Capitulo 19 - Um susto

A única coisa que consegui pensar foi em gritar, enquanto eu me debatia.

–Calminha – Falou a voz de um homem debochadamente enquanto me segurava cada vez mais forte, e colocava um pano no meu rosto, em poucos segundos já tinha perdido a consciência.

*****

Acordei com vozes conversando.

–Mas ela vai ficar bem?

–Claro, daqui á pouco ela acorda, se acalme. – Disse a voz que era conhecida.

Eu já sabia quem estava conversando e foi um alívio.

–Obrigado, doutor – Falou Maxon.

Eu abri meus olhos lentamente, olhei em volta estava na ala hospitalar, e morrendo de dor de cabeça. Assim que Maxon me viu acordar foi até a beira da cama.

–Minha querida – Foi tudo que ele falou, eu abracei ele que retribuiu ficamos assim um tempo.

– O que aconteceu Maxon? Eu me lembro de alguém me pegar e eu apaguei - perguntei depois que ele se acalmou.

Maxon assentiu.

–Depois disso o guarda que fica na porta do quarto ouviu seus gritos e entrou, segundo ele quando o rebelde estava quase fugindo com você, ele atirou nas costas do rebelde, que agora, já está morto. – Desse ele.

Eu deveria ter dó do rebelde, mas não conseguiria, não depois de imaginar o que poderia acontecer se o guarda não o tivesse matado, não depois de imaginar que poderia ser com qualquer um, qualquer criada ou cozinheira. Claro que o foco deles era eu, a rainha.

–Ah Maxon...na hora fiquei com tanto medo. – Falei abraçando ele forte.

–Me desculpe America se eu tivesse ido com você até o quarto talvez... – Ele se lamentou, mas eu logo o cortei.

–Não Maxon, a culpa não é sua, e no fim das contas não aconteceu nada. – Falei tentando determinada, ele não podia se culpar por isso.

Maxon concordou e se sentou comigo na cama, eu encostei minha cabeça no seu peito e ele me envolveu com seus braços. Não falamos mais nada. Eu também não queria bater altos papos com ele já que estava morrendo de dor de cabeça, que deve ser do negócio que o rebelde usou para me apagar. Quando estava quase pegando no sono ouvi Maxon falar baixinho.

–Se alguma coisa acontecesse nunca me perdoaria.

*****

–Maxon os estragos foram muito maior do que imaginava, eles devem ter esperado todo esse tempo para juntar forças. – August falou.

Concordei mentalmente com ele, era isso que eu achava também. Fazia só um dia desde o ataque, e a imprensa caiu em cima, e em vez de ajudar só aterrorizaram mais a população, com manchetes exageradas sobre o ataque e o meu quase sequestro que chegou a virar até quase morte. Acabava me divertindo lendo cada absurdo, mas a verdade é que era lamentável toda aquela situação.

–Não consigo ver outra maneira de detê-los sem ser uma guerra. – Disse August confirmando os meus medos.

–Não, mas tem que haver outra maneira... – Disse Maxon

–Se tentássemos um acordo. – Disparei desesperada, aquilo não podia acontecer de novo, muitas pessoas morreriam.

–America , estamos lidando com um grupo de rebeldes brutais, não diplomatas. Acho difícil eles aceitarem algum acordo, que não seja a coroa em troca – Disse August. E eu reconheci que ele estava certo.

–Eu sei, mas tem que ter algum outro jeito. – Falei.

–Gostaria de falar que sim, mas por enquanto não há outra maneira. – Disse August dessa vez

Maxon respirou frustrado, sabia que ele assim como eu queria paz.

–Bom, então acho melhor pensamos com cautela sobre o assunto, mas não hoje. Continuamos amanhã. – Disse ele, eu e August concordamos.

Saímos juntos da sala a fim de acompanhar o August até a saída, ficamos em silêncio. Para quebrar o clima resolvi puxar assunto.

–Como anda a Georgia, August?

–Bem – Ele disse sorrindo.

–A chame para vim fazer uma visita antes do casamento, estou com saudades. – Falei e August fez um careta.

–O que foi? – Perguntei.

–É que vamos cancelar o casamento.

–O QUE?! – Gritei totalmente espantada, Maxon olhou August com espanto. Era de se admirar afinal eles pareciam estar tão bem, o podia ter acontecido?

–Bom, resolvemos adiar o casamento. Não faz sentido comemorar nas atuais condições.

–Claro que faz! – Logo disparei. – Não August, não vou deixar vocês cancelarem o seus casamentos só por causa de um problema meu e do Maxon.

–Concordo plenamente com a America. – Maxon me apoiou.

August pareceu chocado com o que a gente disse. Ele ia contradizer, mas eu falei:

–É isso mesmo que você ouviu, volte para casa fale com Georgia e volte aos preparativos. Como vocês devem estar atrasados convide ela para vir aqui amanhã que eu a ajudarei. – Ele ainda não estava convencido, então completei – Se isso servir de incentivo eu sou a rainha e ordeno que vocês se casem nesse sábado! – Falei com voz firme.

Ele sorriu e disse.

–Como quiser Majestade! – Fazendo uma reverência.

Eu sorri em resposta, essa altura já tínhamos chegado á porta principal.

–Até mais. – Ele falou feliz, eu e Maxon acenamos em resposta.

Maxon me olhou admirado, talvez por que nunca tenha me visto agir assim. Em resposta ri da situação.

–Você me surpreende a cada dia. – Ele falou rindo e me beijou.

Por alguns míseros minutos conseguimos esquecer-se dos rebeldes, da coroa e todos os problemas que ela trazia, mas eles logo acabaram. Era sempre assim quando estava tudo perfeito entre nós dois sempre vinha algo que acabava com aquilo, seja uma briga nossa ou fatores imprevisíveis, entre essa longa lista, os rebeldes.

Quando entrei no nosso quarto ainda em silêncio, me sentei na cama e ele fez o mesmo. Era tarde da noite o dia de nós dois foi cheio, demos entrevista á imprensa, contabilizamos gastos e perdas, fomos a reunião do conselho e depois ficamos falando com August até agora. Para resumir estávamos cansados, estressados, mas acima de tudo preocupados.

Aconcheguei-me no peito do meu marido, que ficou me acariciando até soltar um suspiro frustrado.

–É sempre assim! - ele disparou do nada – Quando tudo está certo vem algo e derruba tudo. Será que é pedir de mais um pouco de paz?

Naquele momento senti como se Maxon pudesse ler minha mente. Eu não tinha resposta pra a pergunta dele, muito menos sabia o que dizer, apenas lembrei e uma das ultimas palavras que meu pai falara antes de morrer para mim, elas pareciam caber bem ali.

– Bom, isso não é tão ruim. Os problemas indicam que é verdadeiro. – E acrescentei - O que importa é que estaremos juntos.

Assim que falei isso Maxon abriu um sorrisinho tranquilo. Eu o puxei para um beijo.