League of Legends: As Crônicas de Valoran escrita por Christoph King


Capítulo 36
Capítulo 35: Katarina


Notas iniciais do capítulo

Jericho Swain une força com os demacianos para resgatar os escavadores presos na mina. Seria essa uma trégua duradoura?



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Capítulo 35:

Katarina Du Couteau – Kalamandra

Fiora Laurent recuou, intrigada. A ideia de noxianos quererem ajudar no salvamento de escavadores demacianos parecia não se fixar em sua mente. Sempre odiou noxianos, típico. Ainda mais por que quase fora morta por Talon há anos atrás, degolada. Se ela não fosse uma duelista muito habilidosa, estaria enterrada há vários metros no chão, hoje.

– Do que está falando, Jerricho Swain? – ela parecia confusa.

Swain cruzou os braços.

– Podemos ser cidades-estado inimigas, mas durante as escavações nós somos quase que aliados. Não quero semear guerra, lembre-se disso.

Katarina franziu a testa.

– É... Precisamos, quem sabe – ela não parecia saber o que dizer –, semear paz?

Fiora parecia desconfiada e hesitante. Ela olhou para a grande escavadora zaunita de Jericho. Sua postura debochada e orgulhosa afastou-se; talvez estivesse, pela primeira vez na vida, pensando como uma boa pessoa. Talvez a vontade de salvar os homens presos fosse maior do que o orgulho de não aceitar ajuda de noxianos...

Ela virou-se para Swain, sem expressão.

– Não precisamos de sua ajuda – parece que o orgulho venceu.

– Você é mesmo um poço de orgulho, Laurent – zombou Darius. – Não quer aceitar uma ajuda de tão bom... – Swain, de costas para ele, ergueu a mão como que mandando que ele se calasse.

Darius bufou.

Garen apareceu por trás de Fiora, colocando uma mão no ombro da duelista. Ele usava sua velha armadura de guarda da coroa, parecia suado e cansado, sujo. Seus punhos estavam enfaixados e as faixas estavam vermelhas, com sangue. Ele ofegava.

– O que está havendo aqui, Fiora? O que aquela escavadora zaunita faz na nossa área?

Fiora cruzou os braços.

– Swain quer nos ajudar no resgate. Acha que devemos “semear a paz” – fez os gestos de aspas com os dedos e falou debochando.

– E você aceitou? – Garen só se dirigia à Fiora, como se Katarina, Darius e Swain nem estivessem ali.

Katarina cerrou os punhos.

– Óbvio que não, garroto tolo! – Fiora respondeu. – Sabe como eu sou. Jamais aceitaria ajuda de noxianos imundos!

Katarina fez uma careta.

– Como ousa...?

– Calma aí! – Garen exclamou. – Também não os ofenda, Laurent.

Swain sorriu.

– Não se preocupe, Sir Garen, estando no posto em que estou, jamais me ofenderia pelo termo “imundo”.

Fiora o fitou com um olhar fuzilante.

– Precisamos de ajuda – Garen sussurrou no ouvido da duelista –, mesmo que seja deles. Toda ajuda é bem-vinda.

– Você só diz isso por que sua irmã está lá – ela retrucou. – Pois se não estivesse...

– Ótimo! – Garen ignorou completamente Fiora, interrompendo-a. – Já decidimos.

– Mas o que?

– Nós aceitamos sua ajuda, Lorde Swain.

Swain deu um sorriso frio, calculista.

– Ótima escolha, Sir Garen.

...

Luxanna Crownguard já estava com os dedos esfolados de tanto tentar tirar uma pedra de cima da perna de um escavador demaciano. O homem estava vivo, porém ofegante e suava demais. A perna estava esmagada e sangue escorria. Ezreal obteve um pouco mais de sucesso, removendo uma pequena pedra, mas elas pareciam ser feitas de chumbo. Ele limpou o suor na manga da camisa, e se virou para Lux.

– Deixe que eu o faça, não quero que você machuque suas mãos.

Lux respirou fundo.

– De jeito nenhum – o escavador gemeu –, não posso deixar de tentar.

Ezreal sorriu.

