Por que não me disse antes? escrita por Lulu Tril


Capítulo 1
Por que não me disse antes?


Notas iniciais do capítulo

Como no meu último fic "Me encontre" http://fanfiction.com.br/historia/510633/Me_encontre/, escrevi junto, mas uma história não tem nada haver com o outro. Para mim, ainda continua sendo um happy end. Só que as minhas amigas mandaram eu ficar com a minha concepção de final feliz para mim....


Bem, de qualquer maneira! Boa leitura!
E ficarei feliz se tiverem alguma sugestão ou se também acharem que foi um happu end....



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Midorima morreu.

Disseram para mim que fora um acidente durante a viajem que fizeram quando visitou a tia dele em outra cidade.

Todos estavam chorando. Seus familiares, os membros do time que zoavam ele com os seus itens da sorte, os sempais, seus antigos colegas do Teikou, e até pessoas que queria perguntar se conversou com ele pelo menos uma vez na vida.

Todos estavam chorando sem parar.

Menos eu.

Eu não conseguia absorver isso. As palavras de reza entravam de um lado e saíam do outro sem vibrar os meus tímpanos.

Midorima Shintarou morreu. Mas o que mesmo exatamente significava a palavra “morreu”? Eu não conseguia me lembrar o que isso apontava. Nada parecia estar mudado. Por que tanto exagero gente? Olha para o lançador. Estar dormindo com a sua postura corretíssima como sempre fazia. Como todas as vezes que entrei na casa dele pela janela sem avisar. O querido ás-sama sempre dava o seu melhor. Até na hora de dormir. Eu sei que vocês não devem saber disso. Pois eu sou especial para ele. Somos namorados, sabiam? Deveria ter percebidos! Sempre estamos juntos!!

A pele dele estava branca. Porém isso era normal. Afinal, a pele dele sempre fora branca como neve e macia como uma pena. Só que vocês nunca tinham prestado atenção.

- Midorin... Midorin... – Momoi estava chorando lágrimas após lágrimas do lado do Shin-chan dormindo sendo abraçada pelo Aomine, que por sua vez mordia o lábio inferior franzindo a testa. – Por que Midorin?....

Ei, não fale muito alto se não ele vai acordar bravo. Sabe, Shin-chan não gosta que atrapalhe o seu sono. Da última vez que tentei, ele ficou dois dias sem falar comigo.

- Takao-kun... – Kuroko se aproximou lentamente para a minha direção com as lágrimas quase derramando dos seus olhos. – Sinto muito.

Sentir o quê? Para quê?

- Você quer sentar Takao? – Miyaji-san perguntou para mim.

Por que eu quereria sentar?

- Acho melhor você sentar mesmo Takao. Vou trazer um copo de água para você. Espera aí. – Kimura-sempai saiu do local.

Mas eu não estou com sede.

- Sente Takao. – suspirou o sempai loiro. – Já faz dois dias que você não dorme nem descansa desde... – falou até aí e mordeu o lábio inferior.

Sério? Já faz dois dias?

Dois dias desde o quê que o Miyaji-san queria falar?

- Takao-kun... – a Momoi chegou perto de mim segurando o seu lençol com a mão direita. – Pode ir perto do Midorin. Eu era a última... – e começou a chorar novamente.

Eu não conseguia mover as minhas pernas. Não tinha como. Era como se eu esquecesse de como fazia o tal movimento. Eu... Eu não...

Finalmente, eu olhei para o laçador. Não no chão, nem nas pernas dele. Mas sim no rosto dele. Nos olhos dele, se ele estivesse aberto. Eu finalmente enxerguei, aquilo além das minhas imaginações.

O Shin-chan deitado no caixão com um lençol branco transparente por cima.

O Shin-chan morto.

- Mi... – tentei chama-lo. Mas a minha voz falhou.

As lembranças surgiam e desapareciam na minha mente. Ilustrando mil imagens a cada segundo. Mil faces do lançador, mil gesto, mil palavras, mil brigas, mil...

