Sentei na minha cama terminando de calçar meus sapatos, estava pronta para sair com Naruto para o nosso aniversário de namoro de seis meses, contando que tenho 18 anos nosso relacionamento durou bastante. Começamos a namorar alguns meses depois do Festival do Ano Novo de Konoha e foi uma noite incrível e romântica, nunca imaginei Naruto me dando rosas e se ajoelhando na minha frente.

Meu celular tocou e olhei no visor era Naruto, sorri e atendi.

***

O loiro chegou pontualmente, tocou a campainha e minha mãe o atendeu enquanto eu descia as escadas, cumprimentei-o com um beijo suave como os que costumávamos trocar e ele fez questão de conversar com meu pai por alguns minutos, depois da breve conversa deles sobre negócios e outras coisas nos despedimos e saímos da minha casa, ele segurava minha mão em todo o caminho até o carro e abriu a porta para que eu entrasse sorrindo como um anjo.

Quando ele sentou no banco do motorista e fechou a porta eu o beijei mais uma vez.

- Você está linda essa noite Hina. – Seus olhos azuis encontravam os meus.

- Obrigada Naruto. – Sorri sentindo calor nas minhas bochechas.

Ele deu a partida do carro e começou a dirigir em direção ao restaurante que costumava me levar, eu já sabia o caminho, então já tinha percebido. Era monótono, mas ao menos era calmo e estável como eu queria ser.

- Você não sabe o quanto me sinto feliz por esses seis meses. – Ele começou a dizer.

- Acredite, se você se sente como eu, sei exatamente como se sente Naruto. – Eu ri e liguei o rádio, começou a tocar uma música calma de um CD antigo da Lana que eu tinha mas sempre deixava no carro dele.

- Eu te amo.

- Eu também te amo. – Sorri mais ainda, se era possível – As minhas amigas ainda sentem ciúmes de você sabia? – Nós dois rimos, não era segredo entre mim e minhas amigas tudo que o Uzumaki fazia por mim e elas sempre quiseram alguém assim para elas, mas mesmo com esses ciúmes elas eram as melhores amigas que eu podia ter.

- Porque você é uma garota muito sortuda. – Ele fez uma cara séria começando a se gabar – Não é sempre que se tem um loiro reluzente ao seu lado.

Dei um tapa de brincadeira na perna dele e rimos. Me sentia perfeitamente bem.

***

Chegamos ao restaurante e Naruto pediu nossa reserva, fomos guiados até uma mesa mais afastada, próxima à uma grande janela da onde era possível observar toda a rua brilhante e colorida, ele pediu vinho, mas eu quis um suco pois não gostava de beber na frente dele.

- Já tem 18, e seus pais deixam você beber. – Ele parecia querer me lembrar.

- É algo desagradável para mim. – Sorri torto e ele segurou minha mão sobre a mesa começando a contar como fora o seu dia.

Aos poucos o grande salão começou a ser preenchido por fregueses, eu conhecia a maioria pois sempre estavam ali assim como nós dois, mas continuei conversando com Naruto calmamente, era bom ouvir a voz dele, eu amava até os suspiros que ele dava ao se irritar com algo, as vezes sorria por isso e ele sorria também.

Então quando decidimos pedir uma entrada olhei para os lados em busca de algum garçom quando vi aquelas ônix. O Uchiha tinha o mesmo cabelo espetado de sempre, o mesmo olhar indiferente mas parecia um pouco triste, não que devesse estar, ao seu lado estava a garota mais linda que já tinha visto em toda a minha vida, como aquelas garotas que saem em capas de revistas sobre o verão.

A garota estava com os braços ao redor do pescoço de Sasuke e ele não parecia gostar muito disso mas mesmo assim mantinha uma mão na cintura da morena enquanto olhava em volta, ela balançava seus cabelos rosados enquanto falava expressivamente sobre qualquer coisa que o moreno não prestava atenção.

Eu me lembro bem de como era quando ele não prestava atenção, me lembro do seu olhar indiferente que ele usava – e pelo jeito ainda usa – sempre, e ao me lembrar daquelas ônix se espalhando em mim e do calor que ele me dava eu senti toda a calmaria da noite ir embora de mim, foi como aquela hora calma antes da tempestade, quando tudo muda drasticamente e você percebe que deveria ter voltado para casa mais cedo.

Assumo para mim todos os dias que sinto a falta dele, mas que não preciso dele. Eu tenho Naruto e ele me da tudo que preciso e tudo que quero, ele me beija como nunca fui beijada, ele me da o espaço que precisa, ele faz até com que as estranhas sintam inveja do nosso relacionamento, ele não esquece uma data, não se atrasa pra nenhum encontro, não me faz esperar num lugar escuro enquanto chuvisca uma chuva fria, ele me protege e meus pais gostam dele, minha irmã e ele costumam jogar basquete juntos e ele sabe todos os meus gostos de cor.

Mas essa falta que sinto do Uchiha é diferente e eu percebi isso quando nossos olhares se encontraram, sustentei o olhar e ele também, não desviei nem quando o loiro chamou minha atenção e ele não desviou nem quando o garçom voltou a falar com ele, nos olhamos longamente, como uma ultima troca de memórias e eu percebi o tipo de falta que ele fazia.

E eu sorri mesmo sendo lembranças tristes, ele sorriu de canto e virei novamente para Naruto que chamava minha atenção, então percebi que o garçom já estava ali e tratei de escolher o que queria comer, quando ele saiu Naruto me olhou com um pingo de desconfiança.

- O que estava olhando?

Ri baixo do jeito que ele demonstrava seus ciúmes e respondi:

- Só um velho amigo amor.

Segurei sua mão novamente e voltamos a conversar, mas minha cabeça estava nas lembranças que tinha do meu passado um tanto turbulento.

***

Eu sentia falta dos gritos que trocávamos no carro enquanto ele dirigia rápido demais e estressado demais e quando cansávamos de brigar ele ligava o rádio alto e ouvíamos a música mais pesada que ele poderia ter e eu chorava olhando para a estrada e ele franzia a testa quando via que eu chorava e segurava minha mão, mas eu arrancava minha mão da dele e felizmente ele a achava de novo e segurava mais forte falando que nunca iria me soltar e eu soluçava alto.

O jeito como ele para o carro do nada embaixo da chuva e me puxava para um beijo ou dois e me deixava louca de raiva, e o beijava entre os palavrões que soltava para xingá-lo e ele apenas me apertava mais forte no colo dele até tão tarde da noite que quando eu chegava em casa meu pai discutia com ele.

Nos arrasávamos e nos amávamos acima de tudo e eu nunca me senti tão insana e apaixonada e foi a coisa mais linda e horrível que eu já vivi em toda a minha vida curta, como ele falava, que nossas vidas eram tão curtas, mas não se importava em apagar o cigarro pendurado na boca. Ele era indomável e insano como eu.

***

Sorri tentando voltar a estar confortável, mas todas aquelas palavras bonitas pareceram sumir aos poucos da minha alma, e eu continuava sorrindo para os olhos do loiro à minha frente. Meu coração não está machucado, nunca esteve, ele estava apenas insano como eu costuma ser.

- Ah Naruto, eu te amo... – Sorri ao dizer isso, mas queria ir para casa e chorar por descobrir minha insanidade.

- Eu te amo, Hime. – Ele olhava nos meus olhos e eu dei um beijo breve em seus lábios macios.