– Gosto de sua persistência... mesmo que seja impossível. Essas pedras estão pesadas demais, isso não faz sentido. Parece até... – ele engoliu em seco – mágica.

– Mágica? Você acha que essa mina está encantada?

Ezreal se levantou e observou as pedras. Ele era um mago prodígio como Lux, tendo se especializado em magia desde jovem. Ele geralmente utilizava uma manopla em seu punho direito, que concentrava sua mana em um ponto só, como a varinha de Lux.

Ele mexeu a mão direita levemente acima e uma pedra, tentando sentir alguma vibração mística. Lux podia sentir um tipo de energia fluindo de seu corpo e indo para a manopla, uma energia suave e positiva, assim como a sua magia da luz.

Ezreal bufou. Levantou-se e se virou para Luxanna.

– Sei que há magia encrostada nessas pedras, mas algo parece estar bloqueando meu detector mágico – ele parecia frustrado. – A pessoa que enfeitiçou essas pedras deve ser um poderoso feiticeiro.

– Ou vai ver nós dois que somos muito fracos.

Ezreal franziu a testa e pareceu pensar na possibilidade.

– Não, prefiro acreditar que alguém tenha enfeitiçado tudo isso.

Lux olhou ao redor; não haviam ouro e nem pedras preciosas por perto. O problema era que antes haviam várias sendo escavadas e encontradas. Em sacos dos escavadores haviam várias, e agora estavam desaparecidas. Onde estariam elas? Lux se lembrou que haviam mais homens no fundo da mina, talvez pudessem procurá-los.

– É estranho que não existam pedras por aqui – comentou ela. – Parece que elas todas sumiram.

– Realmente – ele concordou. – Talvez devêssemos adentrar mais afundo na caverna.

Mina – Lux corrigiu. – Não gosto do termo caverna. Uma vez fiquei presa numa com um urso, e não me pergunte como.

Ele deu de ombros.

...

Lux ergueu a varinha para o alto, e ela começou a brilhar. O túnel da mina era largo o bastante para que dois Garens de armadura e tudo passassem correndo gritando Demacia, Lux pensou, tentando não rir da piada interna e deixar Ezreal confuso.

Haviam suportes de madeira nas paredes que não deixavam a terra cair, mas que Lux não entendiam como seguravam tanta terra. O túnel não estava liso, haviam morrinhos de terra soterrada obstruindo o caminho, e eles tiveram que contorna-los.

De vez em quando encontravam corpos de homens mortos e Lux tentava não gritar. Ezreal a consolava quando ela via alguém conhecido, morto no chão. O caminho estava difícil, mas eles logo avistaram a entrada de outra parte da mina.

– Tem alguém aí? – Lux perguntou quando encarou a escuridão daquela ala da mina.

Ouviu um gemido, dois, três. Um homem tentando se levantar, outro tentando falar. Por fim alguém disse:

– Aqui! Socorro!

Lux se alegrou ao saber que haviam sobreviventes. Ela logo invocou uma Singularidade para iluminar o recinto, e logo pôde contar, ao todo, mais de vinte homens sobreviventes, porém, feridos.

– Lady Luxanna! – um escavador exclamou. Ele gemeu, estava soterrado com terra e uma pedra esmagando partes de sua perna. – O que faz aqui, minha jovem?

Lux correu até ele, feliz.

– Senhor Damico! – abraçou-o. – Que bom ver que você sobreviveu!

Damico era um homem de meia-idade, com cabelos e barba grisalhos. Ele tinha uma cicatriz de guerra em forma de x acima do olho direito. Ele era um antigo homem da guarda demaciana, amigo do pai de Lux e Garen, já havia lutado em dezenas de guerras e sempre sobrevivera.

– Já lutei em tantas guerras e sobrevivi, por que morreria num soterramento de terra dentro de uma mina? – tossiu. Ele se virou para Ezreal. – E quem é você, garoto? Lorde Crownguard sabe que está acompanhando sua filha?

Ezreal recuou.

– Bem, é que... – gaguejou.

Sir Damico riu.

– Estou brincando, garoto. Haha.

– Precisamos te ajudar a se libertar, senhor – Lux retrucou.