- Midori...ma. – minha voz ainda continuava baixa.

Não. Ele não pode ter morrido. Não pode. Ele não pode simplesmente morrer e me deixar sozinho. A gente treinou muito durante um ano para vencer e ganhar nos torneios de basquete. A gente tinha combinado de ir na festa do inverno. A gente tinha combinado de passar o natal e o ano novo junto.

- Takao-kun... – Kuroko pousou a mão no meu ombro por trás e me olhava com dó e disse novamente. – Eu sinto muito.

Foi só então que percebi, que estava derramando lágrimas sem parar.

Levei a mão para perto do olho, mas não sabia como deter aquilo. Não sabia como parar de tremer, ou como respirava regularmente.

Eu andei lentamente, um passo de cada vez arrastando pelo chão.

- Shin-chan. – chamei-o – Shin-chan!

A minha visão embaçava, e estava afogando nas minhas lágrimas. Mas quando cheguei perto do caixão, peguei na sua mão, que agora não estavam mais enfaixados, e debrucei nos seus peitos que não batia mais nada.

- Por favor, Shin-chan. Não vá. Shin-chan... Shin-chan...

Comecei a chorar em voz alta. Quase gritante. Mas nem liguei. A minha dor era muito mais do que aquilo. Muito mais do que uma pessoa conseguiria suportar.

Alguém tentou chegar perto, mas pensou melhor e afastou-se novamente.

Quando deu a hora de levar ele, eu não desgrudei do caixão.

- Takao, já está na hora. – disse o Otsubo-san com a voz de piedade.

- NÃO!! – gritei. – Não vai levar ele a lugar nenhum! Eu não vou deixar! Eu não vou... – as lágrimas ainda continuavam a surgir e me afoguei de novo.

Como poderia deixar levar ele? Como poderia deixar o Shin-chan sozinho? Por que eu tenho que deixar vocês arrancar ele de mim?

- Takao. – Miyaji-san segurou na gola da minha blusa e me levantou prensando contra a parede. – Midorima morreu. Ele morreu Takao. Ele nunca mais vai voltar.

Isso foi a gota d’água.

Chorei com mais intensidade do que da primeira vez. E o sempai me abraçou forte para que eu não desmoronasse para o chão.

Percebi. Mas não queria ter percebido. Eu não queria admitir isso.

Eu não queria admitir que o lançador morreu.

E que eu estava condenado a viver nesse mundo sem ele.

X

No dia seguinte, todos ainda continuavam chorando. Na mesa do lançador havia vasos de flores e cartas para ele. A sala estava mais silêncio do que o costume, pois eu também permaneci calado. Para falar a verdade, eu nem estava prestando atenção na aula, e não compareci nos treinos de basquete esse dia.

Passaram-se três dias. A sala começou a ter conversas durante a aula, mas só de vez em quando. Fui para os treinos, porém errava praticamente metade das coisas que costumava a fazer. Passava a bola para os jogadores, e sempre me lembrava do esverdeado. Dei uma desculpa que caiu suor nos meus olhos e queria limpar lá na torneira. O capitão do nosso time, Otsubo-san, acenou levemente com a cabeça, mas tinha certeza de que ele sabia do real motivo de eu ter ido lavar o rosto.

Passaram-se uma semana. Trocaram as flores do vaso pois estavam murchando. A sala ainda estava um pouco depressivo, todavia, melhor do que o começo. Eu voltei para o meu cotidiano. Isto é, ficar treinando até a tarde mesmo que todos os restantes do time já tinham embora. Não conseguia aceitar o fato de parar com aquilo. E nem o fato de não carregar mais ninguém naquele rickshaw. Até o final não consegui vencer no jan-ken-pô com ele. Olhei para as estrelas tentando não derramar as lágrimas acumuladas.

