Eu o Beto e a Valentina fomos de encontro ao time Light Titans que estavam no banco, arrasados. Fui de encontro ao treinador, que culpava os jogadores adversários de roubo.

– Treinador! Eu tenho uma estratégia para-

– Vejam se não é a... Desculpe, você é tão insignificante que eu não lembro seu nome. - riu num tom de deboche.

Segurei Valentina que estava para matar o treinador e continuei, ignorando-o.

– Eu tenho uma ideia de como nós podemos vencer.

– "Nós"? - riu com desdem - Esse time não é e nunca será seu. Se me der licença, tenho um jogo a vencer.

– Dá para me escutar?! - gritei irritada, atraindo a atenção dos rapazes.

Leo veio andando em minha direção e me empurrou. Cambaleei para trás e Beto me segurou.

– Cuidado por onde anda. - avisou Beto.

– Não dirijo palavras à bichas. E Nem a florzinhas como você. - a ultima frase foi para mim.

Uma raiva me envadiu, mas que tomou atitudes drásticas foi Valentine, que tentou acertar seu rosto, mas não conseguiu. Logo todos estavam vaiando e o constrangimento em meu rosto era visível.

– Treinador, o tempo é pouco, deixe-me lhes ajudar. Não quero ver esse time perdendo... - fui bastante sincera, na esperança de que ele me desse ouvidos.

– Se você espera que eu coloque você nos titulares, pode sonhar. Primeiro porque você é uma mulher, segundo porque eu não gosto de mulheres.

Os rapazes começaram a vaiar novamente, mas alguém fez o favor de acabar com a foba do treinador.

– Então o senhor é gay? - Lucas se intrometeu - Nossa única chance de vencer pode ser ela. Deixe de ser machista. Aliás, todos vocês. Querem vencer ou não? Acham que seus orgulhos masculinos vão ser machucador porque uma mulher vai ajudar-nos á sair vitoriosos?

Todos ficaram mudos, exceto Valentina que ria como uma hiena.

O treinador ardia de raiva, quase soltando fogo pelas narinas.

– Lucas, como ousa dizer isso?! - ele agarrou o colarinho da camisa, mas Lucas era mais alto - Você...! - o treinador tentou desferir um soco no rosto, mas Lucas segurou seu pulso.

– O que? Por acaso disse algo errado? - o brilho de seus olhos era cortante a ponto do treinador desviar o olhar, enquanto seu pulso ficava vermelho - Será que é essa sua tática? Levar-nos à derrota?

Depois da pressão posta pelo capitão do time, o treinador acabou propondo um acordo: eu poderia jogar no time - substituindo o meio campista camisa 2 -, mas antes deu uns avisos.

– Se você perder, nunca mais venha aqui, nunca mais pratique ou ao menos ouse pensar em futebol. E você também, Lucas, caso percam, você sairá do time.

– E se eu vencer?

– Se vencer eu desistirei do meu posto de treinador e não te incomodarei mais.

– E? Irá se desculpar? Comigo e com meus amigos?

Ele pareceu relutante, mas concordou:

– Eu me desculparei com todos, até farei com que o Leo peça desculpaa ao Beto.

– Ei! - gritou Leo. - Não direi nada a ninguém, principalmente para um Veadinho de quinta como ele.

– Não se preocupe, não há como uma mulher vencer um jogo de futebol.

Os dois riram sarcasticamente, mas eu os ignorei e repassei minha estrategia para os outros jogadores, com a infeliz -ou feliz- ajuda de Lucas, já que eu quase nenhum me ouviu, com excessão do Matheus, que parece ser muito melhor que esses brutamontes.