Dolovan Breus escrita por Roma


Capítulo 19
ELSA - Capítulo Final


Notas iniciais do capítulo

Esse é o último capítulo.



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– Temos de agir. Frost com certeza não poderá fazer parte do plano, mas só gostaria de deixar isso claro. Agora que destruímos o arsenal, estão enfraquecidos. Breus não seria imprudente o bastante para usar armas de outros arsenais, ele sabe que seria arriscado, então provavelmente terá repor as que foram perdidas, e devemos destruir os seus planos antes mesmo que possam começar. Aqui – Sal estendeu um mapa sobre a mesa de madeira – Está o nosso alvo. Nos computadores dessa sala, estão armazenados todos os planos e estratégias. Se Breus os perdesse, seria o fim para ele. Arquivos como aqueles levariam décadas para serem recuperados, e alguns nem seriam. Assim, devemos chegar àquela sala e deletar todos os arquivos. Ou, em última hipótese, destruir todos os computadores.

– Parece bem simples para mim – Sandy comentou.

– Mas é só à primeira vista. Estão alarmados agora, e Breus com certeza prevê algo desse gênero. Estarão mais armados que nunca e preparados para qualquer tipo de cilada. E conhecem os nossos rostos. Temos que pensar em algum jeito de passar pela segurança e conseguir acesso àquela sala. Talvez usando métodos mais avançados de disfarce, consigamos...

A porta foi aberta, com urgência e ruidosamente, e Paco, que até então estivera fazendo companhia a Frost, entrou. Estava afobado.

– Civis.

– Do que está falando, Paco? – perguntou Noel, erguendo uma sobrancelha.

– Breus está atacando civis. O seu plano começou.

– O quê? Não é possível! Destruímos o arsenal e...

– Claramente – interrompeu Elsa, suspirando – Ele foi imprudente como você disse que não seria. E agora quem está em má situação somos nós, e não ele. Mudança de planos, pessoal.

– E o que pretende fazer? – Sal perguntou, cruzando os braços. – Simplesmente pegar uma pistola e ficar parada diante das armas de Breus?

– Não acredito que vamos mesmo pegar armas e ficar parados aqui. Isso é ridículo! – protestou Sal. – E como espera que essas estacas acertem os homens de Breus? Estão muito alto nos seus tanques. Elsa, você está insana. E vocês também, por ouvi-la!

– Confiem em mim, os tanques não serão um problema. Eu... Eu vou fazer algo com eles, então todos os homens cairão no chão, e devem usar suas armas. – Elsa respondeu. Esfregou as mãos uma na outra e tirou as luvas brancas que usava. Sal entendeu e abriu a boca, surpresa. Não sabia que as habilidades da caçadora eram capazes de fazer algo grande como ela pretendia, e esperava que tudo desse certo.

Logo podia-se ouvir o som dos tanques se aproximando e os gritos dos civis. Corpos ocupavam as calçadas e ruas, e os tanques passavam por cima deles. Era assustador, e Elsa pensou que talvez devesse ter pensado melhor no plano. Mas era tarde para desistir. Olhou para os companheiros.

– Estão prontos? – disse.

– Sim. – os outros responderam, em uníssono. Ela fechou os olhos e se concentrou. Sentiu as pontas dos dedos se resfriando, até embranquecerem. Deixou que o frio fluísse por todo o seu corpo. Imaginou gelo. Muito gelo. Então abriu os seus olhos, que agora brilhavam como a neve que reflete o sol. Tocou o chão com as duas mãos, e este congelou imediatamente. O gelo foi se espalhando, até tomar os tanques, edifícios, carros. Então algo incrível aconteceu. Todos os tanques, agora esculturas de gelo, se partiram, deixando os surpresos vampiros sentados sobre montanhas de gelo. Os que não conheciam seu segredo a encararam, surpresos, mas não havia tempo para aquilo. Os homens de Breus se recompuseram imediatamente e tomaram as armas – que não haviam sido congeladas com os tanques.

– Agora! – gritou Elsa, e seus amigos começaram a disparar. As armas eram incrivelmente precisas e velozes, e vários vampiros caíram por terra. Todavia, os soldados de Breus eram muitos, contra apenas Elsa, Sal, Noel, Sandy e Paco. Noel e Sandy entreolharam-se e jogaram algo no chão, e imediatamente uma nuvem de fumaça dispersou a todos. Estacas surgiam do nada e perfuravam os vampiros inimigos, apesar de que o grupo também enxergava com dificuldade. Elsa lançava pedaços pontudos de gelo, e congelava o máximo de vampiros que podia, mas apesar dos esforços conjuntos da equipe, Breus ainda tinha muita gente do seu lado. Elsa teria de fazer algo grande.