Passaram-se duas semanas. Não havia mais cartas nem lembrança em cima da mesa do lançador. As garotas conversavam alto e os garotos com as suas piadas sem graça. De vez em quando eu olhava para a lousa e quando tivesse a vontade copiava. Me dedicar 100% nos estudos nunca fez parte de mim. Lembro-me até hoje de ter recebido uma baita de cadernada do lançador por ter quase tirado uma nota vermelha. E tirar nota vermelha na nossa escola significa não poder participar dos treinos por causa da recuperação.

Passaram-se três semanas. Somente eu trocava a água do vaso. Os professores já se acostumaram em não dizer o nome dele durante a chamada. O nosso time agora tem um novo SG, cujo não lembro o nome nem o seu rosto. Ninguém, na face da terra seria um SG melhor do que o Shin-chan.

Passaram-se 30 dias.

As flores do vaso estavam murchas e secas.

E então ninguém mais falava sobre ele.

“Não podemos continua triste, se não o Midorima não vai descansar em paz”.

“Isso mesmo. Ele não gostaria que a gente continuasse assim”.

“Temos que viver por ele também”.

“Sabemos que o Midorima só desejaria o melhor para nós”.

Enquanto driblava e treinava o meu arremesso na quadra sozinho, lembrei dos comentários feitos na sala hoje de manhã. Parei, peguei a bola e arremessei para a cesta, que por sua vez bateu na grade e voltou para minha direção. Era de se esperar, já que eu taquei a bola só de raiva mesmo.

Como assim? Como vocês podem dizer umas coisas dessas? Que merda de frases são essas!? “Não vai descansar em paz”? “Viver por ele”? “Desejaria o melhor para nós”!? Vão todos para o inferno! Que droga!!

Vocês não sabem de nada! Ele era tsundere, mas era também uma pessoa que sempre estava se preocupando com os outros. Só não demostrava e nem admitia isso. Quando torci o meu pé, ele ficou pálido e me carregou no colo correndo até a enfermaria perguntando todo tempo para a enfermeira se eu ficaria bem. Não só comigo, mas ele se preocupava com todo mundo do time.

Shin-chan era muito sensível, e expressava seus sentimentos tão claro e cristalino quando uma água. A tentativa de disfarce dele era muito cómico. Tanto disfarce emocional quanto o disfarce físico.

E ele era uma pessoa que dava o melhor em tudo. O lançador vivia o cada instante da vida como se nunca houvesse mais, como um momento único. Como ele poderia descansar em paz? Tenho mais do que certeza que ele lutou até o último segundo para viver. Tenho certeza que ele estava com medo. Tenho certeza de que ele ainda queria fazer muita coisa.

E vocês ficam falando isso? Essas tolices ridículas?

Na minha frente?

Mordi o lábio inferior tão forte, até que o gosto de ferro invadisse o meu paladar. Peguei outra bola que rolava no chão, e taquei. Desta vez entrou. Mas entrou rolando pela grade. Não fez aquele barulho que entra sem tocar na grade. Não fazia aquele barulho que tanto ouvira, e tanto queria ouvir de novo. Não fazia aquele barulho que...

- Takao.

Arregalei os olhos pensado em ter ouvido a voz dele me chamando. O meu corpo desabou para o chão como se as minhas pernas perdesse a força de um segundo para o outro fazendo com que sentasse obrigatoriamente. Talvez fosse somente pedaço de minhas lembranças que fizessem com que o ouvisse. Mas parecia tão real... Como se ele estivesse bem do lado de mim.

Olhei para os lados, e depois para trás. Porém ninguém mais estava na quadra além de mim.

Levei as mãos para o rosto pressionando contra os olhos, que por sua vez não parava de derramar lágrimas. Comecei a soluçar e chorar que nem uma criança. Aquela onda de tristeza e solidão não parava de me atacar. Por que não me levou junto Shin-chan? Por que você me deixou tão só neste mundo? Não sei como conseguia viver sem você antes de te conhecer. Não consigo nem respirar direito sem você Shin-chan.