Damico fez força, tentando se libertar. A pedra que o esmagava sua perna não saía de jeito nenhum, nem com todo o esforço que Lux tentou fazer. Ezreal observava a pedra com cautela; pareceu ter pensado em algo, e quando ouviu um barulho mecânico vindo de fora da mina, pareceu ter suas perguntas internas respondidas.

– Espere – ele disse à Lux, que parou de puxar a pedra. Ele se agachou ao seu lado, perto do homem e analisou a situação dele, se ele poderia andar.

Viu que não.

Levantou-se e foi ver os outros homens que estavam presos em pedras e em terra. Ajudou alguns a saírem, e os que estavam presos por pedras ele tentou, sem sucesso, ajudar, como pensou. Tendo a maior parte deles libertos, continuou a ficar atento aos sons vindos de fora.

– Tenho um plano – ele disse à Lux, que fazia curativos em feridas de alguns homens com tiras de suas roupas. Ela parecia saber muito sobre medicina e como cuidar de ferimentos, parecendo uma médica de verdade.

Ezreal gostava de ver o quanto ela se importava com os outros, pelo menos com os de sua mesma “raça”. De toda a forma, ela era incrível, e quando se levantou, perguntando qual era o seu plano, Ez demorou alguns momentos para processar a pergunta.

– Ah, sim, o plano. É... – ele gaguejou. – Tenho uma hipótese, mas preciso que os homens estejam prontos para me ajudar.

– Sou filha do Lorde Crownguard – ela disse. – Não têm opção... Brincadeirinha – deu uma risada. – Mas sério, eles poderão ajudar.

Ezreal respirou fundo.

– Ótimo – ele se virou para o túnel de volta à entrada da mina. – Preciso que ordene que todos os homens voltem à entrada, e que fiquem apenas os mais fortes fisicamente.

Luxanna balançou a cabeça, contente.

– Espero que saiba o que irá fazer.

...

A escavadora noxiana estava fazendo um trabalho incrível aos olhos de todos. Conseguia tirar várias pedras com facilidade, diferente das máquinas Piltover dos demacianos. O homem que a comandava não tinha dificuldades em movê-la, devia viver para isso e fazia bem. Ele tinha uma expressão orgulhosa ao ver a felicidade de todos quando mais e mais pedras eram removidas.

Já haviam passado algumas horas desde o soterramento, estava de madrugada, quase amanhecendo, mas mesmo assim o trabalho não parava. Não só a escavadora noxiana trabalhava, como vários demacianos e máquinas de Piltover, que de uma hora para outra começaram a funcionar devidamente e remover as pedras, que de repente pareciam mais leves de se carregar.

A tensão permanecia, todos queriam ver os homens saírem de lá com vida, e Garen parecia que ia surtar.

– Pare de roer as unhas, isso é anti-higiênico! – advertiu Fiora.

– Cale-se, Laurent! – murmurou Jaime Crownguard. – Não vê que meu primo está preocupado com a irmã caçula. Nunca se sentiu assim com seus irmãos?

Fiora riu.

– Sou a irmã caçula, e não, nunca me senti assim com aqueles tolos e fracos. Devo lembrar que já os derrotei em duelos dezenas de vezes?

– Não, não precisa – Katarina Du Couteau apareceu com um sorriso malicioso no rosto. – Todos sabemos que você é a Grande Duelista por que pôde derrotar seus irmãos. Mas também devo te lembrar da marca que deixei no mais velho, ou não devo?

Fiora cruzou os braços e fuzilou a ruiva-escarlate com o olhar.

– Cortar o dedo mindinho de um soldado demaciano não muda em nada seu desempenho em combate, senhorita Katarina.

Katarina riu.

– Caladas! – Garen exclamou, para a surpresa das duas. – Se eu fosse você, Du Couteau, eu voltaria para sua ala. Não é por que seu líder está nos ajudando que pode vir aqui e atentar a Lady Laurent.

– Agradeço a defesa, Sir Garen – Fiora não parecia nada agradecida –, mas não sou uma lady.

