–E o que você acha que ele vai fazer?

–Eu não sei ao certo. –Disse Derek.

–Amor, fique tranqüilo. Eu acho que nada de ruim irá acontecer, eu estou o evitando o máximo possível. –Falei.

Derek pareceu pensativo, mas logo me abraçou. Eu senti que ele estava preocupado de alguma forma, se sentia inseguro e estava confuso. Mas James queria jogar, e nós que ensinaríamos o jogo à ele.

–Era isso que queria me contar? –Perguntou Derek.

–Sim.

–Amanhã começam suas seções de quimioterapia não é?

Foi aí que me lembrei de que aquilo era verdade.

–Eu não quero ir, não quero fazer... eu não quero!

–Você tem certeza? –Perguntou.

–Tenho.

–Você prefere morrer, é isso?

–Derek, achei que você ia me ajudar com isso tudo.

–Isso tudo o quê?

–Você falou que se eu não quisesse fazer, não faria. –Disse.

–E não irá fazer se não quiser. –Disse ele. –Só não me peça pra te ajudar a morrer.

Revirei meus olhos, como Derek poderia ter mudado de idéia tão rápido? Eu realmente achei que ele fosse me ajudar a quem sabe escapar ou fugir da clínica.

–Carrie, meu amor. Você quer morrer?

–Eu vou morrer com ou sem quimioterapia. –falei. –Só vou ficar mais feia e frágil se o fizer.

–Não! –Protestou Derek. –Você jamais ficará feia, pelo menos pra mim.

–Eu vou ficar mal, não vou querer sair de casa e terei vergonha de aparecer pra você.

–Porque? –Quis saber.

–Por que eu estarei careca. –Falei com os olhos marejados.

Derek estendeu sua mão e acariciou o meu rosto com delicadeza.

–Eu jamais vou me perdoar se deixar você morrer.

–Derek não diga isso! –Revidei.- Tá, eu vou morrer, mas quem não vai?

–Você só irá morrer se desistir e se deixar que isso aconteça.

–Eu estou bem, eu me sinto bem. –Disse. –Faz muito tempo que não passo mal nem tenho alguma recaída.

Derek fitou o chão e bufou.

–Eu tenho que tomar as minhas próprias decisões. –Disse por fim.

Derek levantou-se do banco rapidamente e começou a andar de um lado pro outro.

–E essa parece ser a melhor escolha pra você?

Respirei fundo enquanto lágrimas teimavam em cair.

–Eu não quero mais falar sobre isso.

Derek estava atordoado, nervoso e parecia irritado comigo. Ele apenas assentiu com a cabeça pra que esse assunto acabasse. Me aproximei dele tentando-o abraçá-lo, porém, ele se afastou de mim e eu não entendi o porquê. Não o questionei, apenas voltei a sentar no banco enquanto chorava sem parar.

Derek ficou caminhando de um lado pro outro em silêncio, estava pensando em algo e eu achei que talvez ele estivesse chorando.

Logo, gotas de chuva se encontraram com minhas lágrimas. Estava chovendo.

Derek então quebrou o silêncio entre nós.

–Você precisa voltar pra casa. –Disse ele. –Está chovendo e se não voltar logo ficará encharcada e doente.

–E você vai ficar assim de marra comigo? –Perguntei o fitando.

–Não estou de marra com você. –Respondeu.

–Está sim, eu te conheço Derek.

–Tudo bem, isso não importa mais. –Falou.

–Pra mim importa, e muito.

Derek se aproximou de mim e me pegou pela cintura. Sentia sua respiração junto a minha e fechei meus olhos, esperando pelo encontro de seus lábios delicados.

–Eu te amo Carrie.

Ouvi ele dizer antes de me beijar, eu queria dizer que também o amava, mas o beijo foi se aprofundando e eu não tive como parar e separar nossos lábios. A chuva ficou mais intensa e estava nos molhando bruscamente, porém não estávamos preocupados com isso agora.

{...}

Já estávamos voltando para minha casa, de mãos dadas e completamente molhados. Ainda chovia muito e agora corríamos pelas ruas para chegar logo.

–Meu Deus, você vai ficar doente! –Disse Derek.

–Lembre-se que a culpa será sua. –Falei rindo.

–Nem diga isto!

