We Are Stars escrita por Akira


Capítulo 6
☆ 05. Minha primeira ressaca.


Notas iniciais do capítulo

Ufa, terminei!
Estou postando com mais frequência e espero que eu continue assim afjieow
Muito obrigada pelas reviews no último capítulo, sério, vocês são uns amorzinhos ♥ ♥ ♥
Como forma de agradecimento, aqui está, depois de uma semana, mais um capítulo novo saindo do forno! :D
Espero que gostem!



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We Are Stars — Capítulo 05

Lucy Heartfilia.

Um conselho: Nunca durma em uma banheira. Jamais.

Além de horrorosas dores de cabeça e um enjoo insuportável, todos os meus músculos doíam. Mal podia mexer os dedos naquela manhã – isso é, se era manhã –, olhei para os lados na tentativa de lembrar dos acontecimentos da noite anterior, mas nada me vinha à mente. Considerando que eu estava me sentindo péssima, concluí que provavelmente teria excedido os limites do álcool e bebido até o amanhecer. Sinceramente, não é algo muito bom de se pensar logo ao acordar – relembrando, acordar dentro de uma banheira.

Muitos minutos após eu acordar, finalmente tinha decidido levantar dali e ir para a cama. Um desafio em tanto, eu diria, já que não conseguia ficar de pé sem arriscar cair. Até pensei em fazer outra coisa além de ficar deitada o dia inteiro, mas foi impossível. E esse foi o resumo de meu sábado: dormir. Pela a primeira vez na minha vida, tinha entendido como Levy se sentia. Isso fez eu odiar a mim mesma.

Normalmente, aos sábados, eu aproveito o tempo para dar uma geral no meu apartamento, que vivia bagunçado por conta de minha melhor amiga. Também usufruía do horário livre para escrever. Desde pequena o meu sonho sempre foi me tornar uma grande escritora, todavia, um sonho inalcançável. Se meu pai escolhera Direito, era este caminho que eu iria seguir. Claro, não estava feliz com isso, muito pelo o contrário. Mas, para ter o orgulho de meu pai e sua felicidade antes de ele morrer, eu faria qualquer coisa possível. Fiquei na cama o dia inteiro, como o planejado. No fim da tarde Levy tinha ido até meu apartamento, trazendo uma pizza. Mesmo quase vomitando meus órgãos, decidi acompanhá-la na refeição.

— Levy, o que aconteceu ontem? — Me atrevi a perguntar. Estranhei Levy não estar passando mal, assim como eu. Talvez tivesse se controlado noite passada. Ela riu um pouco depois da pergunta.

— Você ficou muito doida — falou, entre risadas. — Apostou com Juvia quem bebia mais. No fim, tive que te trazer pra casa.

Franzi o cenho.

— Cara, você não sabe dirigir. — Por um momento, pensei em explodir. Presumi qual seria a resposta com o olhar malicioso da baixinha. Ela enrolava uma mecha de seus fios azuis no dedo e sorria.

— Realmente. Mas Natsu sabe. — Disse, e mordeu um pedaço da pizza de calabresa. Arregalei os olhos e bati minha cabeça na mesa. A outra ria da minha desgraça, e pensei, por um momento, em matá-la com o garfo.

— Por que você faz isso? — Perguntei, nervosa. Levy olhava para mim, e mantinha o maldito sorriso no rosto.

— Porque sou sua melhor amiga.

Suspirei e deixei a conversa de lado, discutir não adiantaria nada. Mas eu estava bastante curiosa sobre o que se passava na cabeça dessa garota. Se bem que, eu nem ao menos sabia o que tinha na minha própria mente. Por que me incomodava tanto Natsu ter vindo ao meu apartamento? Estava nervosa? Constrangida? Não tinha a menor ideia. Talvez tivesse com uma pequena queda pelo o rapaz? Se fosse o caso, eu seria uma estúpida, já que conversara com ele poucas vezes. No entanto, seria tachada de mentirosa se dissesse que ele não tinha lá seus charmes.

