Liguei para minha mãe e menti dizendo que eu iria jantar com Barbara e que voltaria para casa antes das 22h. O meu relógio marcava 19h30' nesse momento. Eu conduzi Barbara e Jake para um lugar afastado de olhares curiosos, em um círculo de pedras natural que tinha na chamada "floresta das bruxas" que tinha no parque.

— Barbara, por que você não vai para sua casa, hein? — sugeri

— E deixar vocês dois sozinhos?! — ironizou Barbara — Como eu vou confiar em você?

— Bem, eu não estou carregando um revólver na cintura. — debochei — Ah, e eu posso colar uma massinha no meu aparelho para eu não tentar cortar meus pulsos nele se isso for te deixar mais tranquila — respondi com sarcasmo

— Barbara, vai, por favor. — pediu Jake — Eu quero conversar com o Spencer...

— É, Barbara, vai! Não vamos decepcionar o garoto de muitos desejos — falei

— Eu vou, mas, Spencer, não tome nenhuma decisão de cabeça quente — pediu Barbara

— Não preciso decidir nada essa noite, Jake já decidiu tudo — falei virando o rosto para Jake que ainda chorava, mas não tanto quanto antes.

Barbara deu de ombros e finalmente saiu.

— Desenrola! — falei olhando Jake de frente

— Spencer, por favor, acredita em mim. Eu te amo!

— Ah, sim, aí você decidiu dar uns pegas no seu ex-namorado para me provar o quão grande é o seu amor por mim. — debochei

— Spencer, eu não queria! Ele me agarrou! Foi ele quem veio pra cima de mim!

— Jake, como eu não percebi antes? — falei — Claro, você é o inocente na história! Você estava apenas caminhando no parque, apreciando a natureza, quando de repente você nota que o seu ex-namorado está no mesmo lugar que você e na mesma hora! Coincidência incrível, não acha?

— Spencer, você não consegue ficar um minuto sem me atacar?

Eu queria explodir a cabeça de Jake naquele momento

— Você me atacou, Jake! — gritei — E não foram com ironias de merda que nem as minhas, você me atacou com ações! Quer mesmo ver quem está mais ferido?

— Spencer, Vinícius e eu marcamos mesmo de nos encontrarmos aqui, mas eu não sabia que você viria! — falou Jake com a voz desafinada pelo choro

— É, a culpa é minha agora. Claro, mas que porra eu vim fazer aqui? Se eu não tivesse vindo aqui eu não teria visto a bicha do meu namorado me traindo com um playboyzinho de merda! — gritei dando-lhe tapas violentos no peito

— Spencer... — Jake me agarrou pelos braços

— Me solta! — berrei me esquivando

— Você viu que quando você empurrou o Vinícius eu já estava chorando! Ele que me beijou.

— Para de chorar porque eu sei que você não está nada triste! E se você chorou quando o Vinícius te beijou não se esqueça que você não derramou uma lágrima para marcar um encontro com ele aqui! — falei com os olhos vermelhos, segurando o choro do mesmo jeito que uma cobra segura sua presa junto a seu corpo

— Spencer, ele estava inconsolável! Ele me ligou dizendo que sentia muita saudade de mim e que queria uma nova chance, mas eu falei que eu estava namorando com você!

— O que? Ele pediu uma chance com você novamente e você ainda teve coragem de firmar um encontro? Foi mais do que premeditado, Jake! — gritei quase explodindo meu pulmão

— Spencer, deixa eu terminar de falar! — disse Jake — Ele insistiu, mas eu avisei que eu estava completamente apaixonado por outro garoto. Vinícius ficou bravo e pediu para eu devolver a aliança que ele me deu. Foi só isso que eu vim fazer aqui, Spencer!

Senti toda aquela raiva que eu sentia por Jake se esvair, mas ela deu passagem para um sentimento muito pior: tristeza. Isso que eu estava sentindo agora sim que era uma dor inconsolável. A melancolia me envolveu...

— Olha, Jake, me perdoa mesmo, mas eu acho que não consigo mais continuar com isso. — falei me afastando

Jake chorava cada vez mais intensamente

— Você está terminando comigo, Spencer? — gritou Jake e jogou um graveto grande em uma árvore que estava do lado de fora do círculo de pedras — Tudo isso por causa do Vinícius...

Finalmente cedi e comecei a chorar também

— Jake, eu não posso competir com o Vinícius! Ele é alto, forte, tem olhos verdes, é bonito e é tão melhor que eu. Se eu tentar disputar seu amor com ele é capaz que eu fique louco... — confessei. Mesmo chorando procurei manter a voz firme.

