We Are Stars escrita por Akira


Capítulo 2
☆ 01. Eu odeio quartas-feiras!


Notas iniciais do capítulo

TERCEIRA TENTATIVA PARA POSTAR, PARECE QUE O MUNDO NÃO QUER QUE EU POSTE HOJE, ENFIM.
Ok, ok. Estou calma, eu acho.
Capítulo terminado graças a uma crise de criatividade ontem. Eu gostei do resultado~
No meio do capítulo eu troco a narrativa de terceira pessoa para primeira, espero que vocês não se confundam. Se for o caso, me avisem e eu não irei cometer o erro novamente :DD
Boa leitura~~ ♥



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We Are Stars – Capítulo 01

Os olhos castanhos abriram, deparando-se com um som estridente do despertador em cima do criado-mudo, que a garota jogou no chão virando-se para o outro lado da cama. Passou alguns minutos nessa posição quando finalmente decidiu levantar. Sentou na beira do colchão e ergueu seus braços, espreguiçando-se, murmurando algum som parecido com um gemido baixo. Tinha sido definitivamente uma péssima noite. Sua mesa no canto do quarto estava coberta por papéis, cadernos, canetas e uma caneca, com um pouco de café preto que restara – o ingrediente principal para que ela conseguisse ficar acordada durante a madrugada, estudando.

Coçou seus olhos e direcionou seu olhar para a janela com as cortinas entreabertas. O cômodo estava abafado, e podia notar os raios solares entrando pelo vidro de seu apartamento. Suspirou, mais um dia quente em Los Angeles.

Pela a primeira vez ao dia seus pés tocaram no chão frio do quarto, sentiu um arrepio rápido percorrer pelos seus dedos mas acabou de acostumando. Andou em direção ao banheiro e completou sua higiene pessoal da manhã, o que não passava mais ou menos de cinco minutos apenas. Vestiu qualquer coisa jogada em seu armário que fosse fresco e apropriado para o ambiente que iria. Era quarta feira, e ela deveria comparecer no local às quatro e meia da tarde.

Antes que pudesse se dirigir até sua cozinha para tomar um café e ler as notícias de hoje, seu celular que estava jogado entre os lençóis vibrou, logo tocando uma música sinalizando que alguém lhe ligava. Suspirou irritada. Lucy não gostava de ser incomodada pelo o período matutino, e muito menos falar ao telefone.

— Alô? — disse com mau humor.

— O que é isso? Acabou de voltar de um funeral, por acaso? — a voz fina do outro lado da linha falou com um tom falso de nervosismo.

Levy McGarden, uma garota que estudava medicina na mesma universidade que Lucy. Era uma menina estranha, por assim dizer. Tinha passado uma época difícil e rebelde em sua adolescência – problemas familiares –, o que resultou em um belo cabelo negro transformado em cachos curtos e azulados. Mesmo que essa fase de sua vida já tenha se passado, a menina não parecia querer descolorir as mechas. Atualmente elas duas eram melhores amigas.

— Bom dia, Levy — bocejou, andando em direção à cozinha —, como você está?

— Bem, tenho novidades para lhe contar! — A outra exclamou animada. A loira tinha certeza de que essa garota um dia iria estourar seus tímpanos. — O pessoal da faculdade organizou uma festa hoje, vai ser na casa de um amigo meu. Topa vir?

Lucy ponderou. Desconfiou um pouco sobre essa tal festa, afinal, ninguém iria marcar algo assim em plena Quarta-feira – se bem que era feriado. Suspirou, tinha que recusar o convite, mas sabia que Levy iria lhe encher o saco até que aceitasse. De fato, ela tinha muitas coisas para fazer, essas se incluíam em: 1. Arrumar seu apartamento, que estava uma bagunça. 2. Visitar seu pai no hospital. E 3. Terminar os trabalhos e lições que o seu professor chato havia passado.

Claro, poderia ser uma chance de Lucy se enturmar um pouco com outras pessoas, já que é considerada a “ovelha-negra” do seu grupo de amigos. Poderia ser interessante.

“Não, Lucy! Pare de pensar besteiras, você é uma adulta!”

— Não vai dar hoje, desculpe — rapidamente pensou em qualquer desculpa que viria à tona em sua cabeça. Qualquer coisa mesmo, Levy caía em todas as desculpas que ela inventava, das mais plausíveis até as improváveis. — Eu tenho que...

— Visitar seu pai, eu sei. — Ok, em um ponto ela estava certa, tinha que ir para o hospital de qualquer maneira. Uma hora e meia de visita, e a loura ocupava cada minuto com Jude.

Fazia alguns meses desde que ele estava internado, ainda sem localização certa do câncer. O homem já estava, de uns tempos para cá, extremamente mal. Trabalhar era incômodo, assim como cuidar da péssima situação que a família Heartfilia se encontrava. Ele foi hospitalizado, e Lucy era a única pessoa no mundo que se importava com ele. Claro, ele nunca foi se máxima gentileza com a garota, mas ela o amava de qualquer jeito. E desde que sua mãe tinha ido desta para a melhor, ele foi sua companhia.

