Terra

A Terra mudou muito desde a última vez que a visitei. Mandaram-me para algum lugar chamado Distrito 13, no inicio, pensei que era deserto, até ouvir alguns sons vindos do solo. Resolvi ignorar, minha missão era mais importante, mas eu não sabia o que Thor queria que eu fizesse ali. Não posso ressuscitar pessoas, muito menos distritos.

– Quem é você? - Um garoto apontava uma flecha para mim. Seu cabelo era castanho e curto, um pouco arrepiado. Não vestia nenhuma armadura, apenas uma blusa preta e uma calça cumprida de pano vagabundo.

– Sou Loki, filho de Odin. Rei de Asgard - anunciei. O garoto com o arco-e-flecha continuou me encarando confuso. - Humanos...

– Gale? - chamou alguém. Não alguém, eu conhecia aquela voz... era o tal de Peeta. O garoto loiro apareceu atrás do que segurava a arma e me encarou. - Quem é?

– É o que estou tentando descobrir - disse Gale sem tirar os olhos de mim.

– Estou procurando uma pessoa - eu disse. Os dois garotos me olharam apreensivos. - Seu nome é Thor. Ele é loiro, alto. Mais alto que seu amigo aí, com certeza.

– Thor? - Gale encarou Peeta. - Não o conheço.

Revirei os olhos e andei em direção a Gale, que preparou uma flecha.

– Tenha dó, abaixe isso - murmurei e continuei andando. O garoto disparou e eu sorri, com facilidade, segurei a flecha ainda no ar e quebrei-a com apenas uma das mãos. - É assim que querem brincar?

Peeta pegou uma das flechas de Gale e tentou me atacar com ela, desviei facilmente e chutei-o na perna direita, o garoto caiu e antes que pudesse levantar, eu o chutei para longe e encarei Gale.

– Claramente, não conhecem Thor - disse eu. Caminhei até o garoto e tirei o arco dele, logo depois o quebrei. - Mas, devem conhecer outra pessoa: uma garota, morena, costuma usar um arco-e-flecha como esse. Parece ser muito habilidosa.

– Existem muitas arqueiras por aqui - murmurou Gale.

– Não como ela, isso eu aposto. - Sorri. Olhei para Peeta, que agora estava parado ao meu lado. - Vocês estavam juntos em alguma floresta, ela o chamou de cima de uma árvore.

– Gale, acho que sei de quem ele está falando - disse Peeta. Limpou os ombros. - Vou chamá-la.

Peeta saiu correndo e desapareceu em uma floresta próxima ao local.

– Então, Loki, não é? - disse Gale.

– Sim, filho de Odin.

– Odin? - Gale sorriu. - Como o deus nórdico?

– Não como o deus nórdico. O deus nórdico - respondi.

– Ah, claro.

Peeta voltou e desta vez estava acompanhado. A garota morena estava ao lado dele, carregando o arco-e-flecha nas costas, ao lado de uma aljava cheia. Ela me olhou com um certo desprezo e eu sorri.

– Loki - apresentei-me. Estendi a mão em sua direção, mas a garota ignorou-a. - Qual é seu nome?

– Vem me procurar em meio ao distrito e não sabe meu nome? - Ela sorriu com desdém. - O que quer?

– Ajudar. - Dei de ombros. A garota me encarou confusa. - Vou resumir: eu soube que vocês precisam de ajuda, e se eu ajudá-los, meu irmão vai poder voltar para casa.

– Quem é seu irmão? - perguntou ela.

– Thor, filho de Odin.

– Peeta disse que sabe lutar - disse ela se aproximando. - Que segurou uma das flechas do Gale no ar e quebrou-a.

– Com apenas uma das mãos. - Sorri.

– Ótimo, então você é bom?

Ela tirou uma das flechas da aljava e tentou me atingir com a mesma, mas eu segurei o braço da garota antes que ela conseguisse. Girei-a e rapidamente peguei uma das flechas de sua aljava e posicionei-a em frente ao seu pescoço, segurando suas mãos por trás.

– O suficiente - sussurrei em seu ouvido.

Soltei a garota e ela tentou me atacar novamente, desviei e saltei para trás.

– Você tem um arco. Use-o - desafiei.

A garota pegou o arco e sacou uma flecha, atirando-a rapidamente. Usei a flecha que estava segurando para desviar o projétil que ela havia atirado, mas logo depois vinha outra, esta que eu também desviei com a flecha, e mais três depois dessa.

– Não vai me acertar. - Sorri. A garota pegou três flechas e atirou todas ao mesmo tempo. Desviei as três facilmente. - É tudo o que pode fazer?

– Como isso é possível? - perguntou ela. - Desviou de três flechas?

– Eu disse que era bom o suficiente. - Sorri e joguei a flecha no chão. - O que me diz, posso ajudar vocês?

– Não sou eu quem decido isso - disse ela.

– Sim, é você. Só precisa me explicar o que está acontecendo - eu disse. Aproximei-me da garota. - Só precisa me dizer quem tenho que matar.

– Não é tão simples - ela murmurou. - Um único homem não pode destruir a Capital.

Sorri. Isso era para ser um desafio?

– Eu não sou um homem. - Fiz crescer uma rosa entre meus dedos e coloquei-a no cabelo da garota, que me olhava confusa e boquiaberta. - Qual é o seu nome?

– Katniss - ela sussurrou. Parecia estar impressionada demais para negar uma resposta. - Katniss Everdeen.

– Katniss Everdeen, diga-me. Quem eu devo matar?

– Nossa luta não é contra um homem - disse Peeta se aproximando. Olhei-o. - O único modo de derrotar a Capital, é destruindo-a.

– Se vamos destruir a Capital, faremos direito. - Voltei os olhos para Katniss. - Eu posso fazer isso, mas precisarei de tempo. Talvez eu possa ficar com vocês.

– Peeta, Gale - disse a garota. - Vamos levá-lo ao Distrito.