Finalmente chegamos no jardim de minha casa, eu tinha certeza de que meus pais estavam dormindo, afinal nenhum deles ia até meu quarto desejar boa noite. Porém, eu estava confusa sobre James, onde ele estaria e o que estaria fazendo.

–Teremos que pegar a escada do seu vizinho outra vez. –Disse Derek.

–Eu sinto muito. –Disse rindo.

–Não sente nada! –Falou Derek me selando com os lábios.

Quando ele já estava prestes a pular o muro da casa vizinha, uma voz se fez no alto da janela.

–Eu te ajudo a subir.

Era James.

Senti meu sangue congelar nas veias, enquanto percebia que em Derek ele fervia. Seus punhos se cerraram e ele queria socar a cara safada de James.

–Sorte sua que está aí em cima. –Disse Derek.

–Por quê? Você ia me bater se eu estivesse perto de você? –Não esperou pela resposta de Derek. –Não seja por isso, se quiser desço até aí agora mesmo. –Provocou.

–Parem vocês dois! –Quase gritei.

Por sorte, eles ficaram em silêncio. Me aproximei de Derek acariciando seu rosto e falando bem baixinho:

–Fica calmo Derek, James só está querendo te deixar nervoso, e pelo jeito ele conseguiu.

–Eu vou matar esse desgraçado!

–Não, não vai não. –Falei. – Será mais fácil se ele me ajudar a subir, poupará todo o serviço de pegar e levar a escada de volta, e ainda não iremos correr o risco de sermos pegos.

Derek bufou.

–Eu prefiro correr esse risco.

–Derek, não. –Falei. –Não seja tão orgulhoso.

–Eu não estou sendo orgulhoso!

–Está sim.

–O casalzinho vai ficar tendo D.R por muito tempo, ou será que já terminaram? Caso contrário irei dormir e deixar vocês aí. –Disse James.

A vontade que eu tinha era de estapear aquela cara, porém, a sua ajuda naquele momento era necessária.

Olhei novamente para Derek, as gotas de chuva rolavam por seus rosto e ele fitava o chão com o punho ainda cerrado.

–Amor me desculpe. –Falei dando um selinho em seus lábios.

Me aproximei da janela onde estava James, e Derek permaneceu imóvel. Meu coração estava partido por vê-lo assim, mas eu decidi estender minha mão até James que a puxou em seguida.

Pegou em minha cintura e me ajudou a subir quando eu cheguei mais perto.

Quando finalmente já estava dentro de meu quarto, vir-me-ei para fora da janela, e vi Derek caminhando solitário na chuva. Eu sabia que ele havia ficado furioso com tudo aquilo, e meu coração estava em pedaços por vê-lo assim, porém, deixei ele sumir no meio da escuridão e da chuva que tomava conta das ruas.

–Ele não vai morrer. –Disse James vendo minha reação.

–Vai se danar! –Debati.

–É assim que você me agradece? –Perguntou.

–Você me ajudou por que quis, não pedi ajuda nenhuma à você.

–Eu sei. –Disse James. –Só achei que fosse no mínimo educada.

Revirei os olhos.

–Tudo bem, Obrigada.

–Assim está ótimo. –Disse ele.

Notei que eu estava molhando todo o meu quarto por estar encharcada da chuva. James se afastou sem me avisar e quando voltou, trazia toalhas e roupas limpas.

–Tome, você vai ficar doente se permanecer molhada.

–Onde conseguiu essas roupas? –Perguntei.

–No seu armário, obviamente. Só tinha deixado elas no banheiro esperando por você, mas suponho que você não precise de um banho, isso faria com que seus pais acordassem.

–Você tem razão. –Concordei. –Vou tomar banho pela manhã, agora saia de meu quarto pra que eu possa me secar e trocar de roupa.

–Boa noite Carrie, amanhã a gente conversa. –Disse ele saindo de meu quarto.

–Boa noite.

Me surpreendi com as atitudes de James, ele estava agindo tão bem comigo e por algum momento me senti injusta com ele. Naquela noite ele não entrou mais em meu quarto, e simplesmente foi até o seu quarto e dormiu.

Já eu, me vesti e sentei no chão de meu quarto, fiquei pensando em Derek praticamente a noite toda, eu havia o magoado, havia deixado-o inseguro, mas eu o amava, só havia aceitado a ajuda de James, e agora esperava pra que Derek me perdoasse.