Eu te amo tanto Shin-chan.

Tentei dizer essas palavras entre os lábios trêmulos, mas era impossível. Era muito doloroso de mais dizer isto sabendo que nunca mais vou poder ouvir a sua resposta.

Então ouvi passos se aproximando de mim. Achei que era o treinador que queria fechar a quadra ou alguém do time que veio buscar alguma coisa que esqueceu. Virei para trás, mas a quadra continuava vazia. Voltei para frente. Deve ter sido só minha imaginação. De novo.

Mas os passos ainda continuavam vindo a minha direção. Olhei novamente para trás. Não tinha ninguém, porém ouvia-se com clareza os passos se aproximando.

- Que-Quem é? – perguntei gaguejando.

Não ouve resposta. Somente os passou chegando mais perto de mim.

Eu sabia que era uma loucura. Mas a esse ponto eu já sabia que eu estava ficando louco de saudade sem o lançador.

- É você Shin-chan? – perguntei tão baixo que parecia mais um murmuro do que uma pergunta de verdade. O pior de tudo isso não foi eu perguntar um absurdo disso. O pior foi que os passos pararam como se confirmava o que disse. – Tudo bem, já que não vai responder, vou continuar falando fazendo de conta que é você tá bem?

Dei uma pausa, mas ninguém me respondeu.

- Se você é o Shin-chan, por que você está aqui?

Não houve resposta, então continuei.

- Se você voltou para assombrar aquele desgraçado que te atropelou, tudo bem, eu entendo. Mas se você veio por causa que estava preocupado, eu vou ficar bravo. Entendeu? Foi você que morreu e vai se preocupar comigo mesmo após a morte?

Na verdade, eu não iria ficar bravo se fosse isso que estivesse acontecendo. Quem não iria ficar feliz se o seu namorado não for te procurar? Mas mesmo assim, em algum lugar dentro de mim estava fervendo de raiva.

- Me fale alguma coisa Midorima!! – gritei. Fazia muito tempo que eu não o chamava pelo sobrenome.

Em vez da resposta, recomecei a ouvir os passos, só que desta vez estava se distanciando de mim.

Queria estender a mão para detê-lo de ir embora. Mas isso é muito difícil quando a pessoa está invisível aos seus olhos.

Mas não foi muito longe.

Escutei o som do zíper da minha bolsa abrir-se do meu lado, e ele retirou o meu estojo. E olha o que caiu dentro de lá.

Um estilete.

Peguei-o silenciosamente, e embrulhei entre as mãos como se fosse algo muito importante. Comecei a rir secamente.

- Por que você não me disse antes Shin-chan? – as lágrimas voltaram a cair novamente dos meus olhos. – É claro que eu também estava morrendo de saudade de você! Era só dizer para mim que queria me ver! – sorri alegremente.

Não pensei duas vezes.

Cortei o pulso com o máximo de força que podia. Doeu muito e a sensação do sangue escorrer do meu pulso era horrível. Frangi a testa, mas aguentei firme.

Sem mais força e com muita perda de sangue, acabei caindo para o chão debruçando nela.

A minha visão embaçava a cada segundo que passava. Mas isso não era o importante. Ao mesmo tempo, eu começava a enxergar a ponta dos seus pés, e cada vez mais eu te enxergava. De pouco ao pouco. Como se fosse algum tipo de ilusionismo. Deu para ver o seu rosto por causa que você estava agachado.

A cada gota que a minha vida derrama, mais nitidamente conseguia te enxergar.

Me espere Shin-chan. Mais um pouco e estamos junto de novo.

Relei m algo parecido com a palma da mão. Acho que não sentia nada tocando por causa desse meu corpo mortal. Minha visão estava se escurecendo.

Fechei os meus olhos.

Pensando em o que dizer para o querido lançador quando abrir novamente os olhos.


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Notas finais do capítulo

E aí? Happy End?? (^^)



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