– Percebe-se – Jaime e Daniel riram com a afirmação de Katarina, que logo se voltou para Garen com uma expressão irritada, como quem queria dizer algo. Se ela tivesse telepatia, teria dito algo triste. – Já estou voltando para minha ala, Sir Garen, desculpe o incômodo.

O olhar de Katarina fez com que ele se sentisse culpado. De toda a forma, ele se sentia sem graça perto dela, com seus primos sabendo sobre a relação com ela. Era estranho e errado em sua mente. Se sentia como se estivesse pecando contra sua cidade-estado tendo dormido com ela. Isso o deixou envergonhado, e ter gostado foi pior ainda. Queria manter o máximo possível de distância de Katarina Du Couteau.

Após algumas horas de muito esforço, foi possível o resgate dos homens. Quando Luxanna Crownguard saiu ao lado de Ezreal, Garen correu até a irmã e a abraçou.

– Lux... – Garen chorava, mas tentava não demonstrar. – Sua idiota, nunca mais faça isso. Você não sabe o quanto me preocupei com você!

Ela abraçou forte o irmão, mas estava difícil devido à armadura. Ele era bem mais alto que ela.

– Me desculpe, Gary. Nunca mais te desobedeço.

Ezreal ficou sem graça na frente de Garen, e esperou que aquele abraço nunca acabasse, pois quando acabasse a bronca começaria. Olhou ao redor e viu homens de Demacia e Noxus trabalhando para retirar os sobreviventes de lá. Pensei que nunca veria isso, ele pensou. Olhou para Sir Damico, que correu para abraçar seu filho, um escudeiro. Teria ele conseguido sobreviver sem minha ajuda? Talvez ninguém nunca soubesse do que ele fez pelos homens, talvez soubessem, talvez os homens salvos contassem, e até mesmo Lux espalharia, mas não, ele sabia que não teria créditos. E preferia se silenciar por um tempo. Se sua teoria estivesse correta, poderia haver um poder muito grande por trás de tudo isso.

Quando Garen o olhou, o fuzilou imediatamente.

– E você, garoto?! O que tem a dizer?

– Quero me desculpar.

Garen cerrou os punhos.

Lux se colocou à sua frente, protegendo Ezreal.

– A culpa foi minha, Gary. Eu que o arrastei para essa furada. Me desculpe.

Garen ficou com uma cara amarrada por um longo tempo, mas depois pareceu amolecer. Sabia que aquele garoto não era ruim, mesmo que no fundo. Sabia que ele seria bom para a sua irmã, e proibir o namoro dos dois só traria problemas futuros, então disse:

– Tudo bem – virou-se para Ez –, só não pense que irei aprovar isso de uma hora para outra. Garoto, você terá que provar sua honra!

– Provarei – Ezreal fez uma reverência.

Garen olhou para trás, e viu que a animação dos amigos e parentes dos homens soterrados, agora livres. Olhou para Jericho Swain, e percebeu que devia muito a ele, pois sem ele e sua escavadora poderosa ele jamais teria sua irmã de volta. Deveria agradecê-lo de alguma forma, e já sabia como.

Com uma festa de bebedeira. Claro, por que não?

Naquela hora, pela primeira vez, demacianos e noxianos beberam juntos e cantaram, em alegria. Gragas ainda tinha medo que pudesse rolar outra briga, por isso se vestiu com uma armadura que ficou pequena em sua imensa pança. Ele servia a todos que vinham, tudo na conta de Garen e Demacia.

– Você merece, Jericho – Garen sorriu ao homem de preto, e depois apertou a sua mão.

Swain sorriu de forma calculista.

– Não há de que, Lorde Crownguard. Meu sonho era ver nossas cidades-estado unidas, como uma só.

Uma ideia bizarra passou pela mente de Garen – unidas, como uma só –, mas ele as afastou. Pois aquela era uma hora de alegria, não deveria pensar muito. Estar com sua irmãzinha novamente lhe trazia tanta felicidade, que ele só queria se divertir com seus aliados.

Olhou para um lado e viu seus primos festejando ao lado de Riven e de Draythe Darkwill, viu também Sion, da elite noxiana dançando com uma mulher gorda de sua guarda demaciana. Sorriu. Gostava de ver tudo isso, mas uma coisa lhe abateu. Viu Katarina sentada, sozinha, solitária. Não era a primeira vez que via isso, e sabia que era sua culpa.

