P.O.V. Percy

Fazia uma semana. Uma semana em que eu havia cometido o maior erro da minha vida. Fui impulsivo, idiota, estúpido. Por minha culpa a única coisa que me mantém vivo e me faz não desistir de lutar e viver quase escorreu pelas minhas mãos como a areia de uma praia. Annabeth não havia morrido, mas também não havia vivido, ela lutava para sair do mundo de sombras onde estava, eu sentia isso.

O coma a havia consumido e me levado praticamente junto, eu não saia do seu lado para nada, exceto as raras vezes que eu precisava ir ao banheiro e me forçava a digerir a comida que o Sr. Chase trazia para mim, eu não me importava com nada, à culpa havia me consumido como o fogo consome a lenha de uma fogueira.

Pelo que eu consegui captar nos meus breves momentos de lucidez, o hospital havia achado o pai de Annabeth em uma lista telefônica após eu ter preenchido um formulário com o nome completo dela. Ele chegou aqui alarmado, eu tentei explicar a situação o mais resumidamente possível, disse que eu era o culpado, mas ele não acreditou e desde então tem me ajudado a sobreviver esse dias sombrios.

Sei que eu devia estar pelo menos tentando viver, afinal ela havia arriscado a sua vida por mim, mas eu não conseguiria viver nem mais um dia sabendo que nunca mais poderia ver seu sorriso, sua testa franzida ao se concentrar em alguma coisa, suas reclamações por causa da minha lerdeza, a vida não faria mais sentido sem nada disso.

Depois de sobreviver a diversas batalhas, seria terrível morrer por algo tão estúpido, mas essa era a realidade, esse era o mundo real, que prega peças, muda seus sentidos e você nunca sabe o que vai acontecer em seguida.

–Percy? – Era o Sr. Chase - Você deveria tomar um banho. Não se preocupe eu cuido dela.

Ele disse jogando uma mochila com roupas limpas em meu colo. E apesar de eu querer dizer não, sabia que era necessário, eu estava em uma ala hospitalar o mínimo que eu podia fazer era me manter limpo.

Assenti e sai para o corredor do hospital enquanto ele sentava na cadeira que havia sido minha nova casa em todos esses dias. Estava meio atordoado após ficar horas sentados, mas me forcei a focar e fazer as coisas o mais rápido possível. Ao terminar o banho, me senti mais leve, o peso que estava sobre o meu coração ainda não havia passado, mas eu conseguia pensar com mais clareza.

Quando cheguei no quarto, o Sr. Chase já foi se levantando para ir embora, mas antes de sair ele me deu um abraço inesperado.

– A culpa não foi sua Percy. Eu sei que não foi. Annabeth daria a vida por você, e eu sei que você faria o mesmo por ela. Não desista. Ela vai precisar de você quando acordar.

Então ele saiu e me deixou sozinho naquele lugar que estava longe de ser o meu lar. Sentei ao lado da cama onde Annabeth estava, segurei sua mão e encostei minha cabeça nela e comecei a chorar, eu estava desesperado, havia resistido as lágrimas todos esses dias tentando ser forte, sabia que no minuto em que elas escorressem pelo meu rosto seria totalmente dominado pelo sofrimento. E depois de incansáveis horas o cansaço me dominou e eu dormi na mesma posição segurando sua mão entre as minhas.

– PERCY!

Um grito. Acordo assustado com um aperto forte na minha mão. Levanto a cabeça e meus olhos encontram a névoa cinza que eu tanto queria ver. Annabeth. Ela havia acordado, ela estava viva e eu não conseguia fazer nada a não ser olha para ela enquanto respirávamos ofegantes e quase em sincronia.

E então de um minuto para o outro eu despertei e pulei em cima dela abraçando-a, então começamos a nos beijar como nunca havíamos feito antes, não conseguia falar nada, apenas sentir.

Quando precisamos parar em buscar de ar, encostei sua testa na minha e tentei falar algo coerente.

– A-Anna...beth...eu...você...te amo...ehh...

–Eu também te amo Percy. – Ela disse rindo.

–Eu achei que fosse te perder – falei olhando em seus olhos

– Você realmente achou que ia me perder tão facilmente?

–Ehh...

–Também achei que fosse te perder, cabeça-de-alga. Mas sabe o que me fez viver? Pensar em você e em como eu não queria de forma alguma te perder.

–Annie, me perdoa? Se passamos por tudo isso a culpa foi minha.

–Shiiu – ela disse me dando um selinho – Não se culpe por tentar salvar a minha vida!

Abracei-a e deitei ao seu lado enquanto ela colocava a sua cabeça no meu peito. Eu não me importava com amanhã, não me importava com os novos desafios que teria que enfrentar, só me importava que Annabeth estava viva, afinal eu sabia que com ela ao meu lado eu seria capaz de enfrentar qualquer coisa.