- Otou-san! – Hinata observou a garotinha de longos cabelos negros e olhos verdes, que antes estava sentada consigo largar o livro que segurava e ir em direção a um moreno de terno, que saia de um grande e luxuoso carro preto estacionado na frente da escola, sorriu quando viu o mesmo segurar a menina nos braços e andar em direção à ela.

- Onde estão as coisas de Hana? – perguntou, fitando a professora que estava sentada no pátio da escola, a mesma vestia jeans escuros, blusa polo branca e um jaleco rosa, os tênis brancos jaziam encostados na parede, o tipo de roupa perfeita para sua profissão, educadora infantil, onde além de ensinar os alunos tinha que correr, cantar e até mesmo sentar-se no chão com os pequenos, como estava fazendo agora.

O moreno olhou a mulher sentada parecendo tão confortável e despreocupada naquele pátio, pensou nas mulheres com as quais já havia saído e até mesmo em sua falecida esposa, certamente nenhuma delas faria isso, tinha certeza também que muitas das professoras que trabalhavam naquele recinto não o faziam.

- Só um momento Sr. Uchiha, - observou a mulher levantando-se e indo em direção a um paredão de armários brancos arredondados e feitos de um material que lhe parecia plástico, provavelmente para não machucar as crianças, decorados com muitas coisas infantis, como animais coloridos, nuvens e flores.

A professora procurou o armário que continha o nome de Hana e o abriu, pegando de lá a bolsa de carrinho de tecido rosa e uma mochilinha também de tecido, na cor verde-claro.

- Aqui estão senhor Uchiha, os lençóis e a roupa que Hana usa no hotelzinho* foram enviados para a lavanderia, como o senhor pediu. – Sasuke pegou as coisas da mão da morena.

- Obrigado, Srtª. Hyuuga. – Foi andando até o carro, a filha estava adormecida em seus braços, colocou-a deitada no banco detrás do carro e quando fechou a porta e estava prestes a abrir a porta que dava acesso ao banco do motorista, foi chamado pela professora.

- Sr. Uchiha, gostaria de falar com o senhor à respeito do horário que está vindo buscar Hana nesta semana. – Sasuke suspirou, aborrecido e virou-se com uma expressão nada agradável no rosto. – Desculpe senhor, mas o horário de saída é às 17:30, e pela quarta vez na semana o senhor vem buscá-las às 19:00h. – O moreno abriu a porta do carro e pegou um cartão no porta-luvas, entregou-o à morena.

- Esse é o número de meu advogado, Srtª. Hyuuga, pode combinar com o mesmo o preço que será adicionado ao boleto que pago todo semestre, se era só isso...

- Me desculpe, Sr. Uchiha, não estou falando isso pelo dinheiro, mas sim por que essa demora faz com que Hana se sinta muito ansiosa, todos os dias fica me perguntando se o pai a esqueceu na escola. – Isso fez o moreno olhar para a janela detrás do carro, onde sua filha estava dormindo confortavelmente. – Eu sei que sua vida pessoal não me respeito, porém...

- Tem razão, não diz. – Se preparou para entrar no carro.

- ...Porém, como educadora me preocupo com Hana, no que isso pode influenciar no seu desenvolvimento, não sei se o senhor está ciente, mas também faço parte do apoio psicopedagógico da instituição, e é meu dever dar suporte aos alunos caso estejam passando por alguma dificuldade...

- Srtª. Hyuuga, com está tão interessada em saber, lhe direi o motivo de meu atraso diário, estou abrindo uma filial de minha empresa em outro país, estou tendo dificuldade durante essa semana, pois na próxima iremos nos mudar para onde a filial está. Falando nisso, eu iria esperar alguns dias para conversar com você, mas aproveitando que está aqui, quero lhe fazer uma proposta.

- Pro-proposta?! – Droga! Ali estava sua gagueira, já havia controlado isso desde sua adolescência, mas quando ficava muito nervosa, como naquele momento, ela sempre retornava.

