Abdication escrita por oakenshield


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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O PMI estava chegando ao fim. Melanie temia pelo seu futuro. Estava tudo escrito: serviria a Vincent. Depois que se acertou com Josh, ela queria mudar de ideia, porém sua mãe havia lhe mandado cartas, dizendo que Derek estava quase curado. Até caminhava novamente! Às vezes tinha algumas tosses e ainda estava muito cansado, mas que os remédios que ela mandava para ele haviam restaurado sua saúde.

Mal sua mãe sabia que ela havia feito um acordo com Vincent.

Melanie tentava se desvincilhar de Tyler sempre que possível. É claro que ele havia notado que ela estava distante, por isso não a procurava. Sua nova amiga, Beatrice, era sua única confidente naquele lugar.

– Eu não sei mais o que fazer - ela conversava com a loira no domingo, o dia de descanso deles. - Tyler gosta de mim, eu sinto isso, e eu não quero que ele me odeie. Eu o conheci primeiro, de qualquer forma.

– Mas de quem você gosta de verdade?

– De Josh.

– Então fique com ele.

– Sabe, nós nos acertamos, mas eu não sei... quando o PMI acabar eu terei que ir com Vincent e Josh está noivo de Amber... eu acho que não vai durar.

– Não pense assim, Mel. Você sempre pode lutar por ele.

– Eu tento, mas acho que essa luta já está perdida.

– Então você vai desistir?

– Claro que não, mas estou me preparando porque quando acontecer, porque vai acontecer, eu esteja conformada.

– Os testes finais são na semana que vem - Beatrice tenta mudar de assunto.

– Sim. Eu só tenho uma semana - ela olha para a sua amiga, sempre a ouvia em tudo e Melanie não havia pedido para ouvir seu lado ultimamente. - Mas e você, Bea, como está?

A loira ri tristemente.

– Martin é um idiota. Prefere ficar com seus projéteis do que comigo. Ele se dá melhor com máquinas do que com pessoas.

– Mas vocês estavam se dando tão bem.

– Alianças são formadas durante o PMI. Estamos isolados do mundo lá fora e ficamos carentes. Acabamos nos apegando as pessoas aqui, mas quando o PMI acaba, tudo vai embora.

Melanie sente um solavanco dentro do peito. Beatrice percebe seu erro.

– Uh, eu não... vocês se conheceram antes daqui, de qualquer forma. Não tem nada a ver.

– Sim, mas você está certa.

– Não, Melanie, não estou. São situações diferentes.

Estava claro que Beatrice tinha sua opinião. E ela estava certa. A própria Melanie sabia que não iria durar e até tentava se convencer disso e admitia, mas ouvir da boca de outros sempre é mais forte. É como se recebesse um choque de realidade.

– Eu... - a morena se levanta. - eu tenho que ir.

+++

Vincent chama Joffrey Archiberz, rei regente, pelo monitor.

– Como está a bastarda?

– Eu a terei na semana que vem. O PMI chegará ao fim e ela estará sobre meu domínio.

– Ótimo. Ela é uma ótima arma para uma futura guerra.

– Não a quero só para o Primeiro Exército.

– Faça o que quiser, Vincent, mas ela tem que estar sobre as nossas vistas. Se aqueles rebeldes desgraçados souberem da localização dela...

– Você não os tinha sobre domínio?

– Meus espiões conseguiram fazer contato e me disseram onde eles se escondem. No subterrâneo, esses ratos de esgoto! Atacarei hoje a noite e assim poderemos sossegar.

– Ótimo. Boa sorte, meu amigo.

A ligação é interrompida quando o pequeno Christopher entra em seu escritório. O garotinho de pouco mais de dois anos, que caminha cambaleante até seu pai, estende as mãos para ele. Vincent pega o filho no colo com um sorriso.

– Fala, bebê.

– Mamãe quer falar com você.

– Eu já vou ir - ele beija a testa do pequeno e o coloca no chão. Ele ainda fica lá. - Você quer chocolate?

A criança assente. Vincent o deixa na cozinha com os empregados e vai conversar com sua esposa no quarto.

– O que foi, Kim?

Seu cabelo loiro estava preso em um coque formal. Apesar de estar em casa, ela usava um vestido deslumbrante verde de festa, assim como Vincent sempre está de terno, não importa a ocasião.

– Estou sabendo dos seus planos de trazer a prostituta para o nosso teto.

Ele se joga na poltrona de couro no canto do quarto e força um bocejo.

– E daí?

– Eu não a quero aqui.

– Melanie virá para o meu divertimento, não para o seu. Você não tem que querer nada.

– Essa casa também é minha.

– Essa casa é do meu pai e antes dele foi do meu avô. A dinastia Fieldmann comanda Meurer desde antes dessa nação se tornar Frömming. Você é estrangeira, não tem direito a nada.

– Então por que me tomou da casa do meu pai?

– Eu te salvei do velho imperador pedófilo e incestuoso.

– A única diferença entre vocês dois é a idade, porque você também me tem só para me usar quando tem vontade e para me exibir para seus amigos.

