Destruição | Amor Imortal 02 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 8
Capítulo 08




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Niffie estava caminhando em meio de diversas árvores de maneira lenta, agora que seu vestido longo e seus saltos haviam se enroscados diversas vezes contra alguma coisa que fazia parte da natureza, ela havia desistido de caminhar rapidamente. Além do mais, a angelical já estava longe do castelo o suficiente para que não precisasse mais se preocupar com o fato de que alguém a seguiria.

Na verdade, ela não se preocupava com isso. O arcanjo do paraíso lhe devolveu sua liberdade, contra o seu desejo, e nada o que faria de agora em diante teria qualquer significado para Meridius. Seu casamento estava anulado e ele não possuía qualquer direito sobre ela, sem ser aquele de um arcanjo.

Parando de caminhar, ela olhou para as árvores em sua frente e mesmo que tivesse muitas coisas para ver, Niffie via o nada.

A angelical não conseguia acreditar que os 150 anos que passou ao lado de Meridius não significaram nada para ele. E algo em sua mente gritava que o arcanjo podia ter se negado a cumprir o que os anciões desejavam, podia ter feito qualquer coisa, mas sua reação sobre o assunto foi simplesmente expulsá-la.

Niffie não podia dizer, mesmo cegada pelo ódio e por mais que desejasse, que o anjo nunca sentiu nada por ela. Afinal, ele provou diversas vezes que a amava, mas...

No fim, o amor nunca foi o suficiente.

Ela fechou seus olhos naquele instante.

Um plano.

A angelical precisava de um plano ao invés de ficar pensando em Meridius.

Ela não tinha nenhum lugar para ir, nem mesmo sua antiga casa que já não era mais habitável por motivos psicólogicos. E parecia uma ideia horrivel ir atrás de Maximus ou Dimitrius procurando por ajuda.

Por mais que ela quisesse que os outros arcanjos colocassem juízo na cabeça do anjo, Meridius era muito consciênte do que fazia para que seus irmãos tivessem qualquer chance de fazê-lo pensar que tudo o que aconteceu foi um grande erro.

A única opção que Niffie tinha em mãos naquele momento era ir até a casa abandonada dos seus pais para recuperar toda a fortuna deixada para trás quando encontraram o fim de suas vidas imortais.

As pequenas pedras preciosas guardadas em baús seriam o suficiente para mantê-la estável durante algum tempo. A angelical não queria pegar algo que era dos seus pais, mesmo que pertencesse a ela agora, mas apelar para a venda de desenhos de modelos dos vestidos criados por suas mãos para sobreviver era o último item em sua lista de opções.

Seriam poucos dias até que a fofoca invadisse as dimensões e todos os imortais passariam a olhá-la com desprezo, falar coisas cruéis por sua costas e até mesmo iriam maltratá-la agora que já não é mais uma imperatriz.

Ela provavelmente morreria de fome esperando por encomendas de desenhos e as pessoas que fossem atrás dela, iriam apenas para saber de fofocas sobre o seu casamento fracassado.

Por hoje, Niffie pegaria uma pequena quantia já que não podia carregar vários baús grandes sem nenhuma ajuda, mas ela teria que se livrar de tudo o que existia naquela casa antiga antes que as pessoas começassem a invadir. Agora que ela não tinha mais nenhuma ligação com Meridius, aqueles que o temiam, seriam ousados o suficiente para destruir sua antiga casa sem nenhum medo de encontrar um arcanjo furioso no final do dia.

E a angelical não precisava ter a fortuna dos seus pais roubada por pessoas que a odiavam por ter se casado com um imperador.

Niffie abriu seus olhos e começou a andar pelo caminho que a levaria até a antiga mansão onde cresceu, fazendo seu melhor trabalho para que o nome “Meridius” e a palavra “casamento” se mantessem longe de sua mente.

Naquele momento, ela tinha que agir para mostrar ao arcanjo do paraíso que conseguia sobreviver sem ele e sofrer não a levaria para nenhum lugar, a não ser direto para a tragédia. Seu coração ferido podia esperar alguns dias para consumi-la, pois agora a angelical não se permitiria se afundar em um buraco quando precisava ser forte.

Ela caminhou durante quase uma hora para chegar em sua antiga casa, seus pensamentos estavam focados em coisas tolas para que não pensar no nome que a derrubaria e faria com que todos os seus planos acabassem. Niffie sabia que se permitisse que essa escuridão a consumisse, ela seria capaz de morrer.

E, diferente de mulheres com seus corações partidos, seu maior desejo era viver.

Niffie olhou para a casa em sua frente, tão bem cuidada que era dificil acreditar que ela nunca mais entrou naquele lugar depois que seus pais morreram.

Seu pedido para Meridius foi que destruísse aquela mansão depois de saber que seus pais encontraram a morte, mas tudo o que ele fez foi cuidar dela durante todo esse tempo. Naquele instante, a angelical ficou agradecida pelo arcanjo não ter a escutado. Afinal, se Meridius tivesse destruído o lugar como pediu, ela não teria nenhuma opção além de ir até Maximus ou Dimitrius.

