Ele olhou para mim curioso. Seus olhos eram verdes pelo que percebi. Ele se levantou, com um sorriso muito bobo estampado no rosto, um perfeito cavalheiro. Sentei em meu lugar, e ele voltou a sentar-se em seu assento, ou seja, do meu lado.
-Olá. Er... Me chamo Danny, prazer! – o rapaz disse, com certeza querendo puxar assunto.
Olhei para ele e sorri educadamente.
-Olá. Sou Taylor.
-Você também está indo para a Alemanha? –pergunta mais idiota do dia. Como alguns diriam... “Mosquinha do ano”, ou então “Anota!”.
-Não. Não. Estou indo para a Rússia, não percebeu? ¬¬’ - disse, ironizando.
Ele ficou bem sem graça com a minha resposta.
-Quantos anos você tem?
-E por que isso te interessa?
-Porque eu te perguntei, oras! Sou curioso! Tenho 20.
Sabia! Na mosca.
-Está bem... Tenho 17 anos.
-Por que você está indo para lá?
-Não sei... E quanto a você?
-Tenho uns amigos que estão fazendo, digamos, um teste para arranjar emprego. Vou lar ver eles.
-Eles falam alemão por acaso?
-Um pouco. E quanto a senhorita?
-Fiz nove anos de aula de alemão e de espanhol. Ajuda?
-Wow.
-Eu sei. Vou estudar numa escola nova, aliás.
-E onde é que você irá morar?
-Peguei o endereço de um Aparthotel em Magdenburg.
-Que legal. E quanto aos seus pais?
-Sou, digamos, recém-orfã. Meus pais, ambos, morreram num acidente de carro semana passada, e agora estou indo para a Alemanha por conta própria. –menti até certa parte.
-Meus pêsames.
-Valeu, mas já me recuperei da dor.
E então começamos a conversar durante toda a viagem. Daniel Jones, esse era o nome do ser, ama música e toca guitarra desde criança. Ele tem um sorriso torto por pura “natureza” e tem um cara de bêbado e drogado muito fofa. Gostei dele.
Assim que chegamos a Magdenburg, ele deu-me seu número do telefone celular e o e-mail, e eu só dei meu e-mail, já que logo pretendo mudar o número de celular para mim, e vou comprar outro celular para minha versão “Tyler”.
Danny e eu pegamos nossas malas juntos, mas logo ele foi-se embora. Fui até um taxista e dei-lhe o endereço do Aparthotel Magdenburg. Peguei meu iPod e liguei meu celular finalmente. Eram 11h30 lá na Inglaterra, ou seja, aqui eram 12h30, logo meus pais chegariam em casa, se é que já não haviam chegado, e viriam que eu havia fugido.
Chegamos ao local, o taxista tirou minhas coisas do porta-malas e eu paguei a rodada. Tentando segurar tudo sozinha, adentrei no Aparthotel. Fui até o balcão.
-Boa noite. Vocês teriam um quarto vago? –perguntei.
A moça, uma loira de uns 25 anos, no balcão olhou em seu computador. Então olhou para mim.
-É para uma só pessoa? Tem sim. –ela respondeu educadamente.
-Então vou querer.
Eu preenchi o papel para a minha estadia no local. Depois disso apareceu um moço para me ajudar a levar a minha bagagem ao meu quarto, que seria o número 9. Ao chegarmos ao quarto, dei uma pequena gorjeta ao moço, que agradeceu e foi-se embora logo sem seguida, e entrei no quarto.
O quarto era simples, mas tinha um quê de charmoso. Uma cama de solteiro, uma mini-cozinha embutida, um sofá e uma TV bem na frente, uma mesa de madeira. No banheiro, um Box, uma privada e uma pia. Um quarto bem simples, mas com uma ótima vista do mundo lá fora, Magdenburg.
Comecei a arrumar o quarto colocando minhas coisas em seus devidos lugares. Então ouvi meu celular tocando. Olhei no visor, onde estava escrito “Mamãe ligando”. Com muito ódio, deixei o celular tocando em cima da minha cama até minha mãe desistir de ficar me esperando atender que nem uma boba, coisa que ela já é. Olhei meu relógio, eram umas duas da madrugada.
Dei um suspiro e pensei “estou morrendo de sono, acho melhor eu ir dormir”. Peguei minha camisola, que seria um vestidinho curto rosa cheio de lacinhos, soltei meus cabelos. Fui até minha mochila, peguei um papel e caneta e anotei:
“-comprar material escolar;
-Procurar um emprego;
-Adicionar Danny no MSN.”
Coloquei o papel em cima da mesa e finalmente fui dormir.