– Todo Senhor precisa de uma Senhora. Você é um meio para um fim. Sem esposa, eu não poderia ser Lorde nem dos cavalos.

Os olhos de Kimberly se enchem de lágrimas. Vincent se levanta. Ele odeia mulheres que choram.

– Eu o odeio.

Ele sorri abertamente e caminha até sua esposa, depositando um beijo demorado em sua bochecha. Depois ele ergue seus lábios e sussurra roucamente em seu ouvido:

– Entra na fila, amor.

A loira sai do quarto antes que faça uma besteira, com a promessa de fazer a vida do marido e da sua amante prostituta um inferno.

+++

Os homens de Joffrey se posicionam. Ele, dentro do tanque, comanda tudo.

– Pela direita - ele diz aos soldados. - Eles esperam ataque aéreo. Você, Krom, entra fazendo a proposta final. Os outros esperam para atacar.

O soldado Krom faz a proposta de rendição para os rebeldes. Minutos depois, um pequeno paraquedas devolve seu corpo completamente despedaçado. Joffrey se enche de ódio.

– Apenas deixem-nos desacordados. Os que insistirem, podem matar. Quero que eles saiam feridos e se rendam, não que morram. Quero esses desgraçados beijando o pó do chão que eu piso.

Brandindo suas armas, os soldados atacam. Pela direita, como ordenado. Descem pelo elevador e assim que as portas de aço deslizam-se, eles destravam as armas e atiram. Apenas soníferos. Depois alguns batem com o cabo da arma na cabeça dos mais resistentes, chutam outros até sair sangue, deixam hematomas, mas nada muito sério.

Joffrey e os soldados surpresa atacam pela esquerda. Há um elevador de carga, assim é possível deslizar o tanque para lá. Uma grande bomba sai do cano do tanque de Joffrey e faz um buraco em duas paredes seguidas.

– Se rendam, desgraçados! - ele berra.

Joffrey procura pela sala de comando enquanto rebeldes correm de um lado para o outro. Alguns tentando revidar, outros apenas lutando para se manterem acordados. O rei regente abre caminho na multidão com as enormes rodas do tanque.

– Quem não sair da frente vai ser esmagado! - ele grita.

Quando acha a sala de controle, está lá ele, um velho. Joffrey desce do tanque.

– Se renda.

– Regente, podemos conversar.

– Regente é o caralho. Eu sou seu rei. Preste uma reverência ao seu Senhor.

– Aqui nós nos ajoelhamos apenas diante dos deuses.

– Deuses! Como vocês são idiotas. Só existe um Deus. O Grande Deus, o Senhor. O rei é seu representante na Terra e o rei sou eu. Agora, preste uma reverência e se renda. Diga para seus rebeldes fazerem o mesmo ou todos morrem.

– Prefiro a morte.

Joffrey dá de ombros.

– Foi você quem escolheu isso.

Ele retira a arma do coldre, a destrava e nem mira, simplesmente atira no peito do homem, que em cima dele, ensanguentado.

– Os Cinco o punirão por isso.

– Seus deuses não existem.

– Os quatro podem até te perdoar, mas o Vingador fará questão de honrar a morte dos devotos em seu nome.

De repente, os olhos do homem ficam completamente brancos. A parte colorida dos seus olhos sumiu.

– Sua linhagem está amaldiçoada, Joffrey. Você e sua prole sofrerão com as guerras até o fim dos tempos.

O regente empurra o homem para o chão. Seus olhos voltam ao normal e ele não se mexe mais. Está morto.

Ainda surpreso, Joffrey nem vê um cara aparecer. Um pouco mais novo, porém já com seus trinta e poucos anos.

– Quem é você?

– Sou o cientista do esconderijo, Majestade. Sou o vice-líder dos rebeldes.

– Na morte do seu representante, é você quem manda nesses idiotas. Diga para eles se renderem.

– Já disse, meu Senhor. Os meus estão prontos para o seu domínio.

Joffrey sorri.

– Você... eu gosto de você.

– O Senhor Fieldmann também, Majestade.

– Ah, então você conhece Vincent.

– O senhor teu seus espiões, Majestade, e Lorde Vincent tem os dele.

O Regente junta as mãos, vendo o sangue do velho nos dedos, procura por um paninho pela sala.

– Vincent é esperto. Me diga seu nome que você receberá uma boa terra e um bom título como recompensa.

– Callum Hemingski.

Joffrey desiste do pano. Há coisas mais importantes para serem resolvidas.

– Hemingski? Como a bastarda do meu falecido irmão?

– Fala de Melanie, meu senhor?

– Sim. Ela mesma.

– Minha ex-enteada.

– Ah, como esse país é pequeno! Então você já foi casado com Valentina?

– Sim, senhor.

– Hum, interessante. Porém mudaremos seu nome. Me diga alguns de seus feitos.

– Sou o cientista que desenvolveu a cura para a Infecção de Carrick, também chamada de A Praga.

– É mesmo? Bom, então eu mandarei providenciar os seus novos documentos. Identificação, código da região, etc.

Joffrey pensa em um título.

