn brincávamos de esconde-esconde, só que no meio da correria, levei um baita tombo e machuquei feio o joelho.
–Tá tudo bem?- uma voz de menino perguntou de forma doce e gentil.
–Ta sim.-ele me ajudou a levantar e eu finalmente consigo ver seu rosto. Cabelos escuros, olhos variando entre o preto e o marrom, e a pele morena clara. Bonito.-Obrigada!- Fui tentar andar sozinha. Péssima ideia.
–Quer ajuda?- sua voz estava mais doce ainda. Impossível!
–Clar...- fui interrompida pelo grito de meu primo.
–Rach!! Achei a Santana! -ele olhou a cena e não ficou com uma cara muito agradável.
– O que ta rolando aqui?
– Essa garota caiu Finn!- ele falou rindo.
–Quer ajuda aí?- perguntou com a cara ainda amarrada.
– Seria bom.
Finn sempre foi dois anos mais velho que eu e Santana então se achava o líder. Nunca nos demos bem. Coisa de primo. Quem tem entende. Ele tinha a pele clara, cabelos escuros, olhos castanhos e um sorriso com covinhas capaz de derreter qualquer uma! Geralmente as garotas começam a olhar diferentemente para os meninos depois dos 12, mas eu nunca fui de seguir regras, aos 10 já achava vários caras bonitos, e o meu primo era um deles.
No caminho (até minha mãe), não trocamos palavras. Só depois que ela tratou do ferimento que foi dito alguma coisa.
– Obrigada por trazê-la Finn e... Qual é o seu nome?- minha mãe perguntou ao menino.
– Sou Noah Puckerman senhora. Finn me convidou. Somos amigos de escola.
Agora sim! Finalmente sei seu nome!
–Seja bem-vindo Noah!- minha mãe virou-se pra mim- e você senhorita, pare de correr por aí!- ela me deu um beijo na testa e saiu.
Santie chegou logo em seguida.
–Rach do céu! Você não vai acreditar no que aconte... Meu Deus! Quem é o seu amiguinho? -perguntou com um sorriso malicioso.
Finn respondeu por mim. Estranho.
– Esse é o meu amigo Noah, chamamos ele de Puck.- disse mal humorado.
–Prazer. Você é?- Puck perguntou a Santana. Voz doce! Meu Deus!
– Sou Santana. Prima da Rachel e do Finn.
– Quem é Rachel?- Pergunta ele. Santana aponta pra mim.
– Ah sim! Não fomos devidamente apresentados.- ele fala com formalidade, mas com um sorriso tão natural que nem se percebe.
– Eu sou Noah Puckerman.
– Rachel Berry.

*Flashback off

Cheguei a minha casa, abracei Alice e entrei. Seria difícil viver ali sem ele.
Fui até o armário onde guardo meus álbuns antigos. Peguei um deles, um que está bem preservado e o folheei calmamente até chegar em uma foto onde quatro pessoas se encontram rindo. Puck, Santie, Finn e eu.
Fechei meus olhos, e por um momento voltei ao tempo em que tudo começou.
Meus 15 anos. A idade em que o grande amor da minha vida teve início, a idade em que eu aprendi o que realmente significa amar.
É hora de contar essa história. A minha história.
Para muitos, a segunda guerra mundial, não passou de um símbolo. Um símbolo de egoísmo. Um símbolo de preconceito. Um símbolo de perdas. Mas isso não é toda a verdade.
Toda guerra tem um preço. Para muitos, esse preço foi perder o pai, o marido, ou até mesmo um amigo próximo, e assim como todos, eu paguei esse preço e o pago até hoje.
Meu nome é Rachel Berry. Eu tinha 18 anos quando os Estados Unidos da América entraram na Segunda Guerra Mundial.
Pensei que terminaria como havia começado... mas eu estava errada.
O que veio de repente, nunca foi embora de verdade.
Toda guerra tem um preço certo?
Pois bem. É hora de contar qual é o verdadeiro Preço de Uma Guerra.


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