Amortentia escrita por KindestHuntress


Capítulo 4
Good Friend




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X.x.x.x.x 4 - Good Friend

Pegando-me de surpresa, ouvi batidas discretas em minha porta, e logo imaginei que fosse Albus, afinal se havia alguém que se dava ao trabalho de bater na porta, era ele. Na grande maioria das vezes eram alunos afobados e que entravam sem se anunciar, berrando sobre alguma reclamação. Franzi o cenho, escondendo a Amortentia em meu bolso, agitada.

– Posso entrar? - Perguntou Albus, colocando a cabeça para dentro da sala, risonho.

Relaxei a expressão e dei um sorriso, confirmando. Ele entrou olhando novamente para os lados, e eu me controlei para não suspirar. Albus pôs os olhos em mim e cruzou as mãos atrás do corpo, se balançando com os pés. Estava a poucos passos, numa distância respeitável. Não pude deixar de ficar um pouco chateada com isso.

– Você não precisa perguntar, Albus. Sabe disso.

Ele meneou a cabeça, achando algo engraçado. Abri a boca para lhe perguntar o que havia de engraçado, quando ele estendeu a mão, fitando-me por cima dos óculos meia-lua. Eu nunca deixaria de admirar o quão bonitos eles eram, mesmo que isso pudesse me delatar.

Sim, delatar.

– Vamos? Hoje teremos sorvete de limão na sobremesa! - Contou alegremente.

Cobri o riso com a mão livre, pois a outra estava no bolso, segurando o resto da Amortentia. Albus tinha uma paixão irreal por doces, principalmente de limão. Por vezes era assustador. No mesmo instante peguei sua mão, descendo da pequena escada que deixava minha mesa mais alta. Sua mão parecia um tantinho gelada, o que me causou um pouco de preocupação.

– Pois vejo que gosta bastante deles, não? O que diria se eu lhe dissesse que jamais provei um desses?

Albus abriu a boca, parecendo ultrajado. Ri novamente, passando meu braço sobre o seu, que me acolheu carinhosamente.

Uma das coisas que mais gostava era, de fato, esses nossos momentos quando ele vinha me buscar para jantarmos, ou até mesmo quando me convidar para ir em algum lugar onde normalmente não íamos... Apesar de serem bons, esses momentos, eu costumava a ficar confusa porque uma parte de mim (insana, diga-se de passagem) insistia em criar imagens contrangedoras misturando o real (em outras palavras, a amizade) e o impossível (tal como palavras românticas), mas que me agradavam de qualquer maneira. Mais um motivo claro para parar o que quer que eu estivesse fazendo inconscientemente. Não sei, talvez... Parar de misturar nossa amizade com essas ideias fantasiosas? Era um ótimo plano, e eu devia colocá-lo em prática imediatamente.

– Eu diria que... - Começou ele, fingindo pensar, alisando a barba longa com os dedos - Que está perdendo uma grande coisa, minha cara. Imagine! Pois hoje mesmo farei questão de apresentá-la ao manjar dos deuses, não se preocupe.

Falou tão sério que não pude deixar de rir, puxando-o para irmos logo para o jantar. Albus só sorriu, caminhando em silêncio o tempo inteiro.

Jantamos e, na sobremesa, Albus fez questão de chamar a atenção de nossos colegas para me verem provar pela primeira vez o famoso doce que Albus Dumbledore tanto gostava. Corando, coloquei a primeira colher na boca, surpreendendo-me com o sabor incrível. Olhei surpresa para meu amigo, e ele riu, me servindo novamente, logo depois colocando mais cinco bolas do sorvete em sua própria taça.

Por Merlin, agora eu entendia essa fixação de Dumbledore por doces de limão. Simplesmente maravilhosos. Sorri para ele.

x.x

Após nosso jantar ter sido devidamente encerrado, Albus novamente fez questão de me acompanhar, me deixando um pouco constrangida com tamanho cavalheirismo. A Amortentia continuava em meu bolso, e eu podia senti-la pesando e me deixando tensa. E por falar na poção rosa... A tarde inteira pensei sobre o assunto e finalmente apareceu a oportunidade perfeita para perguntar-lhe...

– Desculpe, Albus, mas... - Parei um pouco, pensando se deveria - Que cheiro tem Amortentia para você?

Ele levantou a sobrancelha prateada, surpreso.

– Ah, bem, sinto cheiro de geléia de amora... - Albus riu, sorrindo para mim logo depois - Pergaminhos em geral e...

Sua voz foi morrendo e eu fiquei pensando se não o tinha feito lembrar-se de algo desagradável. Peguei sua mão, querendo trazê-lo de volta à realidade e, nervosa (lembra-se de meus sentimentos involuntários? Pois ali estavam eles novamente), busquei seus olhos claros e encontrei uma espécie de ansiedade neles. Tal como mais cedo, quando descobri sobre a poção.