Sentou-se ao seu lado.

– Me desculpe.

Ela se virou para ele.

– Pelo quê? Por ser rude comigo depois de tudo? Poupe-me.

Garen respirou fundo.

– Me desculpa, tá? Não sei como lidar com isso. Nunca senti isso – ele olhou para os dois lados, depois sussurrou em seu ouvido. – Nunca senti o que sinto por você... por ninguém. É estranho. Me sinto culpado.

Ela sorriu.

– Sabe que eu também? Imagina só se meu pai descobre o que fiz pra você – o sorriso se apagou de seu rosto. – Isso se ele estiver vivo.

– Ele está vivo... acredite.

Katarina ficou calada alguns momentos, mas depois disse:

– Sabe o que acho estranho? – ele balançou a cabeça. – Eu sugeri que Swain os ajudassem, mas ele já tinha pensado nisso. Ele falou alguma coisa sobre saber qual é o plano. Ultimamente ele tem andado muito estranho, e temo que ele esteja armando alguma coisa.

Garen pareceu ter ficado chocado, como se algumas coisas viessem à tona, de repente.

– Não acho que... Não... Pode ter sido uma coincidência... – ele pôs a mão no rosto.

Katarina observou Swain, que conversava com Darius, sentados em uma mesa do bar. Usou uma técnica de leitura labial que seu pai lhe ensinou, e percebeu o que Swain disse. Ela é uma ameaça. Quando Swain a olhou de soslaio, de forma sombria, seu coração quase pulou pra fora.

Os minutos seguintes à essa festa foram de muita bebedeira e animação. Por sorte não houveram brigas e nem quebradeira. Tudo aconteceu de forma calma e divertida. Pela primeira vez noxianos e demacianos beberam juntos, sem que houvesse pancadaria e morte.

Katarina fez as pazes com Garen e com o garoto Ezreal.

– Desculpe por ter colocado uma lâmina no seu pescoço, outro dia.

Ezreal fitou-a com o olhar por um tempo, mas depois sorriu.

– Tudo bem. Eu te perdoo. Depois de quase ter morrido nesse soterramento, prefiro fazer as pazes com os outros. Odiaria morrer tendo inimigos.

Aquela frase não parecia fazer sentido, mas fez Katarina pensar. Fazer amizade com aquele garoto poderia lhe proporcionar mais do que ela pensa. Percebeu que ele ainda a ajudaria no futuro, quando ela tivesse terríveis problemas, e viu que esse futuro não estava perto. Ela estava começando a fazer perguntas a si mesma, e fazer perguntas te leva a saber demais. Temia que um dia se tornasse inimiga da coroa noxiana, mas se Ezreal não podia morrer tendo inimigos, ela não poderia morrer tendo dúvidas.

– Ezreal – ela disse. – Por acaso você viu algo de, digamos, estranho dentro da mina?

Ele sorriu abertamente.

– Pensei que ninguém fosse perguntar. Ótimo. Preciso que alguém saiba do que fiz – ele respirou fundo. – Muito bem. A primeira coisa estranha que vi, foi que não haviam diamantes e nem ouro na mina.

Katarina franziu a testa.

– Como assim? Por acaso está louco?

– Claro que não! As pedras estavam lá enquanto a mina estava aos olhos de todos, mas, de acordo com a minha teoria, quando houve o soterramento, elas desapareceram.

– Por que diabos isso aconteceria?

– Simples. Eu estudei muitos livros de magia, e a magia mais estranha que já vi foi a de ilusionismo. Ela pode criar uma zona de ilusão que faz com que as pessoas vejam uma coisa, quando ela não existe. Acredito que deveria haver uma zona dessas naquela mina, e quando houve o soterramento, o feitiço se quebrou, para dar início a outro.

As mãos de Katarina começaram a tremer. Ilusionismo. Quem teria como usar essa magia? Engoliu em seco.

– Outro?