— Você não se cansa, Lucy? Todos os dias você vai vê-lo, e mesmo assim ele não parece dar tanta importância — as palavras da garota foram como tiros em sua face. Sim, Lucy sabia que Jude não se importava. Nunca se importou, aliás. Mas ela sempre teve um coração muito mole.

— Eu tenho que desligar.

— Você vai para a festa?

— Até amanhã, Levy.

E encerrou a ligação.

Suspirou pesadamente e começou a preparar seu café. Após a conversa com a amiga, a manhã havia se passado tão rápida quanto um jato. Esse é o principal fato de quando você está de folga: tudo se torna mais rápido. Especialmente o tempo que você tem para relaxar. O que, na verdade, nunca foi o problema de Lucy, já que ela nunca consegue deixar de se preocupar e manter-se ocupada.

Quando viu o relógio pela a última vez já eram quatro horas e caminhava em rumo ao hospital. Já a alguns metros de distância, sentiu o celular vibrar em seu bolso. Era Levy novamente.

“Ok, sei que você tem coisas importantes para fazer, mas caso você mude de ideia, aqui está o endereço! É sério, Lucy. Você tem que esfriar sua cabeça.”, era o que a mensagem dizia, contendo número, rua e bairro do tal cara que iria ser anfitrião da festa. A loira pensou enquanto olhava atentamente para a tela do celular. Talvez ir poderia ser uma boa ideia, mas novamente negou todas as possibilidades de comparecer.

O hospital normalmente se tornava bastante agitado neste horário, e a sala de espera não era diferente. Algumas pessoas disputavam lugares, mas outros faziam questão em ficar em pé - Lucy estava entre essas pessoas. Aguardou ansiosamente durante trinta minutos, até que foi liberada e pôde ir até o quarto de seu pai.

— Boa tarde... — cumprimentou o homem assim que abriu a porta. Ele estava com uma aparência péssima. As olheiras eram notáveis, e a barba mal feita não era de se deixar falar, mas a garota não fazia questão em notar no exterior de seu pai, e sim em como ele estava. Tanto emocionalmente quanto em saúde. — Como você está?

— Com câncer. — A resposta demorou para ser dita, e veio de uma forma extremamente grosseira. Ela estava acostumada com a rudeza de Jude, mas parecia que hoje ele havia acordado de mau humor. A loira sentou-se na cadeira ao lado da cama e o fitou. Depois de cinco minutos ele adormeceu.

[...]

Não sabia quanto tempo tinha se passado, mas quando acordou seu pai ainda estava dormindo, e notou que ela mesma tinha caído no sono. Um arrepio percorreu a sua espinha ao imaginar que havia excedido o limite do horário de visitas. O alívio tomou conta de seu corpo ao olhar o relógio e ter notado que ainda era cinco horas. Ainda tinha mais trinta minutos de visita. “Talvez ele não se importe caso eu volte para casa mais cedo hoje, certo?”, pensou.

Levantou-se e se retirou do quarto. Os corredores estavam com menos pessoas, no entanto, várias enfermeiras se locomoviam pelo o local. A única coisa que desejava agora era ir embora deste lugar frio e jogar-se em sua cama confortável, debaixo dos cobertores.

Seus passos pareciam estar mais devagar que o normal. Sentia que em qualquer momento sua cabeça iria explodir de tanta dor e suas pernas não aguentavam seu corpo. Isso era estar morta de cansaço? Provavelmente, já que não dormira direito, e ficou acordada até às 7:00 da manhã estudando. Ser uma aluna exemplar era difícil, é um fato, mas isso se tornava mais complicado quando o que se estuda é completamente entediante e chato.

Perdida em seus devaneios, nem notou que chocou-se contra algo. O cheiro de perfume masculino invadiu suas narinas de uma forma impressionante, e inspirou uma vez para sentir mais o aroma. O calor do verão de Los Angeles parecia ter elevado cinco mil graus quando encostou neste alguém. Ao tomar vergonha, Lucy deu um passo para trás.

— Me desculpe, eu... — seu cérebro não foi capaz de formular palavras ao raciocinar o que estava vendo. Um garoto. Um garoto lindo. Não era tão alto quanto ela, mas o suficiente para fazer que a loira olhasse para cima. Ele não parecia nervoso - na verdade, sorria como se aquilo fosse engraçado. Possuía olhos grandes e negros, os quais Lucy não conseguia parar de encarar. E, o mais importante, porém estranho: cabelo rosa.

— Sem problemas — falou de forma agradável, e continuou andando. Algo nele havia intrigado a loura, talvez tivesse sido apenas seus cabelos, ou ela estava ficando louca – a segunda opção sempre foi considerada a mais provável.

[...]

Lucy Heartfilia.

