- Quero te ver, Nagisa.

Um homem, ou o que sobrou de um, vagava as escuras pela casa, tateando a parede e chamando o nome de alguém, as vezes tão baixo que mal poderia ser ouvido por ele mesmo e as vezes tão alto que até o outro lado do mundo poderia ouvir. Seus cabelos azulados estavam oleosos e muito mal cuidado e seus olhos azuis perderam totalmenteo brilho.

O homem se dirigia, de forma depressiva, em direção a uma grande coleção de Dangos, jogando-se contra os mesmos e enterrando o rosto neles, como se quisesse entrar dentre deles, como se quisesse resgatar algo ali dentro a muito tempo perdido.

- Nagisa...

As mãos grandes, daquele resto humano, apertavam com toda a força alguns dos Dangos contra seu corpo, lágrimas grossas escorrendo pelo canto de seus olhos, que se encontravam fechados de forma apertada, seus lábios abertos como se fosse gritar, porém nenhum som saia dali.

Olhemos então o resto da casa, enquanto aquele pobre homem se lamenta pela morte de sua amada, culpando-se dia após dia.

Na cozinha se encontrava vários lixos espalhados pelo chão, louças quebradas e louças imundas dentro da pia. No resto da casa não era diferente, menos na sala. Na sala se encontrava apenas os Dangos de pelúcia e aquele homem chorando no chão, agarrado aqueles brinquedos infantis, também tinha uma mesa baixa com um retrato de uma garota sorridente, cuja feição era algo totalmente inocente.

O homem parecia repetir algumas palavras e frases, algumas ilegíveis e outras nem tanto.

- ... Me perdoe, Nagisa.

As lágrimas, naquele momento, ainda caíam tão forte como antes, parecendo algo sem fim.

- ... Volte para mim, Nagisa.

E então, subitamente, gritava o nome daquela a quem chamava baixo, gritava tão alto que ficava rouco segundos depois.

- ... Vida sem você... Não tem nenhum sentido. - Soluçava tão alto que as vezes chegava a pensar que ficaria sem ar.

E então ao meio dos choros seu corpo se deixou acalmar até enfim adormecer, porém quem pensou que o mesmo havia encontrando um pouco de paz, estava enganado. Seus lábios se moviam rapidamente, chamando o nome "Nagisa" novamente. Suas mãos moviam-se de leve, como se quisesse capturar algo invisível ao seu lado.

Era depressivo demais apenas olha-lo.

E então, sua voz aumentava muitos tons, deixando que a voz ecoasse pelas paredes escurecidas.

- Nunca te deixarei, Nagisa!

Nem em seu sono conseguia se livrar da memória daquela garota sorridente. E você se vê perguntando se aquilo era o amor verdadeiro e a resposta estava tão claro como a luz de um dia ensolarado.