- Fiquei sabendo que além de educadora infantil e psicopedagoga, você também é responsável por ensinar inglês aos alunos, gostaria de saber se você estaria interessada em acompanhar eu e Hana nessa mudança, como tutora da minha filha.

- E-eu, senhor Uchiha, e-eu... – Hinata corou repentinamente, viagem? A um outro país com uma pessoa que nem conhecia? O Uchiha só podia estar louco!

- Ainda não terminei, Srtª Hyuuga. – Sasuke sorriu, involuntariamente, ao ver a professora de sua filha corar daquele jeito, imaginou que a mesma havia tido pensamentos maliciosos, todas as mulheres que o conhecia diriam sim sem hesitar, fazer essa viajem com o Uchiha poderia significar uma chance de ouro de conquistá-lo, mal sabia ela que não teria chance. – Não terei muito tempo para Hana, pois estarei cuidando da empresa, e Hana teria dificuldade para se adaptar em um país desconhecido para ela, sem nenhuma pessoa conhecida para ajudá-la, então eu gostaria de alguém que pudesse assisti-la em casa, ensinando-a os dois idiomas, o nativo e o inglês, mas também as disciplinas básicas, e para ajuda-la nas necessidades do dia-a-dia, claro que haverão empregadas para ajudá-la, porém o seu foco será Hana, além de ensiná-la, também terá que entretê-la, já que eu quase não estarei presente em sua vida nos primeiros anos, claro que o salário também será justo, poderemos ajustar suas folgas e também lhe darei férias, e oficializaremos tudo, para que garanta todos os seus direitos.

Olhava incrédula para o moreno elegante que a fitava intensamente, sabia que seus alunos a adoravam, especialmente Hana Uchiha, mas o pai da menina, Sasuke Uchiha, provavelmente não tinha conhecimento do que suas palavras realmente significavam.

- Desculpe Sr. Uchiha, mas devo dizer que o senhor está procurando para Hana uma mãe, não uma babá. – ainda estava horrorizada com o que ele estava propondo.

- Pago bem por isso, Srtª. Hyuuga – o Uchiha continuou fitando-a, então a moça de olhos perolados percebeu que Sasuke não estava brincando, realmente achava que aquela ideia absurda tinha fundamento e lógica.

- Não se pode comprar uma mãe como um produto na prateleira de uma loja, Sr. Uchiha, sinto muito por sua perda e de Hana, aliás, acho que o estado frágil no qual se encontra agora é o real motivo de suas palavras.

Enquanto falava da morte de sua esposa e mãe de Hana, Hinata notou um traço de fúria nos profundos olhos negros e na expressão sempre séria, e decidiu que não tocaria no assunto novamente, para seu próprio bem.

- Não me entenda mal, Srtª. Hyuuga, você pode pensar que estou tratando de um assunto sentimental nesse exato momento, mas veja bem, são negócios, minha esposa morreu, tenho que focar toda minha atenção e dedicação na nova filial de minha empresa, disponho de pouco tempo para minha filha e estou preocupado com sua criação, mas não se engane, vim falar com você por que sei o quanto minha filha a aprecia e por que você preenche todas as necessidades dela no momento, mas essas necessidades podem muito bem serem supridas em um internato. – A Hyuuga arregalou os olhos com a ideia de uma menina tão doce e inocente, como Hana, de apenas quatro anos em um internato, a visão dela mesma vinte anos atrás. - Pense em minha proposta Srtª. Hyuuga, este é meu número pessoal, tem uma semana para tomar uma decisão.

*Hana fica na escola o dia inteiro, de manhã acompanha as tarefas escolares e durante à tarde, de um programa especial para alunos os quais os pais são muito ocupados e só pegam os filhos no fim do dia, à tarde eles brincam com jogos interativos, comem e tiram uma “sonequinha”.