Lembrou-se de um episódio que ocorrera em seu baile de formatura, há anos atrás. Ela era a única que restava no salão, e estava postada diante das grandes janelas panorâmicas que davam a visão da neve do lado de fora. Subitamente, ela sentiu-se bem. Livre. Por apenas um instante, ela se sentiu como uma princesa. Imediatamente, torres de gelo começaram a surgir, atravessando o teto e congelando o local inteiro. Um castelo de gelo se ergueu, e ela sentiu-se poderosa, bela e livre. Ao abrir os olhos e ver diante de si todos aqueles soldados, decidiu que era a hora de sentir-se do mesmo jeito. Sorriu, e um rodamoinho de neve a envolveu. Uma torre de gelo surgiu sob seus pés e começou a erguer-se, deixando-a acima de toda a confusão. Seu rodamoinho emitia um brilho surpreendente, e uma explosão de luz fez com que todos parassem e se voltassem para ela, surpresos. O cabelo estava trançado, e ela trajava um vestido adornado com partículas e cristais de neve. Uma coroa de gelo surgira em sua cabeça, e um cetro do mesmo material em suas mãos.

– Escutem! – ela gritou, imponente – Vocês, que estão atacando a civis inocentes que nada fizeram contra vocês! Pensem duas vezes, no quanto essa espécie fez por vocês, quantas coisas lhes proporcionou! O que estão tentando fazer é insano, e não vou permitir que tanta gente morra por causa de seu orgulho! Pensem em seus irmãos, irmãs, filhos, e imaginem a eles sendo atacados por humanos! É assim que as pessoas que estão matando se sentem. Por anos de minha vida, eu mesma era como vocês, mas na situação inversa. Eu caçava vampiros. Mas quando dei-lhes uma chance e os conheci melhor, acabei encontrando entre eles o meu melhor amigo... E minha melhor amiga, uma de vocês, Sal Morris. – Sal sorriu de onde estava – Deem uma chance a essas pessoas! Larguem essas armas! Pensem! Nós podemos conviver juntos e em paz, e isso depende apenas de vocês! Deixem o orgulho e o preconceito de lado! É assim que conseguirão libertar-se dos fardos que sentem sobre os ombros! Eu sei disso, e vocês devem confiar em mim!

O silêncio era assustador, como se algum dos lados fosse atacar a qualquer momento. Lentamente, grande parte dos vampiros foi largando as armas e se postando ao lado dos amigos de Elsa. Um pouco deles permaneceu no lugar, decidindo o que fazer.

– Não escutem a ela! – uma segunda voz ribombou. Dolovan Breus surgiu entre os soldados. – Ela diz ser essa rainha da generosidade e da benevolência, mas vejam o que fez com os nossos homens! Nossos tanques! O que fez sua vida inteira! Vejam o que fez... O que fez com Mamma!

Mamma, que até então estivera apenas observando o conflito por estar fraca, deu um passo à frente. Agora os cabelos estavam completamente brancos, e em sua pele haviam pequenos flocos de gelo. Elsa abriu a boca, mas não conseguiu fazer nada. Subitamente, era tudo como antes. O medo que as pessoas sentiam ao olhar para ela e ver o que fazia. Subitamente, ela sentiu medo outra vez. Era perigosa. Talvez Breus estivesse certo. Talvez ela devesse morrer. A sua torre foi descendo aos poucos, até que ela estava no chão novamente, com todos os olhares sobre si. Sal olhou de Mamma para Elsa e se aproximou.

– Não! – gritou Elsa. Sal deteve-se, assustada. – Não chegue perto de mim... Eu... Não quero te machucar...

– Elsa, não dê ouvidos a ele! Você é uma boa pessoa, e eu sei disso!

– Não, Sal, eu sou um monstro! Fique... Fique longe de mim...

– Elsa...

– Fique longe de mim! – ela gritou, afastando-se, cambaleante. Breus sorriu, satisfeito, e começou a caminhar em sua direção. Ninguém se movia além dos dois. Ele se deteve a um metro dela, e tirou uma arma do casaco.

– Veja que ironia – rosnou – Agora é a caçadora quem está sendo caçada...

Ele encostou a arma na cabeça de Elsa e ia puxar o gatilho...

– Não! – Mamma gritou, quase que se arrastando até os dois. – Não faça isso, Breus! Ela é a minha... Minha única chance...

– Mamma... – ele sussurrou, olhando de Elsa para ela. Fechou os olhos e largou a arma, comprimindo os lábios. Elsa olhou para os dois.

– Prove a ele, Elsa! – Sal disse – Prove a ele que não é o monstro que ele diz que é! Ajude-a! Prove a si mesma!

– Eu... Eu não sei como...

– Você precisa tentar!

Elsa olhou assustada de suas mãos para Mamma. Aproximou-se lentamente, e tocou os seus ombros. Esvaziou a sua mente, e a única coisa que apareceu foi Anna. Anna, sua pequena irmã, que sempre lhe dera tanto amor. Quando todos a temiam, Anna foi atrás dela e a resgatou. Anna, que mesmo estando ferida colocou a irmã em pequeno lugar. E o calor daquele amor fraternal, tão sincero e simples, comoveu à caçadora. Tinha que fazer, por Anna. Assim que abriu os olhos, Mamma estava bem.

– Mamma! – exclamou Breus, correndo em sua direção e a beijando. Elsa sorriu, surpresa, e todo o gelo do chão começou a derreter. Ela conseguira. Finalmente, estava livre.


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