Senti minha cabeça derreter por tanto pensar, então optei por saborear o doce sabor de pizza. Conversei com Levy sobre assuntos banais, chegando até ser idiotas, e depois de um tempo ela foi embora. Tinha que terminar de arrumar a bagunça de sua casa antes que seus pais voltassem de viagem, no final do domingo – ela até comentou sobre o quanto queria arrumar um emprego decente para alugar um apartamento só para ela. Pensei em fazer alguma coisa no final da noite, talvez até de madrugada, mas realmente as dores eram insuportáveis. Nunca na minha vida havia me sentido daquele jeito. Ignorei tudo que tinha para fazer e caí na cama, acordando somente no dia seguinte.

[...]

Domingos eram mágicos. O despertador, sempre tão incômodo, não tocava. Ninguém me ligava. Não havia compromissos nem nada para fazer. Claro que este domingo era diferente, eu estava muito entusiasmada para fazer as coisas. Começando com o apartamento, que estava um lixo. Caixas de pizza estavam jogadas no chão, assim como latas de Coca Cola. As almofadas, que deveriam estar no sofá, se encontravam na cozinha, e havia restos de comida nos móveis. Uma bagunça.

Coloquei uma playlist de música no máximo e comecei a limpeza. Muitas pessoas achariam isso um ato estranho vindo de Lucy Heartfilia, já que eu sempre fui considerada quieta, muitas vezes me incomodando com qualquer barulho, mas era o contrário. Talvez fosse a personalidade que eu tinha criado para agradar o meu pai que tivesse refletido muito na minha vida, me tornando uma mulher completamente responsável e certinha para os outros. Ouvi o som do meu celular apitando, e abaixei o volume do som. Agarrei o aparelho, que estava em cima da mesa de centro da sala, e me assustei com o nome que estava escrito na tela: Natsu Dragneel.

Travei por alguns instantes. Estava sem reação, com várias dúvidas na mente. O que ele queria comigo? Era claro que tínhamos trocado números, mas isso não significava que ele tinha de me ligar, certo? Ou não? A música irritante do celular incomodava meus tímpanos, então optei por atender e responder logo minhas perguntas.

— Sim?

Ah, e aí, Lucy! — A voz alegre dele era contagiante, soltei um sorriso involuntário ao escutá-la. — Como está se sentindo? Ainda de ressaca?

Estava nas esperanças de que ele não iria perguntar isso, mas pelo visto estava enganada. Suspirei.

— Estou melhor depois de dormir o sábado inteiro — ouvi uma risada no outro lado da linha — Eu soube que você teve que me trazer pra casa junto com a Levy. Me desculpe por isso.

Sem problemas. Foi engraçado, na verdade.

— Engraçado? — Repeti as palavras, receosa sobre o que viria em seguida. Não lembrava quase nada de noite passada, talvez tinha feito várias loucuras e Levy não tinha dito.

Você se jogou em cima de mim, e depois perguntou se eu tinha cachorro — explicou, gargalhando um pouco. Senti meu rosto esquentar e fiquei com vontade de enterrar minha cabeça na terra e nunca mais sair de lá. Pensei numa nota mental para mim mesma: nunca mais ficar bêbada. — Mas não se preocupe, a primeira vez é sempre a pior. Depois você se acostuma com a bebida.

— Espero não me acostumar nunca, não sou de beber. Nem sei o que deu em mim ontem.

Bem, de qualquer forma — disse —, quer sair mais tarde?

Não era a primeira vez na minha vida que um cara me chamava para sair, mas fiquei, de certa forma, nervosa – no bom sentido, claro. Sempre rejeitei os pedidos, no entanto, a forma que ele falou era diferente. Mesmo conversando por telefone, notei que era apenas um “sair” informal, entre dois amigos que acabaram de se conhecer. Esse pensamento me deprimiu um pouco, e dei um tapa em mim mesma. Ia aceitar, claro, mas lembrei de que minha despensa estava vazia, e iria ao mercado mais tarde.

