Abdication escrita por oakenshield


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora. Além da volta às aulas, eu estou mudando de casa. Está tudo uma bagunça aqui! Espero que compreendam que eu postarei os próximos capítulos mais raramente, mas não abandonarei a fic, então espero que façam o mesmo.



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Os treinandos não foram liberados para se comunicarem com suas famílias na primeira semana. Nem na segunda ou na terceira. Apenas no último domingo do mês, pela manhã, papéis e canetas foram entregues a eles para escreverem aos seus entes queridos. Melanie não sabia o que escrever.

Oi, estou muito bem apesar do fato de que a filha do homem que queria dormir comigo, que por acaso é o Senhor de Meurer, contratou um drogado para me surrar, ela pensou enquanto suspirava, derrotada. Derek está vivo? A Sra. Palmer ainda não bateu as botas? A propósito: o carneiro assado daqui é ótimo.

Não havia o que ser dito. Ela estava ali pelo irmão e pronto. Pela vida dele. Derek sabia disso, Valentina sabia e ela também. Era o suficiente.

Será que era?

Ela sabia que não estava ali só pelo irmão, mas por ela mesma.

"Mãe,

A comida é maravilhosa. A água do banho é quente e o clima muda muito rápido, apesar de sempre estar ventando ou chovendo. É terrivelmente frio fora dos abrigos. Derek adoraria estar aqui. As salas de treinamento são incríveis e eu sei que ele aproveitaria mais do que eu. Afinal, como ele está? Não sei se você pode me mandar uma resposta, nunca estive no PMI antes para saber.

Eu pensava que eu estava fazendo isso por Derek. Bom, eu estou. Mas agora que eu estou aqui... eu percebo que não era só isso. Estar aqui me lembra de como eu era uma garotinha ansiosa para esse momento. Eu me lembro de como eu costumava sonhar em ser a primeira mulher a se tornar Comandante em Meurer. Quando tudo aconteceu, eu pensei que as coisas estavam perdidos. Talvez esse sonho não esteja morto. Talvez o destino nos reserve um futuro melhor do que nós imaginamos. Talvez nós tenhamos um futuro, afinal. Todos juntos.

Mande um beijo para a Sra. Palmer. Diga a Derek que eu o amo. O dinheiro chega na próxima semana. Fiz bastante pontos, então o dinheiro deverá ser o suficiente para você ir comprando alguns remédios para as dores e etc. até termos o bastante para comprar a cura.

Eu sinto a falta de todos. Nos vemos daqui dois meses.

Com muito amor e nostalgia,

Melanie."

Para quem não sabia o que escrever, até que tinha feito uma boa carta. Melanie entregou a Tyler, que recolhia as cartas de todos os outros. O tempo havia se esgotado.

Ele a segura pelo braço.

– Tyler, estamos em público. Pelo amor de Deus...

– Eu quero te ver mais tarde.

Melanie se solta do seu braço.

– Eu não faço mais isso.

Ela anda rápido para longe antes que ele possa vir atrás dela. A morena vaga pela ilha até a hora do almoço, explorando alguns pontos da floresta e vendo até onde a terra chega. Verificando os limites.

Quando está indo para o refeitório, alguém a puxa para perto de uma das árvores. Ela se debate até conseguir se soltar dos braços.

– O que você quer?

– Conversar.

– Nós não temos nada para conversar.

Ela continua a traçar o seu caminho até ouvir as benditas palavras da boca de Benjamin Beckering:

– Eu quero pedir desculpas.

Melanie paralisa. Ela volta até ele e o encara.

– Por quê?

– Minha consciência pesou e...

– Não - ela o corta. - Não porque você está pedindo desculpas. Eu quero saber porque você me bateu daquele jeito.

Ele fica em silêncio.

– Me disseram que Hillary prometeu que conseguiria drogas para você aqui na ilha, mas eu sei que há outro motivo. Apesar de você sempre ter sido antipático, me levar para o hospital não era o melhor caminho para lidar com nossas rixas.

– Não tenho nada contra você, Melanie. Eu fiz o que eu tive que fazer.

Ela percebe o tom amargurado na voz dele.

– Você teria me matado.

– Se Hillary tivesse requerido a sua morte, provavelmente eu teria.

É a vez dela de ficar em silêncio.

– Você me despreza.

Ela balança a cabeça negativamente.

– Pelo contrário, eu o admiro - Melanie o olha. - Eu faria o mesmo, mas poucos seguiriam essa linha de pensamento. Nem todas as pessoas estão dispostas a lutar pelo que querem.

– Ou por quem querem - Benjamin sussurra baixo, mas isso mais a centelha de dor que passa rapidamente pelo seu rosto junto trazem ideias a cabeça de Melanie. Muitas desconfianças.

– Você a ama?

Nada.

– Eles estão com alguém que você ama?

Seu pomo de adão sobe e desce rapidamente. É apenas um instante, mas é o suficiente.

– Quem é ela?

Benjamin a olha e Melanie percebe que ele está segurando as lágrimas.

– Eu já pedi desculpas. Minha dívida está paga.

– Não - ela diz. - Não está. Você me deve um favor se quiser meu perdão.

– Perdão deve ser dado.

– Perdão deve ser conquistado - Melanie o corrige. - Assim como confiança. Se seremos aliados, preciso saber se confiarei em você.

Ele dá risada.

– Quem disse que seremos aliados?

– Eu disse. Você trabalhará para mim agora.

O traço de choro some do seu rosto e um riso alegre e debochado preenche os seus lábios. Melanie o prefere assim, afinal. Ele é bem mais bonito quando está feliz.

– E o que você deseja do seu escravo, milady?

+++

Quando está indo para a sala de treinamento subterrânea depois do jantar Melanie não consegue parar de pensar no que aconteceu a pouco.