– Sim, outro. Quando as pedras caíram, ninguém mais conseguiu removê-las, pois elas estavam enfeitiçadas. Isso fazia com que elas pesassem milhões de toneladas, ou talvez não tenham mudado o peso, mas a ilusão tenha feito com que nada pudesse conseguir levantar.

Katarina estava boquiaberta com a teoria de Ezreal.

– Faz sentido. Continue.

Ezreal se ajeitou na cadeira e olhou para os lados, se perguntando se ninguém estaria observando a conversa de ambos.

– É o seguinte, cheguei à conclusão de que somente uma coisa especial poderia desfazer esse feitiço, permitindo o resgate.

– A escavadora de Jericho!

– Isso! De início eu não sabia o que poderia ser, mas como tinha lido sobre isso, percebi que só teria um jeito de salvar alguns dos homens que estavam presos: removendo a pedra no mesmo instante que o feitiço fosse quebrado. No fundo eu sei que alguém queria que aqueles homens morressem ali, talvez algum em especial, quem sabe, mas de toda a forma, só foi possível remover as pedras no momento certo, por isso organizei os homens livres para que ficassem apostos ao meu sinal. Quando eu o desse, eles teriam que fazer toda a força possível para remover a pedra, e adivinha o que aconteceu.

– A escavadora de Swain tocou as pedras da entrada e você deu o sinal.

– Sim! Quando dei o sinal eles removeram a pedra como se não fosse nada, leve, leve, leve. Mas segundos depois ela se tornou impossível de se remover.

Katarina engoliu em seco.

– Então o que você tira disso tudo?

– Ainda não sei. Minha teoria ainda tem muitos buracos e está incompleta. Ao que me indica, alguém forçou a explosão, e Luxanna e eu não estávamos no plano.

Katarina cerrou os punhos, irritada. Tudo deveria ser uma armação. Sabia que plano era aquele o tempo todo e ficou ali, parada. Tinha que ter feito algo. Iria até Swain para falar umas poucas e boas para ele. Não. Não deveria. Seria suicídio. Olhou ao redor e viu que vários homens demacianos corriam de volta às minas. Era meio-dia do dia do resgate, e a hora de almoço já tinha passado. Estranhou todo aquele movimento.

– Vamos ver o que é? – sugeriu Ezreal.

Os dois correram, seguindo os homens de lá. Os seguiram até a mina demaciana, que parecia interditada. Haviam vários homens cercando-a, e Garen dizia a eles que se afastassem, pois aquela era uma cena de crime. Ele tinha uma expressão fria e furiosa, mesmo que no fundo.

Ez e Kat abriram espaço entre os homens até conseguir ver o que estava acontecendo.

– Afastem-se! – Garen exclamou.

– O que houve? – Katarina perguntou.

Um escavador noxiano se irritou e partiu para cima dela, tentando estrangulá-la.

– VOCÊ O MATOU, SUA ASSASSINA!!

Garen o pegou pelo pescoço o lançou para longe.

– ASSASSINA MALDITA! – gritou o homem. – VOCÊ MATOU MEU IRMÃO, NOXIANA DESGRAÇADA!

Garen ajudou-a a se recuperar e levantar.

– Mas o que diabos...? – ela perguntou, ofegante.

Os demacianos ao redor parecia furiosos com ela, como se ela tivesse feito algo terrível.

– Se tocarem nela, não terão a mesma sorte de serem arremessados longe. A culpa não foi dela!

– Do que estão falando? – perguntou Ezreal.

– Quer ver você mesmo?

Garen levou Katarina e Ezreal até onde havia um bizarro aparelho zaunita. Não um aparelho, mas uma bomba. Nela havia o brasão de Noxus, como se fosse uma bomba noxiana.

– Uma bomba AK-49 – comentou Ezreal. – Uma bomba especializada em simular terremotos. Pois é, Katarina, acho que agora minha teoria está completa. Noxus estava por trás de tudo isso. Jericho Swain estava por trás de tudo isso.


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Notas finais do capítulo

Com a teoria de conspiração de Ezreal completa, Katarina tem um terrível dilema em ir contra ou a favor dos planos de seu líder, Jericho Swain. Com a trama inteira armada, teria ela como se salvar?



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