– Você está bem, Albus?

Ele sorriu para mim, levando minhas mãos até seus lábios e depositando um beijo em cada. Ri um pouco desconcertada, mas não soltei suas mãos. Fez que sim com a cabeça, antes de olhar para os lados e concluir sua frase.

– Lavanda tem um cheiro tão bom, não é mesmo? - Perguntou ele, aparentemente calmo, mas eu podia ver uma ponta de preocupação em seus olhos.

Concordei, lembrando da fragrância de meu xampu favorito. Lavanda, como sempre foi. Abri a boca para falar, então notei o modo como me olhava: tímido, mas confiante.

– Albus, meu...?

Meu melhor amigo aproximou o rosto do meu e sorriu, antes de beijar minha bochecha de maneira carinhosa. Ainda segurava minhas mãos e as apertava levemente. Assim que se afastou, abri um sorriso surpreso.

– Sim, seu xampu. Desculpe-me por isso, eu não pude evitar... É tão bom... - E me abraçou, me deixando mais surpresa ainda - Jamais gostei tanto de lavanda como agora... É simplesmente o melhor cheiro do mundo. - Sussurrou perto de minha orelha, um tanto rouco.

Eu o abracei, meio trêmula, respirando profundamente: Albus exalava sorvete de limão, como sempre. Sorri. Ficamos tanto tempo assim que imaginei que sua fragrância doce fosse permanecer em mim até os próximos dois banhos, mas eu não comentei nada.

– Albus...?

– Sim?

– Devíamos sair dos corredores, não acha?

Ele riu, se afastando um pouco para beijar-me a testa amorosamente. Assentiu, pegando minha mão e entrelaçando nossos dedos ao seguir para meus aposentos. Para conversar.

X.x.x

A cena parecia tão... Perfeita! E olhe que normalmente não me dou ao luxo de pensar assim, mas, pelas barbas de Merlin!, não havia outra palavra para descrever tamanha perfeição.

Incrível!

– Meu bem, - Chamou-me o homem de cabelos e barba prateados, com a boca cheia de seu doce favorito - Você tem certeza que não quer...?

Eu olhei para ele por cima dos relatórios, arqueando a sobrancelha, incrédula.

– Você sequer me ofereceu! Francamente, você está tentando acabar com todas essas taças de sorvete de limão sozinho? - Levantei, pondo as mãos na cintura, fazendo-me de séria, embora fosse mais que óbvio que estivesse sorrindo.

Albus me olhava inocentemente, sentado na poltrona vermelha de meu escritório, com uma taça consideravelmente grande cheia de sorvete verde claro. Olhei para o tapete e constatei que havia uma outra taça, mas decorativa, cheia de Gotas de Limão. A taça era idêntica a que havia em seu escritório, mas ele insistiu em trazer uma para o meu, alegando que, agora que virara meu doce favorito, eu devia tê-los em meu escritório. Como se eu pudesse com Albus sempre acabando com os meus!

– Ah, querida, não fique chateada, venha cá. - Disse ele fazendo biquinho. Eu me controlei para não rir - Tem bastante para nós dois.

Dei a volta na mesa, séria, e parei na frente Albus, cruzando os braços rente ao peito.

– Por que minhas Gotas de Limão estão aqui, Albus? - Abaixei para pegar a taça, olhando severa para ele. Levantei, virando para colocá-la de novo sobre a lareira - Já lhe falei para não deixar no chão... Albus!

Me surpreendendo, Dumbledore me puxou pela cintura para sentar em seu colo, sorridente. Estendeu sua taça de sorvete para mim, beijando meu pescoço, me fazendo sentir pequenos arrepios e suspirar. Ele riu.

– Você quer?

– Claro que quero, você sabe. - Falei, passando meus braços em volta de seu pescoço, sequer prestando atenção na taça oferecida. Ele riu de novo.

– Estou falando do sorvete, Minerva.

– Eu também, oras.

Beijei seu rosto entre minhas mãos e ouvi o barulho do vidro sendo posto na mesinha de centro, mas não me virei. Suas mãos passaram por minhas costas, acariciando-me e trazendo-me para mais perto. Ele me beijou; seus lábios estavam frios e tinham o gosto claro do sorvete recém consumido.

Esse era um dos motivos de eu gostar tanto do cheiro de limão. Ou melhor, do cheiro de Albus. Meu Albus. Sorri.


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Notas finais do capítulo

E então? :3 Meu Merlin, os dois são tão perfeitos, xentem. Por enquanto eu não manjo muito deles, na questão de escrever sobre, mas vou pegar o jeito, não se preocupem, haha.



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