Acordei na cabine de Jack com Gibbs me abanando. Estava com uma baita dor de cabeça.

– Josh, o que aconteceu? - perguntei. Sim, eu chamava Gibbs de Josh, afinal, o nome dele era JOSHamee. Pra mim, Gibbs é nome de cachorro.

– Você insultou Calypso e desmaiou, srta. Depp.

– Ah... e onde está Jack?

– Lá fora, no timão.

Suspirei e olhei para o lado. Vi o caixão de vidro e uma tremedeira típica de desespero se apossou de mim. Eu precisava contar meu segredo para alguém.

– Josh - o chamei - Eu preciso te contar uma coisa. O que você sabe sobre mim é que sou órfã e que Jack me conheceu em Tortuga, certo? - ele assentiu com a cabeça - Mas a verdade é que tem outros detalhes. Jack matou meu pai com esta adaga. - retirei a citada da cintura - Ta vendo aquele caixão de vidro, Josh? É meu pai que ta lá dentro.

– Seu pai? Você é filha de David Depp?

– Sou. E eu pretendo vingar a morte do meu pai. Pretendo... - não terminei de falar. Houve um solavanco no navio e eu quase caí.

– Pretende?

– Depois eu explico. Vamos para o convés. E meu segredo, ta bem guardado?

– Claro, minha boca é um túmulo - Gibbs prometeu.

– Percebi, com esse bafo - eu brinquei, fazendo careta e Gibbs riu.

Fomos para o convés do navio. e pela primeira vez eu vi Jack dando pulinhos de alegria.

– O que houve meu amor? - gritei.

– Chegamos amor! - ele gritou de volta, histérico - à baía das conchas!

Não sei se foi por causa do grito ou por causa da notícia de que tínhamos chegado. Só sei que todos os marujos do navio pararam o que estavam fazendo. Vi expressões de medo no rosto de alguns, enquanto outros estavam com as pernas tremendo. Um até fez xixi nas calças. Mas, ao contrário de todos os marujos, Jack estava completamente feliz, dançando e pulando. O sol batia forte em seu rosto, deixando-o mais atraente, com os olhos mais claros e a pele mais radiante. Jack veio dançando em minha direção e me puxou para um beijo envolvente. Um beijo quente, como todos os outros.

De repente, uma sombra atravessou o navio.

Ela veio do nada. Não havia nuvens no céu, ou outras embarcações passando por perto. Apenas a sombra. Grande demais para ser de um pássaro. Jack ficou pálido e calado. A sombra passou e o sol voltou.

– O que foi isso Jack?

Sparrow ficou parado, olhando para o nada.

– JACK SPARROW, O QUE FOI ISSO?

– N-na-nada meu amor. Foi só... volte para sua cabine - ele gaguejou.

– Mas o que foi is...

Eu não tive tempo de terminar a frase. Houve outro solavanco no navio, o que me fez cair. Mas desta vez, uma criatura com garras de caranguejo no lugar de mãos e um urro feroz pulou dentro do navio. Ficou parado no lugar onde caiu, com a respiração pesada e olhando para todos com um olhar mortal.

– Gibbs, pegue minha espada na cabine - Jack sussurrou.

Gibbs saiu de fininho, e o monstro não o percebeu. De repente, ele deu um urro, aumentou de tamanho e veio em minha direção. Peguei minha adaga e corri em direção a ele.

– Bianca, não! - Jack gritou desesperado.

Eu não o ouvi. Uma sensação estranha tinha me atingido. Eu não sentia medo. Eu só sentia vontade de matar aquele ser estranho.

Já estava chegando perto o suficiente para o atingir. Me joguei no chão, escorregando em direção a ele e com a minha adaga apontada para cima, o atingi.

Mas, em vez de o cortar ao meio, o monstro explodiu em fumaça. Gibbs chegou ao convés, pálido, tremendo.

– J-ja-jack... o corpo... o corpo sumiu.