– A partir de hoje você é Carrick Hillbrand, cientista do rei, Lorde de Boerke e Grande Mestre do Laboratório de Frömming. Além disso, quero que comande nossa sede no norte. Aqui, em Meurer.

– Será uma honra, meu senhor.

– Mas... Carrick, como a infecção?

– Não foi você quem criou a cura? Deve tê-la nomeado também. Pois então - ele caminha até o tanque. - Mandarei seus documentos novos assim que estiverem prontos, Carrick.

+++

Era domingo. As cartas haviam chegado novamente.

"Melanie,

Não há mais vestígios da Praga em seu irmão. Derek é um menino saudável novamente e isso graças a você. Eu tenho tanto orgulho, minha querida. Minha filha mais velha, minha amada. Não serei capaz nunca de agradecer pelo dinheiro enviado e nem por curar seu irmão. Você poderia simplesmente ter ignorado quando soube e voltado para as ruas, mas não, você demonstrou compaixão e, acima de tudo, amor pelo seu irmão. Eu sei que, apesar de tudo o que você sofreu nessa vida, você não perdeu a sua humanidade e isso é tão bom. A admiro por isso.

Boa sorte nas provas finais. Sentimos sua falta. Venha nos visitar.

Com amor,

Mãe."

Melanie se emociona ao ler a carta de sua mãe. Ela sentia orgulho dela, a admirava. Se ela soubesse...

No fim do dia, ela encontra Josh perto da floresta. Perto da cerca elétrica, que está ligada e na potência máxima. Dá para perceber por causa dos estalos que as vezes saem dela. Josh aparece logo depois de Melanie. Ela o beija devagar. Eles combinaram em serem mais discretos, afinal Amber é noiva dele. Ainda.

Melanie sabe que não tem o direito de cobrar nada dele, mas essa situação a incomoda. Ela não quer ser a outra e nem suporta a ideia de saber que quando está longe e muitas vezes quando está perto, Amber o beija, dorme com ele, e ela não pode fazer nada para impedir.

Isso a faz ferver de raiva. Amber sabe desde o começo que os dois sentiam uma forte atração um pelo outro, sabia que Josh estava se apaixonando por outra mulher e que estava tendo um relacionamento as escondidas com ela, por que então ela não desistia logo?

Tudo parecia tão distante quando os lábios de Josh tocam os dela.

– Só mais dois dias.

– Quais são seus planos? - Melanie sonda.

– Eu queria viajar, mas acho que agora não vai dar.

– E para onde você gostaria de ir?

– Não sei... talvez para Altulle. Ou Ahnmach. Soube que lá no sul é quente e que as praias são belíssimas.

– Eu nunca viajei.

Josh a puxa mais para si.

– Um dia nós faremos uma viagem juntos.

Melanie sorri e o beija, mas não deposita tanta confiança assim nas palavras de Josh. Precisava estar preparada.

+++

Os mesmos medos. Matar Derek, flagrar Josh com Amber e ser rejeitada e humilhada por ele, voltar a infância e ser novamente torturada por Callum, dormir com Vincent e gostar e ser morta pelos quatro homens que estão em sua vida. Andrew, Josh, Tyler e Vincent. Que confusão!

Seus medos, dessa vez, foram apresentados para todos. Os treinadores estavam lá: Amber, Tyler, Savannah e Josh. O Diretor Frederick Whitmore também. Herbert, alguns Lordes e suas esposas e o Senhor de Meurer. Melanie queria enterrar a sua cara em um buraco e nunca mais sair de lá quando acordou dos delírios e viu um sorriso malicioso nos lábios de Vincent.

Ela havia treinado com Josh algumas tardes. Ele injetava o líquido delirante nela e ela enfrentava seus medos. Foi uma boa ideia a dele e a ajudou bastante no dia de hoje.

Os jurados ficariam o dia todo reunidos votando nas notas. Amanhã haveria o teste final. Juntando o treinamento físico e o mental e aplicando tudo de uma vez só. Melanie precisava muito ir bem.

Ela se lembra do que ela e Matthew haviam planejado: de ir bem no PMI para ingressar nos Apátridas, os rebeldes do norte, e acabar com Vincent. Isso parecia tão irreal agora.

Melanie temia o que estava sentindo naquele momento, porque parecia relaxada demais em relação a Josh, sabendo que ele ia casar com Amber e ela ficaria sozinha, em relação a Andrew não a olhar na cara e Tyler a ignorar nos últimos dias. Porém, ela pensava no Senhor de Meurer com frequência. Desde que o viu na sua paisagem do medo, Vincent vivia nos pensamentos da morena. Ela não conseguia compreender isso. Nunca havia pensado nele, nem por um segundo, daquela forma. Nem quando o conheceu no jantar...

Por que agora ela não queria matar Vincent? Pelo contrário, ela sentia a necessidade de defendê-lo de Matthew e sua fúria. De repente, a ideia de estar sob controle do Senhor de Meurer não lhe parecia tão ruim e isso a assustou bastante.

O que está acontecendo?


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Notas finais do capítulo

Os sentimentos de Melanie estão mudando? Ou ela está só confusa por causa da sua paisagem do medo? Apostas? XOXO



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