Depois de comer bobó de camarão e outros frutos do mar, a morena foi chamada por Andrew para conversar. Os dois se sentam na borda do lago. A poste de luz mais próximo fica longe dali, apenas um pontinho morro acima, no refeitório. Ali embaixo está tão escuro. A água tão gelada e calma. A noite tão serena.

– Então?

Andrew segura a mão dela e a faz olhar para ele.

– Eu não sei como contar isso.

Então ela descobre. Na verdade, ela sempre soube. Melanie sempre foi boa para ler o sentimento das pessoas nos seus rostos, afinal um olhar sempre dizia mais do que as palavras e as ações, mas ela não queria. Ela realmente não queria aquilo.

– Andrew, eu serei para sempre grata a você por ter me tirado das ruas, mas eu não posso...

– Melanie, me deixe falar...

– Eu gosto de você apenas como amigo - ela desaba. - Não me importaria de beijá-lo. Não seria sacrifício algum, seria um prazer. De verdade. Mas se você quiser algo mais sério, eu estou aqui para te dizer que...

O sempre tão calmo e gentil Andrew a beija com urgência. Surpresa, é como Melanie se descreveria naquele momento. A língua dele entra dentro da boca dela com certo desespero, como se ela pudesse escapar a qualquer momento. A questão é que ela não queria escapar. Ele precisava saber daquilo.

Melanie se separa de Andrew por poucos momentos, pressiona sua testa contra a dele e pega um pouco de fôlego. O beijo havia realmente a pegado de surpresa.

Depois ela volta a beijá-lo, dessa vez com calma. A sua vida amorosa sempre foi um turbilhão, não que ela tivesse uma de verdade. Sua adolescência foi cercada de promiscuidade, beijos ardentes e sexo selvagem. Ela gostava da calma que Andrew transmitia a ela e queria aproveitar aquele momento devagar. Melanie estava cansada de coisas rápidas e passageiras.

Quando os dois se separam, Melanie mantém os olhos fechados por um momento. Quando os abre, vê que Andrew a encara com um sorriso.

– Eu gosto de você, Melanie - ele murmura.

– Andrew...

– Eu não me importo que você não queira namorar comigo. Eu juro que não me importo, mas depois disso... eu não posso deixar passar em branco. Não tem como não dizer isso...

– Andrew, por favor - ela fecha os olhos com força. - Não diz.

– Por quê?

As lágrimas começam a escorrer de seus olhos sem permissão.

– Porque eu não poderei dizer que é recíproco - ela murmura - e se algum dia eu chegar a dizer, eu quero que seja longe disso tudo. Não quero estar cercada de câmeras, porque com certeza alguém está nos espiando nesse momento. Eu não quero que...

Os lábios de Andrew são pressionados contra a testa dela.

– Não vou te forçar a nada. Se algum dia você quiser, Melanie, eu quero que você me diga. Você sabe que eu vou esperar, eu nem preciso dizer isso.

– Andrew...

Ele dá um selinho fraco nela e se levanta.

– É bom você treinar com o meu irmão. Josh odeia atrasos.

A lembrança se dissipa e a realidade entra pelos seus olhos e perfura os seus pulmões. Melanie sente que o seu coração parou por alguns instantes, que o sangue em suas veias pararam de correrem e que seus sistemas não funcionam mais dentro dela. Tudo congelou ao seu redor.

Na sala de tiro havia vários compartimentos separados por uma parede reforçada e transparentes, refletindo sua imagem para as paredes feitas de espelho. Aquela sala sempre meteu medo nela para quantidade de espelhos e reflexos. Agora... agora ela sabia o que temia.

Armas vazias estão jogadas no chão, munições espalhadas por todos os cantos. Em cima de uma das mesas está Amber com Josh em cima dela, passando uma das mãos pelo seu seio direito e outra pela sua intimidade. Os olhos da loira aguada estavam fechados e a sua boca estava aberta em um O, mas dela só saiam sons guturais.

Melanie o odiou por isso. Ela se segurou para não pegar uma das armas do chão e atirar nos dois.

Burra, idiota, ela se xinga. Otária! BABACA!

Ela tinha rejeitado Andrew por causa de Josh. Ela não havia pensado nela de verdade, mas sim nele. Ela nunca pensou que vê-lo assim com Amber doeria tanto.

Ela rejeitou Andrew porque o amava. Sim, agora ela sabia disso. Ela o amava. É. Amava, porque ele nem liga para ela. Ele nem luta por ela.

Ele não a quer.

Melanie sente seus olhos queimarem e corre para o buraco de entrada da sala de treinamento. Coloca a escada até o topo e sai correndo de lá. No meio do caminho para o refeitório, ela encontra Andrew.

Antes que ele possa fazer qualquer coisa, ela pressiona sua mão contra a nuca dele e o beija.

A tristeza se esvai do seu peito e a raiva entra. O ódio. O desejo de vingança. Andrew se beneficiaria de qualquer jeito, afinal ela gostava dele. Apesar dela o querer só como amigo, Andrew é bom com ela e é bonito. Não seria sacrifício algum tê-lo ao seu lado para que talvez, só talvez, Josh percebesse o que perdeu.

Nós dois nos beneficiaremos, ela tenta convencer a si mesma. Nós dois teremos o que queremos. Ele me terá e eu terei a atenção de Josh. Nunca prestei mesmo, então foda-se.

Melanie rompe o beijo e não consegue conter o sorriso diante da surpresa de Andrew. Todos levantaram dos bancos no refeitório e estão ali os encarando. Ela não se importa nenhum pouco.

– Mas o quê...

– Eu quero - ela solta. - Eu quero namorar com você.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam dos meus comentários.



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