Niffie suspirou e mentalmente contou até três antes de entrar na casa em que viveu toda a sua vida antes de se casar.

E por um breve momento, ela não sabia o que doia mais. Estar em um lugar cheio de lembranças felizes que agora poderia trazer lágrimas para seus olhos ou ter seu coração arrancado pelas mãos do seu próprio marido.

Niffie desejou rir por um momento quando veio em sua mente a imagem da sua mãe dizendo “eu te avisei” depois de entrar na casa e encontrá-la sentada em algum sofá enquanto bordava. Se seus pais ainda estivessem vivos para ver tudo o que estava acontecendo, era provavel que seu pai amaldiçoaria Meridius até que ficasse sem voz e sua mãe lhe jogaria olhares que diriam que estava esperando pelas palavras de Niffie dizendo que ela sempre esteve certa e que deveria tê-la ouvido, mas no final, eles ficariam ao seu lado dizendo que a amavam.

Era realmente uma pena que tudo o que ela encontrou depois de entrar foi o vazio de uma casa abandonada.

A angelical manteve seus olhos baixos enquanto caminhava até o cofre de sua família, passando pelos corredores e ignorando os móveis cobertos por panos brancos para que o tempo não os estragassem. Existiam tantas memórias em cada pedaço dessa casa, em cada pequeno detalhe, que ela preferia não lembrar de nada naquele momento que estava sensível e a ponto de desmoronar.

Niffie entrou no cofre após digitar os códigos que a permitiriam ter acesso e se deparou com os diversos baús retangulares fechados sem nenhum cadeado. A imagem da sua fortuna tão desprotegida não a surpreendia, pois o paraíso não era como o mundo dos humanos que eles roubavam dinheiro por necessidade, no mundo dos imortais roubos raramentes aconteciam.

O fato dela se preocupar com esses baús, agora que Meridius já não estava ao seu lado para protegê-la, era pelo simples motivo que os imortais fariam qualquer coisa para importuná-la.

Pelo menos Niffie teria alguns dias para resolver esse assunto antes que a noticia explodisse nas dimensões e as pessoas começassem com suas maldades. Esses meros dias seriam o suficiente para ela tirar o que importava nessa casa.

Ela desejava poder escolher qualquer coisa que fosse mais significante do que uma herança, objetos que a fariam sorrir em apenas olhá-lo, mas naquele momento a angelical tinha que esquecer seus sentimentos pessoais para ficar bem.

Boas lembranças apenas a faria viver em um mundo cheio de ilusão e sem futuro.

Niffie caminhou até uma estante para pegar uma mala de couro que foi esquecida em uma das prateleiras e depois se ajoelhou diante de um baú que estava próximo. Ela o abriu com cuidado até ver pequenas e incontáveis bolsas de uma cor vermelha fechadas com laços, e sem ao menos olhar qual era a pedra que existia dentro delas, Niffie começou a colocá-las dentro da mala até que estivesse completamente cheia a ponto de quase não fechar.

Ela se levantou do chão após fechar o baú e limpou o tecido do seu vestido longo que ficou sujo onde se ajoelhou. Seus olhos encontraram os outros baús fechados e empilhados em todos os lugares daquele enorme cofre que poderia servir como um quarto para um imortal que não possuía asas.

O que existia na mala em suas mãos era considerado muito pouco quando era comparado com a quantia que existia diante dos seus olhos, mas o que Niffie estava levando embora naquele momento teria que ser o suficiente até contratar uma carruagem que transportasse toda a sua herança para sua nova casa.

Uma nova casa.

Seu coração se oprimiu com essa frase, demonstrando sua infelicidade por ter que estar em um lugar que o arcanjo do paraíso não estaria. No entanto, ele teria alguns dias para se conformar com a ideia de que ela e Meridius já não eram mais casados.

Afinal, se Niffie queria manter segredo da sua situação durante algum tempo, ela iria ter que se manter protegida das pessoas que a observavam para fazer fofocas e comprar uma nova casa não combinaria em nada com descrição.

A angelical teria que ir para algum lugar longe e que não criasse boatos no caso de ver vista. E Niffie só conhecia uma única pessoa que vivia afastada de todos os imortais sem ser Gaia.

Ela ficou feliz naquele instante por poder chamar e considerar essa pessoa como amiga.

Talvez o destino não estivesse fazendo travessuras tão terriveis assim.

Ou era a angelical que passou a se contentar com pequenos detalhes que antes nunca havia os notados e classificados como importantes.

Claro que Niffie considerava a amizade de Ailee importante, caso contrário, jamais estaria caminhando em direção do portal que a levaria para a dimensão de Dimitrius com a intenção de chegar até a sua antiga amiga.

Ela também estava feliz pelo fato de existirem mais de um portal nas dimensões, pois não desejava ter que caminhar de volta para o castelo de Meridius e usar aquele que sempre foi acostumada a usar.

Distância era o que Niffie tinha que manter de Meridius, mesmo que esse fosse o seu último desejo. Ela podia estar com raiva e magoada com o arcanjo do paraíso, mas aquele homem sempre seria o amor da sua vida e não iria ser um casamento fracassado que mudaria isso.

E esse fato a assustava muito.


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