— Bem que eu queria, mas tenho um compromisso... — Suspirei. — Deixamos para a próxima?

Ok, na próxima, então.

Nos despedimos e desliguei o celular. Senti um pouco de culpa e decepção, ele estava realmente tentando se aproximar de mim. Estava um pouco confusa sobre o porquê de Natsu querer ser amigo de uma zé ninguém como eu. Por mais narcisista que isso soasse, sempre tive um corpo bonito. Muitos homens tentavam ficar comigo, mas desistiam logo no início, por eu ser extremamente chata. A ideia de que o rosado falasse “Foda-se” para mim e virasse as costas me preocupou um pouco.

Eram seis da tarde quando eu tinha terminado a limpeza geral do apartamento. Bufei e caí no sofá, cansada. Me sentia melhor ao saber que agora estava tudo organizado, assim como eu gostava. Chequei o horário e levantei, indo para o chuveiro. Fazia mais de vinte e quatro horas que eu não tomava banho, estava fedendo cecê. Durou no máximo dez minutos para que eu saísse do banheiro, junto com o ar quente e úmido. Coloquei um vestido branco, já que estava com a sensação térmica de trinta graus, e saí do apartamento, trancando-o.

Costumo não usar meu carro para não torrar todo o dinheiro que tinha com gasolina, mas não estava afim de caminhar – santa preguiça. Mesmo em horário de rush, o trânsito estava calmo. Isso era uma das grandes coisas que eu adorava nos domingos.

Quando percebi, já estava dentro do supermercado. Não iria comprar muitas coisas, já que estava um pouco preocupada com o dinheiro – eu não recebia muito com o meu trabalho, e não queria gastar o dinheiro do meu pai, que, na verdade, estava se esgotando. Tentava não pensar muito nisso, mas era impossível.

Coloquei pacotes de macarrão instantâneo dentro do carrinho de compras, e estava me dirigindo até a sessão de bebidas. Todavia, fui interrompida com um impacto do meu carrinho com o de outra pessoa, quando fui virar no corredor. No início, pensei em xingar ou me desculpar, mas descartei as duas opções ao olhar o rosto do dono do carrinho.

— Olhe só quem eu encontrei.

— Natsu? — Arregalei os olhos. O destino estava brincando com a minha vida, por acaso? — O que está fazendo aqui?

— ...Compras? — Ergueu uma sobrancelha, me olhando desentendido. Pousei minha mão na minha testa, suspirei. — Depois que liguei pra você, percebi que precisava comprar comida para meu gato e umas coisas para a minha irmã.

Arregalei os olhos e o encarei.

— Você tem uma irmã? — Perguntei. O rosado pareceu surpreso e tentou disfarçar. Bateu seus dedos no carrinho de compras e voltou seu olhar para mim. Percebi que ele não queria falar sobre isso, e perguntei para mim mesma o motivo.

— Então, esse era seu compromisso para domingo à noite? — Ele disse e deu passagem para eu passar. Empurrei minhas compras e ele passou a caminhar ao meu lado.

— Sim. E é mais importante do que você imagina. Sem nada para comer, me transformo num monstro. — Nós dois rimos.

— Até onde eu sei, miojo não é lá a opção mais saudável para um jantar. — Natsu falou.

— É que... — Pensei antes de dizer. Estava com um pouco de vergonha em dizer aquilo. — Não sei cozinhar.

O mais alto parou e me encarou, abismado. Ficou assim por alguns instantes, e senti meu rosto corar.

— O que foi? Perdeu alguma coisa na minha cara?

Ficou em silêncio, e depois começou a rir. Ou melhor, a gargalhar. Fiquei desesperada por um momento, implorando para que ele risse mais baixo. Algumas pessoas lançavam olhares desaprovadores para nós dois.

— Não acredito que você, Lucy Heartfilia, não sabe cozinhar! — Exclamou, com a mão em suas madeixas cor de rosa.

