P.O.V. Percy

Passar o dia evitando a Annabeth foi mais difícil do que eu imaginava, o tempo todo ficava pensando o quanto ela deveria estar me odiando e mais de uma vez eu pensei em desistir de tentar surpreende-la e simplesmente ir atrás dela, mas eu queria realmente fazer uma surpresa e isso me mantinha alerta para não dá um passo atrás no meu planejamento.

Ver ela agora na minha frente sorrindo e passando a mão pelo cabelo nervosamente (o que achei que nunca fosse ver na minha vida!), me fazia perceber que eu havia feito a escolha certa.

Afinal o que poderia ser melhor para dois semideuses que passam os dias treinando e vivendo aventuras do que uma noite normal como se fossem apenas simples humanos, eu só esperava que nada anormal acontecesse.

– Está gostando do jantar, Annie? – Perguntei segurando sua mão que estava em cima da mesa.

– Estou amando! Não acredito que pensou nisso sozinho! – Ela falou fazendo aquela cara de desconfiança.

– Então você não acredita nas minhas habilidades? – Falei me levantando e oferecendo minha mão para ajuda-la levantar.

Ela ficou olhando para minha mão com uma cara confusa.

– Aceitar dançar comigo, Senhorita Annabeth Chase?

– Seria uma honra, Senhor Percy Jackson. – Disse se levantando e segurando minha mão.

Fomos para o meio do restaurante e começamos a dançar lentamente no ritmo de All of the stars do Ed Sheeran, as pessoas a nossa volta olhavam como se fossemos doidos. Talvez fossemos mesmo e isso que nos tornava únicos.

– Eu te amo! – Disse olhando profundamente em seus lindos olhos cinzentos me certificando que ela acreditasse em cada palavra.

– Eu te amo! – Ela disse encostando sua cabeça no meu ombro.

Como eu queria que essa noite durasse pra sempre...

– Vamos Annie! – Disse puxando ela em direção a porta parando só pra pegar nossos casacos e pagar a conta.

– Para onde vamos cabeça-de-alga?

– Não consegue adivinhar sabidinha?

– Posso ser inteligente, mas não leio mentes Sr. Espertinho.

– Então apena me siga!

E comecei a correr o mais rápido que podia pelas ruas de Nova York, Annie ia logo atrás, riamos loucamente, só parei quando chegamos na praia, paramos ofegantes e quando recuperamos o fôlego a puxei pela cintura para perto de mim e a beijei com o som do mar a nossa frente, o vento batendo em nossos cabelos e vendo-a ali sob a luz da lua e em meus braços eu sabia que a amava mais que a minha própria vida.

E quando tudo parecia perfeito, uma voz gritou:

– SOCORRO!

– O que foi isso?! - Annabeth perguntou assustada.

– E-eu não sei. Será que é um monstro?

– Não acho que seja. Mas vamos logo, temos que ajudar seja lá quem for.

– O-Okay.

Caminhamos lentamente em direção a um quiosque na beira da praia onde poderíamos ficar escondidos.

– O que você está vendo? – Sussurrei.

Annie olhou pra mim pálida e com medo, eu nunca tinha visto ela daquela maneira, nem quando lutamos contra os piores monstros que você possa imaginar.

– N-Não são m-monstros, s-são bandidos. – Ela disse sussurrando de volta.

Agora eu entendia porque ela estava assim, nós sabíamos como derrotar monstros, mas humanos?

– Temos que fazer alguma coisa. – Falei

– Ahhhhh! Me soltem! Me deixem em paz! Eu não tenho dinheiro! – Era uma mulher, e ela estava chorando desesperada.

E antes que eu me recuperasse do susto, Annie se levantou com tudo e foi lá, às vezes eu me perguntava de onde ela tirava tanta coragem? Mas agora eu não tinha escolha, fui atrás dela.

– Quem são vocês?! – Os bandidos perguntaram assustados com nossa repentina aparição e apontando a arma primeiro para Annie e depois para mim.

Levantamos nossas mãos para que eles certificassem-se que não estávamos armados.

– Nós estávamos ouvindo e será que vocês não a ouviram? Ela não tem dinheiro! O que mais vocês querem? Por que não dão o fora antes que a policia chegue? – Annabeth disse lançando aquele olhar furioso dos filhos de Atena e jogando um blefe que parecia tão verdadeiro que até eu acreditei.

– N-Nós sabemos que ela tem dinheiro, vamos assim que ela nos entregar! – Eles disseram, mas apesar de tentar esconder percebi que eles estavam morrendo de medo.

Annabeth ficou corajosamente entre eles e a mulher, eu não sabia o que fazer, mas precisava fazer alguma coisa, agora eles estavam com a arma apontada para Annabeth e daqui alguns minutos eles saberiam que ela estava blefando já que a polícia não chegaria.

Eu não sabia conversar e convencer como ela então fiz a primeira coisa que me veio a cabeça e talvez o ato mais estúpido que eu poderia ter feito. Joguei-me em cima deles, tentando desarmar o que parecia ser o chefe, consegui segura-lo por um tempo, mas o outro capanga pulou em cima de mim e começou a me bater, consegui trocar a posição, levantei-o e comecei a bater nele até que o deixei desacordado.

Quando ia me virar, ouvi um tiro, logo depois outro e então tudo começou a passar rápido demais, vi Annie no chão e uma poça de sangue se formando ao seu lado, e inerte e provavelmente morto estava o bandido.

Corri até Annie, sua respiração estava começando a falhar, lágrimas começaram a cair dos meus olhos, turvando minha vista, de todos às vezes, de todos os motivos que eu imaginei que poderíamos morrer, nunca consegui imaginar que fosse dessa maneira, de um jeito tão normal. Podíamos morrer em batalhas, lutando com monstros ou até por causa dos deuses, mas assim?!

– Annie fica comigo, olha pra mim! – gritei tocando em seu rosto em total desespero

– P-Percy – Ela disse abrindo os olhos, mas logo depois os fechando.

E o que aconteceu depois é só um borrão em minha mente, ela parou de respirar, comecei a fazer massagem cardíaca, uma ambulância chegou chamada não sei por quem, chegamos ao hospital, ela foi levado para o centro cirúrgico e eu só conseguia pensar.

– Eu é que devia estar lá.