Alguns dias depois.

Niffie estava parada diante do berço da pequena filha de Maximus e Ellylan, ela observava a criança dormir sem fazer quase nenhum movimento.

Luna, o nome dado ao bebê para homenagear a mãe dos arcanjos, dormia de forma quase imóvel. Se não fosse pelo leve movimento da sua respiração e as asas que se moviam algumas vezes, a filha de Maximus poderia ser comparada a uma escultura perfeita que representava a pureza.

Ao mesmo tempo que Niffie se sentia feliz por ter ganho uma sobrinha, ela também sentia medo pelo mundo que Luna teria que enfrentar. Algum dia ela se tornaria uma arcanjo e a imperatriz do paraíso sabia que para chegar até o trono não era algo simples, muito menos bonito.

Niffie, assim como os outros, desejava protegê-la de toda a maldade que existia nas dimensões. Tão pouco queria que essa pequena inocente sofresse algum tipo de sequestro, tortura ou feitiço em sua alma.

Apenas não parecia certo que um bebê tão inocente tivesse um destino dificil.

A imperatriz do paraíso sorriu quando ela estendeu suas asas e as envolveu em seu pequeno corpo sem ao menos abrir os olhos. Niffie se lembrava da mãe dos arcanjos dizer que Dimitrius tinha esse mesmo costume quando era pequeno e era incrivel pensar que Luna estivesse adquirindo isso sem ao menos ter conhecido o seu outro tio.

Dimitrius, por ter se colocado na frente de um ataque de Gaia, estava em coma desde o dia que foi ferido. Ninguém sabia ao certo quanto tempo levaria para ele acordar, mas todos esperavam por isso pacientemente. Principalmente Niffie, que se sentia mal por ele quando sabia que estava naquela situação por tentar proteger o demônio que estava preso com sua alma.

Apesar de não desejar que o arcanjo se ferisse, ela estava grata por nada ter acontecido ao demônio. Niffie não desejava morrer, nem ao menos perder Meridius para a morte.

Ela estava feliz com a volta da sua alma para seu corpo, também não podia negar que se sentia ainda melhor por saber que a ligação de almas com Meridius ainda estava viva e forte como antes. Ela não imaginava o quanto o seu anjo sofreu para desfazer o feitiço de Natasha, apesar dele dizer que não foi nada muito complicado, a angelical era grata por tudo estar de volta ao normal novamente.

A porta do quarto foi aberta e apesar da imperatriz saber que era Meridius, Niffie se virou em direção do arcanjo para recebê-lo. Seus olhos frios, sempre frios, sorriram para ela de forma muito agradável.

— Como está Dimitrius?— Niffie perguntou, já que Meridius estava na outra dimensão resolvendo todos os problemas para o seu irmão mais novo.
— Ainda em coma.— Ele respondeu no mesmo tom baixo que ela usou para não incomodar Luna. E como Niffie, ele se aproximou até estar próximo do berço da pequena imortal para observá-la dormir.— Ela se parece com Maximus.—
— Eu penso que ela se parece com Ellylan.—
— O DNA de Ellylan esta presente no corpo da minha sobrinha apenas para estragá-la.—
— Meridius!— Niffie o repreendeu.— Você não pode falar mal de Ellylan ao lado da filha dela.—

Meridius deu de ombros.

— Nós precisamos ensinar o valor da sinceridade para Luna desde já.—

Niffie suspirou, pois não existia motivos para continuar essa conversa quando sabia que Meridius jamais falaria bem de Ellylan. A angelical suspeitava que ele gostava de Ellylan, em algum ponto distante do seu coração fechado, mas isso não significava que ele facilitaria as coisas para a humana que se transformou em imortal.

— Ela se tornará uma grande mulher e arcanjo.— Meridius voltou a falar e com os seus olhos escuros fixos em Luna.— Como o seu pai.—

Niffie levou sua mão até a de Meridius para segurá-la e se virou em direção do anjo até que os olhos deles estivessem fixos um no outro.

— Eu sinto muito.— Ela disse.— Eu realmente sinto por jamais poder lhe presentear com um filho, Meridius.—

O arcanjo do paraíso ficou em silêncio por alguns segundos, pois todas as vezes que eles falavam sobre esse assunto, sempre eram ditas palavras cheias de esperanças. Essa era a primeira vez que Niffie dizia em voz alta que era improvável que eles tivessem filhos um dia.

— Enquanto você estiver ao meu lado, Niffie, eu não precisarei de nada.— Meridius sussurrou de forma apaixonada.— Eu nunca a trocaria por causa de um herdeiro.—
— Herdeiros são importantes para arcanjos.—
— Não.— Ele discordou.— Minha imperatriz é mais importante do que uma linhagem.—

Niffie sorriu para o seu arcanjo e acabou sendo presa nos braços dele quando lágrimas cresceram em seus olhos. Ela se sentia feliz naquele momento, mas também estava triste por não poder gerar um filho com o homem que amava.

A imperatriz do paraíso não compreendia o motivo por ter nascido com tão pouca chance de engravidar, apesar disso nunca ter sido um problema antes, ela esperava que esse assunto não voltasse a ser a causa da separação dela e do anjo que a abraçava novamente.

Niffie, definitivamente, podia lidar com a ideia de que não engravidaria, desde que Meridius sempre estivesse ao seu lado, sendo o arcanjo frio que a conquistou com tão pouca demonstração de sentimentos. Ela sabia que ainda correria riscos de sequestros, de torturas, morte e ainda se apavoraria com a ideia de que tudo isso ocorreria novamente, pois nada havia mudado, os inimigos ainda existiam e desejavam o mal dos arcanjos, mas cada maldade que planejavam contra ela ainda valia o risco quando se tratava do seu arcanjo que governava o paraíso.

E a imperatriz compreendia que em alguns casos, o amor sempre seria mais valente que o medo.

Fim.

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