Quando cheguei da aula, fui logo puxando Sam para contar a mais nova notícia. Ele riu com a mentira que Nico contou, mais me alertou da "bela" bronca que levarei do papai quando souber que ficarei de castigo na biblioteca pelo resto do ano por desrespeitar o diretor, professor e ainda ter beijado alguém, coisa que nunca aconteceu.

(...)

No dia seguinte, a aula foi à mesma chatice de sempre. Quando finalmente terminou, fiquei conversando com Riane:

– Hoje é o primeiro dia na biblioteca, né? - Pergunta Riane.

– Nem me fale! Quero ver a desculpa que vou dar pros meus pais, pra mim não ficar a casa a tarde em casa.

– Boa sorte! - Diz ela, com um sorriso.

Fiquemos em silêncio, eu fiquei pensando em alguma mentira. Até que uma voz suave atrapalha meus pensamentos.

– Vai ir pra casa? - Nico pergunta.

– Nem eu sei! Acho que meus pais não irão permitir eu...

Rapidamente, Riane diz:

– Almoça lá em casa!

– O que? - Pergunto.

– Aceita, Mel. A sua amiga aí mora perto da escola mesmo. - Fala Nico.

– Tudo bem! - Respondo.

Nós três fomos juntos em direção a casa de Riane, até que escuto uma voz me chamar.

– Nando? - Pergunto ao vê-lo se aproximar.

– Pensa que vai aonde sem mim? - Pergunta ele.

– Na casa da Riane, almoçar?

– Não vai pra casa hoje? - Pergunta Nando.

“O que você acha?” - Pensei comigo mesma.

– Não! Ela irá à casa da Riane, e já está atrasada! - Disse Nico me puxando pelo braço.

– Atrasada? - Nando repete.

Nico e Riane me puxaram e eu não pude falar mais com Nando. Fiquei boiando com o que eles fizeram. Mais não ia me preocupar com isso, tenho coisas piores pra me preocupar como o fato de aturar Nico o resto do ano na biblioteca da escola.

(...)

Na casa de Riane, apenas ela e eu almocemos. Os pais dela estão trabalhando, são bem ocupados pelo jeito. Durante o almoço, o único assunto que falemos foi: Nico. Será que não tinha coisa melhor?

Pra minha sorte ou azar, não levei o celular pra aula, ou seja, nada de pais me ligando perguntando onde estou. Despedi-me de Riane e fui até a escola, encarar o primeiro dia de castigo. Eba! Que legal! Castigo e Nicolas Benvenutti será que só eu que acho que isso não vai dar certo?

(...)

Entrei na biblioteca, lá estava o diretor Reinaldo, a senhora azeda digo senhora Lima e Nico:

– Quem faltava chegou! - Exclama o diretor.

– Boa tarde pra vocês também! - Falei, sorrindo.

– Vamos direto ao ponto, ok? - Diz o diretor - Vocês por terem desobedecido a regras vão trabalhar aqui!

– E quanto iremos ganhar trabalhando aqui? - Perguntei.

– Nada além de conhecimento!

Bufei. A vida é injusta! Sim, eu gosto de ler mais não de ficar aturando gente chata e arrumando livros que os outros desarrumam.

– O que exatamente iremos fazer? - Pergunta Nico.

– Arrumarão livros, ou ajudaram alunos a procurar algum livro. - Responde a senhora Amália.

Olhei para Nico com a melhor cara de brava possível, o resto do ano fazendo isso! Como diz Mia de Rebelde: “Como é difícil ser eu!". Aí Deus, cheguei ao nível de falar frases de patricinha, eu devo estar doente!

– Bom trabalho, garotos! - Reinaldo fala, se aproximando da porta - Espero que aprendam a não responder os mais velhos e a não se beijarem na sala de aula! E... Divirtam-se! - Disse por fim.

Eu mereço! Como a vida é cruel!

– Comecem com os livros infantis, estão ali! - Senhora Lima aponta para um monte de livros espalhados em uma prateleira.

Começo a pegar alguns livros, em total silêncio. Afinal, estou em uma biblioteca. Como se eu ligasse pra isso! A verdade é que não queria falar com Nico. Por que ele foi dizer que nos beijamos? Se nem um beijo no rosto nunca dei a ele!

– Cinderela! - Nico lê o titulo do livro que está em minha mão.

– Não! É Bela Adormecida!

– Educação mandou um ‘oi ‘.

– Não enche garoto! - Falei com raiva.

– O que foi que eu fiz?

– Só falou que nos beijamos sendo que isso nunca aconteceu!

– Não gostou?

– Custava dizer a verdade? Assim você não precisaria estar nesse maldito castigo, pois quem desrespeitou o diretor fui eu!

– Se eu falei aquilo foi porque eu quis o castigo!

– Então tá. - Dei por fim a conversa.

Mais ele continua:

– Peter Pan!

– Isso é ótimo! Você estar mostrando que sabe ler, mais da pra você ler pra você apenas?

– Isso é ótimo! Você está me ouvindo. O dia está lindo hoje, né? - Nico pergunta.

– O que você acha de não conversar? Primeiro: porque aqui é uma biblioteca e Segundo: Quanto mais rápido terminarmos, mais cedo voltamos pra casa!

– Eu não estou com pressa! - Responde Nico.

Confesso, nem eu estava com pressa! Nico é lindo (não é a toa que é o mais popular), e algum tempo está tentando conversar numa boa comigo. Eu me faço de durona mais no fundo me derreto por aqueles olhos azuis. O problema? E se eu acabar gostando mesmo do Nico sendo que eu tenho namorado, que conheço desde quando era criança e que por sinal é ciumento? Seria um problemão! Então, é melhor eu não tentar nada com o Nico. Não há possibilidades nem de sermos amigos, nem nada! Pois corro o risco de me apaixonar por um loiro de olhos azuis, mais alto que eu e que ama skate, vídeo game, assim como eu.