Eu criei uma teoria de que, justo em momentos os quais você deve manter total concentração, qualquer ruído lhe tira a atenção. Óbvio que eu, acostumada com o silêncio do meu apartamento, sempre fui mais sensível quando se trata deste assunto, e quando sou incomodada – principalmente se estou fazendo algo muito importante –, eu fico extremamente nervosa e irritada.

Claro que abro exceções caso uma colega da faculdade ligue para mim às onze da noite, implorando para eu buscar minha melhor amiga que está bêbada em uma festa. Situações assim acontecem em quase todos os fins de semana ou em datas especiais.

Em 1989, o canto de uma baleia desconhecida foi detectado. Hoje em dia, ela se chama Baleia dos 52 Hertz, cujo o chamado está na frequência de 52 Hz, o qual é muito mais alto do que a vocalização das outras baleias. Sem meios de comunicação, ela nada sozinha pelos oceanos, sendo assim considerada a baleia mais solitária do mundo. Levy me contou sobre ela algumas semanas atrás, como uma forma indireta de dizer “Você é uma Baleia dos 52 Hertz”, não sei se foi para me chamar de gorda ou tênia. Desde então, ela passou a me convidar para todas as festas que ela ia, e todos os convites eu recusava. De todas essas festas, cada uma delas Levy se passava dos limites, e acabava ficando bêbada rapidamente.

O caso é: Levy estava embriagada e eu deveria ir busca-la, antes que faça merda.

Mesmo às onze da noite, as ruas continuavam animadas, tanto com carros, bicicletas ou motos quanto pedestres. E para um verão quente de Los Angeles, o clima estava bem fresco. Suspirei sentir o ar puro que o ambiente trazia. Eu seguia as instruções que minha amiga havia passado pelo o celular quando implorava para eu ir na festa, as quais não eram tão explícitas, mas fáceis de compreender. A casa ficava em um bairro mais nobre, com moradias alinhadas e gramados cortados enfeitados com algumas flores, nada exagerado. Era um lugar bem agradável, tinha que admitir.

“Número 77...”

Humildade era o que mais faltava na festa. A música alta estourava meus tímpanos e sentia o cheiro de álcool invadir minhas narinas com facilidade. Entrar lá dentro ia ser uma missão difícil, principalmente para uma garota como eu, que com certeza não estava acostumada com ambientes assim. Eu andava com cuidado para não pisar em latas de cerveja caídas no chão, ainda com receio de ter aceitado ir buscar a bêbada.

Talvez, apenas um talvez, Levy tenha inventado uma história. Ir até a festa com a desculpa de leva-la para casa, mas na verdade iriam me manter lá dentro até o início do dia, fazendo eu me divertir e dançar a noite inteira.

Ok, isso era um pouco impossível de ocorrer, já que a azulada raramente mentia para mim.

Eu estava parada na frente da porta de entrada. Bater não iria adiantar, nem o ser com a melhor audição iria escutar com todo o barulho. Campainha também não estava nas possibilidades, no entanto, eu decidi tentar, e por mais incrível que pareça, nenhuma das duas alternativas foram necessárias, porquê no momento em que eu tomei toda a coragem do mundo para fazê-lo, alguém abriu a porta.

O mesmo cara que eu esbarrei no hospital estava lá. Usava uma camisa regata preta e jeans surrados. Parecia estar cansado, já que o suor em seus cabelos róseos era notável – ou seria álcool? Ele me encarava, parecia não recordar-se de mim. Ótimo, ninguém gostaria de lembranças com uma mulher que mal andar em um hospital sabe. Sorri tentando parecer agradável, e me preparei mentalmente para perguntar sobre Levy.

— Parece que eu já conheço a loira que a baixinha tanto fala — ele pareceu surpreso, mas continuava alargando um sorriso em seus lábios molhados. — Espere aqui, vou trazê-la. Ela deve estar dormindo ou coisa do gênero, parecia bem... bêbada.

Soltou uma risada, achando graça da situação, e voltou para dentro da casa. Certo, vamos recapitular o ocorrido: Levy diz quem eu sou para qualquer amigo que ela tenha. Isso não pareceu tão mal na primeira vez que pensei sobre, mas após repetir essa frase em minha mente, acabou se tornando uma má ideia. Não sou sociável, agradável ou qualquer outro sinônimo de adjetivos que uma mulher de faculdade deve ter. O que esse cara pensava de mim? Talvez que eu fosse uma louca que vivia às custas de trabalhar, estudar e cuidar de seu pai, apenas. O que, claro, sempre foi verdade.

E outra, de uma chance em um trilhão de encontrar uma pessoa novamente após esbarrar nela mais cedo, eu tive que ter a sorte grande de encontrar o garoto de cabelo rosa. Um garoto. Um garoto de cabelo rosa. Por quê isso soa tão estranho? Bem, talvez porque garotos não tenham cabelo rosa.

Eu definitivamente odeio quartas feiras.

And as I arrived I thought I saw you leaving
Carrying your shoes
Decided that once again I was just dreaming
Of bumping into you


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Notas finais do capítulo

Reviews?~ ♥



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