Dei um suspiro e me deitei no chão coberto de folhas secas. O céu noturno estava lindo: as estrelas bordadas de prata estavam bem visíveis e a lua, mesmo que não estivesse tão cheia quanto antes, ainda estava sublime e irradiava magia. Agora eu entendia porque bruxas do passado faziam suas feitiçarias dentro daquele círculo, ele parecia irradiar algo poderoso.

— Spencer, você não tem que competir com ninguém! — disse Jake e se deitou ao meu lado — Eu amo você! Eu não quero o Vinícius nem qualquer outro homem nesse mundo que não seja você!

Enxuguei as lágrimas do rosto de Jake e depois as minhas.

— Spence, — continuou Jake — você não vai terminar comigo, né?

— Não! — respondi e virei de lado para ficar olhando para Jake

Jake sorriu e me roubou um beijo. O beijo se arrastou suavemente, mas dei uma mordida generosa no beiço de Jake. Deus, por favor, que toda briga que eu tenha com Jake acabe desse jeito!

— Ai — gritou Jake

— Se você beijar outra pessoa que não seja eu mais uma vez eu vou te morder tão mais forte que se o seu beiço não se desprender da boca eu eu não irei parar. — falei e puxei-o para mim pela bunda

— Ah, Spencer, você é tão adorável — brincou Jake

Jake me empurrou e deitou sua cabeça em meu peito. Após esse turbilhão de emoções que eu senti, o meu coração voltou a irradiar o único sentimento que verdadeiramente pertencia a Jake: amor.

— Você tá malhando? — perguntou Jake

— Tô muito afim de um garoto, então tenho que começar a me cuidar — provoquei

— A noite está tão linda! — comentou Jake ignorando meu veneno

— Você está mais... — respondi

— Você quer? — perguntou Jake em um tom que me fez ter certeza do que ele estava falando

— Jake, nós temos que parar com isso. Que porra acontece que nós sempre quase transamos na natureza? — respondi aos risos

— Tem razão! — disse Jake entusiasmado — Vamos marcar um dia na minha casa e a gente resolve isso logo.

Gargalhei

— Anjinho, você não presta — falei

— Spencer, eu quero ter filhos com você — falou Jake acomodando melhor sua cabeça sobre meu peito e depois sobre meu ombro.

— Humm, infelizmente eu não tenho um útero — debochei

— Estou falando sério! — disse Jake — Eu quero adotar uma criança com você.

— E como o gênio de 15 anos pretende sustentar uma criança? — perguntei

— Não sei! É só um sonho que eu tenho. — falou ele olhando para as estrelas — Nós temos 15 anos. Namoramos até os 18, quando fizermos 18 nós vamos nos casar, transar muito, seremos bem sucedidos financeiramente e quando tudo estiver estabilizado nós vamos adotar uma criança. O que acha?

— Acho que nós não precisamos nos casar para transarmos muito — brinquei

— Spencer, eu estou falando sério — disse Jake se levantando e sentando em cima de mim

— Ah, que gostoso — falei e soltei leves gemidos de prazer

— Me escuta, Spencer. — disse Jake se encaixando e fazendo carinhos vagarosamente na minha barriga — Eu tenho desejos muito bons com você

— Que pena, porque meus desejos com você são muito maldosos — debochei e de uma palmada nele

— Para de brincar! Eu estou falando sério!

— Jake, é muito cedo pra você pensar nisso. Pode ser que nós nem duremos muito tempo.

— Spencer, você sabe que nós vamos sim.

E o pior é que eu sabia mesmo. Eu tinha certeza que Jake tinha sido destinado para mim. Sempre que nós conhecemos alguma pessoa nova nós temos esse sentimento. Penso que talvez todas as pessoas que passam em nossa vida tenham um motivo, um aprendizado, mas tem outras que são destinadas a não serem uma andarilha a mais na sua vida

— Ok, quem sabe do futuro, não é mesmo? Pode ser que tudo ocorra do jeito que você falou — respondi

— No que depender de mim vai ser tudo desse jeito. E nós vamos ser muito felizes — disse Jake rebolando em pequenos círculos

Peguei-o pelas mãos.

— Sua família gostou de mim? — perguntei

— Minha mãe passou o resto da noite falando de você. — disse Jake — Ela te achou determinado e disse que você está muito apaixonado por mim — Jake se gabou

Soltei o cinto de Jake

— Eu te amo, Jake.

— Você ama minha rola, sua puta.

Gargalhei

— É sério! Desde que eu te conheci eu não tenho vontade de ficar com mais ninguém. E,...confesso que as vezes eu penso como seria o nosso casamento se um dia nós nos casarmos — falei

— Quando nós nos casarmos — corrigiu Jake