Refleti um pouco no que ele tinha dito. Sempre tomei cuidado para ser perfeita aos olhos de meu pai, e escondia as coisas idiotas que eu fazia – como dançar e cantar durante a limpeza semanal do apartamento. Não ia para festas, tirava as maiores altas da sala, tinha um emprego e recebia, consideravelmente, uma boa quantia para sobreviver – por mais que não fosse suficiente. Tinha compostura e, talvez, a pessoa mais responsável do mundo. A ideia de que uma pessoa assim não soubesse cozinhar, realmente, era engraçada. Fiquei feliz por ter encontrado um defeito em tanta falsa-perfeição. Ri junto com ele.

— Certo, então. Um dia eu vou cozinhar para você, ok?

Olhei para ele, fitando o sorriso de Natsu.

— Combinado!

[...]

Natsu tinha insistido em me ajudar à levar minhas compras para o carro. Recusei diversas vezes, mas ele ignorou todas. Quando saí do supermercado, notei que já escurecia e o céu estava sem nuvens. Parei e observei as estrelas por alguns segundos, segurando as lágrimas que poderiam descer a qualquer momento.

Minha mãe, quando viva, havia me dito que as pessoas se tornavam estrelas quando morriam. E foi a partir do dia de seu falecimento que passei a conversar com as estrelas. Um ato estúpido de minha parte, mas isso fazia eu me sentir melhor.

— Você está bem? — A voz do rosado cortou meus pensamentos, e quando percebi, ele tinha guardado todas as sacolas dentro do meu porta malas – não eram muitas. Pisquei algumas vezes e voltei para o mundo real.

— Ah, sim. Apenas um pouco cansada.

Ele me encarou. Senti que iria me perfurar com seus olhos, que eram não escuros quanto um beco, mas ao mesmo tempo, brilhante como uma vela. Conseguia ver a mim própria refletida em sua íris.

— Não sei se você sabe, mas Levy quer que você deixe a pessoa que seu pai quer que você seja e volte a ser a Lucy de antes.

Encolhi os ombros e fitei o chão.

— Como você sabe?

— Ela me contou.

Por um momento, quis ligar para a azulada e xingá-la com todas as ofensas do meu vocabulário. Estava irritada, triste, e, acima de tudo, com medo de qual era o pensamento de Natsu sobre mim. Aos seus olhos, eu era uma doente? Ou uma coitada? Talvez ignorante?

— Você é forte. Consegue conviver com isso todos os dias, e mesmo assim rir do fato de não saber cozinhar. Mas, sabe, criar a imagem de alguém perfeita, fazer coisas que não gosta e deixar de fazer coisas que adora não parece ser algo aceitável. Levy não quer que você seja infeliz, por isso se preocupa com você e quer que você seja você mesma. — Levantei o olhar, e encontrei novamente com os olhos escuros. — Ela pediu minha ajuda, e eu vou ajudar.

— Por mais que tentem, nunca vão conseguir.

— Você duvida?

Aquela pergunta tinha me pego de surpresa. Não sabia como reagir com ele falando a realidade para mim. Eu sabia que era errado ofuscar quem eu realmente era para me tornar um ser humano completamente diferente, mas simplesmente não era escolha minha. Ou era? Confuso, admito. Nem eu mesma podia entender. Talvez eu imaginasse que, sendo exatamente o que meu pai queria, conseguiria ir até seu quarto e encontrá-lo sorrindo, dizendo o quanto tinha orgulho de mim. Coisa que ele nunca tinha dito.

— Sim, eu duvido.

Natsu estendeu sua mão em minha direção, sinalizando um cumprimento. Era óbvio que ele estava me desafiando. Juntei minha mão com a dele e apertei-a. Sempre aceitei facilmente as apostas que me proporcionavam.

— Vou transformar você, de uma baleia solitária, em uma bomba atômica loira.

— ... O quê?

Her love is a drug laced with ecstasy
And her charm is spiked with a spell
A hot mess in a dress get's the best of me
She's ice cold but she's making me melt


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado do capítulo! ♥



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